Depois do discurso, de tocar minha música e coisa e tal, minha presença na festa era desnecessária. Bom, talvez nem tanto. Mas a verdade é que aquilo tudo me incomodava. Gente demais em espaço de menos. John e Mary não precisavam de mim. Janini também não, ela estava dançando muito entretida com um cara. Não que aquilo fosse importante agora. E quando fui falar com Molly... Me lembrei de Tom. É, talvez a Baker Street fosse o lugar pra mim agora.

Ao invés de pegar um taxi, caminhar até em casa pareceu mais interessante. Não teria muita coisa para fazer quando chegasse lá e a noite até que estava bem agradável.

– Posso me juntar a você? – confesso que levei um susto. Estava tão distraído que não vi Molly Hooper se aproximando.

– Claro.

– Mary e John estavam procurando por você, sabe...

–Hm? – respondi distraído. Até que notaram rápido minha ausência. – E você não devia estar com o seu noivo? – a repulsa em minha voz era evidente.

– Eu... – tentou responder, meio sem graça, enquanto esfregava os braços. - Na verdade ele não sabe onde estou. Aproveitei que ele estava distraído e sai. – respirou fundo. Ela estava vermelha até o ultimo fio de cabelo.

Aquilo me arrancou um sorriso.

– Então ninguém sabe onde você está. Poderia te sequestrar agora mesmo e ninguém nem desconfiaria? – A cara de pavor que ela fez me arrancou gargalhadas. Logo depois relaxou e riu comigo.

Agora quem esta começando a ficar sem graça sou eu.

– Sabe Sherlock, eu... – ela ia falar dos sentimentos. Ai, não, não sei como lidar com isso! – Eu sinceramente não me importo com o que Tom vai pensar quando ver que sumi – e ela ria enquanto falava – mas fiz dele uma cópia mal feita de você, porque pensei que se não pudesse ter você, ao menos poderia ter alguém parecido. E isso é ridículo! É egoísmo de minha parte, porque Tom é um doce de pessoa e não merece o que eu estou fazendo com ele. E é mais ridículo ainda porque ao invés de me contentar, só me faz te querer mais.

Não sei o que responder. Também não sei como agir. Na verdade eu não sei nem onde estou. Aquelas palavras estão fazendo um efeito em mim que não eram supostas pra fazer. Eu já sabia de tudo aquilo. Mas por que ouvi-las em voz altas, ouvi-las da própria Molly fez diferença? Na verdade... Que diabos, por que meu coração está acelerado?

– Molly, eu... – fiquei sem palavras. Olhar pra ela naquele vestido amarelo cafona tirou o meu ar. – Eu não poderia... É só que...

Então ela se aproximou de mim, colocou a mão no meu rosto e me beijou.

– Eu sei. – Respondeu com a testa colada a minha. Ainda de olhos fechados se afastou de mim e continuou a caminhar. Só então percebi que já estava em frente ao 221B.