Meus guardiões - entre o bem e o mal escrita por Gato Cinza


Capítulo 37
Sakura, Neji e maquinações do destino




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Quando acordei não achei mais Gaara no quarto, desci tranquila até a cozinha onde achei apenas Hinabi e Kiba lavando louça.

– Onde estão os outros? – perguntei

Kiba respondeu por cima dos ombros em um tom preguiçoso, como se tivesse respondido aquela pergunta muitas vezes:

– Hinata e Sasuke saíram cedo, Gaara saiu junto com eles. Shino, Souji, Sai e Ino foram fazer as vistorias diárias para conferir se nada mais ficou pior.

– A Ino e o Souji? – me engasguei com o suco e comecei a tossir.

– Sim – disse Hinabi – Eu queria ir, mas não deixaram. Disseram que tinha que ficar aqui para cuidar da Tenten e do Neji – a voz dela quebrou e ela fungou dando de ombros

– O que há com eles?

– Tenten está com uma barriga enorme e Neji está doente – continuou Kiba.

– Temo que ele se torne um zumbi também – concluiu Hinabi – Será que a Hina não pode o transformar em vampiro? Assim ele não precisa virar zumbi.

Olhei para a Hyuga mais jovem segurando um suspiro, é claro que a vampira não ia passar sua maldição para outra pessoa, muito menos essa pessoa sendo um Hyuga. Mas talvez Sasuke pudesse fazer algo, afinal ele era um anjo. Ouvi uma risada exagerada vindo do quintal, Naruto. Fui ver do que ele ria, me surpreendi ao vê-lo dançando com Esperança, pareciam estar se divertindo. Fiquei um tempo ali, Kiba a Hinabi se juntaram á mim alguns minutos depois e logo estavam dançando junto com o estranho casal. Me senti sozinha. Subi para o telhado onde normalmente Naruto ficava observando pelo telescópio as coisas que aconteciam.

O objeto estava lá em cima, reluzente. Olhei para ver qualquer coisa que me fizesse acreditar que aquilo era um pesadelo, que eu ainda tinha oito anos, que ainda estava em coma, que meus pais estavam vivos, que eu era feliz... que não existia nenhum demônio reivindicando minha existência e nem anjos lutando para me manter do lado do bem...

– Pessimista – levei um susto e bati o olho

Virei com o olho esquerdo lacrimejante e ardendo. Quem estava atrás de mim era Esperança me olhando de modo divertido como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do universo.

– O que quer? – perguntei emburrada.

– Nada, apenas senti seu pessimismo e vim averiguar. Me diga o que te atormenta que eu tentarei não morrer de tédio – ela riu em seguida – Brincadeira, mas diga o que está te causando tantas más vibrações.

Á contra gosto falei sobre a sensação de vazio que estava sentindo desde a noite anterior quando Gaara me disse que era tão mais velho que eu. Não queria ter falado sobre aquilo com aquela múmia imortal, mas não consegui controlar minhas palavras. Apenas desabafei. Ela me encarou por um tempo, então me falou um pouco indiferente demais:

– Você é uma egoísta patética de miolos moles – a encarei, ela cruzou os braços – Não me queira mal, apenas digo o que vejo e o que vejo é uma garota fraca, egoísta, que está no meio de uma guerra milenar, os amigos estão em perigo e a única coisa que consegue pensar é: se o ruivo não tivesse aparecido em minha vida nada disso ia estar acontecendo.

Ela ergueu o dedo indicador quando abri a boca para contradizê-la.

– Ainda não terminei de falar, Haruno. Há uma regra do espaço-tempo que diz: “As coisas acontecem como devem acontecer não se pode saber o que aconteceria se não tivessem acontecido como aconteceram”. Então se conforme com a presença do Príncipe em sua vida. Eu não deveria te dizer isso, mas... Você já parou para pensar em como está a mentezinha confusa do ruivo? Um demônio apaixonado por uma casca tentou ficar longe, trouxe até sua amiga dos mortos para que te protegesse... Você já tentou imaginar-se no lugar dele? Vagando centenas de anos entre vocês, então um dia se descobre apaixonado por uma casca que era uma criança quando a viu pela primeira vez, mas a criança humana cresceu, amadureceu e vai seguir envelhecendo até morrer. E ele vai voltar a ser o mesmo demônio frio vagando entre os mortais...

Ela deu um suspiro dramático acompanhado de um sorriso estranho.

– Adoro os dramas adolescentes – disse batendo palmas e dando saltinhos, em seguida assumiu uma expressão assustadora – Mas se magoar o coração do Príncipe, arranco o seu e acredite, sou pior que todos os nascidos das trevas... Aliás, em teoria eu não posso estar em dois lugares ao mesmo tempo, então não estamos tendo esta conversa.

Olhei para baixo, para a piscina onde ela olhava. Lá estavam Hinabi, Kiba, Naruto e Esperança me olhando como se eu fosse á louca. Aquele projeto de halloween com cabelos cinza deu uma piscadela. Olhei para o lado e ela não estava ali. Ótimo, agora vão pensar que falo sozinha. Definitivamente odeio essa garota. Desci enquanto eles voltavam a dançar, estava irritada com a petulância daquela múmia, então resolvi ir até o hospital.

Neji

Depois que Sakura desceu do telhado envergonhada por aparentar falar sozinha, as duplas voltaram a dançar. Antes da musica terminar, porém:

– Me ajudem aqui – gritou Tenten colocando a cabeça para fora da janela.

O quarteto subiram as escadas correndo, e entraram no quarto que o casal dividia. Tenten estava encostada na porta do banheiro.

– Me ajudem aqui

Neji estava caído no banheiro desacordado. Kiba e Naruto o carregaram até a cama, o Hyuga estava absurdamente pálido, os lábios arroxeados e haviam bolsas escuras ao redor dos olhos.

– O que aconteceu com Neji? – perguntou Hinabi apalpando a testa gélida do primo

– Não sei – disse Tenten esfregando uma mão na outra – Ele foi tomar banho, mas estava demorando muito e fui ver o que estava fazendo e ele estava ali, caído.

Esperança se aproximou da cama enquanto os outros falavam sobre o que devia ter acontecido e tocou o pé de Neji.

“Olá, Neji” – disse uma voz familiar, sussurrante e gentil

“Onde estou?” – quis saber

“Não sei, mas sei que você está morrendo” – respondeu a voz – “Mas posso te prender á vida por mais um tempo, é só dizer aceito”

“Quem é você? Por que quer me ajudar?”

“Sou uma imortal, uma wicca, uma feiticeira cigana, uma bruxa eterna... os nomes variam. Mas você quer ou não voltar para os vivos?”

“O que vai me pedir em troca?” – perguntou desconfiado tentando ver algo na escuridão ao redor.

“Nada, você vai morrer de um modo ou de outro, está destinado á isso. Mas terá a chance de ver seu filho nascer, se tiver sorte, ou ao menos de dizer a mãe de seu filho adeus”

“E para isso só preciso aceitar sua ajuda?”

“Eu não costumo fazer tratos com os mortais, Neji, diga apenas se aceita ou não”

Após uma breve hesitação ele respondeu com a voz tremula de ansiedade.

“Aceito”

Instantaneamente ele ficou corado e abriu os olhos.

– O que aconteceu? – perguntou olhando confuso para os amigos

A namorada gestante o abraçou seguido da prima e de Naruto. Por um breve segundo os olhos perolados do moreno se fixaram no rosto impassível da garota agora encostada na janela, ela apenas sorriu e piscou, se retirando do quarto. Ele pediu licença e foi atrás dela.

– O que fez comigo? – sussurrou curioso a seguindo pela escada

– O que disse que faria, Neji, te trouxe para os vivos novamente. Te liguei á mim. Você estava morrendo, ou virando zumbi já que a morte não entra nesta cidade. Eu não posso morrer, então enquanto eu estiver bem você estará bem. Mas isso é passageiro, você é humano não posso te conceder imortalidade.

– Quanto tempo isso vai durar? Por quanto tempo ficarei vivo?

Ela enrolou uma mecha cinza de seus cabelos na ponta do dedo indicador olhando para seu reflexo nos olhos perolados de Neji.

– Irei embora assim que Konoha estiver livre a magia de Lilith, e quando eu for embora te libertarei de nossa ligação.

Ela desapareceu quando desceu outro degrau, deixando Neji ali, pensando. Quanto tempo duraria o que estava acontecendo? Quanto tempo lhe restava de vida?

Gaara

Ainda não havia dormido, as duvidas de Sakura eram as mesmas que o incomodavam – graças á tagarelice de Alice – o que aconteceria com eles. Naquela manhã havia tentado coversar com Hinata sobre aquilo, mas apenas a deixou nervosa com a ideia de que ela assim como ele existiriam dentro de cem anos, enquanto todos os outros seriam apenas lembranças.

Ele caminhou pelos telhados das casas olhando a destruição causada por Lilith. Mercados, lojas e farmácias foram saqueadas, alguns carros estavam revirados e muitas casas tinham portas e janelas quebradas. Os humanos eram realmente algo curioso na opinião dele.

Parou diante do cemitério olhando intrigado para os túmulos além dos muros. Desceu de onde estava e entrou na capela que ficava no fundo de um corredor de sepulturas. Riscou o chão com símbolos de fogo e aguardou. As chamas se extinguiram e uma jovem bonita de cabelos castanhos apareceu sobre as cinzas do feitiço.

– Matsuri, que bom revê-la – disse ele sem sorrir.

– Acredito que seja bom mesmo, afinal você simplesmente está sendo caçado por traição. Você ficar contra sua madrasta é compreensivo, mas se aliar á anjos contra seu pai? Você perdeu a razão?

– Não te chamei para ouvir sermão Matsuri. Quero saber o que está acontecendo, estou meio que preso nesta cidade.

– Em resumo? Digamos que as portas do submundo estão abertas e seus preciosos humanos mortais á quem resolveu proteger estão á um fio de conhecer o inferno. E o que está impedindo isso é o fato que Lúcifer e Lilith ainda estão em sua guerra particular de quem dominará á raça humana. E adivinha quem está vencendo a guerra do inferno?

– Lúcifer?

– Errado, sua querida madrasta que tem apoio não só da metade dos demônios como de bruxas, vampiros e outras criaturas ai do mundo mortal.

– De que lado você está lutando?

– Do meu, obvio. Tenho que ir, estão me chamando. Decida logo de que lado você está, meu caro, Konoha em breve será apenas mais uma cidade fantasma entre tantas outras se a guerra dos demônios sair do submundo.

Gaara ficou parado olhando as velas apagadas no altar da capela, se a guerra saísse do controle de seu pai, os anjos iriam intervir para a proteção dos humanos e se isso acontecesse... Ele colocou a mão onde deveria estar seu coração – se tivesse um – deu as costas ao altar e saiu correndo, Sakura estava em perigo.

Sasuke

Hinata estivera em silêncio todo o caminho até a fronteira de Konoha, mesmo enquanto estava ali discutindo com Rayne sobre seu estado de vampira ela parecia distante, distraída.

Sasuke mantinha atenção nela enquanto explicava ao seu irmão e ao Arcanjo Kakashi sobre a possibilidade de evacuarem a cidade, mas recebera noticias ruins. Várias cidades estavam enfrentando problemas causados por bruxas e vampiros que agiam sobre comando de Lilith, além de constantes ataques de demônios e criaturas do inferno que estavam mantendo tanto os nefelins quanto os caçadores e anjos demasiados ocupados nos últimos dias.

– Ainda não sabemos o que ela planeja, mas os ataques estão ficando cada vez mais difícil de encobrir – disse Itachi notando a parcial atenção do irmão no assunto – E as coisas dentro de Konoha, como estão?

O anjo fez um grande resumo do que estava acontecendo deixando de fora muito detalhes e omitindo alguns fatos, como Gaara estar morando com eles na casa de Sakura.

Ele foi o primeiro a sentir. Em seguida ouviu o chamado de Sakura o puxando para longe.

– Sakura me chama, te vejo em breve irmão – disse começando a correr.

Hinata ainda estava distraída discutindo com Rayne as desvantagens de ser uma vampira quando sentiu aquela sensação de pânico que não vinha dela, se virou e viu Sasuke se afastando.

– Tenho que ir – falou atravessando a barreira de volta para Konoha – Sakura está em perigo.


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