Hinata estava no metro. A vida dela era sempre a mesma coisa: casa, faculdade e estágio. Nada de muito emocionante, mas nada muito parado.

Ela esperava o metrô chegar, mas nada dele aparecer. Foi naquele instante que algo inesperado aconteceu. Naquele dia, hora. Ela o viu. Um rapaz. Um pouco mais alto que ela. Cabelos loiros. Bonito. Olhos Azuis.

Ela não deu muita importância. Continuou o seu caminho. Pegou o metrô, parou no terminal, desceu e seguiu em direção ao ponto de ônibus que ia levá-la para a faculdade. E na fila, quem ela vê? O rapaz do metrô obviamente.

"Bom, isso é normal. Ele pode estudar em outro instituto ou em outro departamento." pensou.

Afinal, ele também é jovem e tem cara de estudante de faculdade. Nada de muito anormal. Todo mundo pega aquele ônibus. Qual é o grande problema nisso? Não ligando muito, ela embarcou no ônibus e passado alguns pontos, deu o sinal e desceu. Nem se deu o trabalho de olhar para trás. Estava com a mente ocupada do que deveria fazer ou deixar de fazer. As vezes, ser estudante de graduação é muito cansativo.

Foi para a sala de computadores, viu as redes sociais, respondeu e mandou alguns emails e quando estava perto de dar a hora do inicio da aula, ela subiu em direção as salas. A aula começou. E ela sentiu sono. Muito sono. Tanto sono que nem notou quem estava fazendo a mesma disciplina que ela. Depois de muito bocejar e quase cochilar na cadeira, foi dado o intervalo. E ela, sabendo que a aula continuaria com ou sem ela prestando atenção, resolveu descer até a cantina para pegar um café. Quando estava para sair da sala de aula que ela notou.

O rapaz! Aquele do metrô, do ponto de ônibus e do ônibus! Mas como? Desde quando ele estava ali?

"Será que ele é um perseguidor?" ela pensou. "Em todo caso, ele acabou virando colega de sala e as vezes coisas inesperadas acontecem."

Desceu e pagou o seu café. Quando estava subindo em direção as salas com o seu café na mão, deram um encontro no meio da escada. Ele, descendo. Ela, subindo. Silêncio. Ele não sabia o que dizer. E ela, muito menos. Então, resolveram continuar com suas vidas. Ele, descendo a escada e ela, subindo-a. A vida continuou normal depois disso. Nada muito inesperado.

E com o tempo e a convivência, se tornaram ótimos amigos. Ela descobriu que o nome dele era Naruto. Que tinha a mesma idade que ela. E que fazia o curso de licenciatura na faculdade dela. Seriam colegas de profissão. E o tempo passou. E a amizade estava se tornando mais que amizade. Estava começando a se tornar amor. Porém, por parte dela, por que da dele, ela não fazia a mínima ideia. E para não estragar a amizade, ela guardou segredo do sentimento.

O tempo continuou passando e ele, um dia, contou para ela que tinha achado a mulher da vida dele e que ela aceitou ser sua namorada. Hinata sorriu, mas por dentro sentiu algo se quebrando. Permaneceu forte na frente dele, mas sozinha ou com as amigas, se tornava uma menina sem felicidade. Quando ela via ele com a Sakura, a namorada, sentia vontade de chorar. Lágrimas escapavam de vez em quando. Então, ela tomou uma decisão: evitá-lo o máximo que podia. Porém ele notou e veio tirar satisfações.

– Você está me evitando.

– Não é a verdade.

– Mentirosa. Por que você está agindo assim comigo?

– São coisas de sua cabeça.

E o tratamento frio dela para com ele continuou. E ele sabia que algo estava desajustado. Ao mesmo tempo que isso acontecia, a namorada dele ficava louca de ciúmes pela grande atenção que ele estava dando para a amiguinha. Um dia, Sakura explodiu com ele:

– Afinal de contas, o que você tanto se preocupa com ela? Ela é apenas uma amiga. Você se preocupa mais com ela do que comigo que sou sua namorada.

– Mentira. Eu só acho que ela anda me evitando e eu gostaria de saber por que.

– Para de dar atenção para ela! Eu já te disse! A namorada sou eu! Não ela! Que saco!

– Hey, qual é o seu problema? Eu estou preocupado sim com a minha amiga! Dá para parar com essa paranoia e ciumosinho idiota? Assim, nosso relacionamento não vai durar.

– Ah, quer saber de uma coisa? Cansei! Vai lá se preocupar com ela! Estou terminando com você. Vai ver, era isso que ela queria!

– Por que ela quereria o final do meu relacionamento? Ela é minha amiga!

– E ao mesmo tempo, deseja ser sua namorada! Só você não vê o que ela deixa transparecer no olhar. Ela te ama! E pelo jeito você também gosta dela, afinal, todas as vezes que a gente conseguia ficar junto, você vivia se perguntando o que tinha feito para ela e até mesmo a minha opinião.

Ele pareceu chocado. Ela gostar dele? Impossível!

Mas não. Não era impossível. Ele a encontrou no jardim da faculdade. E ela olhou para ele. Um misto de dor e pena.

– Sinto muito pelo fim do seu relacionamento.

– Não é nada demais.

– E então?

– Então o que?

– Nada.

– Nada?

– É, nada.

Silêncio. Igual daquela vez em que se encontraram na escada.

– Você...

– Eu?

– Nada. Deixa para lá.

Hinata se levantou.

– Ei, espera.

Naruto a segurou. E ela olhou para trás.

– Sim?

– Você tem algo para me dizer?

– Não.

– Certeza?

– Acho que sim.

– Não vai me dizer nada mesmo?

– Você não está forçando a barra?

– E se eu estiver?

– Não tenho obrigação nenhuma de te responder.

– Por que?

– Não sou nada sua além de uma boa amiga.

– Porém, sei que você deseja ser mais que minha melhor amiga.

– Como?

– Isso que você ouviu.

– Você deve estar brincando.

– Em se tratando de coisas sérias, eu não brinco.

Suspiro.

– E então? Vai me dizer?

– Não tenho nada para dizer.

– Tudo bem. Eu esperarei.

– O quê?

– A sua confissão.

– Que confissão?

Ele, então, a abraçou. E se separando um pouquinho, e olhando o rosto e os olhos dela disse, bem baixinho:

– A sua confissão de que me ama.

Sorriso. E ela ficou sem jeito.

– Não amo você.

– Mentirosa. Você nunca será capaz de saber mentir bem.

Ela não queria dar o braço a torcer. Então, Naruto encostou a testa no ombro dela e disse, no pé do ouvido da moça:

– Não me importo de saber depois o que se passa no seu coração. Se você quiser me contar, ficarei agradecido. Mas creio que você deve saber o que eu sinto.

– E o que é?

– Eu te amo.