Show me Forever escrita por danaandme


Capítulo 1
O que fez você demorar tanto?


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que muitos de vocês estão aguardando um upload em 'Minha' ou em 'A Intrépida Rachel Berry', mas eu já tinha esse material guardado, e como é provável que eu só vá conseguir terminar os próximos capítulos semana que vem... achei que esse seria um bom consolo. Me digam o que acham e se vocês gostarem, eu continuo postando. ;)



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Show me Forever

Capítulo 01 – Why took you so long?

Embora o mundo tenha mudado houve um tempo, - há muito tempo atrás, devo salientar, - que eu procurei pela paz de espirito em meio a eternidade. Agora, me resigno em ser apenas mais um rosto na multidão, vagando sem um motivo real para sentir qualquer tipo de paz.

Neste "Novo Mundo" não há tempo a perder, os dias são rápidos e as pessoas parecem não se importar se a suas vidas os conduzem ao nada. Há anos observo como eles evitam uns aos outros, sempre ocupando-se em reuniões vazias, ou com momentos de frivolidade. Relacionamentos descartáveis, conversas superficiais e sem proposito. Os novos tempos podem ter trazido o avanço tecnológico, mas acabaram sendo mais eficientes em massacrar a alma humana.

Consumismo, jornadas de trabalho extenuantes, mundo virtual, feriados sem significado real. A humanidade está dessensibilizada diante de todas suas novas manias e necessidades. Eles perdem o pouco tempo que têm para serem felizes. Se eu ainda fosse um deles, preferiria morrer do que desaparecer neste vácuo de vida que as pessoas de hoje em dia criaram em volta de si mesmas. O tempo passa e eles morrem, sem nem ao menos terem vivido.

Oh não, não me entenda mal. Eu não tenho nenhum apreço por nenhum deles. Tenho inveja. Apesar de tudo, eles acreditam que possuem motivos para seguir em frente. Quer dizer, mesmo em meio a tanta superficialidade, eles ainda acham que existe um significado para sua existência, e quando não, até mesmo a mais atormentada das almas, encontra seu conforto na morte.

Já minha existência é desprovida de qualquer esperança. Até minha inscrição para o RIPcard foi permanentemente vetada.

É uma noite chuvosa. Em noites assim, a chuva faz com que os letreiros luminosos da Broadway brilhem turvos em meio a nevoa quente que escapa pelas fendas das pesadas tampas dos bueiros, dando a ilusão de que algo lá em baixo está fervendo. Posso dizer que também é uma noite muito fria para estar fora de casa, mesmo se você for um verdadeiro nova-iorquino. As ruas estão um tanto vazias e as poucas almas corajosas que decidiram deixar a segurança de seu lares, se agitam pela calçada em meio guarda-chuvas – improvisados ou não -, usando o maior número de casacos e luvas que puderam colocar sobre si.

Eu ajeito a gola do meu trench coat quando um casal apressado esbarra em meu ombro, na saída de um bistrô italiano. Eles se desculpam imediatamente e seguem seu caminho abraçados. Um pequeno grupo de rapazes que está na fila da entrada olha em minha direção. ‘Está frio aí fora, gata. Que tal entrar um pouco?’

Oh, isso seria interessante.

Algumas pessoas não enxergam o perigo, ao menos que esse perigo seja uma arma apontada para sua cabeça.

Não dou atenção aos apelos e aos assovios que se seguem. Apesar de ser irônico aquecer um corpo gélido como o meu, esfrego uma mão na outra e as enfio nos bolsos do casaco. Meu último desejo é chamar atenção desnecessária, por arrancar os corações de alguns idiotas bem meio da rua.

‘Sim, isso seria exatamente o tipo de reação que eu teria há algumas décadas, mas algo mudou.’ Não, não é nada como uma crise de consciência ou um súbito de humanidade. Eu sei exatamente o que sou e aceito meu destino. Embora eu não tenha desejado, não posso dizer que eu não procurei por isso. Aquela menina que um dia teve um coração quente em seu peito não existe mais. Seu lugar foi cedido a uma aberração amaldiçoada a caminhar por esse mundo por toda a eternidade, na forma de algo sem alma, sem vida. Um monstro hediondo e sanguinário.

Um vampiro.

Talvez, o único pensamento feliz que eu tenha olhando para esses seres inferiores, é que eles poderiam morrer sem nem ao menos acreditar que algo como eu realmente existe. Eu poderia gritar no meio da Times Square, que eles não acreditariam numa única palavra que eu dissesse. Porque hoje em dia, eu sou um mito, uma fantasia, um best-seller. Alguém que sofre por amor e brilha na luz do sol.

Meu pai costumava dizer que nascemos em pecado, e eu ainda lembro de não acreditar em uma palavra do que ele pregava. Bem, os jovens cometem erros, mas eu posso garantir que extrapolei todos os limites.

'Você obteve sucesso em se tornar a abominação que você sempre quis ser, Lucy Quinn. Você não é mais minha filha. Deixe essa casa, Demônio! Em nome do Senhor, eu ordeno!'

Ele sempre foi um homem de muitas palavras, mas naquela noite ele pronunciou as últimas palavras de sua vida. Certo ou errado, ele já havia me condenado a viver no pecado muito antes que eu me tornasse um monstro. Pode parecer repugnante, mas este é o único pecado de que não me arrependo .

Só que as vezes não posso evitar de imaginar o que ele diria se pudesse me ver agora? Sua filha pecadora, a sua algoz, torturada por seus demônios interiores, lutando contra a sede de sangue que chega a consumir todos os sentidos. O mesmo monstro que matou seu próprio pai, agora reza pelas almas de suas vítimas.

Para mim, sobreviver significa matar. Através dos anos eu tentei viver de outras maneiras, mas isso é algo que não pode ser desfeito. É a regra principal da minha existência miserável. E eu preciso disso mais do que você pode imaginar.

Não é apenas se alimentar.

Quando sinto a vida da minha vítima fluindo através de seu sangue para mim, me sinto conectada a vida de novo. É emocionante de uma forma única. Mas, em seguida, vem o arrependimento, desespero, o desgosto.

Houve um tempo em que eu não me importava com o que estava fazendo, ou quantas vidas tirava. Porque esses momentos de puro prazer eram mais importantes do que qualquer coisa para mim. Agora, me afasto, tentando não senti-los enquanto sugo suas vidas. Porque no final, a única sensação que resta é a da morte.

Eu adio este momentos o tanto quanto posso. Dessa forma, quando chega a hora, já não consigo me concentrar em mais nada que não sejam as minhas necessidades. Daí então, a besta assume o controle.

'Estou com sede.’

A chuva começa a cair mais forte e decido tomar o caminho do metrô.

Uma das comodidades da vida em Nova York, é ter a disposição um menu completo de idiotas que, aparentemente, não dão a mínima para a própria vida.

Hoje eu nem preciso esperar.

Que tipo de pessoa com algum senso de autopreservação estaria às 3:00 AM, sozinha numa estação de metrô inteiramente deserta? Se isso não é algum tipo de suicídio eu não sei exatamente do que se trata, porque até mesmo um esquizofrênico seria mais cuidadoso.

'Desculpe minha querida, mas você está no lugar errado, na hora errada.'

A pequena morena estava sentada há alguns metros de distância, numa das fileiras de cadeiras que ficavam próximas as máquinas automáticas de bebidas e doces, completamente desprotegida e de costas para o mais feroz e frio predador que já existiu:

Eu.

‘Ela até parece uma boneca de tão pequena e frágil.’ Até duvido que ela tenha sangue suficiente para saciar minha sede. Provavelmente seria melhor encontrar outro alguém... mas, novamente, eu estou com fome e ela já está aqui.

‘Além de que, ela também é bonita demais para seu próprio bem.’

O que posso fazer? Gosto de garotas bonitas. E se a única maneira de sentir-me tortuosamente viva novamente, é sugando o sangue da garganta de alguém, eu prefiro que seja uma garota bonita que me traga esses segundos de prazer.

Além disso, se por algum acaso ela se fizer de difícil, é mais fácil tentar seduzir alguém por quem eu realmente me sinta atraída, do que apelar para os meus poderes para conseguir o que eu quero. Não que eu não seja atraente. Tenho plena confiança na minha aparência física. A julgar por todos aqueles que morreram em meus braços, posso garantir que todos eles realmente gostaram do último rosto que viram.

Espere um minuto... ‘Ela está chorando?' Sim, está. Posso ver as lágrimas descendo por suas bochechas e seu pequeno corpo tremendo enquanto ela soluça baixinho.

Se eu não tivesse a absoluta certeza de que não tenho um coração batendo no meu peito, eu ficaria muito preocupada com a minha saúde mental, porque esse sentimento estranho que percorreu meu corpo frio e sem vida, não pode ter sido o que eu achei que fosse.

Num piscar de olhos estou atrás dela. ‘Ela tem cheiro de morangos e de chuva.’ E eu não posso explicar esse sentimento estranho que esta se espalhando em mim.

‘Ela é apenas comida, Fabray. Não confunda as coisas, alimente-se.' Então me inclinei um pouco na direção dela.

‘Ela nem mesmo notou minha presença! Como ela pode ser tão descuidada? E por que ela está chorando?'

De repente, a garota se virou ficando de frente para mim. Seus olhos castanhos eram quentes e gentis, em comparação aos meus olhos cor avelã, já desprovidos de qualquer sentimento acolhedor. No instante que nossos olhares se cruzaram, algo pareceu quebrar dentro de mim.

Tive vontade de toma-la em meus braços e fazê-la minha. O ímpeto de destruir qualquer que fosse o motivo que causou suas lágrimas pareceu dominar minha mente.

As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse pará-las.

"Quem é você?"

Ela enxugou as lágrimas com as costas das mãos. Seus olhos cor de chocolate me mantinham cativa assistindo um sorriso tímido e gracioso adornar suas feições perfeitas. Seu olhar, embora frágil e melancólico, era profundo e envolvente. Pela primeira vez em séculos eu não sabia o que fazer.

"O que fez você demorar tanto?" Foi tudo o que ela disse, com uma voz suave cheia de alívio.

Mas ela não me deu chance alguma de responder, ou de assimilar o que estava acontecendo. No momento seguinte, ela se jogou em meus braços chorando e implorando.

"Por favor, me mate."


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Notas finais do capítulo

É isso ai, vale a pena continuar?



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