Novos Começos escrita por Tenshikass


Capítulo 38
Capítulo 38 - Confissão


Notas iniciais do capítulo

Fazem três meses desde a última vez que publiquei um capítulo, não espero que alguém ainda esteja me acompanhando depois de tanto tempo, mas se você estiver aí, eu sei que devo uma explicação, por favor, leia até o final.

Me desculpem por abandonar a conta, mas eu nunca exclui a história por que eu sabia que me arrependeria disso. Me perdoem por sequer avisar que precisaria de um tempo, de um hiatus, mas a verdade é que nem eu sabia que precisaria. Ter depressão não é algo fácil, principalmente sem tratamento, o que era o meu caso há anos. Os últimos três meses me tiraram até o meu maior amor: escrever. Problemas pessoais, financeiros, se juntaram com os meus problemas psicológicos e tudo foi por água abaixo. E eu sinto muito, por mim, pela minha história, e por vocês leitores.

Quero que saibam, que o último mês foi de recuperação pra mim, e até de novidades. Há três semanas estou diagnosticada e fazendo terapia, e medicada para depressão há um semana. Estou retomando TODA a minha vida, e não poderia ser diferente: estarei concluindo Novos Começos.

Mais uma vez: me desculpem. E se ainda estiverem por aí, eu darei o melhor de mim.

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AVISO DO CAP: GATILHO DE SUICÍDIO.



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AVISO DO CAP: GATILHO DE SUICÍDIO.

...

Já faz uma semana desde que voltamos da viagem dos sonhos. Todos nós acabamos ficando ainda mais próximos um dos outros, incluindo Sasori e Deidara que acabaram conquistando completamente nossa amizade. Tudo estava perfeito entre Sasuke e eu, mas em alguns momentos ele ficava distante, e esses momentos eram justamente aqueles em que Itachi estivesse presente. Os dois ainda estavam brigados, mas agora sequer trocavam cumprimentos, ficar no mesmo cômodo que eles, roubava a energia de qualquer um, o clima tenso se instaurava e tomava toda a atmosfera, e olha que eu só estava entrando na cozinha dos Uchihas para pegar um copo d´água.

— Sabe que um dia vocês vão ter que falar um com o outro, né? — Perguntei quando Itachi saiu da cozinha levando consigo uma garrafa de vinho, um copo e um abridor, segundo Naruto e Hinata, ele estava bebendo todos os dias desde que viajamos.

— E pra que eu ia querer algo tão ruim? — Sasuke não se virou para me olhar, estava procurando algo dentro da geladeira, eu apenas balancei a cabeça negativamente e tomei um longo gole da minha água. “Sou a última pessoa que vai conseguir unir esses dois de novo”

...

— Voltou cedo da casa do seu namorado grudento, o que aconteceu? — Sakura estava com uma cara péssima, ficou parada na porta da sala como se não soubesse dar o próximo passo.

— Como você pode dizer que alguém é grudento, quando você não larga do pé da Konan, Sagi? — Ela retrucou desviando da minha pergunta, alguma coisa estava mesmo a perturbando.

— Culpado. — Ergui os braços em sinal de rendição. — Itachi e Sasuke ainda não estão se falando? — Arrisquei um palpite óbvio.

— É... E por mais que Sasuke não admita, isso o deixa triste, eu sei que sim. E com certeza Itachi também não está bem, ele nem consegue mais ficar sóbrio. — Ela suspirou e se jogou no sofá ao meu lado.

— Tão ruim assim? Não que eu realmente me importe com aquele idiota, ele sempre foi uma bêbado, mas não em dias úteis.

— Não fala assim. — Ela me olhou com cara de repreensão, odiava piadas com bebidas alcoólicas, e obviamente meu histórico era o motivo.

— Desculpa, Sa. — Eu me inclinei e apertei uma de suas bochechas. — Mas olha, a briga deles ainda é muito recente, fora as várias questões dos dois que se acumularam ao longo dos anos, uma hora eles vão se acertar.

— Tudo bem.

Foi tudo o que ela disse pelo resto da noite, pensei inúmeras vezes em tentar fazer algo para animá-la, mas sabia que não adiantaria, Sakura se culpava pelo desentendimento dos irmãos, tinha confessado isso ao Uzumaki que não conseguiu guardar segredo de mim.

— Acho que é hora do Super Sagi agir. — Peguei meu celular, era quase meia-noite, desbloqueei a tela e corri o dedo pelos contatos, mandei uma mensagem e me levantei da cama para colocar uma camisa. — Sou o melhor irmão do mundo. — Bati a porta atrás de mim e desci as escadas para sair.

...

— Quase achei que era uma pegadinha, mas você digitou “Me encontre na esquina da sua casa em cinco minutos, babaca”, então deduzi ser real. — Itachi estava fumando um cigarro enquanto se apoiava em um poste de luz.

— Não precisa me agradecer pelo elogio. — Falei em tom debochado. — Pensei que quisesse companhia pra encher a cara hoje, ou cheguei tarde? — Me inclinei um pouco para frente o cheirando, ele me empurrou para trás.

— E desde quando somos amigos de bar, ou amigos? — Retrucou abrindo um sorriso malicioso, e lá estava o idiota que me tirava do sério.

— Não somos, e, se existe um Deus nesse mundo, nunca seremos... — Juntei as mãos em oração e as ergui para cima. — Pense nisso como um erro que eu preciso cometer.

— Já que você está sendo tão educado... — Ele apagou o cigarro no poste e o jogou no chão. — ...eu não poderia recusar. Você paga. — Itachi sorriu e saiu andando na minha frente.

...

— Que porra tá acontecendo, Itachi? — Perguntei depois do primeiro gole da minha cerveja, eu não tinha intenção de beber realmente, mas pensei que não sobreviveria a conversa sem um pouco de álcool. Estávamos sentados um ao lado do outro no balcão do lado de fora de um pequeno bar no final da zona sul da cidade.

— Seja mais específico, Haruno, se for uma daquelas conversas existenciais-

— Não começa, você sabe do que estou falando, — o interrompi — até quando pretende ficar nessa com o seu irmão?

Itachi encarou o seu copo de cerveja e não me respondeu. Levou o copo à boca e continuou em silêncio.

— Eu quase não sei nada sobre o que vocês passaram quando foram morar fora... — Menti, Sakura havia me contado sobre sua conversa com Sasuke. — Mas vocês não se entendem desde que a Tia Mikoto... — Desviei os olhos para o meu copo.

— Eu sei... Talvez a mamãe fosse a única coisa que tínhamos em comum afinal. — Rapidamente me virei para encará-lo, mas ele simplesmente disse aquilo sem tirar os olhos do seu copo.

— Não é verdade, vocês são irmãos, e com o seu pai longe-

— Ah, o meu pai... — Itachi me interrompeu e sua voz estava carregada de rancor. — Ele se importa tanto com os filhos, que sequer conseguiu enxergar que Sasuke e eu nos afastamos ao ponto de ele me odiar. E como vou culpá-lo?

— Sasuke não odeia você... Foi só uma briga exagerada.

— Não, não foi. — Itachi finalmente me encarou, seus olhos estavam emotivos como eu nunca havia visto antes, ou imaginava que pudesse um dia ver. Engoli em seco. — Desde que Sasuke nasceu, meu pai fazia grandes planos pra nós dois, mas, sobretudo pra ele.

— Achei que você fosse o favorito. — Falei sem pensar.

— Eu me fiz assim. Você talvez não acredite, nem o Sasuke, mas eu não podia permitir que meu pai arruinasse nós dois. Minha mãe sempre quis que seguíssemos nossos sonhos conforme fomos crescendo, nos levava para viajar, para conhecer um mundo diferente do destino das empresas Uchiha... pelo menos até o meus sete anos de idade. — Ele fez uma pausa e tomou mais um gole grande da sua cerveja. — Papai decidiu que começaria a nos preparar desde cedo para os negócios da família, Sasuke não sabia, mas nossa mãe era extremamente contra essa decisão, ela queria que decidíssemos nossos próprios caminhos depois de concluir o colegial..., mas ela era gentil demais até para se opor ao nosso pai. Foi quando tudo mudou pra mim, eu não suportava mais ouvir as discussões noturnas deles escondidos, não suportava a ideia de ver minha mãe se entristecer, então por conta própria, eu comecei a seguir veementemente os passos do meu pai. Minha mãe notou, é claro, tentou me fazer mudar de ideia, mas eu relutei, por fim, antes de ela morrer, me disse para tentar me acertar com Sasuke... E nem isso eu fui capaz de fazer por ela, não é?

— Itachi... — Eu não sabia o que dizer, minha cabeça tinha um turbilhão de perguntas.

— Sasuke acabou por se aproximar muito da nossa mãe, o que foi um alívio pra mim, eu detestaria que ele acabasse querendo imitar o irmão mais velho e se tornar o que me tornei. As brigas, as confusões, não sei quando comecei com elas, mas percebi que meu pai pouco se importava, então eu sempre tentava elevar o nível das coisas, só pra ter a sensação de que tinha alguma liberdade... Patético. — Ele deu um último gole na cerveja esvaziando o copo, então eu o segui fazendo o mesmo. — Quando a nossa mãe morreu, pensei em me reaproximar de Sasuke, mas meu pai tinha planos pra nós, não fazia nem um ano da morte da esposa dele, da mãe dos seus filhos. — Itachi acenou com a mão e o atendente do bar nos serviu mais dois copos de cerveja, surpreendentemente o Uchiha mais velho tomou metade do copo de uma vez antes de voltar a falar.

— Sasuke simplesmente surtou com toda aquela merda, e quem não surtaria? Eu não conseguia passar uma noite sem bebida e mulheres, tínhamos enterrado nosso luto com uma pá gigante de merda. — Ele levou uma mão ao rosto, tremia um pouco, prendi a respiração, o que eu faria se Itachi chorasse na minha frente? Mas ele continuou falando. — Tenho certeza de que Sasuke me odiou enquanto estivemos fora, mas a verdade era que eu o fazia sair do apartamento toda noite, dando desculpas que ficaria com uma garota, que eu dispensa logo depois, para que eu pudesse chorar sozinho. Eu passava o dia inteiro enterrado na oficina ou no escritório, ouvindo a cartilha completa do Sr. Uchiha Fugaku... Estávamos há milhares de quilômetros do túmulo da minha mãe, o qual eu ia toda noite durante um ano para desabafar... — Itachi tirou a mão do rosto e ergueu seus olhos em direção ao céu. — Em uma certa noite, Sasuke e eu discutimos e brigamos feio, eu disse coisas toscas e horríveis como “Você precisa crescer e deixar seu pai orgulhoso, isso basta.” ... Saí do apartamento depois da briga, vomitei na portaria do prédio, eu sentia muito nojo de mim mesmo, do que eu me tornei, do que eu fiz meu irmão enxergar em mim... Naquela noite, juro que pensei em jogar na frente de um carro.

— Caralho, Itachi! — Eu dei um salto do meu banco, como aquela merda toda estava acontecendo e não sabíamos de nada?

— Não esquenta, foi só daquela vez.

Ele deu de ombros como se não tivesse acabado de me contar que pensou em suicídio. Um arrepio frio percorreu a minha espinha, meu acidente me veio à mente. Eu nunca tinha parado para pensar no que Itachi sentia, tendo também perdido uma pessoa. Eu sempre o julgava pelas suas atitudes, mas sequer tinha me sentado uma única vez para conversar com ele.

— Eu não pensei que brigaríamos tão feio de novo, mas dessa vez, não consigo mais fingir as coisas, voltar a falar com ele e agir como o babaca de sempre. — Itachi se levantou e jogou uma nota de dinheiro em cima do balcão e tomou o resto da sua cerveja. — Eu disse que você pagaria, mas acho que acabei te dando muito trabalho.

— Vai se foder, Uchiha.

Eu peguei meu copo de cerveja do balcão e tomei toda a cerveja de uma vez, bati o copo no tampo de madeira e antes que Itachi pudesse abrir a boca, eu o abracei.

— Não me vem com essa, o vilão virando herói? Você não passa de um filho da puta... — Apertei mais o abraço, Itachi não teve reação por um momento, mas segundos depois, enterrou a cabeça no meu ombro e começou a soluçar. Senti minha camisa ficando molhada e uma tristeza enorme preenchendo meu interior.

Todos tínhamos nossos demônios interiores e nossas feridas. E Uchiha Itachi estava carregando os seus calado por tempo demais.

...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ♥



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