Uma fina camada de poeira subiu na estrada que vai para vila de Télos, quando um corcel passou a trote leve. Se tratava de um dia parcialmente quente, apenas uma leve brisa que soprava de vez em quando aliviava o calor. Na posição que o sol estava poderia se dizer, que era o meio da tarde.

Apesar de seu pai ser um simples fazendeiro, tinha cavalos incríveis, somente o necessário para uma pequena fazenda. Camp era o preferido de Lyah, o corcel era creme com manchas marrons, sempre veloz quando se precisava. O jovem sempre gostou de montar, muitas vezes, usava essa distração para pensar, refletir algumas coisas.

Agora ele sentia...talvez...Culpa? Havia deixado a jovem chorando sozinha na floresta, a garota estava frágil, não tinha lembranças, não sabia quem era. Lyah fechou os olhos por uns segundos relembrando a cena.

Flashback On

Parou de repente vendo a moça junto a uma árvore chorando. Sentimentos contraditórios surgiram nele, primeiro foi uma vontade de ir consolá-la, depois sentiu que ela não precisava disso, sabia cuidar de si mesma.

A jovem virou o rosto pra ele, ele sentiu pena ao ver aqueles olhos azuis começando a ficar vermelhos por causa do choro.Mas logo a magoa veio, quando ele viu o vestido, aquele era o vestido de sua mãe.

Flashback Off

Mesmo que depois tenha sido informado por Eren, que seu pai havia pedido pra ela escolher um vestido. Ele ainda não gostava da ideia de ver alguém com as coisas de sua mãe.

Mas tenho de admitir pensou, agi errado, fui um estúpido!

Ao lado da estrada a floresta diminuía até virar campo, sinal que se aproximava da vila, na entrada havia dois guardas. Em todas as vilas o mesmo se repete, o rei tentar controlar tudo, principalmente Télos por ser a vila mais próxima do castelo.

Lyah passou pelos guardas normalmente, mas não gostava disso, de não ter liberdade. Ele desmontou o cavalo e seguiu a pé, levando o Camp consigo. Após dar alguns passos, um guarda parou abruptamente na frente dele.

– Ah, Garotinho! Te procurava sabia? - Disse apontando para Lyah.

O jovem olhou pra ele confuso, mas logo recordou do homem. O guarda era o mesmo que ele havia enfrentado há uns dias atrás. O homem devia ter uns trinta anos, seu cabelo era escuro, de barba seus olhos eram um tom frio de cinza.

– Mesmo? Sentiu falta? - Lyah sorriu sarcástico,lembrando do soco e da fuga da jovem.

O guarda avançou furioso, mas outro o segurou. Lyah reconheceu como o outro guarda que havia segurado o guarda da outra vez. Esse era talvez da idade do pai de Lyah, cabelos em um tom de loiro também usava barba mas seu olhos eram azuis.

– Kayt! - Gritou o loiro. - Não brinque com esse garoto, temos assuntos mais sérios.

Kayt se virou ainda mais furioso com o colega, detestava ser rebaixado na frente dos outros, principalmente aquele moleque. Que o fizera de idiota uma vez.

– Dyrto, sei muito bem os meus deveres. - Rugiu Kayt.

– Se realmente sabe sugiro que os faça. - Dyrto estava sério demonstrando autoridade em suas palavras. - Agora!

Kayt olhou pra ele se segurando para não o atacar, pois apesar de tudo era seu superior. Saiu cerrando os punhos. Lyah havia ficado em silêncio por todo esse tempo, mas agora Dyrto olhava pra ele.

– Não o provoque garoto. Nem sempre vou poder ajudá-lo. - Disse suspirando, já de um modo mais relaxado. - O rei já começa a demonstrar interesse por seus atos heroicos.

– Agradeço senhor. Mas não a pedi. - Disse Lyah.

– Eu sei, - riu sem humor - mas faço isso por um amigo.

Dyrto já ia se retirando quando Lyah deu um passo atrás dele.

– É meu pai? - O jovem tentou sem saber se realmente era, o homem parou, isso queria dizer que estava indo no caminho certo. - De onde o conhece?

Dyrto se virou, o encarou por alguns segundos. Olhou para os lados como se alguém pudesse ouvir, depois voltou a olhar o garoto.

– Velhos conhecidos. - Disse com um sorriso e foi embora.

Lyah se sentiu um pouco atordoado. Então o pai tinha um " amigo " na guarda real.

Seus pensamentos ainda estavam confusos quando ele seguiu até a barraca de Lyra. A nova hospede tinha mudado os planos de Lyah, precisaram de mais mantimentos. Suas ansiedades, suas dúvidas desapareceram quando ele viu Lyra.

Cada dia mais linda pensou Lyah ao vê-la. Lyra tinhas os cabelos soltos como uma cascata negra, seu vestido era um azul clarinho como o céu que contrastava com a cor dos olhos dela. Um belo sorriso surgiu no rosto dela quando viu Lyah.

– Oi! - Disseram juntos, e logo em seguida riram.

– Mantimentos? - Indagou Lyra ainda sorrindo.

– Sim. Como sabia?

– Bom... - começou ela corando a face. - Você não vem aqui por minha causa.

– Quem disse? - As palavras de Lyah deixaram a jovem ainda mais escarlate, e ainda surgiu um pequeno brilho no seu olhar.

– As mesmas coisas de sempre? - Ela tentou desviar do assunto com um misto de vergonha e de felicidade.

– Na verdade o dobro.

– Sério? Parece que alguém está precisando ficar mais forte.

– Hmm, - ele sorriu. - Talvez.

Lyra entregou uma sacola a Lyah, ele pagou a ela e se despediu. Já ia embora quando parou e olhou pra ela.

– Lyra?!

– Sim!

– Não esqueça a visita que me prometeu. - Ela alargou um sorriso.

– Claro que não.

O jovem pôs as coisas em canto na sela. Montou e saiu a galope. Lyah se sentia contente, mais leve. Sentimentos contrários de quando vinha para a vila.A estrada parecia mais curta. Após passar a primeira de muitas árvores ouviu um canto de um passáro. Esse não conheço pensou.

De repente viu uma movimentação ao redor de arbusto, ele diminuiu o galope. De dentro da floresta saiu uma jovem mancando, não estava muito longe pra ver seus machucados. Mal a jovem olhou pra Lyah, ela caiu desmaiada.