Psycho Mary escrita por Sabs Zullush


Capítulo 6
Capitulo VI




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A ideia de voltar ao lugar que a deixou cicatrizes profundas a apavorava. Aquele jogo era extremamente ridículo, como alguém poderia vir e brincar com sua vida? Gira-la de ponta cabeça, como alguém podia a torturar daquele jeito? A machucar mais do que uma faca ou o fogo de Mary? Ela se perguntava repetidamente algo que nunca iria ter as respostas, não se não tentasse, não se não arriscasse. Ela precisava salvar quem a amava.

Mary podia não salvar o mundo, mas tentaria de qualquer forma salvar quem ela amava.

É irônico pensar que após tanto tempo ela teria que enfrentar seus demônios tão fortemente. Ela pensava que fazendo o que fazia, já os estava enfrentando, matando-os, mas na verdade aquele não era nem o começo.

Ela andava pelas ruas, se lembrando do trajeto que tinha feito ali, há alguns anos, e a cada passo seu coração palpitava mais forte, vendo como um filme, as cenas que ali viveu.

Virou a esquina e se deparou com o beco, iluminado pela luz da tarde e engoliu em seco. Mary estava prestes a ter um colapso, e decidiu acabar com isso logo. Acelerou e virou para aquele lugar imundo. Estava tudo levemente encoberto pelas sombras, e nada parecia realmente real, mas Mary sabia que estava pisando num lugar de memórias ruins, que agora pareciam rodar envolta de sua cabeça. Ela entrou mais fundo no beco e se deparou com um único objeto, posto simetricamente no centro entre as paredes, encima de um barril manchado pelo tempo. Ela não conseguira distinguir muito bem, mas conforme se aproximou pode ter certeza, aquilo era uma cabeça humana.

Bufford acordou com a cabeça latejando e os olhos vendados. Não se lembrava de muita coisa. Vira um vulto entrando na casa e então uma batida forte na cabeça e tudo ficou preto. Se perguntava o que estava fazendo amarrado no chão, e o que estava acontecendo. Onde estava a esposa, e acima de tudo se perguntava se a filha estava bem.

Ouviu um murmúrio vindo de algum lugar a sua esquerda.

–Amélia? Amélia é você? – Ele gritou.

–Bufford? Bufford, cadê você? – Ela disse, mas a voz saiu baixa.

–Estou aqui. – Ele rastejou na direção do chão até encontrá-la – Estou aqui, amor.

–Bufford, onde estamos?

–Eu não sei... – Ele levantou a cabeça – Ei! – Gritou. – Tem alguém ai? O que você quer da gente? Nós temos dinheiro, deixe-me pega-lo, mas por favor nos solte.

Um minuto de silencio se passou e então eles ouviram uma voz.

–Ah, eu não quero dinheiro... – Disse a voz vinda de sabe-se lá onde. – Mas fiquem tranqüilos, não irei machucar vocês... A menos que sua filha não coopere, é claro. – E uma risada se dissipou no ar.

Uma cabeça humana em plena luz do dia, ali ainda havia sangue fresco, ou seja, não deveria ter sido morta há muito tempo. Essa pessoa não tinha escrúpulos mesmo. Ela chegou mais perto e pode distinguir as feições da pessoa decapitada. E lá estava ele, o homem que a violou, o homem que ela vira há anos atrás estava ali, quer dizer, não completamente, mas ainda assim estava ali. E Mary sentiu uma fúria surreal por não ter sido ela a matar aquele sujeito. Pegou sua cabeça e a colocou no nível dos olhos.

–Não acredito que não foram minhas mãos a matá-lo, mas ainda estou feliz por isso ter acontecido. – E cuspiu na cara da cabeça sem corpo, jogando-a de lado e fazendo-a quicar na parede como uma bola de basquete. Enquanto rolava, ela viu algo branco pelo canto do olho, tinha que ser uma nova pista. Estava grudada na base do barril, e ali ela lia claramente.

Espero que tenha gostado do meu presente. Isso foi por ter seguido as primeiras pistas a risca, e por ter vindo até aqui. Parabéns Mary. Talvez seja a hora de dar o seu próximo passo, ou talvez você só deva ir para casa.

–Mas que porra é essa? – Mary estourou. – Essa pessoa realmente acha que pode me fazer lutar contra tudo isso e no final só me mandar ir para casa? Sem ao menos saber o que fazer em seguida? Você só pode estar brincando.

Mary chutou a cabeça tão forte que ao bater na parede espirrou sangue, inclusive nela e com isso sua mente conseguiu se acalmar minimamente, ela estava indignada com o que estava acontecendo. Então olhou para cima, o céu estava começando a se fechar. Uma tempestade estava vindo e ela não podia fazer mais nada a não ser ir para casa.

Naquela noite, enquanto Mary olhava pela janela do quarto e pensava no próximo passo, fazia anagramas mentais para tentar chegar perto de algum suspeito, mas todos eram errôneos, ela não fazia ideia de quem poderia estar por trás disso, e a cada ponto sem nó que encontrava, a cada peça que não se encaixava o sangue subia a sua cabeça, a cegando e a inundando com uma raiva surreal. Por que ela? Ela não era nada mais que uma salvadora, talvez uma justiceira. Fazia algo que ninguém tinha coragem de fazer e a policia não dava a mínima para fazê-lo. Mary tinha uma alma decente e cheia de boas intenções, então por que ela? E então uma ideia a ocorreu. E se essa arte fosse obra da própria policia? Seus motivos ainda embaralhados na mente, mas seria uma ótima armadilha para capturá-la. Se isso fosse verdade, Mary tinha apenas duas opções: Voltar-se contra o sistema policial – que convenhamos, não sabia fazer o seu trabalho –, arriscando assim a vida dos pais, ou salva-los e cair na mão de incompetentes metidos à heróis.

–Pense, Mary, pense. – murmurou. E assim que acabou a sentença um telefone tocou.

Mary levantou de súbito, não era o mesmo toque que o telefone da sua casa, e estava vindo da sala de estar. Ela desceu as escadas e antes de pisar no ultimo degrau ela viu algo iluminando em azul as paredes do cômodo. Na mesa de centro estava um celular, que assim que ela se aproximou parou de tocar e embaixo dele havia uma grande folha de papel.

O sequestrador de seus pais esteve ali novamente, e o pior, Mary não tinha percebido isso...


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Notas finais do capítulo

Só tenho a dizer que: EITA GIOVANA hsuahsuhsua. Até a semana que vem gente.



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