Ainda é dezembro escrita por criatividadeinsana
Isso mesmo, ela tinha um amor bandido.
Um amor mentiroso, um amor doloroso,
ela tinha um amor.
Ela sabia de toda a verdade
mas insistia em querer fazer durar,
ela é humana, é carnívora,
ela não sabia em quem confiar.
Esse amor durou anos,
começou antes mesmo de começar,
no fundo ela sempre soube,
Eu serei de César, e César será meu.
Dito e feito, feito e fim.
Ela realmente foi de César,
realmente, literalmente, completamente, de corpo e mente...
A diferença é que César foi dela,
de Renata, de Bianca, de Jordana e Maria Lúcia.
O relacionamento durou bastante,
muitos dias e muitas noites,
muitas horas de conversa e amor...
Rendeu comentários perante toda sociedade,
perante o bairro, a rua, a casa, a família, as amizades...
Apesar de ser um amor bandido,
foi a melhor coisa que aconteceu na vida deles.
Clarisse começou a entender, como funcionava a vida,
entendeu que não adiantava querer mudar,
nem ela, nem César,
afinal, ambos não estavam dispostos a entender,
que para amar, você tem que aceitar a pessoa como ela é,
que para viver, você tem que aceitar as pessoas como elas são,
é um exercício para vida, até porque a cada esquina
uma nova pessoa, outros defeitos, muitas manias...
Clarisse não era tão perfeita assim,
sofreu porque quis,
ela sabia que tinha uma personalidade gélida,
e a maneira no qual tratava César, após cada briga,
somou bastante para esse final.
Ela demonstrava seu amor, para suas amigas, nas redes sociais,
mais no 'carne e osso' era muito racional.
Ele por sua vez,
atraía muitas brigas, por poucos motivos,
era incerto demais!
Atacava Clarisse, com palavras rudes e de baixo calão,
por ciúmes inventados, sem motivos e sem razão.
Claro que, esquecia, de toda moral que dava
para as outras meninas, sem falar das escapadas!
Ambos enfrentavam problemas com o tempo,
César funcionário atarefado, e Clarisse acadêmica de direito.
Outros problemas cercavam César de tal maneira....
Descaso, ausência, orgulho, então nem se fala.
Só que o destino contava com algo que nem César, nem Clarisse esperavam,
a experiência.
E a imensidão de carinho e todo o respeito que Clarisse doava para César,
ele não encontrara em nenhuma outra...
E apesar de César, ter vivido casos paralelos, ele sempre voltava pra casa,
e dispensava toda sua atenção para Clarisse,
coisa nenhuma amiga conseguia fazer...
E dezembro chegou...
Clarisse estava esgotada, não estava mais conseguindo 'fazer durar...'
Começaram a dormir em mundos separados, na mesma cama,
a responder uma pergunta com outra,
a discordarem de tudo, até mesmo quando concordam...
Mesmo que Clarisse se esforçasse para conseguir 'aguentar a barra',
César não ajudava, não percebia, parecia até que não sentia,
que o pior se aproximava,
e que talvez, uma hora qualquer, tudo passaria a ser em vão.
Já era dezembro!
Num relapso qualquer, César acordou!
Começou a sentir-se só no mundo,
percebeu que ninguém mais se importava,
se ele voltava pra casa ou não,
se ele sentia frio ou calor,
percebeu que a cada segundo,
tudo ficava mais monótono,
como se Clarisse fosse desaparecendo aos poucos,
Não que dezembro tenha algo de diferente dos outros meses,
mas é o último mês do ano,
e por isso, somente por isso, traz a responsabilidade de fazer o que não fez o ano inteiro,
o que prometeu o ano inteiro,
colocar onde falta, tirar onde excede,
Dezembro quer dizer: tenta, ainda tem tempo.
Tenta, ainda é Dezembro!
César sabia de tudo isso. Clarisse também!
Então, Clarisse foi tentar ser feliz.
Saiu de casa e não falou nada.
Optou por evitar a fadiga,
deixou César vazio, desamparado, desesperado,
Ela deixou César!
Clarisse não chorou! Aguentou forte, pensou bem, hoje é dezembro.
César, encharcou a cama de lágrimas. Apertou forte, o coração, e lembrou: hoje é dezembro.
Antes mesmo que Clarisse chegasse à porta,
César impediu.
Ficou de frente para ela,
de braços para cima e pernas esticadas,
bloqueando toda e qualquer passagem pela porta,
ficou alguns segundos olhando fixamente para Clarisse,
muito triste por não vê-la chorar,
na verdade, ele nunca a viu chorar.
Prendeu toda a angústia que estava sentindo,
e se ajoelhou no chão,
implorou perdão.
E ainda disse mais: "Prova de amor, é provar que ama, é pedir desculpa na hora certa, é saber esperar a raiva passar, é reconhecer que estar errado, prova de amor é amar..."
Entre soluços, até chegou a balbuciar "casa comigo?"
Ele transbordava arrependimento,
e realmente, parecia amar.
Ficoualijogado no chão,
Ficouali, ajoelhado pedindo perdão,
esperando alguma reação,
um retorno, uma mão,
uma ajuda para se levantar, um 'tudo bem, vamos voltar...'
E então, Clarisse se mexeu,
respirou fundo, fechou os olhos e se rendeu,
se rendeu para sua felicidade...
Uma que fosse de verdade.
Estendeu a mão para César, e enxugou suas lágrimas,
o abraçou forte, e ficou na ponta dos pés...
Chegou bem perto ao seu ouvido,
e então decidiu,
disse que iria abdicar o amor,
em nome da sua própria felicidade,
agradeceu César por fazê-la quem ela é,
uma mulher forte, sincera, corajosa e que se ama acima de tudo.
Perdoou César por fazê-la quem ela é.
"Espero que você me entenda,
eu quero ser feliz, acima de tudo..."
Ainda é dezembro, não perca seu tempo,
pode ser tarde demais.
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