_ O que vamos fazer Mary? Eles estão atrás de mim, não posso colocar vocês em perigo. – disse o homem a sua mulher que não parecia estar aflita com a situação, mas sim com a aflição do marido.

_ Acalme-se homem, vai dar tudo certo, sempre deu não é mesmo? – ela disse segurando o rosto dele – contanto que estejamos juntos. – aquilo o tranquilizou, então pela primeira vez naquela noite conseguiu pensar direito, então se decidiu.

_ Vamos embora daqui. Vamos para a outro lugar, arrume as coisas, apenas o necessário e diga as crianças que vamos viajar, pela manhã já devemos estar prontos. – ela assentiu e deu um beijo nele, o beijo que sem ela saber seria o ultimo antes que a maior de suas batalhas começasse.

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_ Mamãe cadê o papai? – disse seu filho que tinha apenas 8 anos, e que era o único que estava acordado já que suas irmãs dormiam na carruagem. Mary quase não ouvira por causa do barulho das rodas que batiam nas raízes das arvores da floresta.

_ O papai vai vir querido não se preocupe. Ele voltará a tempo do jantar. – ela queria parecer o mais convincente possível, mas nem ela mesma estava acreditando naquilo. Era impossível escapar deles. Mas no fundo ela ainda tinha esperança de que ele poderia ser forte o suficiente para conseguir fugir.

Mas ele não veio jantar. Nem naquele dia, nem no próximo e nem no outro. Desde então foram apenas Mary, e seus filhos: William, Anna e Miranda. Seus filhos não souberam da verdade, o que aconteceu com o seu pai foi muito horrível para se contar a uma criança, o melhor a fazer foi lhes contar uma mentira, mas além da dor do luto ainda havia outras preocupações na cabeça de Mary. Chegaria o tempo em que tudo aquilo teria que ser revelado, para a própria proteção de seus filhos, sua maior bênção e seu pior pecado. Mas olhando as crianças dormirem em suas camas ela percebe que tudo aquilo que fez valeu a pena, não importa quanto tempo dure, eles protegerão seu legado.