P R Ó L O G O

Eu não conseguia parar de chorar. As minhas mãos tremiam de nervoso. A minha família toda estava ali e uma parte de mim só queria ficar. Ficar, arranjar uma faculdade de Jornalismo qualquer na Califórnia e fim. Pelo menos, ficaria ao lado da minha família. Dos meus amigos.

Abracei a minha mãe pela qüinquagésima vez.

- Por favor, não me esquece de mandar os e-mails, tá? E-mails todo dia. E conversas de vídeo por aquele tal de... Xcape...

- Skype. – A corrigi, rindo, ainda com as lágrimas atravessando meu rosto.

- Isso aí. – Mamãe riu junto. Percebi que seus olhos estavam cheios d’água também. Mas talvez ela não quisesse chorar apenas para não me deixar ainda mais mal. Mães... Sempre pensam em nós.

- Eu não vou esquecer, mãe. Nunquinha. – Sorri e fui abraçar Tiffani. Saia um mar de lágrimas de seus olhos.

- Isso pode parecer egoísta, mas tanto faz. Eu não quero que você vá. Pronto, falei. E eu não quero mesmo. Sou sua amiga. Mas isso é bom pra você. Você sempre sonhou com isso. Ah! E também quero e-mails e conversas por xcape, tá? Ahn, quer dizer, Skype. – Ela riu em meio a lágrimas – Não se esqueça de mim, nova-iorquina.

- Não vou esquecer, Tiff. – A abracei e segui para o meu pai.

- Minha filhinha... Á um aninho atrás estava falando “papai, papai, devolve chupeta, papai”... Agora tá tão crescidinha, olha pra ela, tá uma loirona tão bonita! – Ele sorriu, também chorando – Se cuida, filha. Eu te amo, tá?

- Eu também te amo, papai. – O abracei – Eu ainda sou seu bebê. Só não peço mais chupeta. – Ri e ele também.

Eu estava chorando por dois motivos: o óbvio é que eu ia deixar tudo pra ir morar no campus de uma faculdade em Nova York. Um lugar tão longe. Segundo, o meu melhor amigo não estava lá. Não sei que diabo de problema deu, só sei que estou brava.

O vôo ia sair. Andei lentamente pra trás. Virei-me e acenei rápido para todos. Alguns retribuíram, outros apenas sorriram. Meus pais e Tiff só faltavam se afogar nas próprias lágrimas. Parecia que minha mãe havia “soltado” o choro.

- ESPERA, HAYLEY! – Ouvi uma voz me chamar ao fundo. Virei-me e era nada mais nada menos que Elliot. Dei um abraço apertado nele. E não me importo se ele era mais forte e, retribuindo de volta, estava quase colocando minhas tripas para fora. Valia o esforço.

- Seu idiota. – Resmunguei rindo – Pensei que não viria!

- Ah, era só pra te dar um sustinho básico. – Ele disse entre risos.

- Muito engraçado, há-há! – Forcei uma risada.

Uma voz ecoou no aeroporto. Algo sobre meu vôo estar pronto para decolagem. Sorri de leve pra Elliot, que retribuiu. Dei mais um abraço nele e entrei no avião.

Eu sabia que, a partir dali, a minha vida começaria de verdade.