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A Face Protetora escrita por Livora Escarlett
Capítulo 13
Albine! François!
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Malrora, então, agarrou o braço de Meg, achegando-a para si. Depois, amansando, ao máximo, o timbre belíssimo da voz, sussurrou: -Meg, lembra-te de ontem? Não avisei-lhe de que escutei um diálogo? -Sim. Infelizmente, avisaste-me. – Disse a menina, com uma careta, e um muxoxo. -Pois então! Um perguntava se o outro tinha certeza. O outro, por sua vez, dizia que sim, e que tomaria todos os cuidados possíveis. Porém, é um tolo... ou... uma pequena tola! Logo depois que escutei, ergui minha cabeça, e olhei em volta. Apenas, caríssima, duas camas estavam vazias. A de Albine, e de François. Então, aposto um boi, menina, que é uma das duas! – E sorriu-se. -Malrora, um momento! Isto é sério, mas não faz sentido! Albine? François? Por quê? -Simples, anjo meu! Elas, não sabia, eu, porquê, adoravam provocar-me. E como? Claro! Com o Fantasma! Sempre! E falavam de Christine, para instigar minha curiosidade... Felizmente, uma delas, agora, quer aparecer, e cometeu erro terrível, dando-me tantas evidências! -Malrora... Não digas isto para ninguém! Isto é sério! Estás, apenas, a supor algo. Caso acreditarem em ti, e for engano teu, elas podem ser expulsas... debalde! -Acalma-te, pequena Meg! Tomarei todos os cuidados possíveis. O que, então, seria AO? Que significa isto? -Não faço a mínima idéia, Malrora. – Disse Meg, tombando a fronte. Então, partiram. Malrora, agora, estava abrandada. Estava, apenas, a alguns pontos de resolver tal mistério, e poderia seguir, livremente, com sua carreira. Teria, apenas, de livrar-se de Narciso. Isto, porém, não era difícil. Meg, no entanto, estava preocupada. Albine? François? Seriam expulsas, e em vão! Deus meu! Que Malrora estava a fazer? -Malrora. – Disse Narciso, achegando-se às duas. -Sim, Narciso? -Venhas comigo. -Que há? -Quero dar-te algo. -Oh, sim. Tudo bem. – Tranqüilizou-se a moça. Atravessaram o corredor principal, ganhando uma pequena ala. Entraram, então, em uma pequena sala, onde ele a abraçou. -Malrora, vais partir comigo, sim? Amanhã! -Narciso! Não me peças isto! Sabes que não vou. Sabes, também, que não podes fazer nada, meu caro, para obrigar-me. -Não fales do que desconheces! Posso, sim! -Cala-te. Não terminei. -Continue. -Por que, Narciso, não podemos viver, então, por aqui? -Onde? Nos dormitórios de uma Ópera? Ora, qual! Com todas estas mexeriqueiras, vigiando nossas noites? -Não, meu caro. Não aqui. Falo, Narciso, de Paris. Vivamos aqui, em Paris. -Nunca, Malrora. Detesto Paris. Cidade de almofadinhas! -Tolo. – Murmurou ela, revirando os olhos. – Já não importo-me. Queres partir? Parta! Não preciso de ti! -Que há? E manhã passada? Tu parecias amar-me. -Se é verdade que o amo, julgues tu. Não posso desistir de meus sonhos, não agora. -Se não for por bem, irás por mal, minha cara. Garanto-lhe, Malrora, que, estes dois anos que passei, sem ti, deram-me resolução e convicção. Deram-me, também, força. Não discutas comigo. -Ha! Ha! Ha! – Gargalhou a moça, fazendo Narciso encolher-se, pois o timbre dela tornara-se diabólico. – Faz-me rir, caríssimo. Era tudo o que tinhas para divertir-me? -Não. Em realidade, eu queria dar-lhe algo. -O que? -Isto. – E, tirando de uma caixa, estendeu-lhe um gato. Um gato belíssimo, de cor preta. -Narciso!- Exclamou, boquiaberta. – És covarde! Sabes que amo gatos! Mesmo assim, saiba que não podes comprar-me. -Não quero comprar-te. Quero, apenas, que aceites este pobre animalzinho, que não tem nada a ver com nosso drama. -Dê-me isto!- Ela exclamou, pegando, no colo, o pequeno gato. Seus pequenos dedos, ela via afundarem-se no pelo do animal, que espreguiçava-se em suas saias. – Dar-lhe-ei o nome de Psiquê. -Psiquê? -Psiquê. -Por quê? -Não sei. Gosto deste nome. Aparenta-me o gato. -Oh, sim. Ah! Malrora... Há outra coisa que quero dar-te.- Disse Narciso, encarando-a. -O que? – Ela perguntou, indiferentemente. -Isto.- E atirou-se contra os lábios da menina, que, com os braços, envolvera seu pescoço. – Vais comigo, sim? -Desista! – Ela exclama, erguendo-se, e correndo, com o gato em mãos. * * * -Malrora! Que graça!- Exclamou uma bailarina, apontando o gato preto. -Realmente, não? -Qual é o nome? -Psiquê! -Psiquê? -Sim, Psiquê. – A menina explicou, revirando os olhos. -É próprio! – Sorriu a outra, com pequeno toque de ironia, que não foi apercebido. -Malrora! – Exclama Meg, correndo ao encontro dela. – Que gracinha! -Sim, realmente! -Como se chama? -Psiquê! -Houve um pequeno silêncio. Meg fitou Malrora. Antes que pudesse entreabrir os lábios, a dona do animal exclamou: -Sim, Psiquê. -Oh, tudo bem! – Sorriu-se Meg, não alcançando a intenção da outra. – Posso segurá-lo? -Claro! – Cedeu a moça, entregando, à Meg, o gato. -Ora, ora! Qual será tua próxima mania, Malrora? – Ironizou François, achegando-se à elas. – Pelo jeito, não te contentas, apenas, em esfregar-se com seu “teúdo”... Nos dormitórios da Ópera, não? Agora, trazes animais pulguentos! – Mal cerrou os lábios, e uma mão... uma mão pesada atingiu-lhe a face esquerda, fazendo-a arder como fogo. -Meta-te com a tua vida, pequena meretriz. -Malrora! – Exclama Meg, puxando-a.- Já não lho disse para não ligares para o que François diz? Deixes aquela tola! – E, então, afastou-se, acariciando o gato. A outra, fervendo de ódio, deixou o bastidor, infiltrando-se em vários corredores, até perder-se. -Só espero não encontrar-me com Narciso.- Suspirou ela, sentando-se à um baú. Pensou, então, em esquecer de todas aquelas provocações. Em sua fértil memória, as iniciais AO flutuaram. Sorriu. “Curioso! Lembrar-me do fantasma, de alguma forma, faz-me acalmar, e esquecer de tudo. Agora, sim, sinto que não posso deixar este lugar! Não! Não mais!”
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