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Já tinha se passado uns dois dias após ter acontecido àquelas coisas estranhas na sala da diretora Sinder. Desde então quase não falei com Anne e Gwen.

Queria saber o que tinha acontecido exatamente naquele dia. Sinceramente Elliot, o vidente, tremera tanto que achei que teria um ataque cardíaco.

Havíamos caído cada um em uma casa diferente. Eu no Oeste, Gwen no Norte e Anne - incrivelmente - no Sul.

Ainda não tinha me acostumado com a idéia de ser um bruxo, mas tenho convivido com isso.

Levanto-me da cama com lençóis brancos e edredons alaranjados. Nenhum dos outros oito meninos estavam mais no dormitório. Suas camas e coisas já estavam todas arrumadas. Eu estava atrasado. De novo.

Levanto-me rápido como o Flash, pego meu material de "Magia Contra Arte das Trevas” e minha varinha, me arrumo, e no caminho do salão comunal, recito um dos poucos feitiços que conheço:

– Horologium apparet.

Uma tela azul clara parecia sair de dentro da minha varinha com o horário de 7:30. O café da manhã estava para acabar. Corro para pelo mesmo caminho de todos os dias pela manhã torcendo para conseguir pegar um biscoito.

...

Consigo chegar à sala junto com o resto da turma, com um toddynho na mão. Ainda bem que a Diretora Sinder resolveu me deixar comer alguma coisa! Estava entrando na sala quando uma mão interrompeu meu caminho:

– Aqui você não entra. Não com isso na sua mão. – Disse um homem careca com cicatrizes no rosto. Era bem assustador só que sua roupa estragava todo esse terror que queria transmitir, era uma camisa de manga comprida amarela marca-texto com uma calça azul clara. Sim, aquele é o uniforme dos professores, enquanto as professoras usavam uma saia ao invés da calça.

Meu coração dói ao ver o toddynho caindo na lixeira. Adeus amigo.

Entro relutante na sala de paredes feitas de pedra e com duas janelas enormes ao lado da mesa do professor. Anne estava lá, sentada com duas meninas. Uma de cabelos pretos e uma pele tão branca quanto a minha e a outra de cabelos castanhos com pontas loiras e encaracoladas, a pele morena e olhos escuros. Até que eram bonitas. Isso é uma coisa boa de ter uma irmã gêmea: suas amigas.

A encararei e me sentei-me à mesa ao lado de um menino do meu dormitório, mas não o conhecia direito.

O professor começou. Ele estava nos ensinando sobre Diabretes da Cornualha, não tinha prestado atenção a nada do que ele estava falando, apenas algumas frases vieram as minhas orelhas: “... são criaturas azuis...”, “ ...tem trinta centímetros...", " ...tem asas pequenas em comparação ao corpo..." , "...vamos agora examiná-los, trouxe alguns para cá..." , com essa última frase, quase caí da cadeira.

Ele colocou uma jaula preta de ferro em sua mesa no centro da sala com três monstrinhos como ele havia descrito. Eles estavam voando fazendo caretas para todos, algumas meninas se afastaram e deram mini gritinhos.

– Não se preocupem, eles não vão escapar. – Disse o professor com seu nariz empinado que era bem grande.

– Ham... professor, o que exatamente eles fazem?- Perguntou um menino do Sul de pele escura e de cabelos pretos levantando sua mão.

– Ótima pergunta senhor...

– Zachary Fletcher.

– Senhor Fletcher. – Continuou o professor – Eles adoram realizar brincadeiras de mau gosto sendo a mais comum suspender as pessoas pelas orelhas e depois enroscá-las em lugares altos.

– Μas eles são perigosos apesar disso?- perguntou a menina de cabelos pretos do lado da Anne.

– Bem, Senhorita Lake, seu nível de agressividade é três, então vamos dizer que eles são um pouco inofensivos, eles na verdade são mais chatinhos de se conviver.

Assim a aula foi-se passando, e depois de mais explicações cansativas sobre Diabretes, a aula acabou. Fui em direção a Anne enquanto todos estavam saindo da sala.

– Anne espere!

– Oi, Henry.

– A gente pode achar a Gwen para falar sobre aquilo – Eu não queria falar sobre o que havia acontecido na sala da diretora, já que suas amigas estavam perto.

– Sobre o que Henry?

– Você sabe... Aquilo que aconteceu com a Gwen.

– Ah sim eu vou com você, espere aqui. – Ela se despediu de suas amigas e saímos da sala.

Nós começamos a andar para todos os corredores a sua procura, fomos então dormitório da Norte, mas já que não podemos entrar lá, perguntamos a um menino que era aparentemente do quarto ano que estava saindo de lá:

– Você sabe se a Gwen está ai dentro?

– Quem? – Disse o menino que saiu rindo de nossa cara

– Bem talvez possamos voltar depois. - Falei à Anne.

– Sim, mas agora eu preciso ir para a estufa para a aula de herbologia.

Ela saiu andando na direção que o menino havia ido. Fui à direção contrária para aula de história da magia.

Subi algumas escadas, virei duas direitas e entrei na porta no final do corredor.

Sentei ao lado de uma menina do Oeste, já a tinha visto antes algumas vezes, mas nunca falei com ela. Tinha olhos bem azuis seus cabelos eram castanhos claros. Sua pele era branca, mas não tanto quanto a minha.

Ela estava lendo um livro, o qual se chamava "Magia no em casa, nas ruas e no mundo", dei um rápido "oi" a ela, tirei um pedaço de pergaminho, uma pena e o livro enorme da aula de minha mochila.

Talvez estivesse muito focada no livro ou não queria falar comigo já que não me respondeu.

Dei de ombros e comecei a olhar pela sala, quase ninguém entrara depois de mim, acho que sou um caso perdido na hora de chegar a tempo na aula.

Todos estavam conversando. Alguns meninos estavam gritando, duas meninas cochichando e um casal se "pegando" – será que eles não podiam fazer isso em outro lugar em vez da sala de aula? –.

Um grupo de meninas da Norte haviam me chamado atenção. Estavam de pé rodeando uma mesa, mal consegui ver o que estava acontecendo. Elas estavam falando bem alto, quase gritando, até que a professora chegou.

Elas se separaram e descobri quem estava ali, era Gwen. Ela devia ter trocado de classe, já que quando estive nessa classe antes nunca a tinha visto.

Ela parecia tão, tão...

– Sr.Fields, qual é a resposta?

A professora estava me encarando, esperando minha resposta. Na verdade todos da sala estavam. A aula mal tinha começado e ela já estava me fazendo perguntas. Dei uma olhadinha no quadro. Estávamos estudando sobre a Guerra dos Duendes.

Fiquei em choque, paralisado, só com a boca aberta, mas sem sair ao menos uma palavra.

A menina ao meu lado tentou cochichar a resposta para mim. Sua voz era um pouco delicada e um pouco fina. E então a professora disse:

– Senhorita Sanders, era para o seu colega do lado responder, mas ótima resposta, 15 pontos para a casa Oeste!

Um alívio bateu no meu peito, depois de algum tempo que a professora havia se virado, ela tinha olhado para mim e falei apenas com os lábios sem resquício de som um “obrigado”, assim ela respondendo um "não há de que".

A aula tinha acabado e consegui combinar com a Gwen para a gente se encontrar na biblioteca com Anne na hora do almoço.

Agora só faltava avisar a Anne sobre o local.

Próxima parada, aula de poções. Como estou animado para isso.