Lei da Paixão escrita por Bia Flor Escritora


Capítulo 61
Conversa entre Nora e Sogra


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo para vocês! E volto a dizer que a fanfic que aproxima da reta final.
Espero que gostem!!!!



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Dizer que Sara havia telefonado para sua sogra surda poderia parecer estranho, mas não era. A perita morena de fato ligou e falou com a genitora de Grissom, seu marido, pedindo-lhe que viesse auxiliá-la com os cuidados de seus meninos. Não havia falado com ela no sentido literal da palavra, entretanto, Sara e Elizabeth Grissom estabeleceram sim, um diálogo.

Tal feito somente foi possível graças à tecnologia. O telefone fixo da casa de dona Beth era conectado a um pequeno aparelho que se assemelhava muito a uma pequena tela de tablete com teclado, cujo qual após uma chamada, ela atendia o fone e digitava a saudação. Uma espécie de telefonista intermediava a chamada, transmitindo a mensagem para a pessoa que efetuou a ligação. O receptor falava o que desejava e a telefonista fazia o inverso, digitando a mensagem para a deficiente auditiva e assim por diante. Dessa forma, Dona Beth estabelecia contato com o mundo externo. Contava com um recurso a mais além da língua de sinais. E foi dessa forma que ela e Sara se falaram por telefone.

Grissom estava perplexo com a presença de sua mãe em sua casa. Ela definitivamente era a última pessoa que ele esperava ver naquele momento tão especial que sua família vivia. Sentiu-se traído por sua esposa ter agido pelas suas costas, à surdina. Como ela pudera fazer aquilo? Como tivera coragem de chamar sua mãe, quando sabia que ele ainda estava extremamente magoado com sua genitora? Ele não tinha esse direito! Chamou-a a um canto e falou:

— Como você pôde convidá-la para nossa casa sem me avisar Sara? – ele perguntou ainda incrédulo, sentindo-se injustiçado, apontando para a mãe.

— Da mesma forma que você a convidou sem informar-me a primeira vez Gil – ela respondeu.

— Mas eu te avisei! – ele insistiu elevando a voz.

— Apenas quando ela já estava prestes a chegar – Sara retrucou, colocando as mãos na cintura, enfrentando-o.

— Isso é uma vingança, senhora Grissom? Você fez isso por vingança?

— Não, não foi, nem é por vingança Gil! E já chega! Podemos falar sobre isso depois – ela pôs um ponto final na conversa.

Beth Grissom apenas observava aquela discussão, sem nada entender. Sim, ela sabia que aquilo era uma discussão entre seu filho e sua nora. Tinha a ligeira impressão de que era por sua causa. Ainda que fosse surda, não era burra, portanto sabia quando duas pessoas brigavam. E este era o caso de Gil e Sara.

A dona da casa voltou seu olhar para onde sua sogra estava e disse:

— Venha, dona Beth! Venha conhecer seus netos – ela sinalizou para a hóspede.

Ela tomou sob as suas as mãos da sogra e guiou-a ao quarto dos garotos. Como Sara ainda não dominava muito bem a linguagem de sinais, tampouco queria a presença de seu marido durante a conversa que teria com Beth, resolveu colocar plaquinhas nos berços das crianças com seus respectivos nomes. Ela mostrou os bebês que dormiam calmamente – por incrível que pudesse parecer! – e a primeira senhora Grissom emocionou-se.

Elizabeth pegou a mão de Sara e levou-a para o quarto da perita. Ela queria conversar. A bem da verdade, precisavam conversar. Precisavam esclarecer alguns fatos.

Conversar não seria bem a palavra, entretanto, as duas senhoras Grissom sabiam que necessitavam por os pingos nos is e nenhuma das duas queriam a presença do dono da casa presenciando aquela conferência. De modo quase que combinado, elas optaram por se comunicarem através da escrita. Foi dona Beth quem começou.

— Os meninos são a cara de Gilbert quando ele era bebê – escreveu a mais velha tentando quebrar o gelo.

— Sabe, isso não é justo! A gente carrega os filhos no ventre por nove meses, no meu caso sete, para eles nascerem com a cara do pai – escreveu Sara.

As duas riram. Logo o semblante de Beth tornou-se sério. Precisava esclarecer suas dúvidas.

— O que foi aquela briga agora a pouco? – quis saber sua sogra.

— Não estávamos brigando – mentiu a perita.

— Não minta para mim Sara! Respeite meus cabelos brancos. Sou velha e surda, porém não sou burra. Conheço quando duas pessoas brigam. Já fui casada. Ainda me lembro como era discutir com meu marido.

Sara suspirou resignada. Não havia outra solução. Escreveu em resposta:

— Tudo bem! A verdade então. Estamos separados.

Beth Grissom espantou-se Por isso ela não esperava.

— Separados?

— Sim. Separados.

­— Vocês estão separados e a culpa foi minha!

— Não, não foi culpa sua. Se estamos separados é porque Gil e eu não damos certo juntos. Você tinha razão. Eu não sirvo para o Gil.

— Sara, minha querida, não queira eximir-me da culpa que sei que tenho. Não tenho palavras para expressar o quanto lamento pelo sofrimento que lhe causei, Sara. Na primeira vez em que estive aqui eu a tratei muito mal. Pensei que estivesse fazendo o melhor para o meu filho. Hoje vejo quanto me enganei. Hoje consigo perceber que ter trazido Beatrice comigo foi um erro. Eu não sabia que ela era uma louca. Sabia apenas que ela gostava de Gilbert, contudo, nunca poderia imaginar que ela fosse uma psicopata.

Sara nada comentou sobre o que sua sogra havia acabado de escrever, apenas colocou sua mão sobre a da mulher mais velha num gesto que transmitia um “tudo bem, eu entendo”. A idosa continuou:

— Me sinto profundamente culpada porque fui eu quem de certa forma alimentou a obsessão de Bia por Gil. Se eu não tivesse colocado aquelas ideias na cabeça dela...

Beth parou um pouco de escrever para enxugar as lágrimas que corriam por sua face. Era perceptível e genuína sua tristeza.

— Por minha culpa poderia ter acontecido uma tragédia com você e meus netos. Não sei se algum dia você será capaz de me perdoar Sara. Você tem todo direito de me odiar, porém lhe serei eternamente grata pela oportunidade que você me proporcionou de conhecer meus netos. Eu compreenderia se você me negasse a chance de conhecê-los.

Sem palavras a jovem mãe abraçou carinhosamente sua sogra. Desfez o abraço para em seguida responder.

— A senhora está aqui, não está? Eu a perdoo dona Beth. Eu já a perdoei há algum tempo. Hoje entendo que o que a senhora fez foi pela felicidade de seu filho.

Sara olhou para os próprios filhos que ainda dormiam sossegadamente.

— Agora que tenho meus próprios filhos sei exatamente o que a senhora sentiu. Eu seria capaz de qualquer de fazer qualquer coisa por eles. Qualquer coisa.

Elas deixaram papel e caneta de lado por um instante e abraçaram-se novamente emocionadas, selando um acordo de paz entre elas. Começava ali um novo relacionamento pautado no respeito, na confiança e cumplicidade. Sentia que agora podia confiar em sua sogra. Ela havia sido verdadeira.

— A senhora deve estar cansada da viagem – Sara voltou a escrever.

— Sim, estou – ela respondeu.

— A senhora pode dormir aqui no quarto comigo, se quiser... – Sara convidou-a.

— O que? E atrapalhar você e Gilbert fazerem as pazes? De jeito nenhum! Um colchão para mim no quarto dos meus netos está de bom tamanho. Assim posso ficar bem pertinho deles. Ah e não se preocupe, caso eles chorem, eu estou usando aparelho auditivo – Beth mostrou o aparelho – Não me permite ouvir tudo, porém o choro dos meus netos serei capaz de ouvir – ela sorriu.

— Mas dona Beth... – Sara tentou contrapor.

— Não adianta discutir. Dormirei no quarto dos meninos.

Sara não teve respostas para todos aqueles argumentos. Fora vencida pela sogra. Achou melhor não comentar com a genitora de Grissom que eles certamente não fariam as pazes.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Leia, comente, favorite, recomende. Faça uma autora feliz! :)
PS: eu sei que vocês querem muito a reconciliação de Sara e Grissom, mas a demora tem um propósito. E prometo que vocês serão recompensados...
Até o próximo capítulo! Beijinhos da Bia!!



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