Hey Brother escrita por Katara


Capítulo 6
Let it be


Notas iniciais do capítulo

Oi, desculpem a demora, o Nyah bugou, quando voltou ao normal meu computador foi pro concerto e quando ele voltou... simulado!
Ps: Achei o capítulo passado ruinzinho, me desculpem ):

Let it be - The Beatles



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/500718/chapter/6

— AAAAAARGH — Ian verbaliza o que todos estão pensando — é impossível, não consigo me divertir só com vocês aqui.

— Todos combinamos que é um saco ficar aqui sem eles — Fernanda resmunga olhando o horizonte.

— A areia fica suja, o sol opaco — Lucas filosofa.

— Queria que Rafael não tivesse desistido tão facilmente — Fernanda resmunga apanhando um punhado de areia com as mãos.

— Ele não desistiu facilmente — Larissa responde derrotada com a cabeça apoiada nos joelhos — só não tinha mais nada que pudesse ser feito. Os pais dela são responsáveis legais dela, poderiam leva-la pra Antártida e nós não poderíamos fazer nada, e como sequestra-la está fora de questão, já que não podemos nem passar pela segurança... Acabou.

— Por que você está sendo tão negativa? — Fernanda pergunta exasperada.

— Não estou sendo negativa — a garota enche a mão com areia e joga longe — só estou... — ela gagueja irritada — frustrada. Tudo isso é tão injusto.

— Eu te entendo — Fernanda cede.

— Isso é ridículo — Ian exclama após um tempo de silêncio — Quanto mais gente aparece, mais a praia parece vazia, ainda fico procurando por eles.

— Que babaquice — Fernanda reclama — nunca tinha percebido como o grupo é vazio sem os três.

— Só eu estou sentindo falta — Lucas começa com um meio sorriso — dos comentários ácidos da Rebecca?

— Ou daquela risada de babaca do Rafael — Larissa adiciona.

— E a superioridade inteligente da Nick — Ian acrescenta bagunçando o cabelo — O Q.I. dela é superior ao de todos aqui juntos — todos sorriem fracamente, mas o sorriso logo cessa.

— Queria que tivesse alguma coisa que pudéssemos fazer, eu queria tanto — Larissa pronuncia por fim, como se estivesse se segurando há dias.

— Eu queria no mínimo me despedir — Lucas comenta de alto — sabe? Poder dizer que quando ela voltar vamos estar aqui, mas ela deve estar partindo a qualquer momento.

— Nós podemos fazer isso! — Fernanda parece se iluminar com uma ideia — Nos despedir dela.

— Isso mesmo! — Larissa a acompanha, as duas se levantam e limpam a areia dos shorts correndo pela praia com as sandálias ainda em mãos, sem tempo para coloca-las.

— Para onde vocês estão indo? — Ian grita para as duas que se distanciam com velocidade.

— Acordar o Rafael e dar um banho nele — Larissa grita de volta já quase invisível na distância — seja útil, veja os horários dos voos partindo do Rio para Seattle. Encontramos vocês lá!

— Mas...? — Ian tenta, no entanto as duas já estão muito distantes.

...

— Não é que eu queira ser indelicada ou algo do gênero — Larissa começa entrando no quarto de Rafael — mas você está horrível — ela coloca a sacola de praia no criado mudo.

— É bem, me desculpe — ele responde azedo —, mas eu não estou exatamente no humor pra me arrumar e fazer toda essa conneries.

— Falar francês não vai te ajudar meu amor — Fernanda retruca sarcástica — o que vai te ajudar é um banho, afinal, você não quer que Nicolly lembre de você por dois anos com essa cara de monstro.

Ao som do nome de Nicolly, Rafael parece voltar à vida, ele se ergue em um pulo e encara Fernanda com a testa franzida e os olhos esbugalhados.

— Do que você está falando? — ele continua parecendo confuso.

— Vamos intercepta-la no aeroporto — Larissa explica — mas ela pode estar saindo a qualquer hora, então você precisa se apressar, não podemos chegar tarde demais.

— Então vamos — ele corre para a porta.

— Infelizmente — Larissa grita sem sair do lugar — você precisa de calças pra entrar no aeroporto — ela continua e Rafael finalmente percebe que ele só usa uma samba canção e uma regata azul, listrada.

— Além disso — Fernanda complementa — você não vai querer beija-la sem escovar os dentes antes — ela ergue uma sobrancelha como se discordar fosse inútil. Rafael pondera a ideia por meio segundo e corre para o banheiro gritando:

— Cinco minutos — com a porta batendo atrás de si.

Quinze minutos depois eles pegam o elevador, Becca arrumando o lápis de olho e passando mais algumas camadas de rímel, Rafael torcendo os dedos com a ansiedade palpável e Fernanda e Larissa arrumando as roupas que elas pegaram emprestadas de Becca, já que suas roupas estavam sujas com a areia da praia.

Rafael lidera o grupo com velocidade e enquanto as outras ainda saem da porta do elevador ele já atravessa o hall e sai pelas portas de vidro em direção ao primeiro táxi na fila em frente ao prédio. As garotas finalmente chegam e encontram ele já no banco da frente, batucando os dedos com impaciência.

— Pronto, podemos ir — ele pede assim que a porta do carro é fechada.

— Droga, droga, droga — Larissa reclama quando eles já estão se afastando velozmente do prédio — meu celular, está na bolsa no quarto da Becca, como eu vou falar com Uan agora?

— Não há tempo pra voltar — Rafael responde passando uma nota de vinte para o taxista que a coloca em um bolinho que já tem duas de cinquenta, o homem acelera um pouco mais.

— Como eu vou saber em que voo ela vai? — Larissa pergunta exasperada.

— Não saiba, temos que chegar lá — Rafael responde.

Larissa se senta emburrada, mas quieta. O trajeto até o aeroporto não demora e assim que ele estaciona Rafael joga uma última nota no banco e sai correndo aeroporto adentro. As meninas o seguem tentando acompanhar o ritmo, mas ele é rápido demais. Elas o acompanham a distancia e ele vaga sem rumo pelos portões.

— Larissa — eles se viram para a direção onde Ian acaba de gritar o nome da garota e correm em sua direção — Eu não sei como falar isso — ele começa desanimado — mas o último voo para Seattle... Partiu faz duas horas.

O semblante de Rafael murcha, ele senta em um dos bancos de espera e coloca as mãos no rosto, como se quisesse abafar as imagens e sons ao seu redor. Revecca senta ao seu lado e coloca uma mão em sua costa em forma de apoio, Larissa enterra o rosto no pescoço de Ian tentando esconder as lagrimas e Ian tenta consola-la acariciando suas costas. Fernanda apoia a cabeça no ombro de Lucas contendo as lágrimas com todo o custo, e Lucas abraça-a protetoramente. Todos sabem que nada vai ser igual a partir desse momento.

Os seis persistem na mesma posição como estátuas por horas, ou talvez minutos, a verdade é que ninguém está interessado em falar, em algum momento Rafael segura a mão da irmã e continua apoiando a cabeça com a outra. Ninguém parece nota-los embora uma catástrofe estivesse acontecendo em suas vidas. Nem mesmo a confusão barulhenta de pais e uma garota de cabelos escuros e olhos verdes tira-os de seu devaineio, só quando a garota olha na direção deles e corre desenfreda largando a mala no chão do aeroporto é que eles finalmente se sobressaltam.

— Nicolly — Rafael só tem tempo de se levantar quando a garota pula em seus braços.

— Rafa — ela suspira, todos ao redor param para olhar.

— Eu pensei que... O ultimo voo para Seattle já saiu — ele exclama desconexo, sem largar por um segundo a garota.

— Meus pais imaginaram que vocês viriam me ver — ela explica — por isso pegaram um voo que saia cinco horas depois, para Los Angeles.

— Pelo visto eles não calcularam direito — Larissa responde olhando para a amiga. As duas se abraçam e Rebecca e Fernanda se juntam a bagunça.

— Não imaginei que vocês fosse fazer isso — o pai de Nicolly aparece — Honestamente, levar nossa filha para festas até a madrugada, apresenta-la ao mundo das drogas...

— Ninguém aqui usa... — Lucas começa.

— Silêncio, eu sei o que vocês fazem, não sou idiota — o pai se intromete — Como vocês podem ser tão egoístas a ponto de deteriorarem a carreira dela, impedirem seus sonhos, e ainda terem a audácia de nos tachar de errados, eu vi o que vocês nos mandaram, vi tudo.

— Não seja hipócrita — Rebecca responde — vocês prenderam ela.

— Porque somos os pais dela, sabemos o que é melhor para ela — ele retruca no ato.

— Claro que sa... — Rebecca começa, mas Fernanda a corta.

— Nós só queremos nos despedir — ela murmura para os pais de Nicolly com a voz suplicante e os olhos marejados — por favor — ela quebra a última palavra ao meio com um soluço, quem não conhecesse diria que é verdadeiro, mas ela só quer ganhar tempo para uma despedida de verdade.

— Quinze minutos — o pai de Nicolly suspira após olhar para sua esposa.

— Nick — Lucas suspira ao abraça-la — vou sentir saudade das carinhas felizes que você desenha no meu caderno em todas aquelas aulas insuportáveis de física — ele suspira e ela dá uma risada em meio as lágrimas.

— Nicolly — Larissa choraminga se agarrando a amiga — com quem eu vou me vestir para as festas de sábado à noite? Você sabe que a Becca e a Fer não tem o seu senso de moda — as duas se apertam por mais algum tempo antes de relutantemente se separarem.

— Nick — Ian abraça a garota — quem vai me ajudar a acabar com todo mundo no totó nas noites de terça? Você e eu somos a dupla infalível, extinguimos com o Cheetos de todo mundo — ele aperta ela e solta-a.

— Vou sentir muito a sua falta — Rebecca choraminga — até porque, não vai haver ninguém para ouvir a ladainha incessante e repetitiva da Larissa, o que eu vou fazer? — As duas se abraçam.

— Nicolly — Fernanda a abraça — promete que vai assistir Star Wars toda a quarta-feira? E comer pipoca rosa como nós fazemos? — Nicolly assente, incapaz de falar e as duas se apertam, e finalmente ela se joga novamente nos braços de Rafael.

— Esse não é o fim do mundo — ele sussurra em seu ouvido — E eu sei que isso pode parecer uma conclusão, mas as melhores histórias sempre tem um epílogo. Eu prometo pra você que vou te esperar, e que algum dia, vamos juntar nossas escovas de dente e falar sobre o nada até as três da tarde — ele a abraça mais forte e ela sorri, como se ele concluísse uma piada particular.

Ela limpa as lágrimas na camisa do garoto e se dirige aos pais, seu queixo erguido, e a voz forte.

— Não vou posso fazer isso, não posso e nem vou — ela exclama meio rouca.

— É claro que vai — sua mãe responde bondosamente — é o melhor pra você.

— Além do mais — o pai acrescenta — você não tem escolha — ele sorri para a filha pegando seu braço com uma mão e a mala dela com a outra.

— Eu tenho sim — ela retruca se soltando, os pais observam ela se afastar e puxar da bolsa um documento.

— Você não pode fazer isso — seu pai respondeu tenso.

— Vocês me deram esse direito, só pretendo usa-lo — ela retruca.

Ele olha para o papel por alguns minutos, parecendo avaliar a situação, uma veia pulsando em sua testa. Por fim, ele suspira, e com os ombros baixos e o semblante derrotado ele pega sua mala e se dirige a filha.

— Você vai se arrepender — ele conclui saindo de perto dos adolescentes com sua mulher em seu encalço

...

— Afinal, o que era aquela carta? — Ian pergunta lambendo seu sorvete de chocolate.

— Minha carta de emancipação, assinada pelos meus pais — Nicolly responde casualmente.

— Por que eles te deram uma? — Rebecca pergunta com seu açaí.

— Pra cuidar do meu dinheiro, caso alguma coisa acontecesse com eles — ela responde lambendo sua casquinha de maçã.

— Hum — Fernanda acrescenta muito focada na sua casquinha de blueberry.

— Cara — Nicolly suspira — meus pais vão me odeiar pra sempre.

— Vão nada — Lucas lambe o sorvete de Fernanda que está derretendo — Amor de pais é incondicional — ele conclui mordendo sua casquinha de baunilha.

— Além do mais, você sempre terá o maior consolador de todos — Larissa acrescenta — o sorvete de morango.

— Morango é uma droga, não sei por que você só toma esse — Rafael resmunga e Larissa mostra a língua pra ele — e além do sorvete você tem a nós!

— Pode crer — Nicolly responde — Não quero nada além disso no momento — ela sorri.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E esse capítulo encerra a fase "Drama"
Ei, vocês querem mais romance na história? Me avisem!
Comentem se sentirem confortáveis



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hey Brother" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.