Te amar não estava nos meus planos escrita por Ana Bobbio


Capítulo 11
Flash Back.




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A primeira coisa que fiz ao confirmar minhas suspeitas e terminar de ler, foi sorrir. Um sorriso revigorante e ao mesmo tempo inédito. Não pelo fato de perceber que isso, querendo ou não, era uma boa comprovação que tudo o que havia arquitetado daria certo, mas sim na simplicidade e da atitude que ele teve ao me enviar o simples e elegante buquê. Eu havia amado, e por mais que eu negasse, seus pontos comigo aumentaram de -1 a mil. E isso era bom, em termos, pois parecia ser completamente perigoso.

Peguei as flores ajeitei-as em um vaso pequeno e quando terminei de arrumar a casa coloquei o vaso no centro da mesa para enfeitá-la. Olhei de longe e sorri com o resultado, estava maravilhoso. Senti o cansaço começar a me incomodar e corri até o meu quarto, tomei um banho longo e deitei-me na cama. Esperando que o sono viesse logo. E, felizmente, veio.

Eduardo

Já era tarde da noite. O sono tinha ido embora junto com a minha mãe, que teve que voltar ao hospital. Ela era médica, o que resultava nessas emergências de última hora. Fiquei em casa, sentado na cadeira, brincando com a chave em cima da mesa. Olhei para cada canto daquele lugar, e lembrei-me quando eu vivia aqui. Lembrei-me também da ceia de natal. Do ano novo.

Flash Back:

— Amor, veja! — Margareth gritou ao pegar um dos embrulhos de presentes embaixo da árvore. Eu sorri ao vê-la combinar perfeitamente com a decoração natalina. Qualquer coisa combinava com ela, qualquer lugar em que ela estivesse de repente se tornava um lugar belo e agradável. Eu sorri bobo ao perceber como ela sorria pra mim e como eu era sortudo por tê-la. — Ei, senhor viajante, venha cá! — Gritou-me novamente, tirando sarro por possivelmente estar viajando em sua beleza. Dei pequenos passos até minha namorada, aproximei-me e direcionei o meu olhar para o que ela tinha na mão. Era uma caixa verde com um laço na tampa. — É seu. Espero que goste. — Ela sussurrou.

— Qualquer coisa que vier de você eu vou gostar, Maggie. — Não havia mentira nessa frase. Era real, assim como todo o sentimento que eu sentia por ela.

— Pode abrir. — Avisou sem deixar seu sorriso atraente.

Peguei a caixa das mãos delicadas dela e a abri, desfiz dos papéis que estavam no caminho e tirei dali uma camisa xadrez com botões na frente. Sorri diante do presente, vendo que ela havia acertado o número. Fiquei contente por ela saber desse pequeno e ao mesmo tempo grandioso detalhe. Eu não ia entregar meu presente agora, estava esperando um momento mais propício pra tal ato. Estava na hora de todos irem embora, felizmente. Passei meu braço pela cintura de Margareth, deixando-a quase colada a mim. Minha avó se aproximou e nos olhos por alguns segundos.

— Cuide bem do meu neto, não sabe o menino de ouro que tem nas mãos. - Minha avó aconselhou-a. Achei desnecessário seu comentário, ela cuidava só de estar perto, só de estar comigo. Isso bastava. As vezes eu tinha medo de estar a prendendo demais, de ser protetor e apaixonado demais, só que eu não me importava porque tudo era perfeito demais para cogitar a hipótese que as coisas mudariam.

— Pode deixar. — Maggie proferiu sem graça. Abracei-a mais forte, fazendo meu corpo esquentar quando suas mãos tocaram-me. Minha avó cerrou os olhos encarando-a, como se estivesse contrariada e depois olhou pra mim, e acalmou a expressão ao ver como eu realçava felicidade.Despedimos dela e de todos que cearam conosco e quando estávamos sozinhos Margareth me pediu que a levasse até sua casa. Achei aquilo estranho, havíamos combinado que ela dormiria comigo esta noite. Ela sentou-se no carro minha mãe e não demorou muito para que chegássemos a sua casa.

Quando parei o carro em frente onde ela morava, saímos do carro. Quando cheguei a calçada e olhei pra frente, vi Bruno parado nos olhando. Eu não entendia o que estava acontecendo. Ela o viu também, todavia não pareceu surpresa. Parecia que já esperava a situação em que estávamos. Senti os olhos dele me encararem, e um sorriso malandro em seus lábios. Minha vontade era de ir até ele e acabar com a sua raça, mas eu tinha outras preocupações: O que estava realmente acontecendo.

— O que ele faz aqui? — Perguntei sem me importar em ser rude, arrependendo-me logo em seguida ao perceber o modo como me expressei. Não tratamos mal quem nos faz viver.

— Eu tenho que te contar uma coisa. — Maggie tentou se expressar.

— Eu aceitei vir porque estaria sozinho com você, e assim, daria o seu presente.

— Você comprou algo pra mim? — Pareceu surpresa. Apenas assenti com a cabeça.

Maggie aproximou-se de mim dando apenas um passo, um pequeno espaço que nos separavam. Contornando seus braços delicados em meu pescoço, abraçando-me. Eu sorri ao senti-la tão próxima, que até o ódio por Bruno e sua presença desagradável ali desapareceu e pareceu não importar mais. Porque Margareth estava em meus braços. Porque era eu quem ela namorava. E consequentemente, num futuro próximo, era comigo com quem ela casaria e formaria uma família. Era o que eu estava, era o meu plano já devidamente arquitetado. Ela suspirou de modo profundo e afundou seu rosto no meu ombro. Tirei seu cabelo do seu ombro direito e coloquei-o todo no lado esquerdo, para possibilitar minha próxima ação.

Tirei do meu bolso o colar que havia trago que daria de presente a ela e coloquei em seu pescoço. Margareth se assustou ao ver o colar simples, porém elegante e caro em seu pescoço. Era isso o que ela merecia no meu modo de pensar, e seria isso o que ela teria; isso e muito mais. Porque se possível, eu a encheria de mimos e mostraria a cada segundo como minha paixão aumentava por ela. Mesmo que isso tivesse transparente em meus olhos.

— Não faz isso. — Ela sussurrou com a voz mais suave, porém firme.Peguei seu rosto forçando ela a me encarar e franzi o cenho, estranhando sua reação. Delicadamente, beijei seus lábios de maneira rápida, e acariciei sua bochecha com o polegar tentando acalmá-la. — Eduardo. Eu estou grávida. — De repente senti sua voz fria e indiferente. Meu sorriso alargou-se, por mais que fosse cedo, eu amaria ser pai de um filho seu. Ela olhou para baixo e aparentou estar triste, o que me deixou intrigado. Não estaria feliz em ter um filho meu? — Mas, não é seu. É de Bruno. Terei um filho dele. Seja meu, fique comigo, independentemente de quem é o pai da criança. — Pediu deixando uma lágrima escapar. Soltei seu rosto, ainda pálido com a notícia, e isso, foi a primeira facada que tomei vinda dos dois. A primeira de muitas.

Foi difícil, mas consegui segurar uma lágrima. Porque eu sabia que se eu fraquejasse deixando uma lágrima escorrer, outras viriam logo em seguida, e ao contrário da primeira, não pediriam autorização. Enrolei um pouco até dar ficar bem tarde, aproveitei que minha mãe não estava mais em casa.

Levantei lembrando-me que tinha marcado com o Ícaro ir a uma corrida. Eu tinha dito para o carniça que não iria quando ele me avisou, porque minha mãe tinha pedido que eu parasse. Mas eu não aguentava mais, eu tinha que ir para esvaziar a raiva que voltava a me consumir. Era errado, arriscado, mas era uma das únicas coisas que conseguia fazer 60% dela ir embora por tempo indeterminado.

Tinha marcado com Ícaro por última hora, e como sempre íamos juntos. Ah, e sim, eu tinha o meu carro. E não era um carro qualquer. Era propicio para esse tipo de corrida, mais potente, e meu interesse nunca foi ganhar. Mas sim competir, e sim ter uma meta a seguir. Ter outra coisa pra pensar e me concentrar do que a vontade imensa de recordar de um passado tão distante e ao mesmo tempo tão próximo. Era também uma atração por aventura e adrenalina, que fazia com que se tornasse um dos meus passatempos favoritos.

Ícaro me buscou logo em seguida, e eu sentei-me no banco do carona.

— Uau. Superou em, este carro está muito melhor do que o seu antigo. — Disse por ter reparado a troca do automóvel, por um aparentemente muito melhor que aquele. Julgando pela beleza do carro.

— Troquei aquele faz pouco tempo. — Revelou. Apenas sorri. — Todos já sabem que você voltou pro Brasil, e mesmo que tu tenha negado ir nessa competição, eles tão animados imaginando que você vai. Sabiam que você não ia perder. — Falava sem tirar sua atenção da direção. Sorri de lado. Não demorou muito e chegamos ao lugar que haviam marcado. Logo PH me avistou e sorriu a me ver, veio até a gente.

— E ai, Eduardo! Quanto tempo, cara! — Ph exclamou mostrando alegria por me ver depois de tanto tempo. Demos um toque de mão. — Vai competir? — indagou.

— Não, só olhar mesmo e torcer pelo meu camarada e por você também, cara. Não trouxe meu carro porque meu pai me tomou ao descobrir o que tinha acontecido. — Disse, ele me encarou e depois deu um sorriso cheio de segundas intenções.

— Faz assim, corre com o meu carro. Vou apostar em você, e se você ganhar, o carro é seu. Um incentivo pra eu ganhar uma bela quantia em dinheiro. — Arqueei minha sobrancelha, o carro dele era conhecido por ser um dos melhores. Ele era cheio da grana, por isso sabia que não o prejudicaria por nada, ao contrário de mim seus interesses nessas competições são totalmente profissionais, não um passatempo. Por isso saber que ele estaria apostando em mim uma bela quantia — Provavelmente, porque eu sabia que hoje os caras que correrão são profissionais mesmo — deixou-me extasiado.

— Acho melhor você não apostar, faz muito tempo que não corro. Como disse meus pais descobriram e me impediram. Tô enferrujado. — Manifestei minha incerteza, ele ia perder muita grana caso eu perdesse.

— Vai lá e dá o seu melhor, o resto é consequência. E tu dominas a estrada, filho da mãe, eu sei que tu vai se sair bem. — Sorriu confiante, enchendo-me um pouco da sua confiança também. Assenti e ele me levou até o seu carro. — É um dos meus garotos, consegue alcançar os 300 km/h e tenha cuidado com ele, ok? Mas caso aconteça alguma coisa com ele, não se preocupe, isso não é problema pra mim. Tenho vários outros disponíveis na hora que eu precisar. Mas pra você é diferente, pois se ganhar terá um carro pra competir, pois o seu foi pra vala, não é? — assenti. — Então se concentra nisso e vamos detonar, moleque! — Demos uma pequena comemoração confidenciada. Mas eu não estava tão certo assim.

Seria questão de honra conseguir a vitória, ia ser bom ter um carro pra usar quando ocorressem essas competições de última hora. Apesar de eu ter dinheiro para comprar qualquer carro que eu quisesse, eu não poderia até meus pais confiarem em mim novamente.

— Se por acaso eu ganhar e conseguir tem como ele ficar com você? Não posso chegar em minha casa com ele. — Pedi.

— Desconfiei disso, mas não tem problema, tem vaga pra ele. E a primeira manutenção fica por minha conta. — Sorrimos e não demorou muito para que eu fosse competir. Dessa vez o Ícaro deixou o carro dele de lado, para ser meu copiloto.

Meus pensamentos se desviaram de qualquer assunto pendente e estava concentrado em apenas uma coisa: Ganhar a merda de corrida. Conseguir essa belezinha pra mim. E, principalmente, sentir a adrenalina e o risco percorrer todo meu corpo numa velocidade absurdamente estonteante.

Preparamos-nos e logo em seguida uma garota vestindo um pedaço de pano qualquer, deixando seu corpo escultural e sexy à mostra. Balançou a plaquinha dando o sinal que precisávamos para iniciar a longa e arriscada corrida. Eu não me preocuparia com nada, nem com a minha própria vida.


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