Em todos os meus dezesseis anos, nunca havia conversado com meu pai daquela maneira. Era como se eu o conhecesse por todo esse tempo, mas fazia ideia de quem ele realmente era. Depois de algumas horas de conversa, ele me levou novamente para casa, convidou minha mãe e eu para jantarmos fora, eu recusei e insisti para que fossem somente os dois. Não seria em vão, eu sabia.
Assim que os dois saíram, eu disquei o número de Eddy. Tocou 4 vezes até atender e desligar no mesmo segundo. Estranhei e retornei a ligar; não atendeu. Acabei pegando no sono assistindo algum seriado qualquer de tv.
No outro dia acordei com minha mãe abrindo as cortinas.
– Bom dia, mocinha. - Ela disse sorridente.
– Bom dia? - Eu disse enquanto levava a coberta até cobrir a cabeça.
– Levante, já passa das 13h. Eu e seu pai fizemos o almoço para você. -
– O que??? - Sentei surpresa na cama.
– É isso aí. Agora levante. -
Ela saiu do quarto sorrindo. Eu fiquei uma meia hora com a boca entre aberta olhando pro nada. Eu me senti mais feliz que antes, muito mais. Levantei e peguei meu celular; disquei o ultimo número dos registros. Apenas tocou e não atendeu novamente, fiquei preocupada com Eddy.
Me troquei e fui almoçar com meus pais. Logo depois os dois saíram ao parque, shopping e sei lá mais o que; escolhi ficar em casa. Liguei para Eddy umas 10 vezes até o celular dar como desligado. Não sabia se ele estava me evitando ou realmente não podia falar no momento. E nem há duas horas atrás e nem na noite anterior.
Quando meus pais chegaram já passava da 00h. Eu estava no meu quarto assistindo tv quando meu pai bateu, entrou e despediu com um beijo na minha testa e um "Se cuida, te amo". Depois que ele se foi, pude ouvir minha mãe cantando enquanto dançava pela casa. Só lembro de ter a visto fazendo isso uma vez, quando eu era pequena e meu pai havia a pedido em casamento oficialmente. Eu não sabia o que significava, mas talvez as coisas começassem a dar certo.