Novos Começos escrita por Tenshikass


Capítulo 5
Capítulo 5 - Uma Flor por Seus Pensamentos.




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...

— Bom dia. — Disse automaticamente quando a luz da cozinha acendeu.

— CARALHO! Que susto garota, quer me matar tão cedo? — Berrou Sagi, curvado com uma mão no peito e arfando.

— Ah, tanto faz. Por que você é tão escandaloso tão cedo?

— Tava fazendo o que no escuro? Cadê a mamãe? — Ele foi direto para a geladeira pegar um litro de leite, os cerais estavam no balcão com uma tigela limpa e uma colher, ele só puxou uma cadeira e se sentou de frente pra mim.

— Eu nem reparei que estava tão escuro assim. Ela tinha um compromisso bem cedo, preparei o seu café. — Apontei para o cereal e a tigela.

— Praticamente de um hotel cinco estrelas. — Despejou os cereais e o leite na tigela ao mesmo tempo, era uma mania desde que era criança, dizia que deixava tudo na medida certa.

— De nada.

— Não dormiu bem? — Perguntou enquanto levava uma colher cheia até a boca.

— Só não consegui dormir muito. E você? Parece um pouco cansado. — Mudei a direção do assunto.

— Tive pesadelos. Aqueles.

— Eles já passaram, você tá bem agora.

Estiquei minha mão por cima do balcão, ele a segurou firme, e continuou a comer de cabeça baixa. Fazia quase dois anos que papai havia morrido e um tempo depois disso ele começou a ter esses pesadelos. Primeiro começava com o acidente que o tirou de nós, papai levando um tiro no peito de um assaltante em uma madrugada, na frente de uma loja de conveniência 24 horas quando saía do plantão no hospital. Depois, o pesadelo se arrastava, como uma cortina escura, como ele me contará: ele revivia o acidente que aconteceu seis meses depois. Se via dirigindo bêbado uma picape que capotou na estrada e bateu em um poste, quando ele tentou desviar de um pedestre. Ele disse que conseguia sentir tudo o que aconteceu naquele momento, o barulho explosivo da batida ferindo seus tímpanos, seus ossos fraturados, os cacos do vidro dianteiro, quebrado pelo poste caído, perfurando seu peito e braços, cortando seu rosto, depois tudo terminava em branco, uma sensação de vazio desoladora.

— Você deve estar assim porque voltou pra escola. Desde antes do acidente que você não aparecia nas aulas, passou muito tempo fora daquele ambiente, dois anos são muita coisa.

— Você tem razão... Me desculpa, eu não deveria estar agitado assim, nem te fazer relembrar essas coisas. — Ele limpou os olhos com as mãos.

— Você não tem que se desculpar. Eu vou pegar minhas coisas pra gente sair, não demoro. — Me despedaçava vê-lo chorar, aquela "montanha" desabando na minha frente, mas ao mesmo tempo, ter o meu irmão de volta, sóbrio, seguindo sua vida e se abrindo comigo, era tudo o que importava.

...

— Obrigada por me deixar ficar aqui, Tia Kushina. — Karin agradecia minha mãe pela décima vez.

— Tudo bem, Karin! É sempre um prazer ter você aqui em casa, você sabe que por mim você moraria aqui, não me importo que tenha se emancipado, aquele meu irmão sem juízo não deveria deixar uma criança sozinha!

— Ela não é criança, mãe. Daqui uns dias já vai ter 18 anos mesmo. — Me intrometi, mamãe sempre exagerava e eu sabia que Karin não gostava de tocar naquele assunto, meu tio era um babaca.

— Eu não estou falando com você garoto, tebane!

— Desculpa, mãe... — Pensei que ia levar um dos seus "mama punch", mas não aconteceu, nem nada voou em mim do outro lado da cozinha, então aproveitei pra sair.

— Naruto, vê se volta cedo hoje, o seu pai vai voltar para casa, vamos jantar juntos.

— Fala sério, eu to morrendo de saudades, mas hoje eu marquei com o Sasuke de... — Por fim, antes que eu concluísse, uma tampa de panela atravessou a cozinha, desviei por muito pouco.

— Ele vai estar aqui cedinho, Tia! — Gritou Karin saindo pela porta da cozinha quando eu já tinha corrido para a sala e saído pela porta da frente, com medo do restante da panela ter resolvido dar uma volta.

— Droga, mamãe é maluca, dattebayo. — Suspirei quando Karin me alcançou na rua.

— Você que é maluco, já deveria saber que não é bom questioná-la, idiota.

— Tá, tá. E você, tem certeza que tá ok sozinha naquela casa mesmo?

— Não é da sua conta, Naruto, mas sim, estou. Muito melhor do que viver com a bruxa da minha madrasta.

— Por que as mulheres dessa família são tão grossas?

— Porque todos os homens dessa família são uns molengas imbecis. — Ela me fulminou com os olhos, igual a mamãe, papai costumava chamar esses olhares de pequenos jalapeños.

— Claro..., mas e aí, e o Sasuke?

— O que tem ele? — Ela corou, só ele a fazia parecer um doce e não uma pimenta.

— Ainda tá a fim dele? "não é da sua conta cabeça de vento"

— Não é dá sua conta esquisito.

— Beleza, beleza! "sabia, quase acertei"

...

— Hey, então quer dizer que aqui é a nossa nova escola?

— É Hidan, parece que sim, ou você só reconhece a arquitetura de reformatórios?

Hidan tinha 19 anos e 1,80m de altura, cabelos platinados e olhos castanho-avermelhados. Usava uma calça jeans preta, com alguns rasgos nos joelhos, regata branca e um colete preto jeans com capuz atrás e sem mangas por cima, o que deixava seus braços musculosos à mostra. No braço direito havia duas tatuagens, uma era um símbolo, um círculo e dentro dele um triângulo de ponta cabeça, ficava na altura do ombro; a outra, um dragão que descia logo abaixo circulando o bíceps e tríceps até a calda parar pouco antes do antebraço, acima do cotovelo.

— Quanto veneno, hein! Eu prometo que não vamos ser expulsos de novo, Konan. — Hidan afirma rindo.

Konan, 18 anos, mesma altura de Hidan, usava um coppred preto justo de mangas longas e que deixava seus ombros visíveis, uma calça jeans clara e uma bota de cano curto preta com um pequeno salto. Ela tinha cabelos azul-escuros que beiravam a cor roxa, eram curtos indo um pouco abaixo de sua orelha, olhos castanhos-mel muito claros, usava um pequeno piercing em formato de bolinha, logo abaixo do lábio inferior. Tinha uma tatuagem no pescoço, o desenho de uma pequena rosa, com caule e apenas uma folha, completamente preta.

— Por quê? Pensei que já ia pichar o muro! Ah! Me enganei! — Zombou.

— Bom, deve ser melhor do que as outras três escolas de que fomos expulsos.

— Não é isso, Sasori! Eu vi uma gata do caralho ali! — Disparou olhando para dentro da escola.

Sasori era o mais baixo do grupo, com 1,70m. Ele tinha cabelos vermelhos com uma franja que cobria sua testa, olhos castanhos claros, usava brincos pequenos de prata, em forma de cruzes, suas unhas pintadas de preto. Estava usando uma camisa vermelha de manga curta, e calça jeans preta com um casaco fino preto amarrado em sua cintura.

— Ah entendi agora, só podia ser.

— Vê se não começa, Hidan, dessa vez, eu não vou tomar o partido de vocês e me ferrar. — Advertiu Konan.

— Eu também não! — Se adiantou Sasori.

— Ah, me poupem desse discursinho merda, vocês são uns traíras.

— E você é um completo babaca! — Exclamou uma voz atrás deles.

— Itachi! Seu grande filho da puta! — Hidan deu um soco em seu ombro quando o Uchiha se aproximou.

— Não mais do que você, Hidan! Vocês me deixaram na mão ontem! — Ele devolve a cortesia.

— E de quem você acha que é a culpa? — Konan revirou os olhos e apontou para Hidan.

— Será que dá pra esquecer isso, cacete? Eu hein, vocês não param de pegar no pé, e eu só to querendo pegar aquela gata ali.

— Ela não tendo cabelo rosa, eu não me importo. — Riu Itachi.

— Acho que ele tá falando daquela loira ali. — Apontou Sasori.

— Você já tá de vítima nova, Itachi?

— Que história é essa de vítima, Konan? Não é nada disso, só to de olho em uma gata, não posso?

— É claro que pode, não esqueça de dar os meus pêsames a ela. Se bem que poderia ser pior né, tipo nível Hidan.

— Eu sei que você me ama! — Hidan a segurou pela cintura e beijou sua bochecha.

— É claro. — Ela deu uma cotovelada em seu abdômen e se soltou. — Fui, fracassados.

...

— Vocês demoraram pra chegar, hein? — Disse Ino impaciente quando me viu se aproximar com Sagi e Hinata.

— Bom dia pra você também, Ino. Ainda tá cedo, por que madrugou aqui?

— Tive que passar em uma loja pra deixar uma entrega, mamãe me pediu, já vou começar o dia morrendo de sono. Mas o problema são aqueles caras com o Itachi, o de cabelo branco, não para de me secar. — Ela apontou com a cabeça na direção dos três garotos.

— Ai droga, é o Hidan e o Sasori.

— Era só o que me faltava! — Exclamou Sagi, levando a mão na testa. — Com tanta escola na região, tinham que estar aqui.

— Eles foram expulsos das mais próximas, deve ser a única que os aceitou. — Concluí.

— Vocês se conhecem? — Perguntou Ino.

— Não muito, mas o suficiente pra saber que são encrenca, Sagi entrou em uma confusão com eles nas férias. Não foi? — Me virei para o lado, eu estava falando sozinha. — Ué, aonde ele foi?

— Ele meio que já entrou na escola. — Respondeu Hinata.

— Vamos entrar também, antes que eles resolvam vir pra cá. — Ino praticamente implorou juntando as duas mãos como em uma oração.

— Tudo bem vamos-

— Hey, Sakura! — Quando me virei, Itachi estava com uma mão erguida, sorrindo e acenando, eu sorri de volta então ele se despediu dos outros e veio em minha direção.

— Ah, meninas, se vocês quiserem podem ir na frente.

— T-Tem c-certeza? E-ele me deixa ansiosa... — Disse Hinata com uma cara preocupada.

— Tenho sim, podem ir. — Ino acenou para Itachi, segurou a mão de Hinata e elas sumiram dentro do prédio.

— Desculpa se atrapalhei alguma coisa. — Ele disse quando se aproximou e mais uma vez me cumprimentou com o beijo no rosto, me arrepiei, eu não esperava, tanto que já tinha adianto minha mão para cumprimentá-lo com certa distância.

— Não, nem um pouco, na verdade a Ino queria mesmo sair daqui por causa do Hidan, seu amigo. — Respondi, mas o foco na minha cabeça era não estar corando com o beijo.

— Ah sim, aquele idiota, então ela era a loira.

— Então ele se interessou mesmo? Vocês não têm jeito.

— O que podemos fazer, vocês não são as garotas mais lindas daqui? — Ele sorriu, eu comecei a reparar em coisas que nunca reparei antes, como o brilho no olhar dele cintilando entre a malícia e a serenidade, por exemplo.

— Nem começa, Itachi. — E nem com todo o esforço mental consegui deixar de corar. "ele tá querendo me enfeitiçar?"

— Não recebe bem elogios? Eu deveria te chamar de feia, então? — Ele riu.

 Idiota. — E que droga de riso contagiante, me fez rir de volta.

— Ponto pra mim.

— Temos um placar? "porque mesmo eu ainda estou nessa conversa? Ah é, enlouqueci!"

— Sim, e ele marca a seu favor também, quando eu der uma mancada. Mas agora, — Ele colocou um mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. — eu te fiz rir pela primeira vez.

— Ah. — Eu travei sentindo o roçar dos dedos dele no meu cabelo e na minha pele. "Droga, Itachi, maldito feiticeiro"

— "Ah" — Ele repetiu e riu de novo — Vou contar como dois pontos. — E saiu andando, me deixando com o que eu imaginava, uma grande cara de tacho. — Te vejo mais tarde! — Ele se virou e gritou quando já estava entrando no prédio.

"Se eu for despertar um superpoder um dia, que seja agora, e que eu possa ficar invisível." Foi tudo que consegui pensar, logo depois de lembrar de voltar a respirar.

...

— K-Konan?

— Sim? — Ela se virou e eu prendi a respiração por um instante. —Ah, é você. Quer dizer então que estamos na mesma sala... — Ela olhou ao redor, estávamos sozinhos e ainda faltava cerca de 5 minutos para esse cenário calmo mudar, pra mim, uma boa oportunidade de conversar.

— Parece que sim... Não te vi por aqui ontem. "o mestre da conversa, parabéns"

— É que ontem houve um contratempo inesperado e não pude vir à aula.

— Entendo... — Sua beleza me distraía, o que dificultava qualquer coisa que eu a quisesse dizer. "deixa de ser bobo e se concentra"

— Então, Haruno Sagi, perdi algo ontem?

— Não precisa ser tão formal, e não, não perdeu.

— Eu prefiro a formalidade com quem não conheço tão bem, ou com aqueles que tentaram se dar bem as minhas custas.

— Ok, essa doeu. Eu não tive chance de me desculpar sobre as férias, sei que fui um babaca, depois seus amigos apareceram e nada aconteceu como planejei.

— Planejou? Me usar e descartar? — O tom leve com que ela falava desferindo pequenas facadas em forma de palavras em mim era assustador.

— N-Não foi nada disso, eu planejava me desculpar direito, eu não devia ter tentado te beijar do nada, me enganei com o clima entre nós, fui desrespeitoso, muito, eu sei. "um completo imbecil, como diria a Sakura"

— Admitiu, já é um começo. Minha reação foi proporcional, então estamos kits. — O tapa na cara que eu levei pareceu voltar do passado e doer novamente.

— Não vai acontecer de novo, prometo. — Estiquei minha mão para selar a paz, ela a segurou.

— Vou confiar que não, mas se acontecer, já sabe que sei muito bem me defender sozinha. — Soltei sua mão depois de perceber que estava segurando por tempo demasiado desnecessário e porque eu estava suando.

— C-Claro. — Foi tudo o que respondi, o fogo no olhar dela me prendia, era extremamente tranquila, mas aquele olhar, determinação pura e inabalável, de quem sabe o que quer.

Aos poucos a sala foi enchendo, me sentei e abri meu caderno, mas sem prestar atenção na aula pelo resto do período e sim naquela linda garota de cabelos azul-arroxeados, olhos vibrantes, de uma cor que eu não se lembrava de ter visto antes em alguém; e tinha aquela pequena tatuagem no pescoço, convidativa a ser contemplada — pelo menos para mim —, tudo nela me chamava: definitivamente eu estava mesmo apaixonado.

...

— Certo, antes de começarmos a aula eu tenho um comunicado importante a fazer. Junto com o professor Jiraiya de literatura, teremos um projeto que fará parte da nota final de vocês no último semestre, para todas as matérias e que será quesito obrigatório para a aprovação dos seus diplomas de conclusão do colegial. — Disse Hatake Kakashi, nosso professor de Arte, e automaticamente todos na sala começaram a reclamar.

— SILÊNCIO, por favor. — Ele endureceu a voz e quase não se ouviu nem respirações. — Vocês terão tempo de sobra para se prepararem, e não vai ser nenhum bicho de sete cabeças, sei que esse ano temos muitos novatos vindo de outras escolas para terminar o colegial aqui, mas sei que todos sabem que somos um referencial em artes cênicas. O projeto de vocês, consistirá em apresentar a peça Sonho de uma Noite de Verão, de William Shakespeare. — Dessa vez, os ânimos não se exaltaram, apenas alguns burburinhos correram pela sala, eu apenas levei as mãos à boca, mal podia acreditar que teria uma chance verdadeira de poder atuar naquele palco.

— É claro, — Ele continuou fazendo com que sua voz soasse acima das conversas baixas — que nem todos precisarão atuar, já que será um trabalho interclasse com as outras turmas de último ano. Ou seja, serão muitas pessoas e funções além da atuação na peça, vocês também vão trabalhar nos bastidores, no que seja necessário, e seu desempenho mais uma redação ao final, é que contará como avaliação. Todos estão automaticamente inscritos, mas para sermos justos na audição, apenas aqueles que realmente querem atuar, se inscrevam na secretaria até amanhã, assim no final desta semana, teremos uma lista completa com todas as funções devidamente distribuídas, e de quem fará os testes, ok? 

— Sim — Todos na sala foram respondendo.

— Qualquer dúvida me procurem, ou ao professor Jiraiya. Vamos seguir com a nossa aula.

— Eu nem vou perguntar se você está radiante, porque tá com um sorriso enorme na cara. — Ino comentou, me despertando de um sonho delirante.

— A ficha ainda não caiu! — Eu fiquei de lado na cadeira e segurei as mãos dela.

— Quer que eu te belisque? — Disse Karin atrás de mim, na fileira ao lado.

— Não precisa. — Respondi depressa, me virando rápido pra não a encarar. "qual o problema dessa garota?"

— Deixa de ser intrometida, cabeça de fósforo! — Ino quase sussurrou para não ser ouvida pelo professor.

— Não se intromete você oxigenada, ou a sua coleguinha esquisita não sabe se defender?

— Esquisita? Qual é a sua? — Virei tão depressa na cadeira que os pés de madeira arranharam o chão.

— Karin, para com isso. — Sasuke se meteu na conversa.

— Não se mete. — O encarei irritada, ele me olhou surpreso e virou pra frente. — Fala, Karin, quem é esquisita aqui?

— Você, princesinha Jujuba. — Ela soprou meu cabelo.

— HAHAHA, não é que olhando bem, você tem mesmo a cabeça do Pica-Pau? — Eu armei um sorriso no rosto, podia sentir uma veia de irritação pulando na minha testa. "arranco essa peruca mal hidratada que você chama de cabelo"

— Garota eu vou—

— Vocês aí atrás! — A voz do professor veio como um alerta e Karin voltou a olhar para frente, Ino e eu também viramos para o quadro. Passamos quase o restante todo da aula trocando olhares fulminantes. Sasuke não tornou a se virar nem sequer uma vez.

...

— Ainda bem que aquela garota saiu da sala assim que bateu o sinal, que merda foi aquela puxando briga do nada? — Eu estava tão nervosa que falava gesticulando.

— Eu não sei, a cabeça de fósforo queimou de vez! — Ino disse, e logo em seguida caímos na gargalhada.

— E você hein, coitado do Sasuke.

— Que? Eu não preciso que ele me defenda de nada, ela nem estava falando com ele.

— Então tá né.

— E então, o que vai fazer no intervalo? Será que vai ter algum que você passe comigo?

 Not today! Desculpa Sakura, mas eu sei que você quer se enfiar no teatro de novo, e hoje eu vou ir ver a piscina, fui. — Ela me deu um beijo na bochecha pegou a mochila e foi saindo da sala.

 O GAARA foi pra lá, né? — Gritei quando ela chegou na porta, ela nem se virou, só levantou o braço e me mostrou o dedo do meio.

...

Quando cheguei na área da piscina automaticamente meu olhar achou o dele. Tínhamos conversado um pouco no dia anterior, e ele me disse que hoje viria direto para cá, eu nem acreditava que ele gostava tanto de natação quanto eu.

— Oi, Gaara! — Acenei para ele e me aproximei.

— Oi, Ino, tudo bem? Vi que quase arrumou confusão na sala hoje. — Eu não sabia dizer se a pergunta era séria ou se ele estava zombando, ele tinha um rosto totalmente inexpressível, indiferente.

— Pelo jeito que tá indo, não vai ser só hoje.

— Vai entrar na piscina? Me disseram na diretoria que no intervalo e depois da aula o uso é livre se não tiver treino, mas quase ninguém vem aqui, não é o esporte favorito. — Ele tirou a blusa na minha frente e eu virei o rosto para ele não ver o rubor em minha face, ou para minha mão não criar vida própria e tocar aquele corpo.

— N-N-Não, eu, eu, vou ler! — Enfiei a mão na bolsa e tirei um livro agradecendo aos deuses pela Sakura ter colocado ele lá. — Você, você, você pode ir, eu fico aqui, aqui te fazendo companhia. — Eu ainda não olhava para ele diretamente.

— Ok. Boa leitura.

Eu olhei para baixo, e vi que ele já estava com uma calça de mergulho, ele se virou para a piscina e eu ergui o olhar, suas costas largas me tiraram o fôlego novamente. "e que bumbum lindo nessa calça hein" Mordi o lábio inferior e soltei a respiração pesadamente, me sentei na arquibancada enquanto admirava aquele corpo dando braçadas na água, com certeza isso seria o remédio ideal pra aguentar essa escola de tempo integral. Eu nem sabia qual o título do livro que estava segurando.

...

— Yo! — Ele pulou sentando-se ao meu lado e quase me matou do coração.

— Ai, Naruto, que susto! Ninguém sabe chegar em ninguém normalmente, pela frente, aqui não? — Eu ainda estava com o humor exaltado por causa da Karin.

— Foi mal, foi mal. Eu estava almoçando com a Hina agora a pouco, vim te ver antes de voltar pra sala, detesto que você não tá na mesma sala que a gente.

— Eu também detesto, preferia mil vezes estar com vocês. "mas tenho o combo Sasuke e Karin no lugar"

— Até parece que não tá gostando de ficar na mesma sala com ele. — Ele abriu um sorriso debochado.

— Supera, Naruto, troca o disco que essa página eu já virei. "dobrei, pelo menos"

— E meu nome é Sagi, agora? Pra ele e pra qualquer um você pode ficar dizendo isso, até pra você mesma, mas não pra mim, eu sou o melhor amigo de vocês dois. Vocês complicam demais as coisas, não consigo acompanhar, dattebayo.

— Eu não sou novela pra você acompanhar nada, babaca.

— Seu estresse energiza o meu dia, obrigado.

— Disponha. — Ele me abraçou forte como sempre fazia, e eu descansei minha cabeça em seu ombro, pensei em contar sobre a Karin, mas logo mudei de ideia, falar nela voltaria de novo para o tema Sasuke e eu não gostaria. Ficamos assim até o sinal tocar.

...

Na saída, estávamos todos juntos: Eu, Naruto, Hinata, Ino, Sasuke e Sagi. Quando íamos passar pelo portão para sair, avistamos Itachi lá fora do outro lado da rua encostado no muro, com uma mão no bolso e uma flor — que de longe parecia um lírio — na outra.

— Então foi pra isso que ele me pediu o telefone do delivery da loja da mamãe. — Explanou Ino.

Atravessamos a rua e ele veio calmamente em nossa direção.

— Obrigado pelo contato, Ino gatinha. — Ele piscou para ela.

— De nada, Itachi, "volte sempre". — Brincou.

Ele não disse mais nada, então continuamos todos andando. Ele esperou por alguns minutos, se pôs ao meu lado e aos poucos fomos ficando um pouco para trás. Sagi extremamente incomodado ficava virando para olhar-nos, sua cara era de repreensão.

Por fim, Itachi depositou o lírio branco em minha mão, ainda sem dizer nada, apenas se afastou e foi para a frente do grupo, quando olhei havia um cartão colado no embrulho que dizia "Uma flor por seus pensamentos. Ass. U. I.". Olhei para frente e Sagi fez menção de começar alguma coisa, mas eu simplesmente saltei do seu lado e abracei seu braço, ergui a cabeça e a balancei negativamente em sinal de não querer confusão, ele me olhou contrariado, depois olhou para Itachi que conversava animado com Ino, me olhou novamente e suspirou.

Relaxei um pouco e quando me virei para o lado, Sasuke estava encarando a flor na minha mão, seu rosto não tinha nenhuma expressão decifrável, era como se um muro nos separasse.

...


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