O despertador tocou às sete da manhã.

Levantei-me e chequei se havia alguma mensagem no celular e havia três no total. A primeira falava sobre promoções de viagem para Londres então ignorei, mas com um aperto no coração, eu adoraria conhecer Londres, mas diante da minha situação seria inviável, com uma nova vida de universitária eu não podia ficar dando voltinhas em outro país. Era uma nova fase da minha vida e eu estava focada nela. A segunda mensagem era sobre a reserva no meu restaurante favorito, estava esperando há meses, mas valeu a pena esperar, era uma ocasião muito especial. Três anos de namoro com o Neal. Tudo tinha se passado tão depressa.

Conhecemos-nos em uma festa entre os amigos de nossos pais. Os meus pais eram amigos de longa data dos pais dele, pelo menos dos adotivos. O pai biológico de Neal colocou-o para adoção quando tinha Oito anos, assim que a mãe dele faleceu. Neal não gosta de falar sobre esse assunto, mas me disse que ainda lembrava-se dos mínimos detalhes do rosto do Pai e que se algum dia, por um acaso, o encontrasse e ele pedisse por perdão, ele nunca iria perdoá-lo.

Enfim, em uma festa de amigos em comum, nossos pais se reencontraram e resolveram sentar em uma só mesa para "Botar o papo em dia". Me senti um pouco desconfortável, uma vez que minha mãe estava conversando com Sra. Cassidy e o meu pai com o Sr. Cassidy e o pior de tudo é que me colocaram na cadeira à frente de Neal. Estava distraída no celular quando resolvo dar aquela "analisada" no garoto que estava na minha frente. Abaixo um pouco o celular e percebo que ele estava teclando também. No momento pensei "até que ele é um pouco interessante". Enquanto estou dando aquela "checada" percebo que ele também abaixa um pouco o celular e me encara por alguns instantes. Eu corei e desviei o olhar. Em um ato súbito, ele perguntou se eu não queria dar um passeio pelo jardim. Eu estava começando a corar de novo, então só balancei a cabeça positivamente. Nossos pais estavam tão entretidos na conversa que nem notaram a nossa ausência. Então, ele me levou até o jardim, que era lindíssimo por sinal, e então uma coisa levou à outra. Amanhã à noite iremos comemorar nossos três anos juntos

A terceira mensagem era da Tia Helen, perguntando o que eu gostaria de ganhar no meu aniversário de 18 anos. Sim, eu, Emma Swan, vou entrar na fase adulta daqui a duas semanas e estou muito ansiosa, finalmente poderei dizer "sou a dona do meu própio nariz", mas mesmo assim ainda continuo morando com meus pais: David e Mary Margaret. Apesar de muitos anos de casamento, os dois ainda continuavam o mesmo casal apaixonado do início do relacionamento, os amigos da nossa família costumavam os comparar com o Príncipe Encantado e a Branca de Neve. O engraçado é que até vejo uma semelhança. Eles ainda soltam suspiros apaixonado, um pelo outro. Nos últimos tempos, eles estavam dispostos a mudar de cidade, pois, de acordo com a minha mãe, Nova York era uma cidade muito agitada e já que ela vinha do interior, preferia a calmaria e a tranquilidade. Nas semanas anteriores, até andaram pesquisando anúncios de casas que se localizavam em lugares mais afastados da cidade, mas eu não estava disposta a largar toda a minha vida aqui: meu quarto, minhas lembranças, meus amigos e o Neal.

Depois que terminei de ler todas as mensagens me levantei e abri as cortinas do meu quarto. Pessoas estavam andando a passo rápido, cães estavam latindo e carros estavam buzinando.

Prendi meu cabelo em um coque desajeitado e fui em direção ao banheiro. Vesti uma blusa larga e um short bem confortável. Desci as escadas deslizando a mão pelo corrimão. Meus pais estavam na cozinha, conversando e rindo, não que eles não fizessem isso, mas hoje eles estavam extremamente alegres, especialmente minha mãe.

–Bom Dia!- disse entrando na cozinha.

–Bom Dia!- disseram em uníssono.

– Então, vocês tem algo a me dizer? Porque, necessariamente HOJE, vocês estão mais despojados que o normal? - perguntei desconfiada.

Eles se entre olharam e sorriram.

–Nós conseguimos, Emma!- minha mãe começou falando- conseguimos o lugar perfeito.

–Do que vocês estão falando?- indaguei já sabendo a provável resposta.

Da casa que a sua mãe queria, ora!- meu pai exclamou.

Eu ainda não havia dito que eu não ia me mudar com eles. Estava com a esperança de que minha mãe desistisse da ideia, mas eu fui estúpida, eu sabia que quando minha mãe queria uma coisa, ela fazia acontecer.

–Ah, sim! Sobre isso... - falei um pouco desanimada.

–O quê é isso, minha filha? Parece que não ficou feliz com a notícia- minha mãe falou indignada- Mas tenho uma notícia que você vai adorar- continuou- Bem, a cidade em que nós escolhemos a casa é bem tranquila, mas nós também nos preocupamos com o seu futuro, então conseguimos uma bolsa de estudos para você na universidade local. É uma instituição conhecida por todo o país por seu bom método de ensino e sua seriedade.

Bolsa de Estudos. Era uma oportunidade incrível, mas mesmo assim, não estava disposta a ir embora. Não depois de TRÊS anos de namoro com o Neal. Já tinha feito minha decisão e ninguém a mudaria.

–Mãe... Então, eu estava pensando em ficar aqui em Nova York.

–O QUÊ?!- ela fez uma expressão de surpresa.

–Emma, essa é uma ótima oportunidade, você não pode deixá-la passar- disse meu pai.

–Eu já fiz a minha decisão, Pai- disse, lágrimas estavam brotando dos meus olhos.

–Filha, por que você não quer vim conosco?- disse minha mãe, com uma voz suave.

–Eu não estou disposta a deixar tudo que eu construí aqui. Minhas lembranças, meus momentos, meus amigos e o NEAL!- disse, já com as lágrimas descendo pelo meu rosto.

–Então é isso... - meu pai disse impaciente- É por causa do garoto.

–David, a hora não é essa- minha mãe falou repreendendo meu pai.

Eu não estava mais aguentando tanta pressão. Subi as escadas e fui para o meu quarto. Tranquei a porta e comecei a pensar sobre toda essa situação. Se eu ficasse aqui, perderia essa incrível oportunidade para o meu futuro. Mas se eu fosse, perderia Neal.

Ouvi batidas na porta. Só podia ser a minha mãe.

–Emma, minha filha, quando você quiser conversar, eu estarei aqui, a qualquer momento.

Foi mesmo ela. Eu estava tão mal, eu não queria falar com ninguém. Mamãe bateu na porta, no final da tarde, trouxe uma maçã, um copo de suco e algumas torradas. Eu estava faminta, só por isso abri. A noite chegou e eu adormeci.

No outro dia, acordei bem cedo. Eu estava faminta. Na noite passada tinha pensado muito sobre tudo isso e hoje eu estava disposta a conversar com a minha mãe, expor toda a situação.

Desci as escadas silenciosamente. Ela estava falando ao telefone. Tentei ouvir a conversa, mas para o meu azar só consegui ouvir suas últimas palavras antes de terminar a ligação:

"Eu conto com a sua ajuda, desde já, obrigada”.