Ele entrou na sala de comando com um estouro, abrindo a porta com força. Ele não queria, realmente, criar uma cena. Mas sua mente estava muito perturbada para ao menos se importar com os seus atos.

Os dois homens se encararam por um momento, partilhando o mesmo olhar. Um entendia o outro. Eles compartilhavam a mesma urgência. A urgência de achá-la o mais rápido possível.

“Capitão.” Ele o cumprimentou com um aceno de cabeça.

“Agente Barton.”

“Nós temos 10 horas.” Steve cruzou os braços, nervoso. “ 10 horas para achar a localização de Wanda Maximoff.”

“9h e 55 minutos, pra ser mais preciso.” Sam falou, aparecendo atrás do Capitão.Ele foi atacado por olhares cansados. “Ok, desculpa.” Ele ergueu os braços, em defesa, e se sentou em uma das mesas da central de comando.

“Espera, você não está realmente considerando dar a localização de Wanda para ele, está?” Clint fala.

“Mas é claro que estou.” Steve responde, a voz rouca. "Ele foi bem claro. A localização por Natasha.”

“Então a gente só vai simplesmente entregar essa informação de mãos beijadas?”

“Você vê outra possível alternativa?” Steve pergunta, suspirando. “Nós não temos escolha.”

Clint ficou quieto. Ele não gostaria, de jeito nenhum, dar qualquer coisa a Pietro. Ele não podia contar os seus próprios motivos, é claro. Mas a ideia de ajuda-lo, em qualquer maneira, principalmente depois do que ele fez, era repugnante.

Mas era Natasha. E isso decidia tudo.

“Suponho que esteja certo.” Ele falou, cedendo.

“A gente nem ao menos sabe quem é esse cara. Ele tem a vantagem.” O Capitão argumentou.

Clint ficou tenso de repente. Porque isso era mentira. Clint Barton conhecia muito bem Pietro Maximoff. Mas antes que o Capitão pudesse perceber a sua tensão, ele desviou o assunto. “Skye, você consegue localiza-la?” Ele olhou para ela, se escondendo atrás de um dos computadores.

“É.” Ela suspirou. Só então que o Capitão notou a sua presença. “Graças ao cavalo de Troia que eu instalei em seu sistema, acho que é possível. Mas vai levar tempo. Umas seis horas, no minimo para passar por todas as barreiras.”

Sam pareceu surpreso. “ Você instalou um Cavalo de Troia nos computadores da Hydra?”

“Hmm, é.”

“Impressionante.” Steve admitiu. Ela deu um minusculo sorriso, tímido. “Então, você consegue a localização?” Os olhos deles parecem se encher com algo parecido com esperança. Uau. Ele era ainda mais bonito ao vivo. Ela limpou a garganta.

“Eu darei o meu melhor, Capitão.”

“Então nós estamos em boas mãos.” Uma voz surge entre eles. Philip Coulson se encontrava na porta da sala, uma expressão preocupada em seu rosto. Ele estava acompanhado de May, a cavalaria e um agente nivel 8. Steve pareceu congelar ao vê-lo. Ele entrou no escritório. “Skye é a melhor no que faz. Se tem uma chance de salvarmos Natasha, é com ela.”

“Eu logo percebi isso.” Clint falou, cumprimentando o novo Diretor com a cabeça. Um rubor sobe pelas bochechas da hacker.

“Agora, eu quero todo mundo focado em resgatar Natasha. Essa é a nossa prioridade número um.” Os agentes assentiram. Skye começou sua longa e árdua tarefa.

Steve, reunindo coragem se aproximou do Diretor. “Phil.” Ele ergueu a mão. “É bom vê-lo novamente.” Ele lutou para manter a voz firme.

“Capitão.” Eles deram um forte aperto de mão. “ Eu espero que entenda…”

“Não.” Steve o interrompeu, antes que ele pudesse se explicar, e passar por toda aquela história de novo. “Não preciso de explicações. Eu sei que a Shield fez o que era necessario. Só estou feliz que você está vivo.” Ele já tinha, ao final das contas, feito uma cena com Natasha. Olhando para trás agora ele via como fora ridículo com ela. Se arrependia amargamente.

Phil suspirou, aliviado. “Eu também.”

(...)

Ele jogava uma bolinha de um lado pro outro da fábrica. Ele estava jogando para si mesmo, correndo até o outro lado antes que a bolinha pudesse atingir o chão e a pegando, jogando-a novamente.

“Você nunca se cansa não?” Natasha fala, tonta de tentar segui-lo com os olhos.

Ele parou na frente dela, a encarando. A bolinha caiu no chão. “Tudo bem.” Ele se sentou em uma cadeira a sua frente. “Vamos conversar.”

“Ok.” Ela se endireita na cadeira. “Quem é Wanda Maximoff?”

“Quem é a garotinha da foto?” Ele respondeu, sorrindo.

“Perguntei primeiro.”

“E eu respondi a sua pergunta com outra pergunta.” Ele abriu os braços “Ta-da.”

“Sua inteligência é fascinante.” Ela revirou os olhos.

“Ah meu amor, você não viu nada ainda.”

“Você sabe que esse seu plano não vai dar certo.” Ela falou, amarga. "Shield vai acha-lo, e fazer você pagar.”

“Eu não sei se você percebeu ainda, mas eu corro rapido.” Ele se espreguiçou. “Eles nunca conseguiriam.”

“É isso que nós vamos ver.”

Ele sorriu, se inclinando pra frente na cadeira. “Isso foi uma ameaça, amor?”

Ela o encarou, mas não respondeu. Ele se levantou em um pulo. “Bem, essa conversa está sem dúvida empolgante, mas se você me dá licença, eu preciso cuidar de uma coisinha ou outra."

E dai ele saiu da área principal da fábrica, entrando no ar frio da noite. Era lua cheia. O luar batia em seus cabelos prateados, os refletindo, dando lhe um ar quase angelical. Ele considerou as palavras da ruiva por um momento. E por mais que ele odiasse admitir, seu plano podia dar errado. Então ele tinha que ter garantir o seu sucesso. Se Hydra desconfiasse que ao invés de estar capturar Capitão America, ele estava tentando libertar a sua irmã, sangue iria ser derramado. Ele não podia arriscar.

Era hora de ligar para uma velha amiga.

(...)

Mesmo sendo uma agência de espionagem, as noticias viajavam rápido. Quase todos já sabiam do sequestro da Viúva Negra, e de sua própria maneira, estavam fazendo algo para ajudar. Ainda mais com a inesperada chegada do Capitão, e da noticia de seu combate com Pietro.

Ele apoiou uma xícara de chá em cima da mesa dela. “Me desculpe ter sido um babaca antes.” Skye ergueu os olhos da tela do computador para se deparar com seus olhos verdes.

“Tudo bem. Eu entendo.” Ela pegou o chá, dando um pequeno gole apenas para queimar a sua língua. “Você estava irritado e… Bem, eu provavelmente reagiria pior.”

Clint sorriu, a observando enquanto ela sobrava o chá. “É. Talvez.” Ele colocou a mão sobre a sua nuca, constrangido. “Então, como está indo ai?”

“Ótimo, na verdade. Eu já consegui alguns informações.” Ela virou a tela para ele. “Wanda Maximoff. Uma das prisioneiras da Hydra. E adivinhe: Aparentemente, aquele cara é o irmão dela, Pietro Maximoff. Aqui.” Ela mostrou a foto do arquivo dele. “Mesmo cara que a gente pegou nas filmagens.”

“Sim.” Clint observou a foto de Pietro, sendo inundado por lembranças.

“É. Não me impressiona que ele esteja passando por tanto trabalho para achá-la.” Ela suspirou. “ Não posso sequer imaginar o que é ser um prisioneiro por tanto tempo.”

“Quanto tempo?” Clint se mostrou curioso. “Me deixe ver os seus arquivos.”

“Ok.” Ela os localizou. “Pietro Maximoff. 22 anos. Capturado pela Hydra aos 17, na Bélgica. Aparentemente esse cara tem super velocidade. Consegue alcançar a velocidade da luz, na verdade.”

“Não me o diga.”

“É. E Wanda, você não tem ídeia do que ela é capaz. Essa menina é poderosíssima.” Skye tomou mais um gole de seu chá, se queimando de novo e fazendo uma careta. “Quer dizer, esse caras tem super poderes. De verdade.” Ela parecia impressionada.

“Só isso que diz nos arquivos?”

“É, basicamente. Ao menos foi isso que eu consegui achar.” Clint pareceu aliviado. Sua relação passado com os gêmeos parecia escondida.

“Oh espere.” Ela começou a digitar rápido no teclado. “Posso também procurar pelos arquivos antigos da Shield. Com certeza, com esses poderes eles já apareceram no seu radar.”

E isso foi o que Clint temia. “Não! Não se preocupe com isso.” Ele colocou uma mão sobre seu ombro. “Se preocupe em acha-lós, ok? Essa é a nossa prioridade.”

“Hm, ok.” Ela fez uma cara confusa. “É certo. Eu vou acha-los.”

“Ótimo.” Ela concordou com a cabeça. Clint sorriu, disfarçando o seu nervosismo. Ele estava apreensivo sobre toda a situação. Ele precisava achar Pietro. Antes que a verdade fosse revelada.

Passaram-se alguns minutos, até que a voz eufórica de Skye cortou o silêncio da sala.

“Achei!” Ela sorriu para Clint, que rapidamente apareceu sobre seu ombro. “Hydra, felizmente, mantém um GPS nela. Eles a estão mantendo em uma de suas bases.” Ela diz, quase perplexa com sua própria sorte. O suspiro de todos na sala foi mútuo.

"Oh não, você não conseguiu." O Capitão se aproxima, a admirando.

As coordenadas da base da Hydra aparecem na tela. Era três horas dali.

"E não é só isso." Ela mostra outras coordenadas, diferentes. "Acontece que eles também mantém Pietro sobre vigia." Skye sorriu, um sorriso que apenas foi aumentando. "Senhores, eu lhes apresento a localização de Pietro Maximoff." Ela aproximou o mapa, mostrando a eles uma fábrica abandonada no interior de Washington.

"Oh, Skye, eu poderia beijá-la." Clint diz colocando a mão em seus ombros, não tirando os olhos da tela.

Skye ficou vermelha. Ela estava fazendo isso com muita frequência ultimamente.

"Nem a pau que nós vamos entregar agora a localização de Wanda para aquele bastardo." Clint falou.

“Salvamos Natasha. Primeiro de tudo.” Steve diz, o olhar decidido.

“Então, o que você está pensando?” Coulson fala. “Invadimos a fábrica, resgatamos Natasha e…”

“Capturamos Pietro.” Sam completa. “Ele não pode sair impune.”

“Ele não vai.” Um olhar de fúria passa pelos olhos do Capitão. “Mas como você espera capturar esse cara? Não é como se nós fossemos rápidos o suficiente.”

“Bem.” Um vozinha baixa com sotaque britânico falou do canto da sala. “ De acordo com os antigos arquivos da Hydra, eles o capturaram usando…”

“Mércurio.” Clint completou. Ele ganha um olhar curioso de Skye, mas ela decide não comentar. Ele pode ter lido os arquivos.

“Sim.” Jemma concorda, se desencostando da parede. Ela ainda tinha um olhar triste no rosto. “De alguma forma, se usado da medida e da maneira certa, o Mercúrio inibe os poderes de Pietro.” Phil olha para ela. Ele não precisa dizer uma palavra. Ela assente com a cabeça. “30 minutos.” E ela sai da sala.

“Jemma preparará o soro. Ok, pessoal, nós só temos uma chance de sucesso. Eu quero o Capitão, Barton, May e Sam prontos. Nós partimos em 40 minutos.”

“Esperem.” Melinda May falou, fazendo com que todas as cabeças na sala se virassem para ela. “Ninguém vai ao menos considerar as chances de isso tudo ser só uma armadilha?” Ela deixou a ideia afundar na sala. “Primeiro esse cara, que nós descobrimos ter uma ligação com a Hydra te ataca,” Ela olha para Steve. “E depois sequestra Natasha, agora supostamente procurando informações de sua irmã. Isso parece muito estranho. Por que a Hydra monitoraria a localização dele de GPS, de qualquer maneira? Ele obviamente, se não está trabalhando agora, já trabalhou para Hydra.”

Dessa vez foi a vez de Skye de falar. “Hydra os capturou e os torturou. Eu estaria igualmente puta, procurando vingança a primeira oportunidade. Pietro está obviamente procurando a sua irmã, para que eles possam se libertar dessa organização. Eu realmente não acho que seja uma armadilha. Só acho que eles está desesperado.”

“Eu não ligo se for uma armadilha." Steve interrompeu as duas. "Eu estou indo. Se tem alguma chance de Natasha estar naquela fábrica, eu vou. Não me importa se tiver 50 agentes de Hydra apontando armas em minha direção.” Ele pega o escudo, colocando nas costas.

Coulson sentia o mesmo. “May, por favor, prepare o avião de combate. Nós estamos em missão.”

Ela, por mais que ainda tivesse as suas duvidas, obedeceu a ordem. A sala se esvaziou, todos se preparando para o eminente combate. Assim que Skye ficou sozinha, uma onda súbita de curiosidade a preencheu. Então ela procurou tudo que a Shield sabia sobre Pietro Maximoff.

Os resultados a deixaram incrédula.

(...)

“Clint!” Skye gritou, correndo em sua direção antes que ele embarcasse no avião. “ Quero dizer, Agente Barton.” Clint virou para encará-la.

“Skye.” Ele disse, surpreso.

Ela ofegava pela corrida. Seu coração batia rapido contra seu peito. Ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas as palavras se recusavam a sair.

“Skye?” Ele falou, preocupado com a expressão no rosto da morena.

“Eu sei.” Ela engoliu em seco. “Eu vi os arquivos, Agente Barton.”

Uma onde de choque o atingiu.

“Me desculpe?”

“Sobre Pietro e do encontro de vocês. Me desculpe, eu sei que era uma missão confidencial de alto nível, mas não posso evitar vasculhar as coisas enquanto estou na frente de um computador.”

Clint a encarou. “E o que você pretende fazer com essas informações?” Ele falou, de dentes trincados.

Ela deu um passo a frente, fechando ainda mais a distancia entre os dois. “Os outros precisam saber.” Ela reuniu coragem e olhou em seus olhos. “Conte a e eles. Se você não o fizer, eu vou.”

Ele se chocou com a ameaça. “Não é tão simples.”

“Eu sei que não. Mas…” Ela fechou os olhos, se relembrando do que leu nos arquivos. “Você precisa.”

Ele pode ouvir Steve chamando o seu nome. O avião já iria partir.

"Clint... Tenha cuidado." Ela, num impulso louco, soltou as palavras. Imediatamente se arrependeu.

Ele se surpreendeu com as suas palavras. A mente dele era um mesclado de emoções. Ele estava perturbado, para dizer o minimo. "Eu terei." Ele conseguiu responder. Clint olhou para ela uma última vez e se virou.

Skye observou o avião partir, um aperto no coração.

(...)

“Barton, você fica no alto. Quero que tenha uma mira nele o tempo todo.” Clint, ainda atordoado com a sua última conversa, apenas assentiu.

“Capitão, eu sei que suas experiencias passadas com Pietro não foram das melhores, mas você é o único aqui capaz o suficiente de injetar-lo com isso.” Coulson jogou uma seringa na mão do Capitão, a qual ele a pegou com cuidado. “Jemma adicionou tranquilizantes na mistura. Com sorte, isso vai nocauteá-lo.”

“E Natasha…” Steve falou, preocupado.

“Não se preocupe. Eu e May iremos atrás dela. Eu quero Sam com você.” O moreno assentiu em entendimento.

Steve não gostava nem um pouco do plano, principalmente porque ele queria resgatar Natasha primeiro de tudo. Se sentia angustiado se não fosse feito com as suas próprias mãos.

O Diretor acabou de dar ordens, e Sam se aproximou do Capitão que ajeitava o traje de combate.

“Hey.” Ele colocou a mão em seu ombro. “Natasha vai estar bem. Não esquente a cabeça com isso.”

“Como não posso esquentar a cabeça? É Natasha.”

Apesar do momento, Sam abriu um sorriso. “É eu sei, bobo apaixonado. É Natasha.”

O Capitão fez uma leve cara de confusão. “O que isso deveria significar?”

Sam balançou a cabeça. “Nada. Só se concentre em dar uma surra nesse cara, ok?”

Ele bufou. “Como se você precisava me lembrar disso.”