Meus guardiões - entre o bem e o mal escrita por Gato Cinza


Capítulo 42
Começo do fim


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelo sumiço, problemas pessoais.



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Os dias passam tão rapidamente que me assusta, em um piscar de olhos estou completando dezoito anos, não que alguém tenha notado isso. Com tantas criaturas sobrenaturais soltas na Terra fica difícil até notar a passagem do tempo, os dias não são mais relevantes e a única coisa que nos importa é manter os humanos protegidos. Konoha está livre da barreira de Lilith á três semanas e ainda assim mantém ares de cidade fantasma, e as notícias vindas do resto do mundo, não é das melhores. Guerras invisíveis e silenciosas ocorrem em todos os lugares colocando pessoas em perigo constante.

Pouco depois da queda da barreira de Lilith a cidade recebeu a visita de vários ceifadores que levaram as almas para seus destinos, quando eles desapareceram Sasuke foi junto prometendo retornar logo e não voltara mais. Gaara também desapareceu, ele foi invocado e sumiu, a bruxa – Esperança ou Alice tanto faz – foi com ele dizendo que queria visitar seus inimigos do submundo, não retornaram mais. Quanto á Konoha não há mais habitantes em nossa cidade que fora completamente evacuada por militares graças a manipulação de Hinata que usou seus poderes de vampira, falando em Hinata ela recebeu a noticia que seu sobrinho, Hizashi, havia nascido e fora conhecê-lo desde então não dá mais noticias alguma e isso foi á cinco dias. Me preocupo com eles, embora Ino ache que estou sendo dramática, segundo ela, nossos amigos sobrenaturais estão bem seja lá onde estiverem, diferente de nós que estamos presos em uma cidade fantasma por vontade própria.

— O que está riscando ai, Sakura? – perguntou-me Naruto entrando no meu quarto sem bater

Tenho escrito algumas coisas em um diário, não que funcione por tempo ilimitado, mas é uma boa sugestão para quem não tem nada para fazer, Ino estava fazendo o mesmo, mas ela prefere digitar no notebook que riscar em papeis.

— Apenas minhas preocupações sobre nossos amigos ainda desaparecidos e você onde estava?

— Por ai e onde estão Ino e Sai?

— Por ai – respondi mecanicamente

Realmente não tinha ideia de onde eles estavam a cidade estava vazia e eles não se davam mais ao trabalho de informar que estavam saindo ou se pretendia voltar.

Gaara

Ele havia sido convocado pelo pai e não podia simplesmente ignorar um chamado de Lúcifer, pelo menos desta vez não fora arrastado involuntariamente como ocorrera algumas vezes no passado. Esperança caminhava á sua frente despreocupada, não que ela tivesse o que temer uma vez que era imortal e único capaz de feri-la era “a Morte em pessoa”, Gaara estava estranhando o silêncio daquele lugar, mesmo para o inferno aquilo estava quieto demais, entrou em um corredor estreito e ao abrir a porta estava em um túnel de cerejeiras em flor. Esperança olhou-o por cima dos ombros e deu um sorriso malicioso e sugestivo, ele tentou fingir que aquilo nada tinha haver com Sakura.

— Ele sempre me surpreende – comentou a feiticeira estendendo os braços e fazendo as pétalas rosadas das cerejeiras ficarem brancas.

— Já foi mais criativo.

Não demoraram a encontrar-se com o rei infernal que estava sentado próximo á uma lagoa de carpas.

— Está atrasado – disse Lúcifer quando Gaara sentou-se diante dele

— O que quer de mim? Senhor?

— Quero que venha lutar ao meu lado, como fizera antes.

Gaara ergueu os olhos para fitar o pai que havia assumido o corpo de um escritor famoso chamado Jiraya.

— Agora luto pelos humanos.

— Pelos humanos ou pela garota meio-demônio?

— Sakura é minha, luto por ela e pelos humanos, independente da ameaça que pretenda me fazer.

— Ameaça filho? Por que pensa que te farei uma ameaça? Preciso de meus filhos e filhas lutando ao meu lado contra Lilith e sua insanidade. Por acaso já pensou onde você e sua Sakura viverão caso Lilith vença essa guerra e destrua o mundo?

O ruivo olhou para Esperança que lhe sorriu como se dissesse “eu avisei”. Realmente havia avisado que seu pai lhe pediria para estar ao seu lado e que usaria o fato de que Lilith destruiria o mundo humano para ganhar apoio.

— Quais são as reais chances dela vencer essa guerra? – perguntou pensativo

— Cada bruxa ou ser criado por magia, cada vampiro e criatura da noite serve á Lilith, é quase um milagre ele estar entre os vivos ainda – disse a bruxa apontando para Lúcifer

— Sem sarcasmo Aurora – o tom suave de Lúcifer soava como uma ameaça aos ouvidos de Gaara que olhou do pai para a bruxa

Já havia ouvido o pai falar de uma imortal chamada Aurora, entretanto nunca em sua longa existência ouvira esse nome ser usado para referir á Esperança. Concluiu que devia ter imaginado isso, já que a eterna era a única imortal que ele conhecia e todas as outras de quem ele ouvia falar sempre se tratava da bruxa. Entretanto não fez nenhum comentário, Esperança existia há tantos milênios que era de se esperar que eles se conhecessem.

— Desculpe-me se for capaz Mestre Jiraya – pediu a garota em tom petulante – Mas sou realista e você não teria convocado o Príncipe do Deserto se não estivesse sem opções. Está perdendo a guerra Lúcifer, admita.

— Não há nada para ser admitido, e chamei meu filho se insiste em participar de nossa reunião mantenha-se em silêncio.

Esperança inclinou-se para frente tocando o ombro de Gaara que de repente não via nem ouvia nada além de escuridão. Fora tão rápido que podia ter sido sua imaginação, como se alguém tivesse desligado e no mesmo instante religado das luzes. Seu pai, no entanto estava em pé e segurava a mão de Esperança como dois negociantes que acabam de fechar um acordo milionário.

— O que aconteceu? – perguntou o jovem demônio confuso

— Te conto no caminho – informou Esperança o puxando pela mão – Preciso me despedir de uma pessoa, agora.

Em três passos os dois estavam em uma rua com poucos transeuntes, Gaara olhou ao redor, reconhecia as ruas de Suna até dormindo, era um de seus lugares preferidos no mundo humano. Não fez perguntas, seguiu a bruxa até um apartamento do décimo primeiro andar de um prédio sem elevador. Ela atravessou a porta o deixando para trás.

— Não posso entrar sem ser convidado – ele resmungou aguardando enquanto alguém destrancava a porta – Hinata?

— Gaara! Não te esperava rever tão cedo, na verdade nem esperava te ver pelos próximos dois séculos...

— O que?

— Deixa prá lá, vem conhecer meu sobrinho, tecnicamente ele não é meu sobrinho, mas quem se importa? Ele é muito fofo, tem os olhos da Tenten e sardas no nariz.

A vampira o puxou para o quarto onde Tenten e o bebê Hizashi estavam, a criança dormia com uma expressão pacifica de quem ignora todo perigo e dor do mundo, o ruivo não se recordava mais de quando fora a última vez que parou para observar a inocência no rosto de uma criança, mas ainda relembrava da sensação conflitante que era, vontade de proteger para que nenhum mal o afete ao mesmo tempo em que sabe nenhuma proteção é o bastante para manter a inocência intocada do primeiro sorriso de uma criança.

— Ainda me lembro do rosto e nomes de cada bebê que ajudei a trazer ao mundo – Esperança comentou em voz baixa ao seu lado – E dos gritos de dor das mães seguida do alivio ao segurar sua cria nos braços, os breves momentos em que vale a pena apreciar a vida. Depois que eles nascem só os encontro novamente em sua morte.

— Por quê? Nunca quis saber como eles viveram suas vidas?

— Não, humanos são livres para tomarem decisões não suportaria vê-los errando tantas vezes sem interferir.

Hinata pigarreou atrás deles, então se afastaram do berço onde Hizashi permanecia dormindo. Foram para a pequena sala de estar conversarem.

— Onde estão todos os outros? – perguntou Gaara

— Neji e Kiba estão procurando trabalho, e Hinabi foi levar Akamaru para passear. Por quê? Aconteceu alguma coisa?

— Ainda não – começou Esperança antes de Gaara – Decidi por ajudar... Lúcifer. É provável que eu morra algumas vezes enquanto estiver o ajudando, o que significa que Neji vai ser desligado deste corpo.

— Ele vai morrer?

— Assim que nos separarmos, sim.

Hinata cobriu a boca com a mão, não queria chamar atenção de Tenten com aquele assunto.

— Por que vai ajuda-lo? Achei que estava do nosso lado.

— Estou, mas o que acontece na Terra é apenas sombras da guerra que acontece no inferno. Se aqui Lilith está vencendo imagine no inferno?

— Os anjos não podem fazer nada?

— Estão cuidando dos humanos, Hinata, tudo que é sobrenatural eles destroem, não importa se você protege uma criança humana ou se caça demônios, é uma vampira e isso te torna um alvo. Mas não é por isso que vim até aqui, vim para te informar que pode transformar seu primo.

— Alice!

— Não se meta nisso, Gaara. A escolha não é sua, obviamente, mas tem essa opção. Neji está subindo as escadas, vai estar aqui em dois minutos. Conversem e decidam pelo que for melhor, vocês tem até o por do sol então mudarei de forma e ele morrerá.

Hinata

Esperança me deu um ultimato e desapareceu, troquei um longo e ansioso olhar com Gaara, os olhos verdes dele expressavam uma tristeza profunda que não me lembro de ter visto em ninguém, ia perguntar o que afligia meu amigo infernal, mas ele me calou segurando minha mão com ternura e dando um sorriso que se restringia aos lábios finos. Então a porta se abriu, Neji nos olhou desconfiado e perguntou o quão ruim eram as noticias que Gaara trazia. Repeti á ele as palavras pronunciadas por Esperança e ele pediu-me até o por do sol para pensar. Nas duas horas que se seguiram até o fim do dia, ele conversou com Tenten e Hinabi. Doeu-me quando ele disse que precisava da opinião da família dele antes de decidir por algo que mudaria a vida das duas e do pequeno Hizashi, sei que Neji não percebeu que me excluía de seus laços familiares ao dizer aquilo e foi exatamente por isso que fiquei magoada, se ele fizesse por maldade talvez me sentiria melhor que fazê-lo sem querer. Esperança retornou quando disse que o faria, Neji havia se decido por virar um vampiro, pelo menos veria o filho crescer e talvez os netos nascerem, ele não queria viver para sempre, então um dia quando chegasse a hora, ele partiria.

— Sabe o que fazer? – perguntou Esperança á mim

Mordi Neji e Gaara quebrou o pescoço de Esperança com tamanha naturalidade que parecia não se importar por matar uma aliada, assim que ela caiu no chão seu corpo começou a mudar. Uma tênue luz-chama fosca e roxa emitia-se do corpo dela, então ela ganhou nova forma física. Ao se levantar já não era mais uma adolescente de longos cabelos acinzentados, olhos cinzentos e pele pálida, agora ela era uma mulher madura de aproximados trinta anos, dona de pele morena, olhos âmbar e curtíssimos cabelos castanhos.

— Aff! Magra demais – disse se apalpando – E que voz de rã é essa? Preferia ter me regenerado em um homem. Importa-se em me matar de novo?

— Sim eu me importo – Gaara resmungou vindo sentar-se ao meu lado.

Esperança fez um espelho enorme surgir no quarto, ela se cutucava apontando os defeitos daquele novo corpo, pelo menos ela gostara de não parecer uma criança, disse algo sobre ser irritante parecer ter quinze anos o tempo todo, então me pediu desculpas. Sempre vou parecer ter dezessete. Enquanto ela averiguava seu novo corpo, Gaara pegou um gatinho que ele “achou”, feriu o bichinho e deixou o sangue fresco dele reviver Neji. Ainda me lembro da sensação desagradável das primeiras horas pós-transformação, as gengivas doem, a luz queima os olhos, os cheiros e sons são ampliados fazendo que um ruído insignificante soe tão estridente que a cabeça não pare de vibrar durante horas. Mas com Neji foi diferente, ele teve convulsão e gritou tão alto que ouvi os passos de Tenten correndo para o quarto, sai e a impedi de entrar deixando que Gaara cuidasse do problema.

— Ele vai ficar bem? – me perguntou Tenten preocupada

— Vai sim, o corpo dele está se adaptando ao vampirismo. Logo estará bem.

Fiquei com ela na sala aguardando até que terminasse, felizmente não demorou. Neji saiu do quarto acompanhado por Gaara e Esperança, Tenten correu para abraçar o marido e lhe encher de perguntas, depois olhou desconfiada para Esperança.

— Quem é essa senhora?

— Esperança, ela trocou de pele – expliquei.

— Como assim?

— É como ela morre, troca de forma, voz e personalidade...

— Festa?! – perguntou Hinabi entrando no apartamento junto de Kiba e akamaru

— O que houve? – Kiba questionou olhando para Gaara – Problemas em Konoha?

Explicamos o que havia acontecido e garantimos que Neji estava bem, depois nos despedimos deles, decidi voltar á Konoha com Gaara, quanto mais rápido acabasse essa guerra, mais rápido eu poderia viver minha morte. Acompanhamos Neji em sua primeira caça – na verdade fomos “assaltar” o banco de sangue – aconteceu de repente, o tempo ficou frio e as coisas pareciam ter parado, senti-me em um filme gravado em tons de sépia.

— Meu desconhecido encapuzado preferido – disse Esperança esfregando as mãos e olhando para qualquer coisa á sua frente – Parece zangado, do que estou sendo acusada agora?

Olhei para Gaara, ele também parecia perdido no assunto. Então Sasuke se materializou no lugar onde Esperança olhava, meu anjo estava mais pálido do que me recordava contrastando com tudo mais que era preto – as asas, os cabelos, os olhos e a calça. Ele me olhou com severidade, por um instante fiquei nervosa e ele sorriu me deixando aliviada. Esperança caminhou até o lado de Sasuke e estendeu á mão á alguém que não estava ali. Por um segundo, tão rápido quanto um pulsar cardíaco, eu vi uma figura encapuzada de preto dos pés a cabeça a mão que segurou a mão de Esperança era... ossuda.

— A-aquele e-e-era? – gaguejei

Gaara não soube me responder, então Sasuke o fez.

— Exatamente quem você está pensando – confirmou

— A morte, em pessoa – Gaara sussurrou olhando para mim de modo sério, desviei o olhar para Neji e comentei despreocupada:

— Não achei que ele tivesse forma, igual paz ou ódio, acho que nunca vou me acostumar com nosso mundo sobrenatural.

— Nosso mundo – disseram os três em uníssono me fazendo sorrir.

— Vai ficar tudo bem – disse Gaara estendendo-me a mão – Vamos proteger o mundo dos humanos dos perigos de nosso mundo.

Neji segurou minha mão por cima da mão de Gaara e Sasuke fez o mesmo, de repente estávamos selando um pacto silencioso de proteção aos humanos, senti-me segura pela primeira vez desde que morri. Sasuke me abraçou beijando-me, nos despedimos de Neji e retornamos á Konoha.

Sakura

Fiquei surpresa quando os três entraram pela porta da frente conversando amigavelmente sobre o futuro próximo, Gaara vinha ao lado de Hinata que estava de mãos dadas com Sasuke, meus três guardiões pareciam ser melhores amigos de sempre. Recapitulando minha vida desde que conheci Gaara é quase inacreditável que esses três possam ter algo em comum. Um rebelde anjo da guarda que fora transformado em anjo da morte para continuar vivo, uma tímida e ingênua adolescente que foi transformada em vampira contra sua vontade e um demônio de setecentos anos por quem me apaixonei perdidamente.

— Por que está olhando para ele com essa cara? – questionou Naruto me cutucando

— Sempre tive esta “cara”, meu caro.

— Cara de bocó que vê algo fascinante pela primeira vez e tenta memorizar todos os detalhes para o caso de nunca mais ver algo tão magnífico?

Olhei para Ino e Naruto, os dois haviam tirado um tempo das confusões que havia se tornado nossas vidas para me atormentarem, não que me incomode, gosto da sensação de normalidade que as implicâncias deles me causam, mas podiam ser menos afiados.

— É olhar de quem está apaixonada, como Hinata olha para Sasuke e você olha para Sai.

— Ah! Só eu que não tenho quem me olhe feito bocó – choramingou Naruto fazendo um drama exagerado sobre ele ser o último homem em Konoha e não ter nenhuma mulher para aproveitar isso.


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Notas finais do capítulo

Gosto tanto do Naruto que acho que nenhuma garota é boa o bastante para ele.



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