Opostos escrita por Mari


Capítulo 27
02x1. Mudanças.


Notas iniciais do capítulo

D I S T A N T E S - Opostos pt. II



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Janeiro, 2013

Querido Ethan...

Ou qualquer nome que esteja usando para fugir neste exato momento. Quando foi embora da cidade, eu fiz uma escolha. Uma escolha que provavelmente mudaria toda a minha vida da forma mais radical possível. E não me arrependo. Porque parece que sempre fiz parte do seu mundo. Seus pais têm me ajudado muito com essa mudança, principalmente Anthony. Ele tem me ensinado a lutar, e até que estou boa para uma iniciante. Sua mãe me ajuda a segurar uma arma descentemente e a ter uma boa mira. Ela é muito boa e diz que um dia serei tão boa quanto ela.

O treinamento mais difícil tem sido com os punhais chineses, que, quando manuseados de forma errada, machucam muito as mãos. As minhas estão repletas de cortes. Confesso que já esperava ter você aqui. Faz um mês e as coisas têm sido mais difícil do que imaginei, mas você me conhece, sou orgulhosa demais para desistir.

Você sumiu do mapa! Nem mesmo seus pais sabem onde está e... Isso dói.

Tenho medo Ethan. Medo de me esquecer de você... Da maneira como me encara de forma desafiadora.

Sei que não deixei você prometer que voltaria, e parte de mim acredita que já teria voltado se tivesse o feito. Não importa onde esteja agora. Não importa. Não importa se está no Brasil, na Austrália, no Japão, na França, no Canadá, na Argentina, no Peru ou até mesmo no México... Só volte. Só volte para seus pais. Para seus amigos. Para mim.

Ou ao menos nos mande um sinal de fumaça. Qualquer coisa renasceria a esperança deles. Eu ainda tenho a esperança de ver você voltar, mas também sei que daqui a um tempo, ela não continuará firme e forte reascendendo meu coração vazio.

Eu amo você...

— S. Hamswere.

Julho, 2013

Querido Ethan...

Eu não me lembro mais da forma como me tocava ou do que sentia ao ter seus lábios sobre os meus. Nem mesmo a forma como meu coração pulava uma batida ao ter você ao meu lado sempre prometendo me proteger.

Essas lembranças todas continuam vivas em minha mente, mas o fato de não me lembrar de todas as sensações, o fato de não sentir todas aquelas sensações... Faz parecer que tudo era um mero sonho. Que você, era um mero sonho. Onde você está? Blair uma vez me disse que você viverá em meus pensamentos enquanto eu ainda me lembrar... E você não faz ideia do que significa perder você. Algumas vezes, quando estou sozinha, e está tarde, e quieto, eu só... Só quero chorar. Mas Anthony tem me ensinado a controlar todas essas emoções. Mesmo que sejam essas emoções que ainda deixam à velha Sophie viva dentro de mim.

Os treinamentos têm sido mais pesados do que imaginei a cada dia que passa. Certa vez Anthony disse que você havia morrido, e estava na hora de lutar. Nunca pense que lutar em meio a um turbilhão de pensamentos e sentimentos me seria tão desgastante. Eu me sentia fraca, e eu confesso que soquei seu pai ao saber que ele estava mentindo. E então ele disse algo que parecia ser óbvio... Você também é minha fraqueza Ethan.

Adam tem sido um grande amigo para mim. Ele também sente sua falta, a propósito. E graças ao seu pequeno incentivo e de Blair, comprei um carro com o dinheiro das corridas. Meus pais ainda desconfiam de onde tirei tanto dinheiro. Eles acham que voltei a ser a velha Sophie. Obediente e completamente submissa a eles.

Ou pelo menos querem acreditar nisso.

E eu ainda espero noticias suas.

E ainda amo você.

— S. Hamswere.

Janeiro, 2014

Querido Ethan...

Faz dois meses que comecei a trabalhar para Anthony e ser seu braço direito comandando ao seu lado toda a máfia. Meu pai descobriu tudo e bem... Me expulsou de casa. Parte de mim agradece ele eternamente porque eu já não suportava mais viver com Camille, sempre dando bom dia por uma mera e simples educação. Ainda não converso com ela. Agora... Eu tenho morado no seu apartamento. E eu perdi todas as minhas esperanças porque faz um ano que você foi embora. O pior de tudo, é que eu ainda estou escrevendo essa última carta como se soubesse onde você está e pudesse enviá-la a você. Acho que são essas cartas que ainda alimentavam o restinho de esperança que sobrara.

E é por esse motivo que irei queimar todas elas. Será como um mero sonho, como se nunca tivesse existido...

Não espero mais noticias suas...

E já não tenho mais tanta certeza do amor que sinto por você.

— S. Hamswere.

E eu observei-as cuidadosamente como se possuísse todo o tempo do mundo em minhas mãos. Observei os momentos, as lembranças e Ethan ser queimado, juntos às pequenas cartas que escrevia para mim mesma, e guardava em um pequeno baú de madeira, o único objeto de Ethan que ainda existia naquele enorme apartamento. Fecho os olhos, desamarrando o nó que se fazia em minha garganta e impedindo que lágrimas se acumulassem em meus olhos assim como Anthony havia me ensinado. Apago o fogo que ateei na pequena lata de lixo e me levanto, colocando uma calça, botas e uma jaqueta de couro encarando o homem deitado completamente nu em minha cama, coberto apenas com um cobertor branco de seda. Ele se espreguiça sobre o móvel e sorri ao me ver encarando-o.

— Eu vou levar a chave, feche a porta quando for embora. – Aviso, colocando punhais chineses presos dentro de minhas botas. Caminho até o pé da escada quando o ouço me chamar.

— Poderei ver você de novo? – Pergunta baixinho, quase que temendo a resposta. Sorri maliciosamente.

— Se o acaso permitir. – Respondo descendo as escadas e vendo-o me seguir.

— Acredita nisso? – Questiona enrolado na coberta.

— Não. – Nego abrindo a porta.

— Mas... – Então ele fecha a cara ao entender a ironia presa àquelas palavras. Sorri fechando a porta atrás de mim e dando de cara com Adam que sempre me esperava no corredor e ia comigo até a mansão de Anthony.

— Quebrando o coração de mais garotos... – Comenta dando uma risada.

— Acho que nasci para isso. – Acompanho-o em uma risada demorada. Não havia nada melhor do que aquela dor na barriga após uma longa gargalhada e Adam sempre me proporcionava aquilo.

Saio do prédio vendo Seymour apoiado em meu carro, a cabeça baixa, que rapidamente se levanta ao ver minha aproximação.

— O que eu fiz agora? – Reviro os olhos e ele retira seus óculos escuros. Um sorriso sacana estampado em seu rosto.

— Nada. Por enquanto. – Murmura. – Mas já recebi informações dos seus próximos passos. Sophie, por favor, não se meta em confusão.

Me aproximo dele contando os passos quase que milimetricamente. Minhas mãos vão em direção ao seu forte peitoral, trilhando um caminho até o cinto de sua calça.

— Só tem um problema... – Sussurro baixinho, próximo a sua orelha. – Se meter em confusão... – Mordo o lobo de sua orelha. – É o meu trabalho, delegado Seymour.

Me afasto sorrindo ao vê-lo petrificado, ainda me encarando perplexo enquanto abro a porta de meu carro e entro ali sendo seguida por Adam. E deixo Travis ali... Em pé na porta de meu prédio feito um poste.

Jolene

Nashville, TN

Estava escuro. As estrelas mal apareciam com a forte iluminação da cidade. E eu corria em desespero pelas ruas na esperança de chegar a tempo para as corridas ilegais. Odiava perder alguma corrida. Mas como estava sendo estagiária em um estúdio de música, perder um dia ou outro havia se tornado comum. Já estaciono na entrada da corrida, descendo do carro somente para entregar o dinheiro a Frederick, o único que comandava os rachas dali.

— Hei... Jolene. – Ele me grita assim que ia entrar no carro. - Temos um participante novo hoje.

— Eu dou conta. – Grito em resposta rindo e entrando no carro, abaixo as janelas a procura do novo participante dando de cara com ele e seu carro estacionado ao lado do meu. Ele possuía cabelos negros e seus olhos, um tom cinza impressionante. Eram raros pessoas com olhos dessa cor. Ele era lindo, algo que definitivamente eu jamais poderia negar. Sorrio para ele, ligando o carro ao ouvir o barulho do tiro, mostrando que a partida havia começado.


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