Contorço-me em um chão sujo enquanto observo o céu azul e o nada.Se na terra há um inferno, deve estar no meu coração, um inferno tão quente que às vezes penso que posso explodir em chamas a qualquer momento.

Chamo-me Haruno Sakura e estou enterrando meu coração a sete palmos em baixo da terra, para que ninguém o escute gritar.

Sou um completo desperdício de espaço, venho a tempos questionando minha existência, às vezes tenho a sensação de que não caibo mais aqui dentro.

Sinto-me uma completa ninguém, uma estranha que habita um corpo de outra pessoa, um parasita que se infiltra em outro ser, -(sou um lixo).

Porque não sirvo para nada¿, porque sou um completo lixo para minha família e para o mundo¿,será que se eu não existisse mudaria em algo¿.

Perguntas e mais perguntas ronda minha mente estúpida. Fito o céu mais uma vez, tão lindo, um dia perfeito para alguém sem vida voltar para o lugar que nunca deveria ter saído, o esquecimento.

Lembranças de uma infância sofrida voltam a minha mente, um pai que bate nos filhos e uma mãe que eu uma prostituta não deveriam ter filhos. –(como seria se eu tivesse nascido em outra família¿),aqueles pensamentos começaram a atormentar minha mente, -(como seria se eu tivesse recebido carinho¿).vazia vulnerável e o que eu sou,e ninguém precisa de uma alma vazia.

Levantei devagar não queria ficar mais ficar deitada naquele lugar, comecei a caminha não sabia mais onde estava indo, estava sem rumo mais uma vez. uma pessoa com os neurônios querendo sair pelos poros não deveria andar sem rumo pelo mundo.andei ate a beira de um desfiladeiro que se localizava a trinta minutos da minha antiga casa.aquele era o meu lugar preferido no mundo,onde eu me sentia segura e era nesse lugar que eu pretendia passar meus últimos segundos de vida.

Olhei para o desfiladeiro e fechei meus olhos, aquele era meus últimos minutos aqui e eu queria apreciar cada momento....

A morte é agressiva em todas as suas esferas. Seja no acidente que ninguém esperava, seja no ventre da mãe, seja no paciente terminal, seja no cidadão com morte cerebral declarada, seja no inconseqüente que vivia brincando com a vida, seja no idoso de quase 100 anos. Não interessa. Ela isola-nos deixa devastada, impotente, perplexa, nos faz tremer e temer. Afinal quando vai chegar nosso dia? Ou pior: quando vai chegar o dia daqueles que amamos? , me chamo Haruno Sakura e essa foi minha morte, sem dor,sem medo,sem esperanças.

Tenho todo tempo do mundo, em outro mundo.