Em uma noite fria de inverno no Acampamento Meio-Sangue, enquanto quase todos os campistas em quase todos os chalés dormiam, Leo Valdez continuava o árduo trabalho de concertar Festus, o dragão de bronze que havia sido praticamente destruído em sua última missão.

A imensa cabeça de bronze, única parte que restara da criatura, permanecia sobre uma das muitas mesas de ferro fundido do Buker9 e, ao seu lado, o filho Hefesto suava por de baixo da máscara de solda. Apesar dos pingos que escorriam de sua testa, Leo não se incomodava muito com o calor. Ele estava soldando as partes soltas havia cerca de uma semana, era um trabalho que extremamente delicado, cada detalhe exigia muita atenção e algumas noites sem dormir, uma peça fora do lugar e Festus não funcionaria como antes.

Enfim ele terminou a última peça do revestimento de metal, agora só faltava toda maquinaria para, só então finalmente, montá-lo.

Leo puxou a máscara para trás, desligando a máquina de solda. Ele examinou a peça, girando-a em frente aos olhos.

"Hum, nada mal" Pegou, então uma chave de fenda em seu cinto, mesmo podendo escolher entre uma das várias do Buker, Leo ainda preferia pegar de um dos bolsos, em parte por que não precisaria procurar por uma do tamanho correto, era só pensar na que queria e o cinto faria aparecer lá, e parte por estar bem mais perto que as outras. Ele apoiou a peça no local correto e usou os parafusos brilhantes de bronze para prendê-la.

"Tcharã!" vibrou, ergueu os braços para seu trabalho como se fosse uma obra de arte "O que acha Festus? É, eu sei, seu rosto está perfeito. Agora só falta toda a parte de dentro." disse com um falso entusiasmo, como se mal pudesse espera por mais uma noite sem dormir.

Depois de uma vida inteira em que era só ele e ele mesmo, Leo havia se acostumado a falar sozinho ou, na melhor das hipóteses, com uma cabeça desativada de metal. Apesar de tudo, ele sorriu diante do dragão, seu amigo não durou muito tempo da primeira vez, mas agora esperava que durasse por um longo, longo tempo. Ele desejava ainda ter muitas aventuras com Festus, ou somente dias normais, fosse como dragão, barco, ou qualquer outra forma. Queria voar em seu dragão como em História Sem Fim, ou nem tanto.

Leo parou de sonhar, ele secou a testa molhada de suor e limpou as mãos sujas de graxa na camisa.

"Ok, próximo passo" o garoto se dirigiu até uma abertura por trás da cabeça de bronze.

Ele pôs a mão sobre o disco de controle e reparou em algo não havia reparado antes, uma esfera cor de bronze do tamanho de seu punho estava solta logo atrás do disco. Leo a pegou examinando-a.

"Certo, isso é novo" falou com a sobrancelha levantada.

Girou a esfera nas mãos e notou uma fissura em toda sua volta, acompanhada de pequenos parafusos, e uma mini dobradiça. O estranho objeto lembrava a Leo um porta jóias, seja lá o que estivesse ali dentro era algo valioso, ou até perigoso, que não pudesse ser perdido de maneira alguma. Só olhar para a estranha esfera o fazia perceber isso, como uma áurea pesada segurando uma placa de "Não ultrapasse, perigo!".

A peça deveria ter se soltado no acidente, e não havia como ele recolocá-la sem saber o que era.

"Vamos ter que abrir isso, amigão" ele jogou a esfera para o alto e a pegou no ar, sem pensar no perigo, só obedecendo sua hiperatividade. Leo se sentou na cadeira de sua mesinha de madeira para 'trabalhos delicados', estalou os dedos e começou o trabalho.

Leo não obedecia muitas placas de "Perigo!".