Cama de Rosas escrita por Paula Freitas


Capítulo 25
Quebrando a promessa




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Alguns dias se passaram e David já havia se acostumado melhor com a ideia de ser pai. Ele cuidava muito bem do seu bebê.

Impressionante como você cuida tão bem dele, David! Parece que já tem experiência!

– Acho que tenho um dom!

Ainda pensando em contar para ele que o filho que esperava era dele, Rachel falou:

Você acha que seria um bom pai se tivesse mais filhos depois!

– Sei lá! Já tenho jeito assim, por que cuidei muito dos meus irmãos adotivos! Não conheci meus verdadeiros pais e fui criado por uma senhora que já tinha dois filhos mais velhos que eu e outros dois mais novos! A mais nova de todos eu vi nascer, ela ainda é uma criança hoje em dia! O outro mais novo que eu é o que eu mais cuidei e o que mais gosta de mim, e também o que mais amo como se fosse meu irmão de verdade! Já com os dois mais velhos eu não me dava muito bem!

– Você nunca tinha me contado isso, David!

– É, não gosto muito de falar sobre isso! Sabe, a minha mãe adotiva era meio rígida, mas uma boa mulher! Apesar de que sempre que eu aprontava alguma, ela fazia questão de passar na minha cara que eu era adotado e que ela tinha me feito um favor por cuidar de mim e me deixar viver! E, os dois filhos mais velhos dela, me maltratavam, me humilhavam, e diziam que não era pra eu chamá-los de irmãos! Assim que fiquei maior de idade decidi me virar sozinho! O mais velho disse que se eu saísse de casa que nem tentasse mais voltar arrependido! O mais novo, ficou chorando quando me despedi dele! Foi assim que eu aprendi duas coisas na vida: que não vale a pena se arrepender por nada e o quanto é difícil se sentir sozinho! Por isso, não me deixa sozinho Rachel?!

Rachel não respondeu nada. Apenas o beijou. Então ele falou:

Rachel, vou precisar registrar meu filho logo! Você não gostaria de ser a mãe oficial dele?

– Como é?!

– Não faça essa cara tão surpresa! Eu pensei que, bem, talvez, eu pudesse registrá-lo como sendo nosso! Meu e seu! A verdadeira mãe nem sequer deu nome pra ele!

– E se ela já tiver dado um nome?! E se já tiver registrado?! Não tem como você saber David!

– Como você disse: não tem como eu saber... Ela não diz nada na carta além de que ele é meu filho! E eu não duvido disso! Mas, já que ela o deixou só pra mim, quero registrá-lo como só meu... E seu, se você quiser!

– Não! David, não posso! Não posso porque... Nem sequer tenho documentos oficiais meus... Digo, tudo que tenho foi feito pelo registro que tenho no orfanato em que vivi até os doze anos! Eu nem sei quem sou, como vou registrar um filho...

Ao dizer isso, ela começou a pensar no seu próprio filho que ela esperava. Começou a falar baixinho:

– De fato, não sei nem quem sou! Não sei nem se me deram um nome quando nasci! Como vou dar nome e sobrenome ao meu filho?!

Sem entender bem o que ela falava, David disse:

Mas, Rachel, ele só vai ser como se fosse seu filho... Mas, tudo bem, se você não quer registrá-lo, então me ajuda a cuidar dele como se fosse a verdadeira mãe, ou melhor, como a verdadeira mãe não quis fazer?!

– Sim, David! Claro que ajudo!

– Obrigado! Amanhã vou ao cartório para marcar o registro e a partir daí, virarei pai solteiro! Mas... Só porque você quer!

– E... Que nome vai colocar nele?

– Não sei! David Júnior não é muito legal, né?!

– Ah! David, não é muito bonito né?!

– É... Ah! Uma vez, minha madrasta me deu uma foto antiga do meu pai e atrás tinha J.S.! Eu perguntei o que significavam aquelas letras e ela disse que eram as iniciais do nome dele: John Scott! Achei lindo esse nome! Pronto, o nome do meu filho será David Scott!

– Lindo David! Ótima escolha!

Rachel não queria deixá-lo sozinho com o bebê. Mas, a cada dia ficava mais difícil para ela continuar escondendo a gravidez.

Finalmente, chegou o dia registro do bebê. David comprou uma roupinha linda para vestir seu filho e também se vestiu muito bem com o que tinha de melhor. Rachel colocou um de seus vestidos e um casaco enorme em cima para esconder a barriga de mais de três meses.

O cartório estava cheio aquele dia e eles ficaram numa fila esperando serem atendidos. Estava calor e Rachel queria muito tirar aquele casaco, mas tinha medo de que David percebesse algo. Já estavam esperando há mais de meia hora, quando David percebeu:

Rachel, você está pálida! Não se sente bem?

– Não é nada! É por causa do calor aqui dentro!

– Tem certeza!

– Sim! Eu só preciso procurar um lugar para me sentar!

Mas, mal acabou de falar, ela deu um passo para frente e sentiu como se fosse desmaiar. Ela se segurou em David para não cair. Ele percebeu que ela estava mal, mas como estava com seu filho nos braços, pediu para que o ajudassem. Ele e outro rapaz a ajudaram, levando-a até uma cadeira. Ela se sentou dizendo para David não se preocupar que ela já estava bem, mas David não acreditou. O homem que a ajudou falou:

Olha! Tem um rapaz que estava aqui que é médico! Querem que eu veja se ele ainda está?

– Não, não moço, não precisa não! Eu já estou bem!

– Não está não, Rachel! Vai sim, senhor, por favor, vê se esse médico ainda está por aqui?!

O homem saiu e rapidamente o médico veio.

Olha que sorte! Ele já ia embora!

Rachel ficou com medo e disse:

Não preciso de médico! Já disse!

– Deixa de ser teimosa Rachel! Você quase desmaiou e essa não é a primeira vez que te vejo pálida desse jeito! Pensa que eu não presto atenção em você?!

Sem poder discutir com David, ela olhou para o médico e notou que ele era tão jovem quanto ela, ou até mais:

Você não é muito jovem para ser médico?!

– Eu ainda sou residente!

– E o que é isso?!

– Eu ainda não terminei a faculdade de medicina, mas já faço estágio nos hospitais e posso atender uma emergência como a sua! Até porque sou o único por aqui que pode te ajudar!

– Ninguém pode me ajudar, doutor!

O jovem médico olhou seus olhos, sua garganta, sua pressão e temperatura.

Não parece ter nada! Deve estar com anemia, por que está muito pálida! Você tem se alimentado bem?

– Na medida do possível...

– E tem alguma doença, tipo diabetes, pressão alta...

– Não! Não tenho nada disso!

– Tem sentido esse mal estar com frequência?

Antes mesmo de ela responder, David se adiantou e falou:

Sim, doutor! Ela já ficou assim outra vez e eu tenho notado que algumas vezes ela fica pálida e enjoada com algumas comidas!

– E você é o quê dela?

– Eu... Eu sou namorado dela!

Rachel o olhou, mas ele apenas sorriu levemente. O doutor, então, viu o bebê e perguntou:

Ah! Esse bebê é de vocês?

Outra vez, David tomou a frente e respondeu:

Sim, é nosso filho!

– Entendi! Vieram registrá-lo não é?!

Virando para Rachel e colocando o estetoscópio ele disse:

Você perguntou se eu não era muito jovem para ser médico... E você, não é muito jovem para ser mãe?

– Todos erramos uma vez na vida, doutor!

– Tem razão! Mas, e se cometer o mesmo erro duas vezes!

– Como assim?!

– Bem, não posso dar nenhum diagnóstico aqui e agora! Mas, eu diria que seus sintomas parecem de gravidez!

David e ela se olharam. Ela ficou calada e o médico disse:

Você já deveria saber como é, afinal, já teve um filho! Mas, ele é muito novinho! Se você estiver grávida de novo vai ser um problema, hein?!

Rachel levantou-se na mesma hora e falou:

Não doutor! O senhor está enganado! Eu não estou grávida!

– Como pode ter certeza?! É melhor você fazer um exame e...

– Não, doutor! Eu não preciso de exame nenhum! Eu sei que eu não estou grávida!

– Tudo bem, então! Mas, de qualquer maneira eu indico que faça pelo menos um exame de sangue, para tirar as dúvidas e para você saber o que deve fazer!

– Não tenho dúvidas, doutor! Sei muito bem o que devo fazer!

David, ainda assustado com o que o médico havia dito, agradeceu-lhe:

Bem, muito obrigado, doutor! Eu não posso pagar agora...

– Não, não se preocupe! Eu ainda não sou oficialmente médico, portanto, isso não foi uma consulta! Considere como um favor! Eu estava aqui e ajudaria qualquer pessoa que precisasse dos meus conhecimentos!

– Mais uma vez, muito obrigado!

– Obrigada, doutor!

– De nada, senhorita! Cuide-se!

O médico foi embora. Mas, David havia ficado com a dúvida plantada em sua mente.

Que foi, David?!

– Eu estava pensando no que o médico disse! Inclusive, nós nem perguntamos o nome dele, não foi?!

– Foi! Mas, não importa! Não vou me esquecer dele!

– É?! Por quê?! Porque ele é bonito?!

– Do que você está falando?! Tudo bem que esse médico é bem jovem e bonito, assim, alto, loiro, olhos azuis... Mas, não é por isso que eu vou ficar me lembrando dele!

– Então é porque ele disse que você estaria grávida?!

– Ele não sabe o que diz! Não tem chance nenhuma de eu estar grávida! Não me olhe assim, eu já estou boa! Eu disse que era só mal estar por causa do calor! Não sei por que eu inventei de vir com esse casaco!

– Então, tira ué?!

Ela tirou o casaco rapidamente e ficou segurando-o na frente da barriga.

Pronto! Tirei! Agora está bem melhor!

– Tem certeza!

– Claro!

– Estou falando da tal gravidez!

– David... Eu não estou grávida! É... É a verdade!

– Posso te fazer outra pergunta?

– Pode!

– Se, por acaso, você estivesse... De quem seria seu filho?

Nervosa, ela respondeu:

David! Você já tem seu filho pra criar! Não imagina coisas que não existem! Por favor, vamos parar com esse assunto!

David não perguntou mais nada, mas ficou extremamente desconfiado. Rachel já estava estranha há algum tempo e agora, ela sabia que não podia contar a verdade para David de jeito nenhum. Dizer que ela esperava um filho de Adam poderia partir seu coração, mas dizer que era dele seria colocar mais uma imensa responsabilidade em seu caminho. David já tinha seu próprio filho, ela não poderia dar-lhe outro, que nem sequer era dele realmente. Agora, ela só tinha uma coisa a fazer: quebrar a promessa e deixar-lhe só. Fugir era a única saída.

David conseguiu registrar seu filho somente em seu nome e deu ao menino o nome de David Scott. Colocou como data de nascimento a data do dia em que ele havia sido deixado em sua porta. Depois, foram para casa e, a partir de então, o pequeno Scott era oficialmente o filho de David. Ele não tinha dúvidas sobre a paternidade de Scott, mas, se Rachel estivesse grávida, quem seria o pai da criança. Essa dúvida fez com que David se revirasse na cama aquela noite.


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Notas finais do capítulo

...continua...



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