Show me Forever escrita por danaandme


Capítulo 12
Por toda a eternidade


Notas iniciais do capítulo

Enfim...o fim.
Notas e traduções nas notas finais!
:)
Espero que gostem!



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Show me Forever

CAPÍTULO 12 – Show me forever.

O sol nascia sobre as campinas iluminando o horizonte, colorindo os campos com a aura alaranjada de seus raios mornos. Era uma visão belíssima e completamente irregistrável. Infelizmente. E, apesar de ainda ser extremamente confuso ser capaz de sentir o calor do amanhecer aquecendo minha pele fria, ou mesmo a grama que incontestavelmente espetava minhas pernas sob o tecido fino do meu vestido, minha familiaridade com aquela paisagem sobrepunha todas aquelas sensações, enquanto minha mente absorvia toda a tranquilidade que sempre invadia meus sentidos todas as vezes em que eu ‘acordava’ sob o abrigo da esplendorosa copa daquela, que ultimamente, tenho começado a me referir como minha formosa Faia.

“The dawn always endues the most inspiring thoughts f'r the day. Will I not be right, Lady Rachel?”

Não posso deixar de sorrir com o comentário dele.

“Como sempre suas palavras são um reflexo dos meus pensamentos, My Lord Enoch.”

Okay. Talvez isso extrapolasse todos os limites da esquisitisse, mas desde o primeiro momento, aquela repentina ‘invasão de privacidade’ durante meu momento de ‘isolamento ilusório’, chegou a me incomodar. Quer dizer, esse indivíduo bonitão, exalando galanteios, - vestindo roupas que dariam o Oscar de melhor figurino a qualquer estilista de um daqueles filmes sobre a vida da rainha Elizabeth – apareceu do nada, falando esse inglês repleto de rococó e a única reação que tive foi o encarar de volta, completamente perplexa por ter entendido o que ele havia dito.

Foi um primeiro encontro no mínimo interessante.

“I can see ye are in a very good humour today, My Lady. To whom I shouldst send mine regals f'r being gift'd by such beautiful smile?”

“Será que é tão difícil acreditar que sua presença também é capaz de trazer-me felicidade, My Lord?”

“Thy words make me overflow with joy, mine lovely Lady. But I wilt not delude myself. That smile, which undoubtedly brightens the fields around us during our brief meetings, certainly dost not reflect the same splend'r capable of soften the teen of an eternity of darkness that seems to reach thy soul in my dearest daughter's presence.”,Lord Enoch diz entre gargalhadas.

Ultimamente ele tem rido bastante em nossos encontros.

Há alguns meses, os acontecimentos que me levaram a morte, por assim dizer, acabaram me deixando inconsciente durante alguns dias. Nove dias, para ser mais exata. Durante esse tempo, minha consciência ficou perdida numa espécie de limbo. Eu não sabia quem era, ou o que havia acontecido. Eu não conseguia me enxergar, nem mesmo me compreender como um ser vivente. Nada fazia sentido. O único pensamento recorrente em minha mente era a certeza de que eu tinha perdido alguém importante, e a única sensação que existia, era a angustia de não ter esse alguém ao meu lado.

Foi quando ouvi a voz de Lord Enoch pela primeira vez. E logo em seguida, o vi caminhar em minha direção. Foi nesse minuto que esse lugar apareceu diante de meus olhos. Aquela também foi a primeira vez em que pude me reconhecer como um ser vivente dotado de forma. Desde então, ele tem sido meu guia nessa nova vida. Foi através dele que soube o que eu havia me tornado, ele me ajudou a lembrar como tudo havia acontecido.

Foi por causa dele que tive forças para voltar para ela.

Minha Quinn.

Como sempre acontecia quando eu pensava nela, a figura de uma garota loira correndo pelos campos chamou minha atenção. Ela se movia fluidamente pelas campinas, rindo alto, perdida em sua brincadeira solitária por entre as flores selvagens que cresciam colina abaixo. A pele dela ainda que banhada pelo sol, ainda era tão alva como a neve. Seus cabelos dourados estavam compridos, trançados numa única trança que balançava com movimentos suaves, levada pelo vento enquanto ela corria. Mesmo aquela distância eu era capaz de distinguir seus lábios rosados, adornados com um sorriso encantador. A agitação que coloria suas faces com um leve rubor, seria quase imperceptível perante olhos não familiarizados com aquelas feições angelicais.

Aquela visão sempre anunciava o momento de minha partida. Uma maneira nada sutil de meu subconsciente lembrar-me do quanto desejo estar sempre ao lado dela. Totalmente desnecessário, devo salientar, mas não posso negar que gosto de ver essas manifestações de Quinn por todos os lugares.

“I doth believe that our lesson will be delay'd.”

“Minhas mais sinceras desculpas, Lord Enoch.”

Sei que ele não está chateado ou desapontado, na verdade, ele sempre parece extremamente feliz quando essa versão da minha Quinn aparecia. Uma vez ele me confidenciou que aquela era a exata imagem dela no dia em que ele a transformou. Depois, quando percebeu minha surpresa, ele me riu alto ao me informar que com a exceção da minha visível preferência pela primavera, - que contrastava com o fascínio que Quinn tinha pelo outono - todo aquele espaço era na verdade a réplica exata do lugar predileto de Quinn em sua cidade natal.

‘Okay. Eu não podia estar mais ridiculamente apaixonada por ela, não é mesmo?’

“Before thy departure, may I be honor'd with a song?”

Busquei o olhar dele, desviando minha atenção da figura jovial da mulher que amo, agora sentada em meio as flores, despreocupadamente trançando os ramos no formato de uma coroa, totalmente alheia a nossa presença.

As vezes a semelhança entre ele e minha Quinn era surpreendente. Aquele olhar aparentemente distante refletia uma austeridade que por ventura, poderia ser erroneamente confundida com arrogância. Talvez os mais astutos também conseguissem perceber as inúmeras camadas de melancolia escondidas debaixo daquela aura de mistério, se a inegável altivez que se destacava na superfície daquelas orbitas, não desviasse a atenção para a incomparável calidez escondida nas profundezas de seus olhares. Eles dividiam a mesma paixão pela vida, e talvez, as mesmas desilusões. A mesma capacidade de amar intensamente; o mesmo sofrimento que somente a solidão de séculos consegue encarcerar numa alma. Mas, eu podia enxergar claramente através de todas aquelas muralhas. Diante de meus olhos, dançava estampada naquelas irises, onde o verde sempre resplandecia em meio as gotas amendoadas, o brilho incontestável da esperança de amar livremente.

‘Thou wast all i ev'r want'd f'r her. Since the first moment.’ Ele me dissera uma vez, durante minhas lições para controlar meus novos dons.

Segundo Lord Enoch, alguns de nossa raça são dotados com o dom de enxergar os acontecimentos que ainda estão por vir. É algo raro. Tão raro que os únicos imortais ainda dotados por essa dádiva jazem em sono profundo, ou preferem o conforto do isolamento. Aparentemente sou a única ‘recém-nascida’ há séculos que apresenta tal potencial.

Brittany acredita que isso se deve ao fato de quando Quinn me criou, ela já era a herdeira de um Lord, e tinha bebido da taça com o sangue do primeiro vampiro. É uma teoria bastante valida, se me permitem dizer. Minha Quinn, no entanto, acredita que meu dom se deve ao fato de eu ser especial.

‘Minha Rachel é a mais especial de todas as criaturas que já existiram e que virão a existir no mundo...” Era uma parte do discurso dela.

Respiro fundo, sentindo a presença dela ficar mais forte. Lord Enoch ainda aguarda pacientemente que eu escolha a canção que irei cantar, quando a vejo surgir há alguns metros atrás dele.

Meu anjo.

Meu amor.

Minha Quinn.

Ela sorri e não me importo com clichés, meus lábios se movem por conta própria, deixando as palavras escaparem em forma de canção.

‘Heart beats fast

Colors and promises

How to be brave

How can I love when I'm afraid to fall

But watching you stand alone

All of my doubt suddenly goes away somehow…’

Aquela Quinn é a minha Quinn, e não uma ilusão, uma lembrança do passado, ou até mesmo um vislumbre do que a eternidade ainda nos reserva. Ela é tão real quanto a realidade que se abriu diante de meus olhos desde o dia que acordei para minha nova vida.

‘One step closer...’

E ela continua a se aproximar, seu sorriso iluminando suas feições delicadas. Ela vêm tentando usar nossa conexão para chegar a esse lugar. O fato de meu refúgio ter assumido a forma do seu refúgio enquanto mortal, foi algo que a deixou extasiada.

‘I have died every day waiting for you

Darling don't be afraid

I have loved you for a thousand years

I'll love you for a thousand more.’

‘Rachel’, posso ouvi-la sussurrar. Talvez ela ainda não acredite ter conseguido chegar até mim.

‘Time stands still

Beauty in all she is

I will be brave

I will not let anything take away

What's standing in front of me

Every breath

Every hour has come to this…’

Ergo minha mão para ela. Só mais um passo.

‘One step closer...’

No instante em que nossas mãos se tocam, posso sentir que deixamos para trás todo aquele mundo ilusório, e ironicamente tão vivido em minha mente. Posso sentir o calor do vento do fim da tarde, o cheiro de New York e os sons da ‘Cidade que Não Para’ se preparando para a noite.

‘I have died every day waiting for you

Darling don't be afraid

I have loved you for a thousand years

I'll love you for a thousand more…’

Estamos na varanda do nosso apartamento, cercadas pelos frutos de nosso mais novo passatempo; o nosso jardim. As flores que plantamos esta manhã, são as mesmas que sempre vejo Quinn colher junto as campinas em minhas lembranças de sua ‘outra vida’.

Quinn encosta sua testa junto a minha. Seus olhos ainda estão fechados, mas o sorriso que enfeita seus lábios é tão encantador que não posso mais resistir a extinguir a distância que ainda existe entre nós.

“A Thousand Years? Sério, Berry? Não tinha nada mais cliché? Já não basta você ter desenvolvido todo esse complexo de Alice Cullen? Você está extrapolando todos os limites anã de jardim!”

Santana Lopez sabe exatamente como destruir um momento romântico.

“Quando ela vai voltar para Madri?”, digo me afastando de Quinn, antes de roubar-lhe mais um beijo.

“Eu já poderia estar bem longe, aproveitando a eternidade com a minha Britt, se não fosse pela insistência de uma certa pessoa de ceder a todos os seus caprichos!” Santana atestou cruzando os braços e se apoiando junto a porta da varanda.

Quinn suspira, voltando a me envolver em seu abraço. Escondo o rosto junto ao seu pescoço quase que imediatamente. Talvez eu consiga me distrair o suficiente a ponto de não me irritar com as lamurias de Santana.

“Santana, conseguir organizar um estoque de sangue, não é algo exatamente novo para nenhuma de nós.” Apesar de não poder vê-la, tenho a certeza que ela acabou de revirar os olhos.

“Ah tá! Bolsas de sangue de doadores veganos? Sério, Fabray?”

Okay. Admito que a ideia é um tanto maluca, mas na hora eu realmente não consegui pensar em algo capaz de aliar a minha nova necessidade de me alimentar de sangue humano com aqueles que sempre foram os meus princípios. Pense nisso como uma espécie de ‘doação de sangue mais organico’. É... é maluquice mesmo! Não consigo conter o sorriso.

“Você já provou? Realmente ele parece ser mais saudável! Já pude até sentir a diferença!” , minha amada dispara em minha defesa.

‘Ela é adorável...Eu já disse o quanto amo minha Quinn?’

“Se no fuera su novia, lo teria...argh! Debido a ella, mi Britt ahora también quieren que yo siga esta dieta loca! ¿Dónde has visto? Yo soy una Lopez y no una maldita Cullen!”, Santana resmungou dando as costas e desaparecendo pela sala de jantar, profanando o lugar com um arsenal de palavrões em espanhol. Acho que preciso aprender espanhol... Sei que metade do ela está falando nesse minuto deve ser no mínimo bastante inapropriado, mas soa tão bonito...

“Então…Você conseguiu me encontrar, huh?”, eu tinha que provocá-la.

Senti seus lábios roçarem brevemente em minha testa.

“Ouvi você me chamando...”, ela disse baixinho.

Sério?

“Sério?”, ergui o olhar buscando por uma confirmação e encontrei seu sorriso.

“Sério.”

“Oh Quinn!” Eu exclamei a abraçando. “Agora nós podemos fugir do mau humor da Santana sempre que necessário!”

“Eu ouvi isso!”, ouvimos Santana berrar lá de dentro.

“Um pouco de privacidade é pedir muito?”, berrei de volta.

“Quando vocês passam o dia todo tendo privacidade no quarto ao lado? É sim!!!”, foi a resposta dela e se Quinn não tivesse me segurado, pode ter certeza que eu já a estaria esgoelando nesse momento.

“Rach?”, Ela me chamou, me envolvendo mais uma vez em seu abraço.

As luzes da cidade brilhavam intensamente pelas ruas abaixo de nós. A confusão de letreiros em neons e painéis de LED escondiam as estrelas no céu e faziam da Lua mais um acessório em meio a bela loucura que compunha a paisagem da megalópole que nos cercava. Por alguns segundos eu quis estar deitada em nossa campina em Avignon. Abraçada junto a Quinn sob o manto estrelado refletido naquele céu abarrotado de pontinhos luminosos, que brilhavam tão profundamente que mais pareciam pulsar ao redor da Lua. Mas então meus olhos encontraram o olhar dela, e nenhuma luz nunca foi tão viva quanto o brilho presente naqueles olhos.

“Fique comigo.”, ela sussurrou junto ao meu rosto e o mundo deixou de existir para mim.

“Por toda a eternidade, meu amor. Por toda a eternidade...”, sussurrei de volta, beijando-lhe os lábios.

FIM


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada por me acompanharem até aqui com essa história.
Essa foi a primeira a ser concluída! Estarei trabalhando para organizar as outras! Abraços a todos! :)



Notas de tradução:

“The dawn always endues the most inspiring thoughts f'r the day. Will I not be right, Lady Rachel?” – O nascer do sol sempre traz os pensamentos mais inspiradores. Não estarei certo, Lady Rachel?”

“I can see ye are in a very good humour today, My Lady. To whom I shouldst send mine regals f'r being gift'd by such beautiful smile?” – “Posso ver que está com bom humor hoje, Minha Dama. A quem devo enviar minha gratidão por ser agraciado com um tão belo sorriso?”

“Thy words make me overflow with joy, mine lovely Lady. But I wilt not delude myself. That smile, which undoubtedly brightens the fields around us during our brief meetings, certainly dost not reflect the same splend'r capable of soften the teen of an eternity of darkness that seems to reach thy soul in my dearest daughter's presence.” – “Suas palavras fazem-me transbordar de alegria, minha adoravel Dama. Mas, não irei iludir-me. Esse sorriso, que sem dúvidas ilumina os campos ao nosso redor durante nossos breves encontros, certamente não reflete o mesmo esplendor capaz de amenizar a dor de uma eternidade de trevas que parece alcançar sua alma quando na presença de minha adorada filha.”

“I doth believe that our lesson will be delay'd.” – “Acredito que nossa lição de hoje será adiada.”

“Before thy departure, may I be honor'd with a song?” – “Antes de sua partida, posso ser honrado com uma canção?”

‘Thou wast all i ev'r want'd f'r her. Since the first moment.’ – “ Foste o que sempre quisera para ela. Desde o primeiro momento.”




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