Opostos escrita por Mari


Capítulo 16
16. Um Fantasma Chamado Dave.




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Começo a tossir desesperadamente, agarrada ao pescoço de Ethan. Encaro-o e ele continuava sério andando quase como contando os passos até o acampamento. Algumas pessoas corriam desesperadamente perguntando à Olívia, que estava logo atrás de nós, sobre o que havia acontecido. Meu corpo estava frio e eu mal sentia meus braços.

— Ethan... – Murmuro com dificuldade tentando sair inutilmente de seus braços. Ele me observa e sorri de lado enquanto minha visão ficava embaçada, deixando um sono desconhecido tomar conta de mim.

Aperto os olhos por alguns segundos, inspirando e expirando fortemente. Somente eu sabia a saudade que senti do ar em meus pulmões, saindo e entrando. Viro para o outro lado da cama e enterro meu rosto sobre o cobertor peludo querendo voltar a dormir. Abro os olhos ao sentir alguém se deitando ao meu lado. Ethan. Levanto-me rapidamente, encarando seus olhos cinza esbugalhados, um sorriso brincalhão aparece em seu rosto e seu olhar se acalma. Me jogo em seus braços abraçando-o fortemente.

— Por favor, me diz que eu sonhei e que eu não me afoguei ou fui salva por você... – Sussurro enquanto ele afunda seu rosto no vasto espaço entre meu pescoço e ombro.

— É sempre desastrada? – Pergunta e eu dou uma risada me afastando dele.

— O tempo todo. – Respondo ainda rindo quando me dou conta de que estava seca e com uma roupa completamente diferente da qual estava usando de manhã. – Você trocou a minha roupa?

— Seria uma honra ter feito tal ato, mas foi Olívia... Ela parece uma ótima amiga. – Murmura se levantando da cama e indo em direção a uma mala.

— Ela é...Quando não me coloca em uma roubada. – Toco em minha cabeça ao sentir uma pequena dor.

Ouço duas batidas e rapidamente Pietro e Olívia entram no quarto, usando ainda a roupa militar. Eles correm até mim me dando um abraço apertado e contando sobre o quanto ficaram preocupados comigo. Lógico que Olívia ainda estava com a ideia dos crisântemos na cabeça, pois segurava uma sacola com a planta sorrindo maliciosamente, animada. Todos haviam ido dar seu velho cochilo durante a tarde. Bato o pé insistindo em ir com eles, afinal, eu me afoguei tentando ajudá-los a encontrar aquilo. Saímos do chalé e Olívia nos deu uma das plantas para espalharmos pelo chalé do pessoal. Segundo ela, deveríamos colocar em cima da cama de cada um, assim seria mais fácil que eles tocassem e uma leve irritação se iniciasse.

— Tem certeza que a irritação será pequena e durará por pouco tempo? – Indaga Pietro pela milésima vez, quando já estávamos nos últimos chalés.

Olívia dá um tapa em sua nuca, resmungando que aquilo era completamente seguro. Ele me encara receoso e eu acabo dando de ombros, afinal, quem sou eu para discordar de Olívia? Pietro, só de fazer uma única pergunta, levou um tapa doído. Depois de um tempo esperando que o pessoal acordasse, acabamos indo para nossos devidos chalés, esperar que todos saíssem gritando ou coisa relacionada. Estou sentada na cama lendo um livro chamado As Crônicas de Emilly que mostra todas as crônicas que a personagem escrevia antes de se matar. O estranho é que sua mente não era tão perturbada a ponto de pensar nessa possibilidade. Aliás, em nenhum momento ela havia citado sobre o assunto. O legal dela é a lista que criou sobre coisas que queria fazer antes de morrer, e ela conta em detalhes a cada coisa que fazia. Ethan estava deitado na cama pensativo, encarando as chamas do fogo na chaminé.

Nem todo mundo viverá o tempo que realmente deseja. Você pode estar na metade desse texto e não ter tempo suficiente para terminar de lê-lo.

Fecho o livro ao me lembrar de Dave e pensar até quando ele gostaria de viver. Em um futuro que ele poderia ter e principalmente nas conquistas que poderia receber. A vida dele era banhada a álcool, mas ele não passava de um adolescente. Há sempre uma segunda chance e Ethan tirou essa segunda chance dele.

“– E só por isso achou necessário tirar a vida de alguém?

— Há dias que nem motivos eu tenho.”

Aquela frase martelava minha cabeça constantemente até mesmo em meus sonhos. Observo Ethan por alguns segundos, que mal notava minha presença. Fecho o livro guardando-o na minha mala que já estava organizada, pigarreio alto, chamando a atenção dele que é captada em questão de segundos.

— Você já matou outras pessoas? Além de Dave? - Questiono baixinho, voltando a me sentar na cama.

— Algumas... Mais do que posso contar. – Responde, com aquele velho olhar que não demonstrava nenhum remorso.

— Então, por que me salvou? Podia ter mais um nome na sua enorme lista de mortes... – Sussurro.

— Podia... Mas essa é uma pergunta que nunca conseguirei te responder. Quer mesmo falar sobre isso? – Indaga tentando mudar de assunto. Engulo em seco.

— Quero... Porque eu... Ethan, eu já fui voluntária em hospitais e já tirei animais que viviam na rua levando-os para lugares seguros. E eu me sinto bem salvando a vida de alguém... Eu me sinto bem em ver o sorriso no rosto das pessoas... Não quero ficar com os caras maus. – Digo deixando algumas lágrimas caírem. Dave seria um fantasma que eu teria que carregar nas costas por toda a minha vida. Ethan fecha a cara e se levanta cabisbaixo.

— Eu nunca te pedi para ficar. – Murmura saindo do chalé.

Levanto da cama, indo tomar um banho quente e quando saio do banheiro, nem sinal de Ethan ainda e aquilo me preocupava. Talvez eu estivesse sendo idiota. Talvez ele tivesse motivo para matar outras pessoas ou sei lá... É incrível como meu subcociente consegue inventar um milhão de desculpas para não me fazer admitir a verdade de que Ethan não era um cara bom. Mas eu conseguia achar uma bondade nele. Deito-me na cama após pentear meu cabelo, arrasto minha cama para longe da de Ethan sentindo uma pontada no estômago. Coloco a cômoda no lugar em que ela ficava – entre as duas camas – e deito na minha cama, agarrada ao meu próprio corpo encarando a janela somente para observar a beleza das estrelas. Acordo e vejo Ethan dormindo do outro lado da cama, já estava de manhã e eu mal sabia se ainda continuávamos amigos. Organizo minha mala e a levo para o lado de fora do chalé após fazer minha higiene matinal.

Iríamos embora hoje. Vejo Olívia no centro do pátio com vários monitores em volta dela e antes mesmo que eu me perguntasse o que estava havendo, vários alunos estavam com uma coceira insuportável causada por uma pequena irritação na pele. Cumprimento todos ali e o professor Miles, que agora estava bravo com Olívia, me ajuda a guardar a mala no ônibus. Observo Ethan saindo do chalé com a mala na mão caminhando até nós e guardando a mala sem me encarar. Ele estava bravo comigo, e tinha motivos para isso. Entro no ônibus e vejo-o se sentar no fundo. Seus olhos se encontram com o meu e ele vira a cara. Respiro fundo, sentando-me no banco oposto ao dele lutando contra qualquer instinto que me implorasse para sentar ao lado dele. Fazia dois dias que eu não falava com ele. E aquilo me matava por dentro.

Heather

Pego a chave com o porteiro abrindo o apartamento de Ethan e indo em direção ao seu quarto. O homem é um idiota porque acreditou mesmo que eu fosse namorada de Ethan... Quem me dera. Talvez eu seja um dia, afinal, a sonsa da irmã de Sophie é tão ingênua que mal sabe o que eu realmente pretendo fazer com aquela idiota. Não que eu seja aquelas garotas obsessivas por um cara, Ethan já ficou com tantas garotas que ela é só mais uma da lista imensa dele. No final ele sempre corre para os meus braços. Mas dentre todas as garotas que ele já pegou, ela é a que mais irrita. Sempre com um ar arrogante achando que pode mudá-lo. Ouço o barulho alto da porta sendo fechada e um sorriso largo aparece em meu rosto. Ethan entra no quarto e se assusta ao me ver ali.

— Como entrou aqui? – Pergunta jogando a mala no chão.

— O porteiro deveria desconfiar um pouquinho mais das pessoas. – Sorri caminhando até ele. – Me deixe adivinhar, essa cara amarrada tem nome. Sophie.

— Isso não é da sua conta Heather. – Ele se senta na cama e eu vou até ele. Ethan adorava fazer o de difícil. Sorte a dele que eu amo um desafio.

— Ela não pertence ao nosso mundo Ethan... – Mordisco o lóbulo de sua orelha e trilho um caminho de beijos de sua orelha até o canto de seus lábios, ficando bem próxima deles. – E nunca vai pertencer.

Ethan segura meus ombros e me joga na cama ficando por cima de mim e atacando meus lábios com ferocidade enquanto suas mãos trabalhavam em arrancar minhas peças de roupa.


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