Meus guardiões - entre o bem e o mal escrita por Gato Cinza


Capítulo 28
O outro passado de Sakura




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A vampira entrou no colégio Konoha com as mãos enfiadas no bolso, olhando para os pés deixando os cabelos negros azulados cobrir o rosto pálido. Hinata achava seus planos para trazerem Sakura novamente arriscado, forçado e visivelmente perigoso demais para ser posto em pratica mesmo com anos de planejamento, entretanto nenhuma outra alternativa lhe vinha em mente e deixar por conta do anjo e do demônio Konoha seria destruída muito antes de chegarem perto da rosada. Do seu lado Sasuke vinha resmungando a desnecessidade em comparecer á aula, mas a Hyuga não ouvia o namorado.

– Hina adivinha! – gritou Ino correndo em direção de Hinata puxando Tenten pela mão

– O que? O que aconteceu? – perguntou espantada pela animação das duas

– Veja – Ino ergueu a mão direita de Tenten

Hinata olhou sem entender, olhou para Sasuke que deu de ombro e foi em direção á Naruto e Sai que estavam o chamando, ela comentou alheia ao assunto:

– Err... Mudou de manicure? – as unhas de Tenten estavam esmaltadas de roxo

– Não! O anel sua tonta – respondeu Ino batendo o pé no chão – Veja o anel.

No anular direito de Tenten havia um anel dourado com pedra transparente brilhante, Hinata já havia visto aquele anel, era parecido com o que seu pai dera a sua mãe quando fizeram bodas de papel.

– Ah! Que... é um anel de compromisso?

– É! O Neji pediu Tenten em casamento. Não é incrível?

– Ele fez o que?

A reação de Hinata foi muito diferente da esperada pelas duas garotas, Ino olhou incrédula para Hinata que parecia decepcionada, frustrada e indignada com a novidade.

– Não gostou? – perguntou Tenten com o cenho franzido

– Sim eu gostei meus sinceros parabéns e desejo-lhes felicidade eterna – Hinata abraçou Tenten – Onde está meu primo?

Hinata foi até a quadra de esportes onde Neji e sua turma de educação física jogava vôlei.

– Neji – gritou ela chamando atenção de todos

Neji olhou por cima do ombro para a prima e foi ao seu encontro pedindo desculpas ao professor e aos colegas.

– Hinata Hyuga que deu em você para interromper assim uma aula?

– O que deu em mim Neji, talvez um anel de noivado no dedo da Tenten. Você vai mesmo se casar com ela?

– Se a pedi em casamento é por que vou.

– Então ela já sabe? Sobre o tumor?

Neji lambeu os lábios olhando para a quadra de onde se ouvia sons dos saques de bola. Ele decidira não contar nada até que fosse tarde demais e estivesse em seu fim.

– Eu quero tentar ficar bem enquanto tiver tempo. Foi você mesma quem disse para mim ficar junto da Tenten, dos meus amigos e de minha família o máximo de tempo que ainda me resta.

– Neji você precisa contar a eles. Não pode guardar tudo para você por mais que você seja forte não é o super homem para ter que viver em uma fortaleza da solidão.

– Não estou sozinho Hinata, você sabe eu contei a você.

Hinata revirou os olhos impaciente dando um abraço involuntário no primo. Grande coisa ela saber que o primo tinha um relógio em contagem regressiva na cabeça se não podia fazer nada para ajuda-lo. Pensou mais uma vez em dar a ele a imortalidade dos vampiros, mas era uma maldição e Gaara tinha razão aquilo podia deixa-lo louco.

– Neji? Hina – chamou Hinabi olhando a irmã e o primo abraçados – Que esta acontecendo?

– Neji pediu a Tenten em casamento.

– Mesmo? Quando vão se casar? Tio Hizashi já sabe? Vão fazer um jantar formal entre as famílias para celebrar o pedido? Posso ser madrinha? Como vai ser o vestido da Tenten? Já sabem onde vão se casar? Onde vão passar a lua de mel?

Sasuke

Cheguei á escola atrasado o que não era meu costume e nem o da Hinata que estava tão atrasada quanto eu, entramos juntos na escola ela estava estranha, mas não tivemos tempo de conversar por que a Ino veio escandalosamente a chamar para contar sobre o noivado de Tenten e Neji. Passei a noite acordado pensando nos planos traçados por Hinata. Basicamente os planos dela se resume em o demônio atrair Sakura até a floresta e eu tentar liberta-la com exorcismo o que Gaara tem certeza que não ira funcionar já que segundo ele Sakura sofreu uma lavagem cerebral e não uma possessão, mas Hinata acredita que vai dar certo. Ao menos finge acreditar.

Eu particularmente não confio no tal Gaara, esse nem é o nome dele de verdade foi a Sakura quem deu esse nome á ele, e por alguma anomalia no universo minha namorada resolveu que ele é seu melhor amigo de sempre, entendo que ela é uma vampira e que foi ele quem a trouxe novamente á vida e por um bom motivo, proteger a Sakura, mas ainda assim acho perigoso confiar naquela criatura de cabelo vermelho com sangue do satã. Por hora não tenho outra opção, não vou deixar Hinata e Sakura nas mãos dele ou de qualquer outra coisa vinda do inferno e se para isso eu tiver que ser amigo dele, então que seja.

Nos reunimos mais tarde na floresta para que não fossemos interrompidos por olhos ou ouvidos curiosos. Eu não estava conseguindo conter meu nervosismo, não sei dizer o que estava acontecendo comigo, mas eu andava de um lado para o outro. Hinata estava conversando com o amigo demoníaco dela que contava sobre como surgiu a lenda dos vampiros, ouvi-lo conversar com tanto entusiasmo e gentileza com minha namorada estava me deixando ainda mais irritado, aliás, eu e Hina começamos a namorar a poucos dias, mas com o sumiço de Sakura preferimos ficar quietos, mas acho que nossos amigos já notaram isso.

Itachi apareceu meia hora depois do marcado e parecia apreensivo. Concordamos Hinata, Gaara e eu que não podíamos simplesmente atrair Sakura para uma armadilha sem sabermos como devolver as lembranças verdadeiras dela, aliás, nenhum de nós fazia ideia de como desfazer um trabalho feito por fúrias então naquela manhã mandei um aviso á Itachi para que ele viesse me auxiliar, mas caso ele não saiba como nos ajudar teremos que colocar os planos de Hinata em ação. Meu irmão olhou para a vampira e para o demônio ao meu lado demoradamente antes de se pronunciar.

– Miguel disse que o Conselho dos Arcanos decidiu-se por uma solução permanente no caso de Haruno. Ela não deve viver – ele informou olhando para Hinata

– Isso quer dizer que vão matar a Sakura? – questionou Hinata olhando dele para mim e de volta á ele.

– Exato – respondeu meu irmão – A decisão foi tomada. Ela deve morrer antes que se comece uma guerra de interesses.

– Interesses de quem? Sakura é boa pessoa, é leal, gentil, ás vezes impulsiva, mas isso é normal entre nós humanos. Ela não pode morrer por que o céu ou inferno quer isso. Não é justo.

– Hinata, por favor...

– Não Sasuke, sem, por favor, ou entenda. Eu não quero entender as guerras de vocês. Nós já temos problemas humanos demais para resolvermos e vocês anjos e demônios nos deixam no meio dessa guerra e pra que? Nós nunca sabemos nada o que acontece até ser tarde demais. Decidem quem deve morrer e nem nos dão uma chance de refazer nossas vidas, apenas apontam para um alvo e atiram, sem ligar para as outras pessoas que sofrerão pela consequência, se não podem ajudar a Sakura deixe ela com os demônios ao menos eles resolveram que ela pode viver.

Hinata ficou quieta com os olhos marejados enfrentando Itachi que a olhava inexpressível.

– Você não é humana

Foi a única resposta de meu irmão á Hinata que olhou para Gaara buscando por ajuda, mas o demônio apenas pousou a mão no ombro dela, o que me deixou bastante desconfortável. Ela preferia buscar apoio no ruivo do inferno que em mim que sou namorado dela, Hinata baixou a cabeça ao toque do ruivo como se estivesse aceitando a decisão dos anjos.

– Quem deve executa-la? – perguntei sem rodeios

Vi uma sombra de hesitação cortar os olhos impassíveis de Itachi. Ele pegou em uma bolsa marrom, que só agora eu notava, uma lamina curva e escura. Um punhal feito de opala escura com linhas finas em azul leitoso.

– Decidiram que aquele que foi designado para protegê-la deve eliminá-la. Mas infelizmente outro tomou meu lugar espontaneamente.

Itachi me entregou o punhal.

– Eu?

– Sasuke – senti a mão de Hina segurando meu cotovelo, mas me privei de ver a suplica nos olhos dela.

– Sakura não está morta – continuou Itachi – Não podem mantê-la no submundo, se a chamar ela vira até você. Mas tome cuidado Sasuke, ela não é apenas humana, ela esta sobre controle das fúrias.

– Não esta não! – interrompeu Gaara erguendo os olhos pela primeira vez para encarar meu irmão, o olhar de desprezo e nojo com que se olhavam me fez pensar se os dois não se matariam se Hina e eu não estivéssemos presentes, o demônio dizia: - Sakura passou por uma mudança completa de personalidade, não á possessão nem controle mental. Ela realmente acredita que é filha de Arel.

A expressão de Itachi mudou de desprezo para duvida e depois para algo que eu conhecia bem antes de voltar á sua inexpressividade habitual.

– O que esta escondendo de mim? – perguntei

Itachi limpou a garganta olhando de mim para a adaga e para mim mais uma vez, enquanto pensava se devia ou não me responder com franqueza minha pergunta.

– Sakura é de fato filha de Arel – disse sem rodeios sendo interrompido mais uma vez por Hinata

– Não, eu cresci com Sakura ela realmente não é filha desse tal Arel...

– É amiga da Haruno a tempo o bastante para saber que ela é adotada?

Hinata olhou para Itachi sem palavras e os olhos arregalados e balbuciou timidamente me fazendo lembrar a Hinata que eu conheci.

– Sim, eu sei. Mas como Sakura pode ser filha da Ira? Os pecados não são apenas sensações das atitudes humanas? Digo como é possível? – ela perguntou á Itachi sem conter o desejo de engano na voz.

– Eu já te expliquei isso – começou Gaara - Assim como o eu Arel pode assumir uma forma humana temporária sem precisar possuir um corpo em longo prazo, Hinata. Arel é um dos sete anjos caídos, entre os humanos é representado pelo pecado da Ira, assim como paz é representado em desenho por um pássaro branco com rama verde no bico. Ele pode ter usado uma forma humana e acasalou com uma mortal deixando para trás uma criança.

Hinata olhava para mim buscando uma segunda explicação, mas eu não tinha, os lábios finos dela se moviam rapidamente buscando palavras que não lhe vinham á boca. Então Gaara prosseguiu respondendo uma pergunta que Hinata não havia feita verbalmente.

– Não pequena, nem todos os filhos de demônios são criados pelos pais no inferno, muitos tem uma vida humana comum e nunca conhecem sua antecedência genética até o dia da sua morte quando seu pai ou mãe vem reclamar por sua alma. Entretanto o interesse dos anjos em Sakura é algo que ainda não compreendo.

O demônio verbalizou meus pensamentos me dando a estranha sensação que ele era telepata. Itachi me olhou com a mesma expressão delicada com que me olhou quando eu tinha oito anos e disse que eu viveria entre os humanos para aprender mais sobre as virtudes terrenas antes de me tornar um anjo completo. Olhar de insegurança e pesar. Então sem rodeios ele nos contou sobre a existência de Sakura e o porquê do interesse nela.

– Íris, a mãe de Sakura era um anjo jovem e revoltado com a criação que abriu mão da sua graça para viver entre os homens depois de uma tentativa de salvar uma vida humana condenada ao fracasso por suas próprias escolhas. Ela renasceu como uma pessoa comum cresceu e se apaixonou por um humano misterioso e confuso, quando soube que carregava uma criança em seu ventre ela buscou pelo apoio de seu amado que lhe desvendou o mistério que o envolvia assumindo seu verdadeiro ser, um demônio. Íris em seu temor pela vida da criança se escondeu onde ninguém podia a encontrar. Quando sua filha nasceu ela estava atormentada com o futuro da criança se fosse encontrado pelo céu ou pelo inferno, vagou com a criança nos braços saindo da maternidade e cruzou em um quarto onde um casal chorava a perda de seu filho. Sem pensar duas vezes deu a criança ao casal humano pedindo para que a amasse o bastante para compensar seu ato desesperado de salvação de uma alma inocente, para que a filha ficasse sempre protegida Íris abandonou o plano material no mesmo dia e Sakura ganhou uma família que havia acabado de perder um filho.

“Quando você (Gaara) mostrou interesse por uma criança humana até então nunca notada por quem quer que fosse entre anjos e demônios deixou que o véu que cobria a presença de Sakura se desfizesse e a deixou desprotegida diante de nossos olhos, mesmo com suas varias tentativas e ocultá-la a fazendo mudar e nos ignorar. Uma vez que a vimos não a perdemos mais de vista e ambos os lados começaram a traçar planos para o futuro dela”.

Só fui notar que Itachi havia terminado de falar quando a voz tremula de Hinata o questionou:

– Isso tudo é muito romântico e confuso para mim, quero saber o que vai acontecer com a Sakura. Vocês anjos estavam dispostas a mantê-la viva e agora simplesmente a matam?

– Sakura para simplificar é um elo entre anjos e demônios que não devia nem existir. Ela aceitar ser filha de Arel de bom grado é tão arriscado para nós quanto aceitar ser filha de Íris seria arriscado para eles – Itachi disse apontando Gaara com os olhos.

– Ela nem se lembra que se chama Sakura! Sasuke explique para ele que não pode mata-la só por que Lúcifer resolveu mandar brincar de “o mestre mandou”.

Gaara pigarreou á menção do nome do diabo e Hinata o olhou feio como se o mandasse se calar, entendi então que minha namorada estava tentando proteger a amiga e não se importaria em ofender quem quer que fosse. Eu não disse nada, queria um modo de proteger Sakura de Itachi caso eu abrisse mão de ir atrás dela. Não havia alternativa plausível senão chamar por ela e a libertar da vida terrena. Suspirei profundamente antes de me pronunciar temendo a reação de Hinata que não seria á das melhores.

– Gaara, invoque Sakura. Eu farei o que tem que ser feito.

– Não – insistiu Hinata tomando o punhal de minha mão – Se querem fazer mal a Sakura vão ter que passar por mim.

Itachi se mexeu, mas eu atravessei a frente dele. Ela se colocou automaticamente atrás de Gaara como se ele fosse um escudo confiável. Ficamos em silêncio por um breve momento até que:

– Me de a lâmina – pediu Gaara virando a cabeça para Hinata – Eu cuidarei de Sakura, prometo.

Vi medo e hesitação nos olhos de Hinata que balançou compulsivamente a cabeça se afastando do demônio perplexa, senti pela primeira vez desde que Hinata se transformou em vampira o reflexo da Hinata Hyuga que ficava vermelha só em ser olhada e gaguejava nervosa o tempo todo. Ela estava em pânico e agora não era como das outras vezes, eu sabia o que se passava na mente dela Hinata buscava uma alternativa que não terminasse na morte de Sakura seus planos de exorcismo havia se dissipado como fumaça em uma ventania, antes porem que eu interferisse entre os dois, ela estendeu o punhal para ele dizendo em voz baixa e pesarosa:

– Não os deixe a machucarem.

– Não deixarei – o ouvi sussurrar se aproximando de Hina – Mas você sabe que não tem outro modo.

– Ela ficara bem? Pode me prometer isso? – perguntou Hinata dando um passo para trás.

Gaara abraçou Hinata, eu automaticamente dei um passo para eles, mas Itachi me segurou meneando a cabeça. Gaara sussurrou algo para Hina que desabou adormecida no mesmo instante.

– Não posso prometer algo que não posso cumprir você sabe – disse o demônio á Hinata desacordada em seus braços antes de se virar para mim e dizer: - Leve a Hinata daqui, eu cuidarei da Sakura.

– Mas eu quem tenho que fazer isso – falei sem pensar

– Nem todas as decisões tomadas por anjos são as certas. Se eu não tivesse me aproximado dela, Sakura teria uma vida humana normal, ela é minha responsabilidade. É melhor tirar Hinata daqui, ela não reage muito bem á minhas ordens de hipnose.

Por um segundo pensei em perguntar quantas vezes ele havia a hipnotizado, mas me calei.

– Leve sua namorada Sasuke – pediu Itachi ainda segurando meu ombro – Eu fico aqui para ver o que ele fará com Sakura.

A expressão de Gaara ao ouvir isso foi quase cômica, pareceu-me que mil respostas diferentes para dispensar a vistoria de Itachi lhe passaram ao mesmo tempo na cabeça, mas ele guardou silencio olhando para meu irmão com escárnio. Eu me afastei lentamente os olhando por entre as arvores. Ouvi quando o demônio chamou por um nome desconhecido e senti um frio angustiante cruzando a floresta seguida de um calor intenso que era ao mesmo tempo repulsivo e atrativo.

Parei olhando e vi uma figura de cabelos rosados próximo de onde a pouco eu estivera, ela olhava para os lados como quem procurasse por algo. Então parou fitando meu irmão e o demônio, os olhos verdes desprovidos de emoção não possuía nenhum rastro de pupila e a gargalhada irônica e rascante que ela deu fez o corpo de Hina estremecer em meus braços e eu me encolher. Aquela coisa não era Sakura, mesmo que o corpo dissesse que era.


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