Flashback on

–Dra. Brennan! Ouvi que você indicou outra pessoa para chefiar as escavações, por quê?

–É um assunto pessoal. – disse ela, fechando melhor o casaco leve que usava – O Dr. Thompsom é muito competente. Não tanto quanto eu, mas tenho certeza que fará um ótimo serviço.

–Você vai voltar para Washington?

–Não, pretendo ir a outro lugar.

–Que pena, ia pedir para você entregar algo a Lance. Estive pensando em voltar mais cedo, mas quero tanto acompanhar essa escavação até o fim. Isso é o que você faria, não é? – perguntou ela, com expectativa.

–Não sou a pessoa ideal para responder a isso, – respondeu Brennan, saindo.

Flashback off

–O que você está fazendo aqui?

–Também é bom te ver, filha. – disse Max, dando um abraço esmagador de costelas em Brennan – Um ano fora e é assim que me recebe?

–Você ficou quinze anos sumido e quando voltou se disfarçou de padre! Nem me contou que era você!

Max suspirou, erguendo as mãos em rendição. Ela o deixou entrar, fechando a porta.

–Só não esperava vê-lo aqui. Não faz muito tempo que cheguei.

–A culpa é sua por não mandar notícias por tanto tempo. Estava pensando que você ia ficar por mais tempo lá.

Ela baixou os olhos. Se não fosse por seu menino, por Booth, teria ficado mais tempo.

–Eu vi as notícias no jornal, Tempe. Foi incrível o que sua equipe descobriu. Só não entendi por que o chefe da equipe mudou depois de alguns meses.

–Eu pedi pela substituição. – confessou ela. Sabia que, agora que voltara, teria que dar a notícia para todos. Só não achava justo que tivesse que dar para seu pai antes de dar para Booth. Bom, Angela, Hodgins e Cam invariavelmente já sabiam.

–Eu achei que não seria sensato continuar nas escavações com um bebê a caminho.

–Um bebê? – ele a mirou, surpreso por alguns segundos, então desceu os olhos para o ventre da filha. – Você está grávida?

–Verão.

Ele a encarou sem entender e Brennan foi até a sala, esperando que ele o seguisse. O bebê conforto de Nicholas estava na poltrona virada para a parede, por isso não era possível ver do hall.

–Tempe, o que está tentando me dizer? – disse Max, seguindo a filha sem deixar de olhá-la de forma preocupada – Você não iria...

Ela parou, mirando o sofá e esperando a reação dele. Ele se calou momentaneamente. Sua expressão era difícil de ler, as sobrancelhas juntas, a boca ligeiramente aberta.

–Tempe, eu não... – disse ele depois de um tempo, olhando do bebê para a filha - Você teve um bebê lá? Sozinha?

–Por que o espanto? Sei muito bem como me cuidar.

–Esse tipo de coisa a gente conta, filha... – disse ele, como se ensinasse algo óbvio a uma criança - A gente compartilha... meu Deus, eu tenho um neto!

–Você tem duas netas.

–Não é a mesma coisa, Tempe. – ele a mirou, e ela pôde notar um brilho em seus olhos, como se ele estivesse a ponto de chorar – Eu amo a Haley e a Emma, elas são minhas netas. Mas acompanhar um desde o início... e um filho seu, Tempe.

Ele se sentou no sofá delicadamente, pegando a mãozinha entre as suas. Agora que estava alimentado, o menino dormiria pelas próximas horas. O que a lembrava de uma coisa.

–Você pode olhar o Nicholas para mim um pouco? Tenho um compromisso.

Um compromisso pelo qual ela havia esperado um ano. A princípio pensara em levar o bebê junto, afinal, Booth teria que conhecê-lo. Mas havia visto que a reação à notícia era menos gritante se apresentada aos poucos. E já que Max estava ali...

–Esse é o nome dele, hã? Nicholas Brennan.

–Na verdade o nome inteiro não está totalmente decidido... eu tenho que acertar os papéis com a embaixada, mas pensei em deixar Brennan como nome do meio.

–Você ainda não falou com ele, não é?

–Com quem? – perguntou ela inocentemente, vestindo seu casaco.

–Booth. Com quem mais seria?

–Eu preciso sair. Tem algum problema você olhar ele um pouquinho? Eu ligaria para a Angela, mas ela acabou de sair daqui...

Max sorriu serenamente.

–Não, Tempe. Nenhum.

–Tem fraldas limpas naquela sacola. Você ainda se lembra como trocar uma fralda, não é? E ele não deve acordar pelas próximas quatro horas, mas se acordar, tem uma mamadeira reserva de leite que eu deixo preparada, está na geladeira. Qualquer coisa, qualquer coisa, é só me ligar que eu venho. São só cinco minutos daqui até lá, então eu venho rápido.

–Tempe, pode ir.

Ela mirou o pai, tentando se lembrar de mais alguma recomendação de última hora. Não estava costumada a se separar de Nicholas, quando realmente precisava fazê-lo na Indonésia, Fariza olhava por ele, mas ela nunca ficava longe mais que uma hora.

Ela se aproximou da cadeirinha, se inclinando e acariciando a bochecha do bebê. Então se levantou, repetindo para o pai que qualquer coisa era só ligar.

Flashback em

Sentada na tranqüilidade do chalé Brennan refletia sobre sua vida. Ela havia falado para Booth que estava cansada daquilo tudo. Assassinatos, investigações, arriscar a vida. Um dos fatos que a levara a perceber aquilo era que estava constantemente preocupada. Se seu celular tocava à noite, ela imaginava que poderiam ser notícias ruins. Ela pensava no parceiro a todo instante, onde ele havia ido, o que estava fazendo. E se não recebia notícias por algum tempo, começava a se preocupar.

Ela não estava mais em Washington. Ela não investigava mais assassinatos. Ela não precisava mais se preocupar se alguma das pessoas que ajudara a prender iria querer vingança.

Mas ela ainda se preocupava.

E naquele momento ela percebeu que nunca deixaria de se preocupar com ele.

Flashback off

Continua...