Fascination escrita por Lady Stardust
Notas iniciais do capítulo
O título e os trechos em inglês são da música "Sweet Thing/Candidate" de David Bowie. Eu seeeei, esse negócio de colocar inglês no meio da história complica tudo; mas se vocês ouvirem a música durante a leitura, vão entender o quê quero dizer.
Praticamente toca a sua alma.
A festa acontecia num hotel, o Moonage Plaza. O segundo andar era um labirinto de corredores e portas; mas Jones se orientava muito bem. Parou diante o quarto 76, vasculhando o bolso do casaco.
Tão distinto. Ele usava uma camisa branca sob um colete preto, e calças também escuras. A elegância era explícita em suas roupas, em seus gestos, em suas palavras. Agia como um príncipe, um duque. Era como um animal espreitando a caça, mas não fingia nada a mim. Desejo era bem visível em seu olhar.
Passamos alguns instantes parados em frente à porta: ele girando a chave dourada entre os dedos; enquanto um sentimento estranho e voraz rodava dentro de mim. Finalmente abriu a porta para mim, e com um passo para o lado, abriu caminho. Parte de mim esperava um aposento real, com tapeçarias e camas de dossel; mas era apenas um quarto comum de hotel.
Jones foi a outro cômodo, e voltou com dois copos de uísque. Esforcei-me para tomar o meu; enquanto ele mexia no toca-discos, mas logo abandonei o copo. O homem por si só me inebriava.
Sentei-me inquieta no sofá. Não pude deixar de suspirar e sorrir ao reconhecer a música que tocava, e Jones notou. Como num sonho, levantou-me e tomou minha mão, e logo estávamos dançando.
Surpreendi-me quando ele começou a cantar baixinho em meu ouvido. Lembrei-me de meu pai e do disco que ele havia me dado antes da viagem. A voz era idêntica á de Jones! Tentei lembrar-me do desenho da capa; mas os olhos dele captaram os meus, e ele apenas sorriu.
“It's safe in the city, to love in a doorway, to wrangle some screens from the door…”
Os lábios dele logo se moviam contra os meus, as mãos firmes em minha cintura.
“…And isn't it me, putting pain in a stranger? Like a portrait in flesh, who trails on a leash…”
Ele me beijava como se eu pertencesse a ele.
“…Will you see that I'm scared and I'm lonely? So I'll break up my room, and yawn and I run to the centre of things…”
Como se não conseguisse se conter. E aos poucos, não consegui mais me conter também.
“…Where the knowing one says: boys, boys, it’s a sweet thing…”
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