Emma continuou sendo empurrada pela estrada até sua fazenda.

–Mas afinal o que vocês viram lá? - a loira perguntou impaciente.

–Você não vai acreditar. - Belle afirmou mais uma vez, e passou na frente da loira, caminhando em direção a cidade.

–Acho que ela está indo embora. - Henry observou.

–Hm... e você viu o que lá?

–Quase nada, quando estava chegando Belle veio correndo e me puxou pra fora. Acho que tinha alguma coisa atrás dela... provavelmente os aliens...

–Henry, não tem aliens.

–Então vai lá ver e me fala o que é! - ele saiu correndo.

Emma ficou sem reação. O que o menino teria visto?

***

Depois do almoço, decidiu ir até a biblioteca falar com Belle. Pegou seu cavalo e seguiu caminho. O movimento na cidade parecia normal. Desceu na frente da enorme construção e entrou.

–Belle? - ela encontrou a moça debruçada sobre vários livros abertos na mesa. - O que aconteceu?

A bibliotecária levantou os olhos, estava mergulhada num volume em particular.

–Ah... Estou ocupada agora. - ela não parecia muito bem.

–O que está acontecendo? O que vocês viram lá...? - Emma se aproximou. Agora podia ver os livros sobre a mesa; eram sobre História, magia, ocultismo...

–Emma... tem alguma coisa lá embaixo. Haviam sombras e... barulhos...

–Vocês viram a irmã da Regina e o namorado esquisito?

–Sim... eles estavam descendo... com mais pessoas... e falavam coisas...

Emma tentava montar o cenário em sua cabeça, o estado de Belle não estava colaborando.

–Acho que eram... um culto. - Belle concluiu.

–Um culto? Do tipo que sacrifica animais?

–Foi o que a xícara disse...

Emma ergueu uma sobrancelha.

–Como?

–Eu estava pesquisando todos esses livros, tentando achar um jeito de fazer a Ruby voltar ao normal, e aí... - ela apontou num livro aberto, uma mancha circular em um texto sobre cultos. - A xícara de café me mostrou isso.

Belle falava desesperançosa, parecia ter dificuldade em expressar seu raciocínio. Emma percebeu uma garrafa de vodka perto da mesa.

–Você... andou bebendo?

–Ah, sempre, desde os dezesseis anos. - ela pareceu bem mais calma ao responder.

Emma foi até a mesa, pegou a garrafa, deu um gole, e sentou no chão.

–Conta mais do culto.

Belle pegou o livro e começou a ler as informações em voz alta. Em dado momento um quadro negro entrou em cena, e nele foi traçado um intrincado plano para derrotar o culto.

–Então, assim... - Belle apontava energeticamente para o quadro - eu acho que a gente devia ir lá agora... assim... pela família...

–Exatamente, vamos lá agora mesmo! - Emma se levantou e foi abrir a porta da biblioteca. - Ih... tá escuro já...

Belle também foi observar o céu noturno.

–Mas amanhã a gente vai! - Emma falava com a mesma energia.

–Isso mesmo, amanhã!

–Então eu vou pra casa, tchau!

–Até amanhã!

Emma se despediu e, com dificuldade, montou no cavalo. Dormiu.

***

Um soco gelado a acordou. Era água. Regina estava parada ali com um balde nas mãos.

–Emma! - a prefeita não estava de bom humor - O que você está fazendo aqui a essa hora!?

A loira puxou o cabelo molhado para trás. Viu que estava no chão e se sentou. Franziu o rosto, olhando em volta. Seu cavalo estava lá. E Regina de pijama.

–Não sei.

A prefeita baixou a cabeça impaciente.

–Minha filha... - a matriarca da família Mills chegou a porta. - recolha sua loura gelada da varanda e vamos dormir. Ela pode ficar no sofá.

Emma sentiu seu braço sendo puxado, e tudo ficou escuro novamente.

***

O sol incomodou os olhos da loira, que se revirou e os abriu. Reconheceu a sala da mansão Mills, e percebeu que estava no sofá. Na mesa de centro havia uma bandeja com café da manhã e um cartão com seu nome. Emma se levantou lentamente, um pouco tonta. Deu um gole no copo de água que estava ali e pegou o cartão.

"Nunca mais faça isso. ò___ó

Beijos,

Regina."

Tentou se lembrar como havia parado ali. Algo sobre a mina... a biblioteca... possivelmente uma piñata em algum momento... o culto! Tinha vindo avisar a prefeita do culto! Levantou-se e, com dificuldade, subiu as escadas até o escritório da prefeita. Entrou sem bater.

–Regina!

A morena levantou os olhos dos documentos que estava lendo.

–Essa escada pro seu escritório exclui cadeirantes. - Emma ainda não estava muito bem.

–Tudo bem, não existem cadeirantes em Storybrooke. Quem pode pagar uma cadeira de rodas eventualmente se muda para um lugar mais acessibilidade.

Emma piscou lentamente, encarando a prefeita.

–O que você quer? - ela cruzou os braços.

–Ah! É... tem um culto na mina! Temos que fazer alguma coisa!

Regina apertou os olhos, refletindo por um momento.

–A menos que me apresente provas de que as práticas desse tal culto prejudicam a boa convivência, todo cidadão de Storybroke tem o direito de exercer sua liberdade religiosa.

Nem Emma nem Belle tinha considerado seriamente as intenções dos envolvidos no culto. Suas ações se basearam apenas em suposições e medo.

–Eu... vou embora. - Emma estava passando mal e queria ir para casa.

–Pois bem. - Regina retomou seu trabalho.

A loira se retirou, e caminhou de volta para sua fazenda. Se suas suposições estavam erradas ou não, talvez fosse hora de ver por si mesma.