A Razão do Rei escrita por Andy


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Howdy, galera! Como vocês estão? ^3^
Eu estou triste... Depois do atraso do capítulo passado, metade dos meus leitores sumiram! Voltem, por favoooor! Eu tenho cookies! ç3ç'
Sério, espero vê-los novamente um dia... Bom, para os que ficaram, meu "muito obrigada"! Espero que a fanfic continue sendo do agrado de vocês. Vou fazer o que eu puder para que ela só fique cada vez melhor! Por favor, comentem para eu saber se estou conseguindo, ok? Mais uma vez, muito obrigada por tudo! Até o próximo capítulo!



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“Por fim, eu acabei encontrando o caminho que levava ao palácio e comecei a seguir naquela direção. Você sabe como o terreno é ondulado aqui, não sabe, Legolas? Então, numa dessas ondulações, quando o chão sob meus pés começou a subir, eu o vi. Thranduil estava logo adiante, vindo em minha direção.

Eu o vi primeiro. Ele estava distraído, olhando para os próprios pés enquanto andava lentamente, as mãos cruzadas nas costas. Parecia estar pensando seriamente sobre alguma coisa, as sobrancelhas franzidas pela concentração. Ao vê-lo, senti meus pés travando, agarrando-se ao chão enquanto o mundo inteiro rodava. Meu coração parecia que ia rasgar meu peito e uma mescla de sentimentos me confundia: vontade de correr para ele, vontade de correr dele, o desejo de passar despercebida, o desejo de que ele me visse. Enquanto eu esperava que um lado vencesse, Thranduil ergueu a cabeça e finalmente me viu. Ele instantaneamente parou de andar, seus olhos se arregalando levemente, talvez pela surpresa ao me ver ali.

Ficamos os dois assim, congelados, olhando um para o outro à distância. Eu fiquei tentando ler sua expressão, e imagino que ele estivesse tentando fazer o mesmo comigo. Não pude deixar de notar que ele também tinha olheiras sob os olhos. Isso era bom ou ruim? Ele tinha passado a noite pensando em mim, era fato. Mas pensando o quê? Ele parecia confuso, seus olhos suplicando por alguma coisa que eu não entendia. Minha boca estava completamente seca, minhas mãos suavam e eu sentia que ia ter um enfarte a qualquer momento. Meu coração batia mais rápido do que nunca, reclamando da distância que ainda existia entre nós. Não conseguindo resistir ao impulso de me aproximar mais, eu ensaiei um passo em sua direção, mas hesitei.

Foi o que bastou para romper a barreira. Thranduil veio correndo em minha direção e me tomou nos braços, segurando-me com força, não sei se pela emoção do momento ou se para evitar que eu fugisse, enquanto me beijava com vontade. Eu senti de novo aquela sensação de estar queimando por dentro, e então meu corpo reagiu sozinho, sem que eu tivesse (ou quisesse ter) qualquer controle sobre a situação. Minhas mãos enlaçaram o pescoço dele, puxando-o para mais perto de mim, meus dedos se enroscando nos cabelos de sua nuca. Eu senti quando ele deslizou suas mãos para a minha cintura, quando percebeu que eu não iria a lugar algum, seu toque provocando um arrepio em minha espinha. Nossas respirações se misturavam enquanto o beijo se intensificava cada vez mais e eu mal senti quando ele me empurrou contra a parede de uma das casas, prendendo-me ali. Tudo o que eu sentia era o fogo queimando entre nós.

Quando o oxigênio finalmente nos venceu e nossos lábios tiveram que se separar, Thranduil abaixou a cabeça e começou a beijar meu pescoço, começando pela base da minha mandíbula e descendo, descendo...

– Mamãe! Mamãe! – Legolas finalmente conseguiu chamar a atenção de Syndel. Por todo o reino, as elfas comentavam como era uma graça que ele continuasse a chamá-la de “mamãe” mesmo depois de adulto.

Syndel olhou para o filho e riu ao ver sua expressão constrangida e seu rosto corado.

– O que foi? Você sempre gostou de ouvir essa história!

– É, mas você nunca contou com tantos, ahnm... detalhes. – Legolas evitava o olhar da mãe, fixando-se na grama seca do campo de treinamentos. O inverno logo chegaria.

Syndel riu novamente, achando muita graça daquela situação. Legolas já era um homem feito, mas no fundo, no fundo, ainda era tão inocente quanto uma criança. Ela amava isso nele mais do que tudo.

– Ora, Legolas, você já tem quase quinhentos anos... Já está na hora de aprender como conquistar uma mulher. – ela observou enquanto o rubor do rosto do filho aumentava. – Espera! Mentira!! Você já tem alguém em mente?? Quem é??? Me conta! – ela começou a bater palmas, entusiasmada. – Me conta, me conta!!

– Não tem ninguém, mamãe! – ele se apressou em exclamar, perfeitamente ciente de como seu rosto estava em chamas.

A mãe agarrou o braço dele e começou a sacudi-lo:

– Ah, não! Me conta! Quem é? Eu sou sua mãe, preciso saber! Quem é? Hein? Ela é bonita? Eu a conheço? Ela é da nobreza? Estava no último Baile da Estrela? Quem é? Por que você não a tirou para dançar? Me conta, me conta!

– Eu já disse que não tem ninguém! Você parece uma adolescente, mamãe!

– Não mude de assunto! Eu sou sua mãe, menino! Anda, me conta logo! Por favor, por favor, por favor! Me conta!

– Não. Tem. Ninguém!

– Legolaaaaas! – Syndel fez biquinho, sacudindo o braço do filho com ainda mais força. – Você precisa me contar! Conta, conta, conta!

De súbito, um barulho na floresta chamou a atenção de ambos e Syndel parou de se mexer, estreitando os olhos para Legolas, que assentiu com um movimento de cabeça quase imperceptível. Rápidos como flechas, os dois giraram na grama e se ajoelharam, arcos a postos, prontos para atirar na direção de onde o som tinha vindo.

No instante seguinte, Thranduil saiu das árvores com as mãos erguidas na altura dos ombros, perfeitamente tranquilo, embora bastante ciente de que os dois arqueiros mais mortais do reino tinham flechas prontas apontadas para seu peito.

– Thranduil! – Syndel exclamou, baixando o arco. – Que susto!

– O que vocês dois estão fazendo aqui até uma hora dessas? Está ficando frio e os dias ficam cada vez mais escuros. – ele se aproximou, olhando muito sério de um para o outro. – A Floresta Verde não é mais a mesma dos nossos dias, Syndel. Ela fica mais traiçoeira a cada dia, mesmo dentro das nossas fronteiras.

– Legolas tem uma namorada! – Syndel respondeu alegremente, ignorando a bronca do marido.

– Não tenho, não!

– Verdade? – Thranduil apenas ergueu uma sobrancelha, sem nem olhar para o filho.

– NÃO! – Legolas praticamente gritou, obrigando o pai a lhe dar atenção. – A mamãe estava contando uma história.

– Não mude de assunto, Legolas. – Syndel cutucou o ombro dele, com um sorriso enorme no rosto.

– Mamãe, é sério! Eu já te falei, você é a única mulher da minha vida. – Legolas tentou fazer charme para ela, para ver se conseguia fugir daquele assunto constrangedor.

– É? – Thranduil interrompeu, sentando-se na grama ao lado de Syndel e puxando-a para si pela cintura. – Pois acho bom você arrumar outra. Essa aqui é minha.

Syndel riu e virou o rosto para beijar Thranduil. Legolas olhou para o outro lado, polidamente, mas sorriu. Era impressionante como mesmo depois de tantos anos seus pais permaneciam tão apaixonados. Por algum motivo, Legolas gostava disso.

– Você é um bobo. – ela se aninhou nos braços do marido, que sorriu e começou a alisar os cabelos dela.

– Que história você estava contando para ele?

– Estava falando sobre quando nós começamos a namorar.

– Você quer dizer...?

– Estava contando sobre aquela manhã depois da noite em que a gente se beijou pela primeira vez.

– Mas, espere. Você não contou a ele que...?

– Não, é claro que não. Nunca contei isso a ele.

A conversa estava começando a chamar a atenção de Legolas:

– Não me contou o quê?

Thranduil e Syndel olharam para o filho e depois mergulharam numa longa conversa silenciosa. Era incrível a habilidade que eles tinham desenvolvido de se comunicar só através de olhares. Às vezes, eles passavam horas só desse jeito, sem trocar uma palavra. Legolas muitas vezes se perguntara se eles não tinham realmente desenvolvido algum tipo de telepatia. E não havia nada no mundo que o irritasse mais do que quando os pais faziam aquilo.

– Não contou o quê? Do que vocês estão falando?

– Shh! Quieto! – Thranduil usou aquele “tom de autoridade” que sempre deixava Legolas furioso, mas que ele não ousava contestar. Cerrando os punhos para reprimir a raiva, ele não disse mais nada.

A discussão silenciosa pareceu durar uma eternidade, enquanto tudo o que se ouvia era o som do vento uivando ao passar pelos galhos já completamente nus das árvores. O elfo mais jovem estava picando uma folha seca com os dedos quando o pai finalmente falou, com um suspiro de quem havia perdido uma batalha:

– Tudo bem. Mas eu conto, então. E se ele resolver seguir o nosso exemplo, vai ser sua culpa.

– Como se ele fosse conseguir alguma coisa. Nem nós conseguimos.

– Mas chegamos muito perto. Você sabe disso.

Syndel fez um movimento com a mão, rejeitando o comentário. Thranduil suspirou de novo antes de se voltar para Legolas:

– Eu só quero que você mantenha em mente uma coisa, Legolas: eu não sou o meu pai. – o pai olhava fixamente nos olhos do filho, tentando fazer com que ele compreendesse a seriedade do que dizia, como se apenas aquele tom de voz ameaçador não fosse o bastante. Legolas sentia uma vontade imensa de desviar o olhar, mas não queria dar essa satisfação a Thranduil. Assim, ele encarou o pai de volta com a mesma intensidade, em tom de desafio. Thranduil considerou isso uma resposta boa o bastante e abriu seu tão famoso sorriso torto para o filho, enquanto secretamente se enchia de orgulho por aquele moleque que era tão parecido consigo mesmo. Ele abraçou Syndel com um pouco mais de força antes de começar: – Naquele dia, quando Syndel olhou nos meus olhos e sussurrou o meu nome, eu soube que ela seria minha para sempre.

“– Thranduil... – os olhos prateados dela cintilavam como as estrelas, e eu li neles tudo o que ela queria me dizer naquele momento com tanta clareza quanto se ela tivesse me dito.

– Shh... Eu sei... – eu sussurrei e a calei com um beijo, desta vez muito mais suave, que ela retribuiu imediatamente.

Mas uma coisa me preocupava e eu me afastei para olhar em seus olhos de novo:

– Nós temos um problema aqui, Syndel...

Ela riu de leve, pensando que eu estava brincando:

– Eu sei. Estamos encrencados. – ela me puxou para mais um beijo, mas eu desviei o rosto. Ela se afastou assustada e me lançou um olhar magoado.

– É, sério, Syndel. Temos mesmo um problema.

– Que tipo de problema?

Eu olhei em volta, preocupado que alguém, ou melhor, que um certo alguém nos visse. O sol já tinha nascido por completo, logo as pessoas começariam a acordar. Eu tomei a mão de Syndel e a levei para uma rua sem saída, um lugar escondido a que eu sempre v... A que eu sempre ia quando queria ficar um pouco sozinho.

– Você está me assustando. O que foi?

Fiquei apenas olhando para ela, sem saber o que dizer. Eu não sabia como explicar.

– Thranduil?

Segurei a outra mão dela e ela entrelaçou os dedos nos meus. Melhor assim. Eu não queria que ela saísse correndo.

– Syndel, eu... Eu não sei como explicar. Eu não quero... Não é minha culpa, não fui eu quem decidiu nada...

– O quê? O que não é sua culpa?

Eu virei o rosto e fechei os olhos. Estava doendo.

– Thranduil... – ela estava assustada, mas também parecia preocupada comigo.

– Não fique com raiva de mim. Por favor.

– Porque eu ficaria?

– Eu juro, eu não tenho culpa de nada.

– Culpa do quê?

– Oropher. Ele fez um trato. Quando eu nasci, há quase meio século. Eu era só um bebê.

– Que tipo de trato?

– Ele prometeu ao Mestre Elrond que eu me casaria com sua filha e que Greenwood e Valfenda se tornariam um só reino.

– Desculpe? Acho que eu entendi algo errado. – o tom de voz de Boromir ocultava alguma coisa. Ele parecia estar sendo irônico, como se estivesse tentado a fazer piada daquilo. O olhar furtivo que lançou para Aragorn denunciou para Frodo suas intenções maldosas.

– Lady Arwen estava prometida ao seu pai?! – Aragorn perguntou um pouco alto demais, deixando seu espanto falar por ele, o que não era de seu feitio.

Legolas olhou para ele e seus olhos sorriam, mas não o mesmo tipo de sorriso de Boromir. Ele estava sendo sincero:

– Estava. Mas era um acordo entre Mestre Elrond e Oropher. Nem meu pai e nem Lady Arwen queriam isso, como você logo descobrirá. E acho, Mestre Aragorn, que a resposta dela em muito lhe agradará.

Aragorn assentiu, cruzando os braços sobre o peito e sorrindo para o elfo. Boromir apenas fungou contrariado.

“Syndel olhou para mim e eu pude ver as lágrimas em seus olhos, mas ela não tentou sair correndo, como eu pensei que faria.

– Syndel, não... Não chore. Perdoe-me, eu não quero nada disso...!

Sem soltar minhas mãos, ela se aproximou mais de mim e enterrou o rosto em meu peito.

– O que a gente vai fazer?

Eu soltei as mãos dela e a abracei com força. Quando ela soluçou e eu senti todo o corpo dela sacudir de encontro ao meu, eu tomei minha decisão, deixando para trás a dúvida que tinha me atormentado durante toda a noite anterior.

– Vamos fugir.

Ela ergueu a cabeça para olhar para mim, incrédula.

– O quê?

– Você e eu. Vamos fugir. Hoje. Agora.

– Mas...

– Sem mas. Eu não quero saber. Simplesmente vamos embora.

– Mas você não pode...

– Não posso?

– Você é o príncipe. E isto... – ela tentou se afastar, mas eu a segurei. – Isto é errado. Eu sei. Eu sou só uma elfa qualquer. Não é sua culpa. Eu... Eu vou ficar b... – eu a puxei para mais perto de mim. Suas palavras estavam perfurando o meu peito.

– Nem pense nisso. Nunca, jamais pense em se afastar de mim. Nem pense que você não é boa o bastante para mim. Nunca, está ouvindo? Você é muito mais do que eu jamais merecerei.

– Thranduil... – ela roçou o nariz no meu rosto e começou a acariciar os meus cabelos. – Você sabe que é verdade. Você é o príncipe. Não pode simplesmente ir embora.

– Por você, eu posso.

– Não, você não pode. O reino. O povo. Eles precisam de você.

– Eu não me importo.

– Thranduil! – ela desistiu de tentar ser gentil e me deu um empurrão. A verdadeira Syndel tinha voltado.

– De verdade, Syndel. Eu. Não. Me. Importo.

– Como você pode...? Eu pensei que você tinha mudado!

– Mas eu mudei!

– Não parece!

– Mas mudei! Tanto que eu não quero ser rei! Que se dane esse título estúpido!

– Eu não acredito no que estou ouvindo! O reino, o povo... Eles precisam de você! O seu pai precisa de você! É seu dever!

– Precisa? Precisa mesmo?

– Você não pode estar querendo sacrificar o bem estar deles por um capricho próprio!

É isso o que nós somos, Syndel? Um capricho? É o que eu significo para você?

Ela se calou e se encolheu, recomeçando a chorar. Eu baixei o tom de voz:

– Syndel... Vamos ser sensatos. Vamos ser honestos aqui: eu nunca serei rei. “Príncipe”... Que título mais estúpido e inútil. Para os homens, pode fazer sentido. Mas para nós? Syndel, meu pai é imortal. Você sabe o que significa. Eu nunca vou assumir o trono. A menos que ele renuncie. Você pode ver Oropher renunciando ao trono? Você pode ver o povo aceitando uma coisa dessas? – eu dei dois passos na direção dela, e ela recuou. Doeu. – Então. Por que eu vou querer um título desses? Eu sou só um símbolo. – apontei para a bandeira que fica hasteada na torre do palácio. – É só isso o que eu sou.

– Mas... Mesmo assim... O rein...

– O reino? Bom, se eles precisam tanto de um príncipe... Meus pais ainda podem ter outros filhos. Não há nenhuma lei que diga que eu preciso ser o único.

– Mas você... Sua família... Eles nos baniriam. Você nunca mais poderia vê-los. Ou qualquer outro elfo. Eu não posso deixar que você sofra uma coisa dessas. – meu coração bateu mais forte. Estava acontecendo. Eu estava me apaixonando de novo. Ela só se preocupava comigo. Até agora, todas as suas objeções diziam respeito a mim, à minha família, ao meu povo. Ela não se importava com ela, apenas comigo. E eu a amava cada vez mais por isso. Estava ficando difícil argumentar contra ela, quando ela agia assim. Mas eu precisava continuar.

– Sofrer? Sofrer, eu estou sofrendo agora. Estou sofrendo desde a primeira vez que te vi. Desde então, venho experimentando os mais variados níveis de sofrimento.

– Thranduil...

– E agora eu cheguei ao pior. – pus a mão em garra sobre o meu peito, desejando poder arrancar meu coração para fazer a dor cessar. – Está doendo mesmo¸Syndel.

Ela não parava de chorar. Estendeu uma mão em minha direção.

– E se nós não fizermos isso, Syndel, eu vou, tenho certeza, sofrer por toda a eternidade. Se eu tiver que ir lá e me casar com Lady Arwen... Syndel, eu não posso. Eu não suportaria.

– Thranduil... É muita coisa eu te pedir para fazer isso por mim.

– O que eu “perderia”? Não é nada! Um título bobo, umas regalias... Eu posso viver sem isso. Você é tudo para mim. É tudo o que me importa, agora.

– Mas... Sua família...

– Eu vou sentir a falta deles. E você também vai sentir a falta da sua família e amigos. Eu sei, eu estou pedindo um sacrifício muito grande de você também. E vou entender se você não estiver disposta... Mas eu estou. Eu estou mais que disposto a fazer esse sacrifício. Porque eu te amo, Syndel.

Seus olhos se arregalaram e ela começou a chorar mais ainda, cobrindo a boca com as mãos. Ela estava corando. Meu coração deu um salto. Ela estava mais linda que nunca.

– Você... O quê?

Eu sorri de leve e me aproximei. Ela não se afastou. Eu me ajoelhei e segurei sua mão, beijando-a:

– Eu te amo, Syndel.

Ela caiu sobre os joelhos e me abraçou, jogando os braços em torno do meu pescoço. Eu perdi o equilíbrio e nós dois caímos. Ela riu entre as lágrimas e eu a acompanhei.

– Eu também. – ela disse, por fim, afastando os cabelos de meu rosto com a ponta dos dedos. – Eu também te amo, Thranduil. Eu te amo muito.

Eu a puxei para um beijo, ali mesmo, deitados no chão. Quando nos afastamos, ela olhou para mim e sorriu, uma última lágrima escorrendo do canto de seu olho. Eu a enxuguei delicadamente.

– E então, você aceita? Vamos fugir daqui, Syndel. Vamos viver. Vamos fazer um reino só nosso. – eu não percebi o duplo sentido da última frase na hora, mas sua mãe sim. O que só prova que eu não deveria deixá-lo passar tanto tempo com ela. É uma péssima influência.

– Não vou nem perguntar o que você está sugerindo com essa última parte. – ela fez uma expressão estranha, que, bom, agora eu entendo. Mas não na época.

– O quê?

– Engraçadinho... – ela riu e me beijou de novo. – Eu aceito.

Naquele momento eu soube que ela me faria o homem mais feliz do mundo.

– Então vamos, temos que ser rápidos. Eu não te contei, mas eu descobri há um tempo que você e eu vimos sendo seguidos. – eu a ajudei a se levantar.

– Seguidos?

– Por um dos homens de Oropher. Desde aquele incidente no treinamento. Meu pai estava desconfiado de que havia algo entre nós. Ele não ia permitir, especialmente com sua promessa ao Mestre Elrond. Então mandou um guarda para nos espionar.

– E por que você não me contou? – ela olhou feio para mim.

– Eu pensei que se você soubesse, seria ruim. Você não ia conseguir agir naturalmente, ia parecer estranho. E, cá entre nós, que tipo de guerreira é você, que não percebeu? Se ele fosse um arqueiro orc, teria te matado!

– Não mude de assunto, seu...!

– Tá, que seja. – eu a interrompi, mesmo que estivesse adorando provocá-la. Não havia tempo. – O fato é que ontem, quando saímos da trilha, nós acabamos despistando o guarda. Então ele não sabe o que aconteceu. E, pelo visto, não contou a Oropher que nos perdeu de vista. Ou seja, nossa única chance é sairmos agora, antes que ele nos rastreie.

“Sua mãe e eu então agimos tão rápido quanto pudemos. Ela correu até sua casa para buscar alguns poucos objetos pessoais (usando um caminho secreto que eu ensinei e que nunca vou te ensinar, Legolas, não me implore), e eu fiz o mesmo, retornando ao palácio. Pouco mais de quinze minutos depois, tínhamos nos reencontrado na floresta.

– Certo, vamos ganhar mais tempo se ficarmos fora da trilha.

– Mas nós vamos nos perder!

– Nós nos perdemos ontem?

– Fale por você.

– Vamos ter que começar com aquela discussão sobre confiança de novo? Eu vou te contar uma coisa, Syndel... Ser príncipe é um saco. É muito irritante ter guardas a sua volta o tempo todo te vigiando e aquele monte de muros, e todo mundo sempre querendo saber exatamente onde você está... É sério, é um saco. Por isso mesmo, este elfo aqui é especialista em desaparecer nas árvores, andar fora da trilha e encontrar lugares secretos. Nós não vamos nos perder. Eu já deixei a Floresta Verde mais de uma vez sem ser visto.

– Tudo bem. Não vou discutir, porque estamos com pressa. Mas se morrermos perdidos nas árvores, eu te mato, ouviu? – havia uma sugestão de sorriso em sua voz. Eu ri.

– Certo. Parece justo. – eu me abaixei e comecei a riscar o chão com um graveto. – Estamos neste ponto da trilha. Aqui fica o palácio, aqui a estrada principal. Isto aqui é a Floresta Verde. Aqui estão as Montanhas da Floresta. Bem, ao Norte, temos as Montanhas Cinzentas, e além delas... Bom, eu não faço ideia do que há além delas. E ao Sul, é verdade, temos uma extensão de floresta muito maior a percorrer, para não falar no Rio e nas aldeias de homens... Em compensação, não há nenhuma barreira física intransponível conhecida. E nem anões. Isso é importante.

– Então você quer ir para o Sul?

– Eu acho mais fácil.

– Não há “mais fácil”, Thranduil. Se de um lado temos montanhas “intransponíveis”, de outro temos uma imensidão de floresta, um verde interminável em que nossas chances de sermos capturados são enormes.

– Mais lógico, então?

– Não há nada de lógico nessa história. – Syndel parecia absolutamente infeliz, segurando com força um pingente entre os dedos. – Mas tudo bem. Vamos fazer do seu jeito. Espero que você conheça algum caminho mais ou menos seguro.

– Obrigado. – eu a puxei para um abraço. Ela pareceu surpresa, mas retribuiu. – Por confiar em mim. – ela apenas riu de leve e virou a cabeça, beijando meu pescoço. – Então tá, caminho secreto número um, aqui vamos nós.


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