Lei da Paixão escrita por Bia Flor Escritora


Capítulo 25
A Traição


Notas iniciais do capítulo

Agradeço os comentários de vocês, eles me inspiram a continuar a escrever



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Ela estava paralisada. Não! Definitivamente aquilo não estava acontecendo. Certamente se tratava de um terrível pesadelo do qual ela logo despertaria. Ela se recusava a acreditar que Gil pudesse ser tão inescrupuloso e insensível a ponto de traí-la. Não era de sua índole agir dessa maneira, no entanto era incontestável a cena que presenciara. E ainda tinha uma testemunha.

Ainda que seu casamento não fosse verdadeiro, para todos os efeitos, para todos os seus amigos, ele era real. Sentia-se duplamente traída, pois se esforçara bastante para fazer com que seus amigos acreditassem que o matrimônio era para valer. Até inventaram uma história de como havia sido a cerimônia! Então Gil pudera agir daquela forma tão desprezível no ambiente de trabalho deles? Acaso achava que não poderia ser flagrado por qualquer um de seus companheiros? E o pior de tudo: como ele tivera a coragem de traí-la justamente com Beatrice Williams? Não que se fosse com outra mulher ela aceitaria, longe disso. Ela jamais aceitaria ou perdoaria uma traição. Mas a mulher em questão era seu desafeto.

Cega de raiva avançou um passo com a intenção de tirar aquela vagabunda de cima de seu marido. Estava furiosa. E por que esconder? Estava também morrendo de ciúmes. No entanto isso ele não precisava saber. Talvez fosse exatamente por isso que estivesse tão furiosa. Porque ela amava Gilbert Grissom mais que a si mesma.

Cath a impediu executar seu plano, segurando seu braço, detendo-a e fazendo-a permanecer onde estava. E em um diálogo mudo, advertiu-a de que o que ela pretendia fazer não era o mais adequado. Dessa forma, retrocederam alguns passos e fecharam a porta do escritório cuidadosamente de maneira que os protagonistas daquele espetáculo de horrores não pudessem notar que alguém estivera ali. Não seria ela a estragar o segredinho sujo deles. Pelo menos não agora. Seguiram silenciosamente para a sala de conveniência, onde por coincidência ou não, não havia ninguém. Assim, Sara pôde enfim extravasar sua raiva:

— Filho da mãe! – ela gritou andando nervosamente pela sala de um lado para o outro – Ele não podia fazer isso comigo! Não podia! Ele não tinha esse direito!

— Respire Sara! Acalme-se! – Catherine tentou acalmá-la – Estamos no nosso local de trabalho e talvez tenha sido tudo um mal entendido...

— Um mal entendido? Aquilo absolutamente não foi um mal entendido! Foi algo muito bem planejado!

— O Grissom deve ter alguma explicação, Sara. Ele não faria uma coisa dessas. Não faz parte do perfil dele...

— As aparências enganam – comentou Sara amargamente – Não quero saber o que ele tem a me dizer.

— Além disso, não confio naquela Bia. Ela é capaz de ter forjado esse beijo...

— Não adianta querer defendê-lo Cath. Sei que ele é seu amigo. Quando um não quer, dois não brigam. Tenho certeza de que foi consentido... – Sara falou ainda mais amargamente.

— Tudo bem. Você é quem sabe! – argumentou Cath levantando os braços em sinal de rendição – Mas posso te dar um conselho?

— Adianta eu falar que não? – indagou Sara com cara de poucos amigos.

— Não. Dou o conselho mesmo assim – Cath suspirou profundamente e continuou – Não desista de seu casamento no primeiro obstáculo que aparecer. Eles sempre existirão. Isso é a beleza do relacionamento. Porém cabe a vocês saberem driblar as adversidades, saberem transformar algo que é maligno em benigno. Venha, coloque um sorriso no rosto, faça de conta de que nada aconteceu, pelo menos por enquanto, e vamos terminar nosso caso.

–o-

Ele recobrou a consciência de súbito como em um momento estivesse imerso em águas profundas e logo tivesse emergido, conseguindo assim respirar. Lembrou de que estava no Laboratório, em seu ambiente de trabalho e que uma louca o havia agarrado. Pelo menos ninguém os vira! Pelo menos isso. Principalmente sua esposa.

Reuniu todas suas forças e a afastou de si. Se alguém chegasse ali naquele momento, poderia causar-lhe sérios problemas. Os administrativos seriam os de menos.

— Você está louca menina? – ele perguntou indignado.

— Me perdoe senhor Grissom! Não sei o que deu em mim... – Bia fingiu-se arrependida.

— Eu devia te dar uma advertência... – ele a ameaçou.

— Por favor, não senhor Grissom, não me dê uma advertência... – Bia choramingou.

— Mas como não é seu dia de trabalho eu não posso! Infelizmente! E se fôssemos pegos? Você pensou nas consequências? Isso poderia nos render sérios problemas – ele falou exasperado.

— Sinto muito! Isso não se repetirá – ela prometeu.

— E saia logo daqui, antes que eu me arrependa! – ele a ameaçou novamente.

Beatrice deixou o escritório de Grissom com cara de quem estava arrependida, no entanto, quando se viu longe dos olhos do supervisor, abriu um sorriso de uma orelha a outra. Não sabia quem os havia pegado, entretanto, ela sabia que a notícia não tradaria a chegar aos ouvidos de Sara.

Grissom ainda permaneceu sentado em sua poltrona, rezando para que Sara não descobrisse o que havia acontecido naquela sala.

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O resto do expediente passou sem qualquer problema. As duas equipes conseguiram solucionar seus casos sem encontrar barreiras. Assim que tudo estava concluído e o turno se encerrou, Sara dirigiu-se a Cath:

— Ei, Cath! Você poderia me dar uma carona? Sabe... – ela hesitou um pouco, mas prosseguiu – Não quero ir com o Gil. Não sei se vou conseguir olhar na cara dele depois disso. Também não sei o que eu faria com ele agora. Minha vontade é de matá-lo juntamente com aquelazinha – ela desabafou – estou sem cabeça para confrontá-lo. Preciso pensar.

— Tudo bem eu te levo – concordou a perita loura.

E seguiram para a casa de Sara. Como uma boa e compreensiva amiga, Catherine não tocou no assunto Gil e Bia e fizeram portanto todo o trajeto no mais absoluto silêncio.

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Ele não conseguia entender porque ela não voltara para casa com ele. Devia haver uma explicação. Quando fora procurá-la para voltarem juntos, recebeu surpreso a notícia de que ela já havia partido com Catherine. Chegou a casa e foi direto para o seu quarto. Precisava vê-la.

— Querida, cheguei! Você nem me esperou para que voltássemos juntos.

Ela não respondeu. Permaneceu calada.

— O que é isso? – indagou curioso quando percebeu que ela preparava um leito no chão.

— O que você está vendo – ela respondeu seca – É aqui você vai dormir de hoje em diante.

— Não vou dormir aqui – ele contrapôs – Dormirei na nossa cama.

— Não ouse pensar que eu dividirei a mesma cama que você! Você dormirá no chão e pronto! – ela argumentou.

— Sara, você quer me dizer o que eu fiz para você me tratar assim? – ele perguntou aflito. De um momento para outro ela estava fria com ele. O pequeno e significativo avanço que eles haviam dado no relacionamento, havia regredido.

— Você sabe muito bem, senhor Grissom – ela falou exasperada.

— Não sei do que você está falando Sara...

— Ah! Não sabe? Talvez você devesse procurar a senhorita Bia e convidá-la para sair, já que vocês estavam tão íntimos – ela respondeu mostrando toda sua mágoa - Melhor ainda. Te dou o divórcio, aí você fica livre para sair e se relacionar com quem bem entender.

— Sara, minha querida, eu posso explicar. Não é nada disso que você está pensando.

— Como você pode saber o que estou pensando? Não estou pensando nada, tenho certeza do que vi.

Ele congelou por dentro. Sara viu o beijo? Tudo agora estava explicado: o comportamento frio dela, o afastamento, tudo agora fazia sentido.

— Sim, eu vi você e a senhorita Williams aos beijos.

— Mas querida, eu não a beijei. Foi ela quem me beijou.

— Não foi isso o que pareceu. De qualquer forma, não me importa o que você tem ou não com essa mulher, mas a quero fora dessa casa. Não a quero nem mais um minuto aqui. Ela que procure outro lugar para morar.

A morena estava irredutível. Grissom decidiu então deixar a poeira baixar. Saiu do quarto e foi em busca de Beatrice. Certamente ela já estaria em casa. Ela tinha que explicar para sua amada esposa que ele era inocente.

Rumou para o quarto onde a senhorita e sua mãe estavam hospedadas. A porta estava entre aberta. Parou ao ouvir a inconfundível voz de Bia que dizia:

— Deu tudo certo, Beth. Alguém nos pegou na sala dele aos beijos. Não sei quem foi, mas logo, logo, a querida Sarinha saberá que seu marido a traiu. Como em todo lugar, aquele laboratório tem ouvidos.

Grissom se interessou pela conversa, ao mesmo tempo em que ficou admirado. O que sua mãe tinha a ver com aquilo? Aproximou-se um pouco mais da porta, de forma que não pudesse ser visto. E viu a resposta de sua genitora:

— Parabéns Bia! Belo trabalho! Logo, logo meu filho se verá livre dessa aproveitadora. Ele merece uma pessoa melhor. Alguém assim como você.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Aguardando os reviews lindos de vocês!!
Bjinhos da Bia e até o próximo!