Acordo com a porta do meu apartamento sendo fechada.

Mais que coisa! Minha cabeça dói, meu corpo dói, minha mão dói muito , mais alguma coisa dói mas não identifico.

O que aconteceu?

Então me lembro. A casa. Os anjos. Jack. O Doutor.

Viro-me de lado identificando o que mais dói, meu coração. Eu lembro do jeito que aqueles olhos me olharam, profundos, castanhos e frios.

Fecho os olhos e quando abro, reparo em uma folha em cima do criado-mudo, ela não estava ali antes. Eu a pega e abro.

''Maria,

Sinto muito por tudo isso. Mas como eu disse, eu não sou um herói e cometo erros. Eu deveria deixar você me odiar, mas sou egoísta demais para ir embora e saber que você nunca mais vai pensar em mim da mesma maneira.

Entenda que eu precisava te magoar, por vários motivos, mas entenda que eu se eu não fizesse isso, você e toda Terra morreria, e eu, sem duvida enlouqueceria por te deixar morrer. E também por muitos motivos, eu não posso mais deixá-la viajar comigo, na verdade, não posso deixá-la entrar na TARDIS, isso faria com que eu nunca quisesse me separar de você e isso nos levaria a coisas que mudariam o passado e o futuro.

É confuso, eu sei.

Mas se lembra de quando me perguntou o que eu queria fazer?

Pois é, o que eu mais quero fazer é ter uma vida normal. Viver com alguém até envelhecer, ter filhos, poder levá-los a escola e dar bronca neles porque os amo, poder trabalhar em um emprego que me deixa cansado, mas no final do dia quando eu chegasse em casa, alguém estivesse lá esperando por mim, com o mais lindo sorriso do mundo.

E eu queria que essa pessoa fosse você, e estou indo embora para te proteger.

Sinto muito por tudo isso e por não ter dito antes.

Eu amo você.

Doutor ''

Acabo de ler a carta chorando. Quer dizer então que ele me ama? Ele fez aquilo para me proteger?

Então lembro do som que me acordou, a porta se fechando, corro para a janela e nossa! como meu corpo e minha cabeça doem!

Eu o vejo descendo o calçadão, coloco os sapatos rapidamente e coloco o casaco sem tempo para fechar seus botões. Saio do apartamento sem ao menos trancá-lo e corro pelas escadas. O meu corpo dói muito, me deixando mais lenta e minha mão lateja.

Chego a rua e começo correr com toda força que me resta, mas a dor me faz devagar. Continuo correndo, mas ele está longe, e eu tropeço, mas não caio.

Me levanto e corro, agora decido ignorar a dor, estou mais rápida pensando apenas no Doutor, ignorando a dor, embora seja difícil.

Estou chegando perto e grito.

– Doutor!

Ele se vira, seu rosto está surpreso e cheio de lágrimas. Eu me jogo em seus braços e o abraço o mais forte que posso. Ele me abraça de volta afundando o rosto em meu cabelo, posso sentir suas lágrimas molhando minha cabeça. Ele sustenta meu peso com seu abraço. Nós choramos e rimos ao mesmo tempo.

Ficamos assim por alguns minutos então Doutor me coloca no chão, mas não me solta. Eu olho em seus olhos e ele olha nos meus, ambos cheios de lágrimas, nossos rostos molhados.

– Eu te amo - sussurro.

– Eu amo você também - ele sussurra de volta.

Então ele me beija. Um beijo lendo, mas apaixonado, sim, ele me ama!

Nós nos separamos e ele olha para mim.

– Tenho que ir - ele diz, e mais lágrimas caem de seu rosto.

Claro, será mais difícil se ele ficar. Então concordo com a cabeça. Nos abraçamos de novo. E ele me dá um beijo rápido.

– Eu vou voltar ! - Ele diz.

Doutor sai correndo em direção a TARDIS e eu o observo em meio as lágrimas. Quando ele chega a porta ele me olha, e então entra. Pouco depois a TARDIS some, e a luz do sol nascente bate em meu rosto.

...

3 ANOS DEPOIS.

Saio da redação. É inverno. Hoje faz três anos que não vejo o Doutor. Ainda moro no mesmo apartamento e ainda tenho o mesmo emprego, mas agora é mais fácil voltar para casa.

Subo o calçadão devagar, olhando em volta e sorrindo para as pessoas. Os dias de inverno são agradáveis, embora hoje seja um diz bem frio.

Paro para olhar uma vitrine que tem um vestido lindo exposto. Ele é rosa claro, acinturado e a saia é solta, ele vai até os tornozelos.

– Não acho que seja um boa para se ver vitrines - diz uma voz familiar atrás de mim e eu sorrio, sabendo de quem é a voz.