Eles entram na sala de convivência em total silêncio, como se nada houvesse acontecido. Quem os olhasse diria somente se tratar de um chefe e uma subordinada que entraram juntos numa sala de reunião.

Sentiam-se inseguros por caminhar neste novo terreno. Não sabiam se os amigos os perdoariam por aquela falha. Um casamento em segredo era um pecado mortal. Como poderiam explicar-lhes o processo do casamento deles? No entanto, de uma coisa estavam certos: não podiam ocultar mais ocultá-lo para seus queridos companheiros. Sara se indagava como Grissom resolveria esse problema.

_ Boa noite pessoal! – saudou Grissom.

_ Boa noite! – o grupo respondeu em coro.

Ao verem os dois chegar juntos, o grupo confirmou sua suspeita. Os sentimentos eram variados, mas havia um que era unânime: o da traição. Os companheiros de Grissom e Sara sentiam-se traídos por os amigos não terem escondido que haviam se casado. Eles haviam passado por tanta coisa juntos... Eles não podiam ter feito uma coisa dessas! Catherine em seu íntimo resolveu colocar tudo em pratos limpos. Esperou apenas uma oportunidade para tocar naquele assunto.

_ Antes de dividir os casos da noite, eu tenho um comunicado a fazer...

Catherine o interrompeu, encontrando a oportunidade que tanto queria.

_ E nós temos uma pergunta a fazer: Quando é que vocês pensavam em nos contar que se casaram?

Grissom olhou atônito para Catherine e depois para Sara. A perita morena empalideceu. O seu receio havia se confirmado. Seus amigos já sabiam de seu casamento. Devolveu o olhar para Grissom como se dissesse que ele era quem deveria explicar a situação.

Ele pigarreou e pensou por onde começaria. Por fim, ele disse:

_ Era justamente isso que eu – olhou novamente para Sara e enlaçou a mão dela na sua – ou melhor, nós queríamos dizer. Nós nos casamos.

Embora eles suspeitassem daquele matrimônio, não podiam deixar de se sentir traídos. Seus amigos se casaram e nem haviam lhes avisado. Aquilo era uma traição do mais alto escalão. Cada um se sentia apunhalado pelas costas. Catherine novamente foi a porta-voz do grupo:

_ Mas por que vocês se casaram assim às escondidas? – perguntou Catherine sem esconder o tom de mágoa – Por acaso não confiam em nós?

_ É claro que confiamos! – Sara respondeu.

_ Não parece – objetou Greg.

_ Eu sei que vocês estão se sentindo traídos, enganados. Eu entendo! Também me sentiria assim se fosse comigo – disse Grissom calmamente – Mas preciso que vocês entendam nossos motivos...

Ele parou um pouco, observando o rosto de cada um de seus amigos. Estavam impassíveis à espera de uma boa explicação.

Sara observou Grissom. Queria ver como ele ia escapar daquela enrascada.

_ O motivo pelo qual nos casamos em segredo é que não podíamos fazer alarde sobre nosso casamento – ele começou a explicar.

_ Você sabe que manteríamos segredo, Gil. Somos uma família lembra? – contestou Catherine.

_ Eu sei Catherine. O segredo poderia ser revelado sem querer. Por isso era necessário que fosse em total segredo para que isso não chegasse aos ouvidos do Ecklie. Ele podia muito bem usar isso como desculpa para dispensar a Sara. Vocês sabem que ele não vai muito com a cara dela.

Sara olhava para Gil estupefata. Como ele mentia bem! Olhou para seus amigos. Grissom havia conseguido o que queria. Havia convencido a equipe com sua história. Ela não poderia ter feito melhor. Ele aplicou o golpe de misericórdia.

_ Então, vocês nos perdoam por nosso deslize?

_ Perdoamos. Mas com uma condição... – comentou Catherine.

Lá vinha uma condição...

_ Que condição, dona Catherine? – questionou Sara.

_ Que vocês nos conte com riqueza de detalhes como foi o casamento de vocês. O que você usou, como o Grissom estava... – pediu Catherine.

Mais essa! Eles teriam de elaborar como foi o “maravilhoso casamento”. Grissom a salvou.

_ Tudo bem. Contaremos tudo. Mas não agora porque temos muito trabalho – ele pegou as fichas com os casos daquela noite – Esses são nossos casos.

E dividiu o grupo em duas equipes. Todos começaram a sair, no entanto Grissom falou:

_ Sara espere! Preciso conversar uma coisa com você!

Ela olhou para Nick, seu parceiro no caso, como que pedindo autorização.

_ Tudo bem Sara. Te espero lá fora.

Dizendo isso, ele saiu. Os outros entenderam o recado. Saíram sem protestar. Era normal que o marido quisesse falar em particular com a esposa não era? A outra equipe foi para o seu local de crime. Sara aguardou que Grissom se pronunciasse. O que será que ele queria?

_ Eu só queria te dizer que quando acabar nosso turno, você irá comigo para a minha casa.

_ Mas Grissom, eu não posso ir assim. Eu nem arrumei minhas coisas! – objetou Sara – Eu nem trouxe roupa!

_ Isso não importa! A partir de hoje você morará comigo, Sara. Somos um casal se lembra?

Sara tentou argumentar, entretanto, Grissom não permitiu.

_ Não se preocupe Sara, isso não é problema. Para dormir você pode usar uma de minhas camisas e para o trabalho, nós passamos na sua casa amanhã antes de virmos para cá e você pega as suas coisas.

Sara bufou. Não havia diálogo com Grissom. Era sempre da forma que ele queria. Ela não teve outra alternativa a não ser aceitar. Ficou imaginando o que a esperava nesse ano de casamento.

_ Terminou general? – indagou Sara fazendo posição de sentido. Saiu sem se despedir. Sem ao menos dar um beijo em seu marido. Melhor assim. Melhor não misturar vida pessoal com trabalho.

Grissom não gostou muito da brincadeira, no entanto, não pode deixar de sorrir. Sua Sara não gostava de ser contrariada.

Ela se encontrou com Nick e seguiram para a cena de crime deles. Grissom permaneceu no laboratório para poder conversar com Conrad Ecklie. Sara não precisava saber disso. Pelo menos, não agora.

As horas demoraram a passar. Parecera uma eternidade. Por sorte os crimes foram de fácil solução e não foi preciso fazer hora extra. Se bem que para Sara isso não seria tão mal assim. No fim do turno, ela já estava pronta para seguir com Grissom para o seu novo lar.

_ Pronta? – questionou Grissom com cara de satisfação.

Ela assentiu.

Entraram no carro, rumo ao endereço da nova morada. O coração de Sara batia descompassado, ante a expectativa de sua nova vida.