Acordei com o estomago revirado, dor de cabeça, dormência no corpo inteiro e sentia cheiro de algo acre e forte no ar quase irrespirável, tossi e tentei me levantar. Alguém me colocou um vestido leve verde escuro e me deitou em uma cama que não é a minha em um quarto que eu não conheço. Me sentei na cama que era dura feito pedra.

– Volte a se deitar – olhei para o lado, o ruivo de olhos verdes estava sentado próximo da cama me olhando – precisa descansar.

– Onde estou?

– Minha casa

– Me sequestrou? Meu pai vai matar você se me encostar um dedo

– Te encostar um dedo? Quem acha que trocou sua roupa? – ele me trocou? – E se tivesse te sequestrado teria te amarrado e amordaçado

Me lembrei da loira do banheiro

– Que aconteceu? Aquela louca ia me matar e o cara que estava com ela

– Não vão te perturbar mais. Você esta comigo agora não precisa ter medo.

– Medo? Quem disse que tenho medo de você? – tenho sim – por que ela queria me matar? Quem é ela, foi meu pai que mandou você para a escola?

Ele fungou

– Ela se chama Temari é uma das filhas de Lúcifer e Lilith, Temari e Kimimaru tem ordem para te matar não sei o motivo e seu pai não tem nada haver com essa historia.

– De novo essa bobagem de demônios? Eles não existem são só historias como anjos e fadas – disse indo para a porta, estava trancada – quero ir embora.

– Não somos historias Sakura – disse ele já atrás de mim me virei com o susto de sua voz tão perto, ele era rápido e silencioso – você sabe disso

– Sei que você é louco e que disse que não fui sequestrada, me deixa ir embora

– Não posso se você sair vão te achar

– Eu quero ir para casa – senti as lagrimas em meus olhos

Ele me abraçou, não quero abraço nenhum muito menos o dele o empurrei e fui para a janela que também não consegui abrir. Gritei por socorro.

– Pare de gritar – pediu ele me segurando – não vou te fazer mal algum prometo

Segurou minhas mãos próximas ao peito e ficamos nos olhando, então ele me beijou. Eu teria o mordido e me livrado dele, mas o toque de seus lábios no meu me fizeram enlaçar o seu pescoço e prolongar o beijo até que precisasse do ar que ele me tirava. Me lembrei dele, Gaara, fui eu que dei o nome quando ele não quis me dizer como se chamava, ele me levou para ver minha mãe, ele era um demônio e ele já tinha me beijando antes.

Dei um sonoro e mais pesado dos tapas nele quando nos separamos.

– Por que me bateu?

O empurrei, fui para a cama onde me encolhi, ele apenas se virou para mim se mantendo em pé no mesmo lugar onde estava

– Por me sequestrar, por ter ido embora, por apagar minhas lembranças, por ter me deixado sozinha, por me beijar, por... por...

– Por ter gostado do beijo e querer outro?

Olhei para ele desejando que mordesse a própria língua, e por que eu queria mesmo outro beijo.

– Por que foi embora? Devia ao menos ter me deixado com as lembranças

– Desculpe por ter feito aquilo, mas não podia correr o risco de estragar sua vida.

– Me sequestrar faz parte de não estragar minha vida?

– Não, mas não tive outra opção senão trazê-la para cá.

– Isso incluía me beijar? – Sakura pare de pensar nisso

– Precisava que se lembrasse de mim

– Beija todas as mulheres que perde a memória?

– Não, só as que têm a memória apagada por mim

Não ouvi isso, olhei para ele. Falava serio? Que...

– Baka

– Que?

– Quero ir para casa, quero meu pai, meus amigos. Que vai acontecer quando abrirem o banheiro e não me acharem lá?

– Não me interessa saber, seu pai vai achar que você fugiu de casa ou que foi sequestrada mesmo, mas quando ninguém der noticia sua ele vai desistir e esquecer.

Ele é louco

– Quero voltar para minha casa não pode me prender aqui.

– Posso sim aqui é o lugar mais seguro que existe

– Tem certeza? – ele assentiu – aqui não é o inferno é?

– Claro que é ou acha que moro em um palácio de areia?

Comecei a rir.

– Com demônios tentando me matar e você me trás pro inferno...

Gaara ficou em silêncio enquanto eu ria, depois saiu disse que tinha que pensar, fiquei rindo depois que ele saiu até que minha risada histérica se transformou em choro de pânico. Que eu ia fazer? Fique por um longo tempo caída na cama dele sem nada pra fazer, minhas lagrimas secaram e no lugar só ficou o medo, estava na casa de um demônio no inferno com a filha do próprio diabo tentando me matar.

...

Não sei quanto tempo se passou até que Gaara retornasse, estava ainda deitada pensando em um modo de fugir dele quando a porta se abriu e ele entrou cambaleando apoiado por um garoto pouco mais alto que ele de cabelos castanhos escuros espetados, ele colocou Gaara na cama e pegou uma caixa dentro de um baú.

– Me ajude – disse entregando para mim um pote pequeno com um creme marrom escuro de cheiro pior que o ar do inferno

Havia cortes profundos pelo braço e uma marca de quem é enforcado marcando o pescoço de Gaara, começamos a passar o remédio nele que ficou em silêncio o tempo todo com os olhos acompanhando cada movimento nosso.

– O q-que aconteceu? – perguntei

– Ele tentou proteger outro humano e quase morreu

– Kankuro – o tom de Gaara foi uma ordem, o outro o olhou irritado e se calou

– Suma com essa dai antes que ela te mate – disse Kankuro antes de sair

Tranquei a porta e me sentei ao lado de Gaara

– Que aconteceu? Quem tentava proteger?

Ele sentou na cama fazendo uma careta, tentei fazê-lo se deitar, mas ele se recusou e me abraçou.

– Falhei mais uma vez com você. Me perdoe.

– Que você fez? – perguntei com medo da resposta

– Tentei proteger... Seu pai – me afastei do abraço dele

– Meu pai... Tentou protegê-lo?

– Temari mandou alguns demônios á sua casa, cheguei tarde demais não consegui impedi-los.

– MENTIRA – gritei me levantando – meu pai ele não esta... morto

– Sinto muito Sakura eu tentei

– Tentou? Minha mãe morreu por sua causa e papai também, NÃO DEVIA TER VOLTADO.

– Sakura eu

– VOCÊ O QUE? SENTE MUITO? Mentira você é um demônio vocês não SENTEM NADA. Só me trás infelicidade. Mamãe morreu por que tentou me salvar, agora meu pai morreu por que me salvou devia ter me deixado morrer. TE ODEIO.

Fui para a porta, mas ele se levantou e me segurou pelo pulso.

– Não pode sair, não posso te proteger lá fora

– E QUEM DISSE QUE QUERO SUA PROTEÇÃO?

– Sakura, por favor.

– Quero ir embora, me deixe sair – estava enjoada e tonta a ideia de meu pai estar morto me apavorava.

Gaara se aproximou de mim, me virei para que não me beijasse então ele sussurrou algo em meu ouvido senti meu corpo mais uma vez se perdendo de minha mente, desmaiei.