Meus guardiões - entre o bem e o mal escrita por Gato Cinza


Capítulo 46
Promessa


Notas iniciais do capítulo

Eis o penultimo capitulo da história.



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Sakura

Está tudo dando errado. Gaara me abandonou. Ele foi para o inferno lutar ao lado do pai contra Lilith e os seus, e me deixou sem rumo. Sasuke raramente aparece em minha casa agora ele está com Hinata na casa dos pais dela – no que sobrou da casa, pelo menos –, como a casa dos Uzumaki fora destruído, Ino e Naruto permanecem aqui comigo. Não sei o que meu amigo de olhos azuis e a vampira andam aprontando, mas eles têm passado muito tempo juntos e muitas vezes Sai acompanha-os. Ino disse que era um projeto de reurbanização do irmão, mas nunca nenhum deles me convidou á ir ajudá-los. Sei que errei com Hinata e agi como uma idiota enciumada, mas ela e Gaara juntos me deixavam desconfortável. Sasuke me deu uma bronca, me fez perceber que Hinata era minha amiga á tempo demais e mesmo tendo se tornado uma vampira ela não deixou de ser minha amiga de sempre e que sua lealdade á Gaara era a mesma que ela mantinha pelos demais amigos. Admito. Fui uma grande cretina magoando minha amiga e fazendo com que meu namorado a magoasse também.

Ouvi quando Gaara se materializou na sala e fui vê-lo, queria tanto me desculpar. Mas me surpreendi ao entrar lá e ver um completo desconhecido, um homem de uns trinta anos, tinha cabelos tão platinados que pareciam brancos, olhos em um tom de cor-de-rosa incomum, ele era bonito ainda que assustador.

— Quem é você? – perguntei mantendo a distancia.

Eu estava sozinha com aquele estranho na minha casa, estava apavorada.

— Na última vez que você me viu me chamava de Esperança – disse o homem – Mudei de forma duas vezes nas últimas dezoito semanas. Me encontrei com Gaara no submundo e ele me pediu para vir te ajudar.

— Me ajudar? Não preciso de ajuda.

— É claro que precisa, ele está morrendo e pediu que eu viesse lhe buscar, mas o inferno está um pouco...

Parei de ouvir o que Esperança dizia ao ouvir que Gaara estava morrendo, por um instante não cri que fosse a bruxa naquela forma, mas ninguém mais trataria a morte de alguém com tanta frieza. Ouvia me chamando de tão perto que me assustei com sua aproximação.

— Sakura, respire. Eu vim para ajudá-la. Precisa ser forte, por ele e por si mesma. Se concentra, está me ouvindo?

Assenti.

— Que bom – ele continuou dizendo – Você sabe o que é, não sabe? Só precisa decidir agora, anjo ou demônio? Os poderes são diferentes e... serão milhares de leis e regras que terá que aprender, mas você se adaptará bem, imagino.

— Demônio – decidi – Liberte o demônio.

— Sabe que se eu fazer isso, o outro lado seu vai morrer. Não sabe?

Gaara já havia me explicado isso, para ser um o outro teria que deixar de existir. Eu era metade demônio e metade anjo, aquilo era tão difícil. Minha personalidade mudaria por inteiro, eu mudaria quem eu era, mas Gaara precisava de mim e um anjo jamais entraria no inferno sem ter que pagar pelas consequências e eu não tinha tempo para aquilo.

— Faça – falei.

Esperança-homem fez um corte na sua palma e riscou um símbolo estranho no chão com o próprio sangue, um triângulo dentro de um círculo. O mesmo símbolo ele tinha em um cordão que trazia no pescoço, ele segurou o pingente, mágico suponho, entre as mãos, entrou no meio do símbolo de sangue e começou a murmurar um feitiço. Quanto mais entoava o cântico, mais sua aparência modificava como se pintasse com tinta preta e branca o corpo e rosto. Quando ele parou, estava tão diferente e sombrio que eu me apavorei, de repente meus joelhos cederam e eu fiquei ajoelhada diante dele, consciente e assim mesmo incapaz de parar o que fazia, estava completamente subdomínio de Esperança. Mais palavras estranhas entoadas em forma de cântico em um idioma desconhecido sucederam as primeiras, e aos poucos fui me desligando daquela realidade.

Então eu estava diante de dois espelhos, um me mostrava magnífica, com asas brilhantes e grandiosas como as de Sasuke antes de sua morte, eu vestia branco e havia uma coroa de flores enfeitando meus cabelos rosados. Na outra imagem, eu não tinha asas, vestia um longo vermelho e meus olhos verdes não possuíam íris nem pupilas. As duas estendiam suas mãos para mim, ambas eu tinha expectativa nos rostos familiares. Então estendi minha mão para a demoníaca-eu, mas antes de tocar a imagem tudo ficou escuro e apaguei.

Hinata

 Estava conversando com Sasuke que tentava convencê-la á comer um prato preparado por ele, segundo ele era ramem, só que não tinha textura de ramem nem cheiro e nem cor de ramem.

— Naruto teria um infarto se visse essa coisa ser chamada de ramem – brincou a vampira

— Eu sei cozinhar muito bem, Hinata, só perdi o habito.

— E o talento.

Sasuke largou a tigela de porcelana na mesa e se curvou fitando a expressão divertida da mulher. Agora não eram mais namorados, fizeram uma cerimônia nupcial na presença de Itachi, Rayne, Ino – que chorou – Naruto e Sai, Sasuke havia entregado para a namorada vampira uma adaga de prata com rubis incrustados no cabo, cortaram os pulsos e se uniram em matrimonio. A lua de mel deles estava sendo divertida, considerando que nenhum deles era legalmente humano e dispunham de todo tempo que quisessem para realizar suas vontades. Sasuke não cumpria mais as regras dos anjos celestiais agora que ele servia a morte, e apesar de muitas regras em sua nova vida, não havia nenhuma que proibia seu relacionamento afetivo com outra espécie. Estavam casados há duas semanas e não tinham planos para o futuro eterno que possuíam.

— Vou cozinhar algo decente para comermos – disse Hinata se levantando

Não precisava comer, ela bebia sangue e isso era o suficiente enquanto Sasuke não precisava se alimentar. Mas se divertiam tentando fingir ser normais. A vampira parou no meio do corredor com uma expressão mal humorada que Sasuke não viu por não estar a olhando, ela se virou para ele com ar indeciso.

— Sasuke – o anjo não olhou para ela – Tem algo errado com a Sakura.

— Que? – evitavam falar sobre a rosada

— Gaara não tirou minha ligação com a Sakura, ainda posso sentir quando o perigo está perto dela e como ela é sonsa demais para perceber algo na sua frente...

— Vamos querida – ele a chamou estendendo a mão.

Um breve sorriso brincou nos lábios da vampira que foi com o marido. Não demoraram mais que um minuto para chegarem à casa da rosada, ao entrarem viram algo muito assustador. Um bruxo das trevas estava fazendo alguma magia maligna com Sakura que estava em transe olhando para o vazio enquanto sua energia oscilava entre uma luz e uma sombra.

— Solte ela – gritou Sasuke, sabia que não podia interromper um feitiço quando alguém estava em transe, os resultados eram sempre terríveis.

O homem abriu os olhos e se virou com uma inexpressão para o casal, então duas coisas que ele tirou do bolso ganhou vida e cresceu o bastante para fazer o anjo estremecer. Monstros com garras e presas de pedra preta e olhos de fogo.

— Gárgulas da Lua – murmurou Hinata olhando fascinada para as criaturas de pedra cinza com veios vermelho-sangue.

Ela tinha visto um deles no palácio cinzento quando Gaara a levara pela primeira vez ao mundo dos mortos, tinha ficado tão curiosa que não parou de fazer perguntas até que Gaara lhe contasse tudo o que sabia a respeito das criaturas, como por exemplo o fato deles manipularem a gravidade, serem lentos e facilmente destruídos. Com um sorriso vampiresco, ela saiu da sala rapidamente. Sasuke sentiu uma ponta de ansiedade por ter sido deixado pela esposa, mas não se importou, era melhor que ela se protegesse contra aquelas criaturas perigosas. Ele se moveu de um lado para o outro procurando algo para usar contra os inimigos, não podia tocar neles sem ser transformado em pedra, encontrou um abajur feioso sobre um móvel e o pegou. Empregou toda sua força no objeto e golpeou a cabeça de uma das gárgulas que rolou para o lado ao ser separado do corpo. Mas não teve a mesma chance com o segundo que o agarrou pela cabeça o levantando do chão.

Imaginou o tempo que levaria para ser petrificado, mas aparentemente a gárgula não tinha a mesma ideia que ele, pois o virou como se fosse um brinquedo de trapos, com uma mão nos pés e outro na cabeça, ele começou a puxar seu corpo para direções opostas, ele teria uma morte muito dolorosa até que fosse partido em dois. Então ouviu o grito de Hinata e seu coração se apertou de agonia, não queria que ela visse aquilo, mas não encontrou forças para mandá-la ir embora. Ouviu em seguida um som indistinguível misturado á sons de briga e a gárgula parou, as chamas em seus olhos estavam apagadas. Sasuke se soltou, sentindo todo o corpo tão dolorido que parecia ter sido esfolado, mas ao ver sua Hinata toda sua dor física foi substituída por uma dolorosa preocupação, ele correu e a abraçou virando-a para o outro lado, para longe da visão perturbadora que ela mesma provocara. O bruxo, Hidan, tinha sido pego de surpresa no meio de sua feitiçaria, a vampira o estripara, com os dentes arrancou separou a cabeça do corpo do homem que jazia morto em uma poça de sangue. Hinata tinha a boca, as mãos e as roupas ensanguentadas, seu calçado estava molhado também, ao olhar de lado Sasuke viu um balde virado e água espalhada, compreendeu que fora para pegar água que ela saíra o deixando sozinho. Nos braços do marido ela voltou aos poucos ao seu estado normal, não perdeu a consciência do que fizera, mas se recuperou da letargia causada pelo choque de matar alguém de forma tão violenta. Sasuke acariciava seus cabelos a acalmando.

— Você vai ficar bem, só precisa se acostumar – não era uma pergunta.

Ela gostava daquele senso de realidade do marido, ele não perdia tempo fazendo perguntas retóricas ou cujas respostas ele podia concluir por si só.

— Fiquei com tanto medo quando vi aquela coisa te partindo ao meio.

— Desculpe, achei que você tivesse ido... me desculpe.

— Pensou que eu ia te deixar sozinho? – ela questionou surpresa desfazendo o abraço para encará-lo – Como eu faria isso com você? É meu marido suas batalhas me pertencem agora.

Então ela deu um soco no braço dele, assumindo uma expressão preocupada ao começar a averiguar o corpo dele.

— Estou bem, Hinata.

— Mesmo? Não está dizendo isso só para me tranquilizar?

— É claro que estou bem, juro.

— Que bom, por que vou te matar por ter quase morrido.

A vampira olhou novamente para o corpo do bruxo e então para a rosada ainda olhando para o vazio.

— O que ele fez com ela? – perguntou deixando a zanga com o marido para resolver mais tarde.

Sasuke chamou por Sakura repetidas vezes, mas ela não se moveu. Em vez disso a porta se abriu, e um Gaara muito ferido entrou na casa, cambaleante, caiu desacordado ao reconhecer a amiga vampira para quem sorriu inconscientemente.

Sasuke

Hinata carregou o demônio para o quarto que ele usava com Sakura, enquanto Sasuke levava a rosada para o mesmo lugar. Os deitaram na cama e aguardaram até que recobrassem a consciência. Enquanto isso ele explicou á vampira o que tinha sido feito com a rosada, o tipo de feitiço que aparentemente ainda agia no interior da garota. O primeiro fora o demônio cujos ferimentos se regeneravam sozinhos, mas não rápido o bastante. Ele mal abrira os olhos e fora atingido por uma sonora bofetada no rosto ainda pálido.

— Seu imbecil, por que deixou a Sakura sozinha? Queria ela morta? Seu irresponsável.

— Não grite – murmurou cobrindo as orelhas, a voz alta da vampira ecoava em sua mente de modo torturante.

— Gritando? – Hinata inflou as bochechas com ar e soltou pelo nariz, então gritando ela disse – Você é um irresponsável, saiu e deixou uma humana fraca sozinha sabendo que á monstros atrás dela. É melhor ter um bom motivo para tê-la deixada sozinha aqui.

— Fui chamado e antes que pudesse fazer qualquer coisa já estava em uma vila da Romênia preso em uma armadilha de bruxas, não a deixei sozinha por que quis e realmente eu esperei que ela buscasse refugio na casa do Naruto ou na sua.

Hinata riu sem diversão.

— É da Sakura que estamos falando, a lógica dela é diferente da sua. E agora ela está fora do ar, aquele homem esquisito fez algo com ela e veja como ela ficou.

Gaara olhou para a namorada ao seu lado, estava com os olhos abertos fitando fixamente para o nada.

— Sakura, você me ouve?

— É claro que não – resmungou Hinata – Já tentei fazê-la dar sinais de consciência, mas não acontece nada. Vou avisar a Ino sobre o que aconteceu, nos vemos em casa Sasuke?

— Não – respondeu o anjo se levantando e sorrindo da expressão confusa da esposa – Vou chamar a Ino e nos encontramos aqui em alguns minutos. Você e ele precisam conversar.

— Não temos nada para...

— Não começa querida, vou e volto então tente não cometer nenhum assassinato entre o período.

Ino ficara zangada quando soube o que acontecera com a amiga, mas logo se convenceu de que fora culpa da rosada por ser tão infantil e boba. Quando chegaram novamente na mansão Haruno encontraram Gaara e Hinata limpando o sangue do assoalho.

Gaara

Assim que Sasuke saiu ele tentou conversar com a vampira.

— Hinata, eu quero...

— Não me interessa – ela o interrompeu – Quando escolheu Sakura deixou claro que fará qualquer coisa por ela até agir como um idiota. Eu não entendo muito de magia, mas tenho quase certeza de que anjos não se envolvem com esse tipo de coisa então quando ela acordar e for um demônio ela vai precisar de um ponto de apoio e eu prefiro que ela esteja do seu lado do que do lado dos outros da sua laia. Não quero seu perdão e nem te perdoarei, então vamos ser sensatos e agir juntos pelo bem de nossos interesses.

— E quando nossos interesses forem divergentes?

— Então meu querido, você vai descobrir que treinou uma assassina tão letal quanto você. Vamos limpar esse sangue. – ela sugeriu olhando para o corpo decepado na sala.

Gaara sorriu involuntariamente e comentou enquanto pegava a cabeça de Hidan:

— Adoro como esses seus olhos perolados relevam verdades que sua boca esconde.

— E eu adoro como seus olhos de psicopata percebem e compreendem tão bem o que meus olhos dizem.

Ficaram se olhando em silêncio por um tempo, havia naquela troca de olhares confidencias tão secretas que faria a vampira corar se o sangue em sua veia esquentasse. Nem notaram, seus corpos se aproximaram, o demônio tocou o rosto da vampira com ternura e por um breve instante seus lábios se tocaram em um pedido de desculpas silencioso que foi respondido por um perdão que jamais seria pronunciado. Os olhos não se atreveram a deixar o do outro nem por um segundo, aquele contato visual cheio de significados fizera falta á ambos e quando os lábios se separaram ainda permaneceram parados, próximos e num fio de voz pronunciaram juntos pela primeira, única e ultima vez:

— Meu amor é teu.

Não um vazio eu te amo ou um acalorado eu te quero, mas sim uma confirmação de algo tão profundo quanto belo e tão assustador quanto sincero. Sakura tinha razão em se sentir enciumada, pois se não fosse a paixão desenfreada que o ruivo sentia por ela ou o respeito afetuoso que Hinata sentia pelo seu anjo, nada impediria que aquele casal se unisse. Mas ambos tinha consciência de sua vida longa e quase imortal, aquele amor que sentiam um pelo outro não desapareceria por mais que se magoassem, por mais que desejassem.

— Um dia – sussurrou a vampira, esperançosa, desviando o olhar para o chão ensanguentado e fazendo uma careta – Você se livra do corpo, vou pegar água para limpar isso.

Lavavam o chão concentrados quando a porta se abriu. Ino entrou na frente com ar preocupado, seguida pelo irmão e o namorado e por último veio Sasuke.

— Sakura está desmaiada e vocês estão limpando a casa?

— Oi para você também Ino – resmungou a vampira se levantando e levando o balde para fora.

Gaara com impaciência ouviu a bronca de Ino e com um pouco de alivio as perguntas de Naruto, e os comentários desnecessários de Sai. Depois contou o que aconteceu com ele na Romênia para que não se transportasse imediatamente para Konoha. No meio de sua narração, a porta se abriu e por ela passou uma sorridente Esperança.

— Meu príncipe – ela o cumprimentou – Tenho boas noticias.


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