Te amar não estava nos meus planos escrita por Ana Bobbio


Capítulo 14
Pra você é Edu.


Notas iniciais do capítulo

Eu acharia muito meigo se vocês leem este capítulo com esta música (sou apaixonada por ela e acho que combina): https://www.youtube.com/watch?v=IiUMAbCSGXE



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— Ei! Garota da blusa manchada! Estou cansado de ficar aqui, poderia vir pra cá logo? — Gritou acordando-me do meu pequeno transe.

— Ei, Eduardo! Existe maneiras mais comuns de você me chamar. Tipo bater na porta. — Gritei de volta, rindo logo em seguida. Ele deu de ombros.

— Eu sei. Mas fiquei com preguiça de andar mais, moro numa rua aqui por trás. — Contou com a voz alta.

— Como soube que moro aqui? — Indaguei.

— Precisei te seguir pra poder te enviar meu pedido de desculpas. — Sorriu presunçoso, fingi uma cara de espanto. Balancei a cabeça em tom de reprovação. — Então, agora que acabou as perguntas, poderia descer? Prometo que dou a volta e vou até a porta te encontrar.

— Não sei se é seguro me encontrar com alguém que me segue enquanto volto da aula. — Brinquei. Eduardo soltou uma risada gostosa, que eu sabia que ouviria poucas vezes por conta do seu jeito, mas eu tinha a necessidade de escutá-la outras vezes, nem que pra isso eu tivesse que me esforçar para fazê-lo rir. Eu faria.

— Foi por uma boa causa. Provavelmente se eu te perguntasse você não diria. — Argumentou. Por ter dado uma justificativa plausível, sai da janela fechando-a e troquei de roupa rapidamente, por conta do frio, embora não estivesse chovendo. Coloquei uma jaqueta por cima, prendi meu cabelo em um coque para não precisar penteá-lo e corri até a porta. Esperei ele por mais três segundos e logo apareceu usando sua típica jaqueta de couro e sua calça num tom azul escuro. Aproximei-me sorrindo e o fitei. — Você parece muito com alguém que conheci. Claro, que de um modo diferente. Mas, fisicamente falando, são muito parecidas. — Disse ao olhar-me de cima a baixo. Envergonhando-me.

— Isso é bom ou não? — Cerrei os olhos.

— Depende do ponto de vista. — Respondeu. Suspirou, fitando o nada agora. Depois voltou ao normal. Sua atitude pareceu com a de Bruno, e me causou uma reação diferente. Talvez até mais complexa.

Andávamos lado a lado até algum lugar que ele me levaria. Não fazia ideia de onde ele estava me levando, ainda estava assustada com a situação. Por mais que fosse desejada, não partiu de mim, não foi arquitetada, isso me fazia ficar em alerta. Poderia ter me arrumado mais, só que nem fiz questão de estar bonitinha, sendo que, se fosse Bruno, provavelmente eu teria ficado maluca com a tentativa de ao menos parecer apresentável a ele. Seria maluquice minha, eu sei, mas toda garota quando está interessada em alguém por dentro sente essa insegurança de querer que a pessoa amada a ache ao menos legal. Legal seria o mínimo.

Felizmente eu sabia que não estava a fim de Eduardo, e nem estaria porque meu interesse era por outro. Eduardo seria uma ponte, e se tudo ocorresse bem na caminhada, uma ponte sem perigos e transtornos, sem buracos. Era o que eu esperava de todo coração.

— Onde estamos indo? — Não aguentei me segurar.

— Eu queria sair de casa, ficar sozinho junto com os fantasmas não é nada agradável. Se tiver alguma sugestão, pode dar. O importante é a companhia. —Sorriu de lado. Eu sorri de volta, sentindo-me bem melhor.

Eduardo queria a minha companhia. Minha companhia. Ele era doente? Em meio a tantas opções mais interessantes, queria a minha companhia?

— Escolheu a pior companhia, sabe disso, não é? — Arqueei uma sobrancelha a ele.

— Então estamos empatados.

Chegamos à praça. Vi de longe Jéssica e Lisandra, felizmente não me viram. Suspirei com isso. Sentamo-nos em um banco branco não tão perto um do outro e olhei atenta a ele. Perguntando-me se ele agiria normalmente agora, puxando assuntos leves e agradáveis para um dia como este. Estava fazendo frio, mas o tempo não estava feio.

— Agora que estamos aqui, parecendo até dois amigos. — Sorri dando uma pausa. — Você poderia me contar um pouco de você. Eu adoraria saber. — Fitei-o.

— Logo quando eu queria saber mais de você? — Retrucou. Encarei-o firme, sabendo que provavelmente seu desejo era mudar de assunto, até conseguiria se eu não fosse teimosa. Suspirou e assentiu, eu sorri vitoriosa. — Pergunte o que quiser, só não posso prometer responder tudo.

— Assim você me deixará curiosa. — Reclamei. Ele deu de ombros, eu sabia que não conseguiria mais do que isso, então desisti. — Deixa eu ver. Vou começar com uma pergunta leve, já se apaixonou? — Ele desviou seu olhar, fitando a vista belíssima e simples que tínhamos: crianças brincando no parquinho e casais correndo.

— Sim. — Respondeu de maneira fria, me fez estranhar. Calei-me, esperando o mesmo continuar.

— Conte-me mais sobre isso. Eu prometo não espalhar, e se te deixa melhor, até esqueço depois. — Tentei tranquilizá-lo.

— Não tenho muito o que falar. Foi uma paixão inconsequente, que, do nada tomou conta de tudo. Da minha vida. — Virou o rosto e encarou-me, sem sorrir, arrepiando-me. — Que acabou. E o que você está vendo aqui foi o que sobrou.

— Quem foi a doida que deixou acabar algo tão bonito assim? — Pensei em voz alta. De repente, um sorriso surgiu em seus lábios.

— Acho que eu nunca fui bom o suficiente para ela. Ou, talvez, ela não procurava alguém bom o suficiente pra ela. Tanto que ela fez o que fez. — Abaixou a cabeça, aproximei-me dele. Vendo como tinha ficado abatido.

— Eu nunca pensei que veria alguém dessa forma. Você deve ainda ser muito apaixonado por ela. Não a conheço, mas se por acaso eu vê-la em minha frente, me avise. — Pedi, enquanto levantava sua cabeça fazendo-o me fitar.

— Pra quê? — Perguntou surpreso.

— Para acabar com ela. — Sorrimos juntos.

Ele levou um de seus dedos até o minha face, tocando a maçã do meu rosto. Embora seu toque fosse firme, tinha uma delicadeza como se tivesse medo de me quebrar. Como se eu fosse algo frágil demais para seu simples toque. Preferi não me mover, por mais entranho que fosse. Ele parecia um pouco atordoado e confuso. Olhava-me como se devesse achar-me um aberração, porém não conseguia me ver como tal. Era o que parecia, ao contrário de Bruno que nem me encarar direito encarou. Lembrar-me disso me fez soltar um suspiro angustiante.

— O que foi? — Perguntou percebendo minha mudança de expressão, minha angústia.

— Não é nada. Mas... — Levantei a cabeça novamente tentando sorrir. — Fico feliz que tenha me contado isso. Significa muito. — Ele sorriu e aproximou-se de mim também. Deixando um espaço bem pequeno no banco entre a gente.

— E eu estou feliz por não ter conseguido te afastar de mim. Por mais egoísta que isso seja. — Confessou também.

— Então estamos empatados. — Sussurrei sem tirar meu típico sorriso do rosto. Abraçamo-nos e eu pousei minha cabeça em seu ombro, ele contornou minhas costas com seus braços e não tinha como mentir que a sensação de estar tão perto era gostosa. Era protetora. Senti-me aliviada, e pela primeira vez, parecia que finalmente eu estava em casa. Levantei a cabeça um pouco e vi Lisandra olhando em nossa direção, e futucando a Jéssica mostrando eu e Eduardo abraçados. Jéssica sorriu ao nos ver. Senti Eduardo me apertar mais ainda no seu abraço e ele sussurrou algo que eu não prestei atenção. — Jéssica e o seu bando viram a gente e devem estar pensando mil coisas. — O alertei.

— Não estamos fazendo nada errado, correto? E mesmo se estivéssemos... — Afastou-me de seus braços e eu senti tanto por isso. Briguei comigo mesma por pensamento ao não entender o que de certa forma estava claro: A ponte por mais que aparentasse estar defeituosa, não estava de fato. Não quando digamos uma exceção estava sendo aberta para mim. E eu o agradeceria por isso pelo resto da vida. — Falar nisso, é até bom que Lisandra pense que talvez estamos tendo algo, me ajudaria a mantê-la afastada.

— Como assim? — Indaguei sem entender.

— Ela não desiste fácil de tentar se aproximar, e eu não me sinto bem com a presença dela. Me lembra... Bem, essa pessoa que eu te contei. — Franzi o cenho, confusa.

— Ela era assim?

— Aparentemente falando, não. Mas, quando você a conhece por completo, você nota que sim. — Sorri agora entendendo, coloquei meus braços sobre seus ombros sendo folgada e o desafiei com o olhar.

— Tenho certeza que você está adorando essa perseguição dela. Desculpa acabar com a sua alegria por pensar que vendo essa cena ela vai desistir, eu tenho certeza porque a conheço bem, que isso só vai instigá-la a correr mais atrás de você. — Eduardo fingiu uma cara de tristeza, fazendo-me rir. Dei um tapa em seu ombro, sem força. — Seu fingindo! Tenha certeza que o que vai instigá-las é o fato que aquele trio ridículo odeia eu e a Bia, então seria também uma forma de nos atingir. — Sorri esperta.

— Então você quer dizer que o fato de vocês se odiarem vai fazer ela querer se aproximar mais de mim, porque aparentemente falando somos bem próximos e isso te atingi? — Perguntou. Entristeci um pouco quando o escutei falando isso, lembrou-me que, de certa forma, era o que eu estava fazendo. Então eu não me encontrava muito longe delas.

— Oi, Edu. — Lisandra ignorou-me ao se aproximar da gente. Achei melhor assim. Fiz minha cara de paisagem.

— Eduardo, por favor. — Eduardo interviu com uma expressão calma. Quase intocável.

— Por quê? — Perguntou quase se jogando em cima dele. Me deu nojo a cena, vê-la se amostrando para um cara que não estava nem ai pra ela.

— É que ele gosta só quando os próximos o chamam assim, não é, Edu? — Apressei-me e cerrei os olhos em sua direção avisando que era pra concordar comigo, o que ainda bem, ele fez. Ela envergonhou-se, mas não perdeu a pose.

— Bem, mas como eu estava falando com você, Eduardo. — Corrigiu-se, eu sorri satisfeita. — Eu e minhas amigas estamos naquele barzinho ali. — Apontou para o resto da manada, que acenaram pra ele. Oferecidas. Falsas. Ridículas. — Se quiser, pode ir lá ficar com a gente. — ofereceu simpática.

— Obrigado, mas não. Estou acompanhado, já. Se tivesse convidado Antônia, e ela tivesse aceitado, eu iria com certeza.

— Está convidada, amorzinho. — Sorriu falsa pra mim. Eu sorri irônica.

— Prefiro a companhia de ratos, são bem mais agradáveis, querida. — Disse. Eu vi de lado Eduardo se segurar para rir.

— Então, já era de se esperar que a sua amiguinha mal humorada recusasse. O que é uma pena, quando você não estiver com ela, sinta-se sempre convidado. Ok? — Eduardo apenas sorriu. Ela despediu-se e saiu andando com o nariz empinado e rebolando como se nem tivesse levado um bendito fora. De alegria por Eduardo não te me desmentido, abracei-o inesperadamente novamente. Ele assustou-se de começo, mas depois retribuiu.

— Obrigada por não me desmentir, Eduardo. — Agradeci sincera.

— Pode me chamar de.... — Deu uma pausa. Apertando-me mais. — Edu. — Sussurrou. Meu sorriso alargou-se ainda mais. Eu definitivamente me sentia a vontade, em casa.


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Notas finais do capítulo

Comentem a vontade, dizendo o que esperam da web! Amo receber sugestões, qualquer coisa é válida para mim pois incentiva muito! Espero que estejam gostando.
Um bom fim de semana a todos, bjss da Ana!



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