E depois de algum tempo sem ver nada em volta, eles foram interrompidos pelos paramédicos.
– Acho que eles querem me levar para o hospital. – disse Jane, apontando seus paramédicos.
– Acho que querem me levar também. – disse Lisbon, apontando os dela.
– Bem, provavelmente nos levarão para o mesmo lugar e vão nos liberar quase juntos. Quando a gente sair de lá, vamos para minha casa.
– Tá. – Lisbon respondeu, sorrindo.
Eles se beijaram mais uma vez e depois se afastaram, com um sorriso enorme nos rostos.

Ficaram só em observação e já era de manhã quando os dois receberam alta. Alguém tinha levado os carros para eles e eles foram para a casa de Jane.
Entraram e recomeçaram os beijos interrompidos de antes. E os beijos reprimidos em anos. E todo o desejo agora revelado, nunca mais seria escondido.
Algumas horas depois, deitados na cama, Lisbon com a cabeça no peito de Jane, fazia pequenos círculos com o dedo no peito dele. Jane acariciava as costas de Lisbon.
– Eu tive tanto medo de que ele pudesse estar te machucando... Eu nunca suportaria te perder. – Jane disse, finalmente.
– E eu senti tanta raiva por ele estar te causando tanta dor, mesmo depois de morto. Eu estava te vendo o tempo todo em uma tela e não estava suportando ver aquela dor de volta ao seu rosto.
– Shhh... Calma... Já passou... – ele disse, acariciando o cabelo dela e dando um beijo no alto da cabeça dela.
– E Pike, aquele maldito, me infernizando o tempo todo.
– Eu nunca desconfiei de Pike. Eu tinha certeza de que ele era uma boa pessoa.
– Estou me sentindo mal por ter acreditado nele. – depois ela levantou a cabeça, sorrindo, e olhou para Jane - Mas quer saber de uma coisa? Antes de se revelar como membro da Associação, segundos antes de me sequestrar, Marcus me fez acreditar que ia me fazer um pedido de casamento. E, acreditando nisso, eu já estava pensando em como responderia “não” a ele.
– Fico feliz em saber disso. – Jane respondeu, sorrindo. – Saber que não havia chance de você ser dele para sempre. E agora você é minha, Teresa, para sempre.
– Para sempre. – ela repetiu e se beijaram.
Estavam começando a esquentar de novo, quando Jane parou. Parou, se sentou na cama, tirou a aliança, se virou e a colocou em uma gaveta do criado-mudo. Depois se virou para Lisbon de novo e disse, sério:
– Acho que isso vai parecer desnecessário agora, depois de tudo que já fizemos e passamos, mas tenho que te fazer uma pergunta. – ele pegou a mão dela entre as suas e sorriu, carinhoso – Teresa, quer namorar comigo?
– É claro que eu quero, Patrick! – ela respondeu, sorrindo, voltando a beijá-lo e continuando o que já haviam começado.

Eles ficaram dentro daquela casa o dia todo, já que não tinham que ir trabalhar por “recomendações médicas”. Não que tenham descansado, como o médico havia mandado, mas quem se importa.
No dia sequinte, foram para o FBI.
Tiveram que dar seus depoimentos, para arquivo apenas, porque os culpados já haviam confessado.
Cho também estava lá para dar o próprio depoimento. Ele e Kim já não escondiam mais que estavam juntos, afinal estavam namorando oficialmente agora. Estavam felizes.
Vendo os dois de longe, Jane comentou com Lisbon:
– Viu? Eu disse que eles estavam juntos.
– Mas eu também tinha desconfiado deles!
– É, tinha. Ah!! E quer dizer que ele sabia da nossa música?
– É. Quem diria... Nós dois, nosso amor, salvo pelo sequestro de Cho.
– Talvez tivéssemos acordado sem isso, mas obrigado, Cho! Haha Mas eu não imaginava que ele tivesse visto.
– E nem eu. Será que ele já se lembra do que perguntaram a ele?
– Não sei. Talvez ele já tenha se lembrado e, talvez, ele nunca irá se lembrar. Mas eu fico agradecido por ele ter dito o que sabia. – ele concluiu, sorrindo apaixonado para Lisbon.
Então Abbott pigarreou, chamando a atenção de todos, que se juntaram perto de onde ele estava.
– Bem, eu gostaria de parabenizar toda a equipe pelo ótimo trabalho feito para encontrar nossos dois agentes e consultor sequestrados. Quero agradecer, inclusive, aos sequestrados, que ajudaram enquanto estavam aqui, bem, conosco. E dizer que todos nós estamos muito felizes por vocês estarem a salvo agora.
Cho, Lisbon e Jane agradeceram a Abbott e a equipe por terem se preocupado com eles. E Jane concluiu:
– E espero não ter que ajudar a encontrar nenhum de vocês!
Todos riram, desejando o mesmo e Jane continuou, sério:
– Mas, se precisar, nós os encontraremos.
Todos agradeceram com gestos de cabeça e Abbott voltou a falar.
– Bem, é isso. Vocês estão dispensados, por enquanto. – e depois se afastou.
Kim se aproximou de Lisbon e perguntou:
– Você está bem? Eu digo, isso do Pike estar conspirando contra vocês o tempo todo, deve ser péssimo!
– É ruim sim, mas eu estou bem. – ela respondeu sorrindo, na direção de Jane, que estava mais distante, falando com Cho.
Kim, percebendo, falou empolgada:
– Finalmente!!
– Ahn? Finalmente o que? – disse Lisbon, desentendida.
– Você e Jane. Já não era sem tempo!
Lisbon sorriu envergonhada e perguntou:
– Você sabia de nós dois e nós não?
– Acho que todo mundo sabia o que vocês sentiam. Menos vocês dois!
– Eu o amo. E agora não vou mais fingir que não. Não sei como demorei tanto para perceber isso!
– Fico feliz por vocês.
– E você e Cho? Ninguém nunca desconfiou. Isso é, até você ficar desesperada com o sequestro dele.
– É, nós conseguimos fingir, mas agora não dá mais. Eu o amo. Nós nos amamos. E eu estou muito bem com isso.
– Também fico feliz por vocês.

Ali do lado, Jane falava para Cho:
– Que bom que você está bem, cara. Fiquei preocupado demais. Me desculpe, ele fez isso para me atingir.
– Já passou, Jane, eu estou bem, você está bem e ele está morto. Red John não vai mais voltar.
– Assim espero. E, você e Kim, hãn?! Nem eu desconfiei!
Cho meio que sorriu e disse:
– Não precisa ninguém mais ter que desconfiar ou não. Agora estamos mesmo namorando e acho que vai ser por muito tempo. Eu a amo muito.
– É bom te ver sorrindo. É bom te ver feliz.
Depois de alguns instantes de silêncio, Cho continuou:
– E você e Lisbon? Que demora, cara!
– Acho que eu não queria assumir que eu sabia que a amava. Eu tinha medo. Mas o medo de amar acabou quando eu tive medo de perdê-la.
– Estou feliz por vocês. E estou feliz por ver que é mesmo sério. Você tirou sua aliança!
Jane estendeu a mão esquerda vazia e a olhou. Depois olhou para Lisbon, sorriu e a puxou para perto dele, a abraçando. Pensou em tudo que já havia perdido na vida: sua esposa, sua filha e todas as chances de voltar a ser feliz em vários anos, buscando por vingança. E via sua vida agora, em uma cidade nova, um emprego novo e um novo amor – que não era tão novo assim, ele percebia agora. Pensou em como Red John havia destruído sua vida e, por essa destruição, ele ter encontrado Teresa Lisbon. E, ainda por culpa de Red John, ele ter deixado seus sentimentos por ela aflorarem, deixarem de ficar escondidos dele mesmo. E, ainda sorrindo, Jane disse:
– Estou recomeçando. Estou, finalmente, recomeçando.

FIM