Pelo escuro escrita por Olavih


Capítulo 9
Músculo x Cérebro


Notas iniciais do capítulo

Oiii e aí tudo bom? Aqui estou eu pra mais um capítulo. Particularmente, esse parece ser o mais divertido até agora. Eu gostei mesmo e acho que agora vou dar uma alavancada na fic. Aproveitem os tempos bons, porque vocês sentirão falta deles MUAHAHA! Sem mais spoiler eu digo: esse capítulo é dedicado a Rocker que nunca me deixa desistir. Obrigada sua linda *0*. Agora sim, boa leitura meus divos.



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Cheguei exatamente na hora que Jacob havia mandado. Entrei pelos fundos, como indicado e encontrei Jacob conversando na cozinha. Ele sorria pro seu amigo e quando me viu seu sorriso se alargou e ele me abraçou de lado.

—Pontual, é assim que eu gosto. — ele olhou no relógio enquanto falava. Depois se voltou para os outros, com o braço em volta do meu ombro. — pessoal, conheça a nova garçonete do Taste of Home: Eva...

—Só Eva. Não precisa de sobrenomes. — pisquei para o meu novo chefe e ele acenou.

—Bem, esse é o JB. O nome dele, na verdade é Jacob Black, mas como temos o mesmo nome decidimos apelida-lo de JB. Ele é nosso cozinheiro chef. — o chefe apresentou um garoto branco dos cabelos loiros e os olhos verdes. Ele tinha um sorriso torto de fazer qualquer garota se encantar, porém não lhe dei muita atenção.

—Prazer JB

—Prazer Eva. — apesar de sua aparência bonita, ele tinha uma voz muito fina. Segurei um riso.

—Esses são Josh e Ricardo, eles são os auxiliares do cozinheiro aqui. O Ricardo é brasileiro. Tobias, Christopher e Ian são os garçons. Meninos, vocês sabem as regras: nada de namoro em trabalho. Portanto, não quero pegar ninguém se agarrando nos corredores ouviu? — nós rimos, desconcertados. — vou pro meu caixa, já vamos abrir. Tobias mostre o uniforme pra Eva e ensine-a o que fazer está bem?

—Sim senhor. — segui Tobias que tinha uma postura rígida como um militar. Os cabelos eram curtos também e seu corpo musculoso. Ele tinha que ser militar, tudo indicava que sim. Mas eu sabia que se ele realmente fosse militar não gostaria de uma companheira de trabalho curiosa. Por isso, mantive minha boca o mais fechado que consegui.

O uniforme era tradicional. Preto e branco, com uma blusa branca de manga curta por baixo de um colete negro. A calça era preta de tecido, e o cabelo tinha que estar preso. Vesti-me em um minuto e puis minhas roupas no armário que ficava no fim do corredor, ao lado do banheiro. Voltei para a cozinha.

—E aí novata o que você sabe fazer?

—O normal. Anoto pedidos, os levo quando prontos. Depois passo a conta. — eles assentiram.

—Isso mesmo. É estritamente proibido mexer nos armários alheios. Além de feio é antiético. Não fique conversando com o cliente. Não fique conversando de bobeira com seu colega de trabalho. Se tiver uma rixa pessoal com algum cliente, peça a outro para atender. Acho que é só. — enquanto falava Tobias andava de um lado para o outro como um general ditando regras. Quando ele terminou bati continência.

—Sim capitão! — os outros riram, mas ele permaneceu sério.

—O Taste of Home é um lugar sério, Sra. Eva. Eu sugiro que o trate como tal. — respondeu ele sério e ríspido. Arqueei as sobrancelhas e assenti em silêncio.

—Vamos começar o trabalho. — disse Josh sorrindo.

***

O restaurante era muito movimentado. Não tive tempo de fazer nada além do meu trabalho. Já eram oito horas quando Ethan chegou. Ele e a menina tinham marcado de se encontrar na porta e quando entraram não estavam de mãos dadas. Levantei as sobrancelhas. Tobias foi para atendê-lo, mas eu o detive:

—se não se importa, eu gostaria de atendê-lo.

—É algum ex-namorado? — perguntou ele desconfiado. Neguei.

—Um amigo. O chefe sabe do que eu to falando, não vou arrumar problemas.

—Se é assim. — ele balançou a cabeça concordando. Peguei meu bloco e me aproximei da mesa.

—Boa noite, bem vindos ao Taste of Home, o que desejam? — saudei-os. Ethan não sabia que o tal emprego era esse. Só sabia que eu tinha conseguido um emprego. Então quando me viu com roupas de garçonete e um bloco na mão, seus olhos se arregalaram. Quando se passou alguns minutos que ele não fez nada além de gaguejar chutei discretamente sua perna.

—Boa noite. — respondeu ele.

—Já sabem o que pedir?

—Eu quero o prato do dia, por favor! — disse à menina que estava com Ethan.

—Dois pratos do dia e dois sucos de laranja, por gentileza. — pediu Ethan. — E eu gostaria que você me mostrasse onde está o banheiro, por favor. — finalizou Ethan. Assenti em silêncio e nós nos retiramos, indo até os fundos. Quando chegamos, ele se virou para mim.

—O que está fazendo aqui Evangeline?

—Eva! — corrigi — e estou trabalhando ora. Achei que tivesse te dito que arrumei um emprego.

—Sim, falou, mas aqui?

—Qual o problema?— Ethan abriu a boca para falar, mas a voz que saiu não era a dele.

—Algum problema por aqui? — meu amigo e eu viramo-nos ao mesmo tempo e encaramos Tobias em sua posição militar.

—Nenhum, na verdade. E respondendo sua pergunta, acho melhor mesmo você dar uma caixa de chocolate. Sabe como é, pode até engordar, mas toda mulher ama. — disse para Ethan e depois pisquei. Ele pareceu perceber até rápido se tratando de Ethan.

—Obrigado. Realmente eu não sabia o que dar a ela.

—Dar a quem?

—Para aquela garota. No nosso segundo encontro eu quero agradá-la. — respondeu Ethan, mentindo na cara dura. Tobias pareceu acreditar. Ele assentiu e olhou alertamente para mim. Assenti e sorri para Ethan, retirando-me logo em seguida.

A noite passou tranquila. Ethan era quem não parecia estar nada tranquilo. Ele sorria forçado, e quando conseguia falar logo era cortado pela garota. Teve uma hora que ela pegou o celular dele e começou a mexer em tudo, comentando sobre quem era fulana e quem era ciclana. Depois pegou o próprio celular para que eles tirassem uma selfie. Ele olhava para mim como se pedisse socorro e tudo que eu fazia como resposta era sorrir e lhe mandar um “joinha”. Ele revirava os olhos sempre e voltava à atenção a menina.

Quando ele pediu a conta eu a levei. Apenas entreguei a nota segurando uma risada e deixei em cima da mesa. Ele semicerrou os olhos com uma expressão exterminadora e olhou para a conta. Eles se levantaram e foi até o chefe, Ethan pagando a conta logo em seguida. Depois eles saíram. Há essa hora o restaurante já tinha um movimento mais fraco então entrei para a cozinha, rindo sem parar.

—O que foi novata? Conte-nos a piada. — acenei pedindo que esperassem enquanto eu me recuperava. Quando tomei o fôlego lhes expliquei a história que também riram.

—Ele deve tá dando a maior bronca na Kyra agora. — eu disse sorrindo.

—Imagino. — concordou Josh. Meu celular vibrou no bolso de trás e eu atendi sem nem mesmo ver quem era. Não precisava. Eu já sabia.

—E aí, como foi o encontro?

—Nunca, nunca mais você faz isso comigo ouviu Senhorita Evangeline? Nunca! Tem ideia de tudo que eu passei nas últimas duas horas?

—Oh, por favor, não deve ter sido tão ruim?

—Não deve ter sido tão ruim? Ela até juntou nossos nomes. Somos o casal Dethan! Dethan! E nem é um nome bonito. — há essa hora eu já tinha colocado na viva-voz. Todos da cozinha estavam rindo comigo.

—Juntou seus nomes? Oh meu Deus.

—Isso quando ela não falava do ex-namorado dela. Como ele era bonito, inteligente, charmoso, mas safado. Argh! Acho que esse é o pior encontro que já tive na minha vida.

—Sinto muito. E por mais que seria prazeroso para mim rir um pouco mais de você, eu tenho trabalho a fazer, então até mais.

—Tá, tudo bem! Quer que eu te acompanhe na hora de voltar para casa?

—Só se não estiver com a cara enfiada nos livros. — ouvi sua risada sonora.

—Até daqui a pouco então. Meia noite?

—Em ponto! Até mais Ethan.

—Até Evangeline. — ele desligou e eu olhei para trás.

—Sei não hein, mas parece que alguém está arrumando um namorado para si mesmo, né Evangeline? — brincou Ricardo, fingindo estar concentrado na cebola que estava cortando. Bati na própria testa. Ethan e sua mania de dizer meu nome pra todos.

—Do que estão falando? Eu hein, vão trabalhar rapazes! — eu disse, fingindo está brava e saí da cozinha.

***

Ethan e eu combinamos que ficaria assim: toda sexta feira ele teria um encontro e ele teria que aprovar a garota. Ele passou as semanas seguintes concentrado em seus livros e eu em meu trabalho, mas mesmo assim, achávamos tempo para brincarmos e conversamos. Como na vez que passamos chantili na mão de Kyra e a fizemos passar na cara, quando ela estava dormindo. Ou quando eu fiz maquiagem no Ethan porque ele tinha dormindo vendo o jornal. Acordei com um bigode falso colado acima dos lábios no outro dia.

Sem falar em todas as piadas internas que fazíamos. Além de discordar em muita coisa, como desenho animado, melhor fone de ouvido, melhor filme ou com qual casaco a moça do jornal ficava melhor. Qualquer coisa era motivo de briga que no final virava piada, que sempre era lembrada. Ethan já não mais parecia tímido ou zangado perto de mim. Toda vez que me via ele sempre sorria e bagunçava meus cabelos enquanto eu lhe dava tapas no pescoço e o mandava virar homem. Coisas divertidas das quais eu amava fazer.

Ethan já tinha passado por mais dois encontros desde aquele da garota obsessiva. Em todos eles as garotas pareciam serem loucas. A segunda fez um barraco tão grande no restaurante apenas porque Ethan sorria para mim quando eu chegava. Ela jurava de pé junto que o moreno e eu estávamos tendo um caso. E bradou furiosa:

—Então você é desses que não respeita a namorada quando está por perto? — depois, pegou sua bolsa e bateu na cara de Ethan, saindo do restaurante logo em seguida.

A terceira só sabia mexer no celular. Ele pigarreava diversas vezes, mas ela simplesmente sorria para ele e começava a mexer no celular novamente. Foi assim o encontro inteiro e quando terminou ele apenas queria manter distância de celular. Fiquei atentando-o por dias, mexendo no celular toda vez que ele chegava.

Enquanto no trabalho, as coisas iam bem. Os meninos e eu já éramos praticamente melhores amigos, com exceção de Tobias, que parecia não suportar minha presença. Os rapazes disseram que foi porque ele era assim mesmo, não era nada contra mim. Então tentei não me importar. Talvez o problema fosse com ele.

Eu estava arrumando meu cabelo para o trabalho quando ouvi Ethan bater na porta. Sorri como se dissesse: pode entrar, e ele o executou. Então parou atrás de mim e nós ficamos de frente ao espelho.

—Sabe o que eu vejo? Uma pessoa linda e fabulosa que merece todo o amor do mundo. — disse ele com as mãos nos meus ombros. — e você, claro. — e então caiu na risada.

—Vou apenas ignorar esse seu surto de loucura, porque não vale a pena argumentar. — respondi revirando os olhos. Ele pareceu ofendido.

—Loucura? Sou sincero.

—Achei que sinceridade falasse só a verdade, ora.

—E não foi o que eu falei?

—Nunca ouvi tamanha baboseira. — repliquei virando-me para ele. O moreno estreitou os olhos como se estivesse bravo.

—Isso foi mal. E meninas más merecem castigo.

—E o que você vai fazer rei do terror? — perguntei rindo. Ele se abaixou e inesperadamente agarrou minhas pernas, fazendo-me cair por cima de seu ombro. Depois, mesmo com meus protestos, jogou-me na cama, prendendo minhas pernas com as suas pernas e meus braços com suas mãos.

—Ethan me tira daqui agora! — praticamente gritei. Ele apenas riu.

—E porque eu o faria? Você foi uma garota má ora! — ele riu.

—Eu vou me atrasar!

—Vai nada, você corre rápido. — revirei os olhos. Tentei sair de lá, mas ele era forte.

—E o que você vai fazer comigo? — Ele sorriu travesso e soltando meus braços, atacou minha barriga, fazendo cócegas. E cócegas é o ponto fraco de todos, principalmente o meu!

—Ethan! — falei desajeitadamente, por conta das risadas. — pára, magrelo.

—Magrelo? Parece que não aprendeu a lição, minha cara! — ele continuou, só que mais forte, mas sem machucar. Minha barriga doía e mesmo assim eu não conseguia parar de rir. Comecei a me debater embaixo dele. Isso o desequilibrou e ele foi caindo para o lado, levando-me junto. No fim estávamos nós no chão, rindo como crianças.

—Nun... Nunca mais... Faça isso... — minha fala era interrompida por risadas.

—Então não seja mais uma garota sem coração. — ele replicou rindo também. —Agora diga que eu sou demais.

—Eu não! — ele ameaçou se levantar e eu falei rapidamente: — tudo bem, você é demais.

—Eu sou o cara!

—Você é o cara.

—Eu sou He-Man. — brincou ele e eu ri.

—Meu Deus, só fala bobeira essa criatura. Agora vamos. Eu tenho que trabalhar e você mais um encontro.

—Ah qual é, você não pode me dar uma folga não? Só dessa vez!

—Nem dessa, nem nenhuma outra. Anda, vamos lá!

***

O encontro parecia funcionar. Ethan e a garota conversavam tranquilamente rindo às vezes. Aquilo, por algum motivo me desagradou. Eu deveria estar feliz por conta do meu amigo finalmente ter conhecido a garota certa. Mas dentro de mim vinha uma raiva descomunal e eu tinha vontade de derramar o suco de abacaxi com hortelã sem açúcar no vestido barato dela. Em vez disso apenas me controlei o máximo que deu em meu trabalho, indo lá poucas vezes e fazendo o possível para não encará-los.

—Tem algo errado Eva? — perguntou Ian.

—Não, por quê?

—Você está calada.

—Mas eu sou calada. — brinquei. Eu não me sentia bem. Estava brava de mais para manter o sorriso habitual no rosto.

—Oh, claro que sim. — Ian respondeu ironicamente.

—Calado cabeça de fogo. Vamos trabalhar. — lhe dei esse apelido por causa dos seus cabelos ruivos.

No meio do encontro, algo deu errado. Enquanto a piriguete ria de algo que Ethan falou, um homem enorme e aparentando estar extremamente bravo, irrompeu no restaurante. Ele parecia estar muito bravo e suas mãos grandes estavam fechadas em um punho cerrado. Ele foi até a mesa do Ethan e segurou meu melhor amigo pelo colarinho de sua camiseta. Ethan pareceu assustado e a garota se levantou espantada. Tobias lançou um olhar para mim e nós nos aproximamos da mesa.

—Então cara, é esse o panaca que chamou minha namorada para sair? — perguntou o cara. Ethan olhou para a garota que estava com ele.

—Namorada?

—Eu ia te contar. — ela tentou se explicar. O grandalhão olhou para ela mais furioso ainda e soltou uma risada sem humor. Vai entender!

—Então ela nem te falou? Que vagabunda!

—Olha cara, não precisa ser assim. Nós só estávamos jantando, algo casual. Somos amigos.

—Imagino que sim. Assim como meu punho vai ser amigo da sua cara! — ele gritou no rosto de Ethan. Todos ali estavam parados observando a briga, sem saber como reagir.

—Não precisa ser assim... — começou Ethan, mas foi interrompido.

—Você sempre quer agir assim não é? Só tem músculos! O Ethan não! Ele é diferente, legal, sabe como tratar uma mulher. Ele dá de dez em você, Arthur! — atiçou a namorada. Bati na minha testa, com mais raiva ainda da menina. O grandão continuou segurando Ethan, mas só com uma mão, enquanto a outra se arrumava para dar um murro. E então rosnou.

—Então vamos ver o quanto um músculo ganha de um cérebro!


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Notas finais do capítulo

E aí, qual parte mais gostaram? Acha que o Ethan vai achar uma namorada legal logo? Quem aí quer que eles se beijem? Eu quero o/. Enfim, diga o que está bom, o que está ótimo, o que está ruim e o que está péssimo. Ajude-me a melhorar minha leitura meus divos e apareçam fantasmas. Um beijo pra vocês e até mais.



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