Madrugada fria, sem barulho e sem qualquer motivo de felicidade. Não consegui dormir, então esperava o tempo passar vendo um programa de humor na tv. Piadas idiotas, que faziam qualquer um cair na gargalhada, menos eu. Gerard estava dormindo, ou tentando dormir. Jamia e Frank estavam na casa deles, esperando algum sinal de seu filho, ou do seqüestrador.
Resolvi ler o resultado do exame. Independente da notícia, não estava co clima pra felicidade. Abri o envelope, peguei o papel e li o resultado: positivo. Por um segundo sorri, mas depois voltei pra realidade.
A criança que tanto amava estava desaparecida, quem sabe nas mãos de um maníaco que queria matá-lo. E a criança que certamente amaria mais que tudo estava por vir, mas ainda faltavam alguns meses. Prefiri ficar na tristeza do desaparecimento de Jeff. Fiquei em silêncio por um tempo, pensando em tudo o que estava acontecendo, mas fui interrompida pelo barulho do telefone.
A: Alô.
Ju: Querida, como vai? Soube que Jeff está desaparecido, ele está bem, neh? - como ela sabia de Jeff? Jamia e Frank passaram o resto do dia aqui em casa, não ligaram pra ninguém, nem eu, nem Gerard, nem ninguém que sabia do menino. Afinal, todos odiavam Julie, então não contariam, ao menos que...
A: Onde ele está?
Ju: O pequeno? Está bem. Mas me escute bem, senhorita. Hoje, 03:30 da tarde no prédio verde ao lado do parque da zona sul. Traga apenas uma pessoa, pra levar o muleque embora. Não chame a polícia, não rastreie a ligação, nem a grave. Vamos ver se você ama mesmo essa criança a ponto de dar sua própria vida por ele.
Je: Tia, me ajuda, essa moça quer parecer boazinha comigo, mas eu sei que ela é malvada! Ela não tem um pingo de amor, ela só tem ódio, ou seja lá o que for, mas me ajuda! - ele era bastante esperto.
A: Tá bom, meu amorzinho, a tia vai te ajudar, eu prometo! Não vou deixa nada de mal acontecer a você! - já estava chorando demais, incontrolávelmente. - Alô? Julie? Jeff? Alô?!SHIT!!! - ela desligou o telefone.
G: Quem era? O que aconteceu?
A: Gerard! - corri até ele e o abracei. Chorei mais do já estava chorando, não sei como foi  possível. Me senti fraca, então desmaiei.

G: Anna? Anna! Acorda, vamos! - estava tonta, só conseguia ver o rosto do Gerard, mesmo assim com muita dificuldade. Fiquei assim por um tempo, não sei ao certo, só sei que voltei ao normal depois.
G: Nunca mais me dê um susto desses, ouviu, mocinha? - ele passava a mão em meu rosto, afastando o cabelo dos olhos e da boca. - O que aconteceu? Você chorava muito, estava tensa.
Contei tudo pra ele. Tudo não, esqueci da gravidez. Decidi contar depois. Combinamos de irmos juntos salvar Jeff. Gerard sabia que Julie nunca me mataria se ele a ameaçasse.
Passamos a manhã juntos, procurava aproveitar cada segundo junto com o amor da minha vida, pois sabia que Julie não hesitaria em me matar, e sabia que a vida do Jeff valia mais do que a minha própria vida.