Percy Jackson e os Olimpianos A Vingança da Víbora escrita por Laurah Winchester


Capítulo 30
Sirenes


Notas iniciais do capítulo

Tá, eu sei que o título não teve muito a ver, mas é o nome da música que tá lá embaixo. Bjocas :*
(Acho que esse ficou grandinho, hein)



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POV. THALIA
Eu já ficava enjoada das viagens nas sombras, as outras meninas também pareciam. Era horrível, como sentir seus ossos serem levados pelo vento, mas fazer aquilo o tempo todo era pior ainda. E a rotina de guerra continuava, os deuses acalmavam a víbora e nós acampávamos em outro canto da ilha, Percy e Annabeth ainda não haviam voltado, o que era muito preocupante, porque Equídna podería voltar para lá a qualquer momento.
— Ai! — gemeu Nico, puxando seu braço de minha mão. Franzi a testa, depois percebi que minha mão soltava faíscas, cerrei os punhos, tentando fazer as ondas de eletricidades voltarem para o interior.
— Desculpa, acontece quando fico nervosa. — eu disse, ele assentiu. Nos arrastamos até o mesmo canto de sempre, todos tínhamos a aparência abatida, até mesmo Laura, uma filha de Apolo.
Hayley chutou a areia, que voltou para ela com o vento, resmungou e correu para o mar. Ela parecia agoniada. Era uma garota muito bonita, filha de Afrodite, sim, isso é muito estranho, você deve pensar. O que uma filha de Afrodite faz na caçada? Não sei, mas ela é bem diferente das outras garotas de Afrodite que já vi. Não é tão vaidosa e fofa, e, como as outras caçadoras, vive distante dos garotos, era uma caçadora nova, mas tinha bastante experiência.
As outras caçadoras ficavam nervosas na presença de Nico, ou até a minha, acho que todas já haviam sacado o que acontecia, mas não compreendiam por que Artémis ainda não me transformou em cinzas ou Zeus torrou Nico com um raio, eu também não compreendia, para ser verdadeira, acho que Zeus ainda nem havia sacado, pois estava distraído com os montros em densidade e a víbora. Nico parecia desconfortável em meio a tantas garotas que o queriam longe dali, eu deveria estar entre elas, mas não estava. Era meio preocupante me envolver com um garoto, eu estaría pronta para sofrer? E se acontecesse, Ártemis me deixaria voltar para a caçada? Não importava... era do que eu tentava me convencer.
Esperei que todos se distraíssem e corri para o bosque. Sentei-me em um pedaço de tronco de árvore e olhei para o musgo no chão. Eu estava imunda, minhas roupas piores do que eu me lembrava, ás vezes nem me lembrava de ajeitar o cabelo de vez em quando. Provavelmente minha maquiagem estava toda borrada e meus olhos vermelhos, deveria estar parecendo algum monstro mitológico. Tentei parecer mais apresentável e continuei ali, encarando o chão até ouvir passos próximos. Ergui a cabeça e vi Luke sentando-se ao meu lado.
— Oi — ele disse, não respondi. — Escute, Thalia, me desculpa pelo modo como eu agi no nosso último encontro. Eu não quero estragar nada entre você e o Di Angelo, é sério. — ele parecia desesperado para que eu dissesse algo, mas não disse — Eu a amo, talvez como uma... irmã. Me desculpa, por favor.
— Se pensa que vou te perdoar por tudo que fez, está enganado. Mas o que eu posso fazer? Eu te amo, querendo ou não. Eu tentei negar e queimar meus sentimentos, mas eu não sou de pedra, não sou como fingi ser por todos estes anos. Na verdade, reprimir tudo aquilo só intensificava a dor. Como você acha que me senti ao acordar de minha morte e descobrir que o cara que eu amava tentou me matar e planejou destruir o olimpo? Como acha que me senti ao encontrá-lo novamente e atirá-lo de um penhasco? Acha que foi legal? Que senti só raiva? É aí que você se engana novamente. Annabeth ficou com peninha de você, e é claro que você sacou. Mas acha que eu queria simplesmente esquartejá-lo e atirá-lo no Tártaro? Quem sentiria isso pela própria família? Nem mesmo eu. — foi a vez dele de ficar calado, limpei as lágrimas antes que elas pudessem cair — Luke, por favor, para de insistir, eu nunca deixei de amar você, mesmo te odiando ao mesmo tempo, então por favor, para. Só está me fazendo sentir pior do que eu estava antes de sua morte.
Eu nem sabia o porquê de estar contando tudo aquilo para ele, então percebi que eu nunca contava tanta coisa para ninguém, tudo ficava sempre para mim até eu reencontrar Luke. Me sentia confortável em contar as coisas para ele, por mais dolorosa que fossem, eu nunca havia me sentido assim com ninguém, nem mesmo Annabeth ou Percy.
Luke me abraçou de lado, apoiei minha cabeça em seu ombro.
— Eu não sou insensível, Luke...
— Eu sei... Eu só... queria alguém para conversar.
— Por que não procura a Annabeth? Aposto que ela é mais agradável que eu.
— Talvez... Mas eu queria você para conversar.
— Não vou discutir sua insanidade, mas o que você queria falar?
— Hã... não sei, acho que não tenho mais nada para dizer, já que fiquei morto por um tempo. — ele parecia confuso. — Acho que quero ouvir você falar. — eu ri.
— Bom... acho que a única coisa que tenho a dizer é que desde o ínicio da guerra todos os meus dias são os mesmos. Acordar, guerriar, dormir. Acordar, guerriar, dormir.
— Nenhuma entrelinha? — perguntou ele.
— Bom... sim.
— Conte.
Então me soltei e comecei a falar. Contei tudo, como me sentia, como achava que deveria ser e Luke comentava algumas vezes. Eu não me sentia desconfortável em fitar seus olhos azuis... eu não me sentia desconfortável em fitar ninguém, mas com Luke era mais do que isso. Quando acabei, ficamos um meio tempo em silêncio, até eu me sentir mal.
— Você vai ficar? Quero dizer, não vai tomar o caminho dos mortos, vai? — perguntei, ele pareceu confuso.
— Não sei. Não sei nem se estou vivo. Ás vezes as pessoas não me veem, as pessoas que não conheço, por exemplo, nenhuma delas parece notar minha presença. Não sei, não sei mesmo.
— T-todas as vezes que você apareceu eu... eu estava pensando em você. — forcei as palavras a saírem. Eu havia chegado a aquelas conclusões. Ás vezes eu via feixes da imagem de Luke, era como se eu visse demais, como se eu estivesse tendo alucinações, era estranho.
— Bom, isso... isso é... — Luke foi interrompido pelo som de passos esmagando o cascalho.
Nico surgiu das árvores, quando nos notou seus olhos fervulharam ódio, virou as costas e desapareceu nas árvores.
— Nico! — me levantei e corri atrás dele. Nada do Nico. Fui até Tyson que pegava algumas pinhas do chão. — Ei, Tyson. Viu o Nico por aí?
— A última vez em que o vi ele estava indo para lá — disse ele apontando o lugar de onde eu acabara de sair — Quer uma? — ele me ofereceu algum fruto estranho, balancei a cabeça.
— Não. Obrigada. — eu disse e andei até o acampamento. — Ei, Phoeb's, viu o Nico por aí?
— Não, porquê? — ela disse, estreitando os olhos.
— Nada, deixe para lá. — disse, tentando parecer indiferente e me sentei ao lado de um dos lobos de Ártemis. Ele tinha um pelo cinzento, com algumas manchinhas pretas, seus olhos eram azuis elétricos, como os de Zeus, como os meus olhos. Aquele lobo era diferente, ele não parecia robótico, como os outros, seu pelo era ainda mais longo e espesso, eu diria que era um filhote. Acariciei suas orelhas pontudas e ele se aconchegou em meus braços.
POV. NICO
Eu? Ciumento? Ah, tente se controlar quando você flagra a garota que você gosta abraçada ao cara que causou a quase destruição do mundo. Me virei e viajei nas sombras. Quando parei estava na cidade da Ilha de Sidney. Era pouco movimentado, haviam algumas humildes casas, algumas pessoas andavam por ali e poucos carros estavam por ali.
Havia um bar nomeado "Bar do Billy" do outro lado da rua, andei até lá. Haviam algumas pessoas, uns sentados em bancos se embebedando e assistindo a uma partida de futebol. Estados Unidos e Portugal. Eu me sentia perdido no tempo, nunca conseguia saber que horas eram, minha vida era cheia de fuso horários, eu viajava direto, nem sabia em que mês estávamos. Não achei que fosse fundamental para meu "estilo de vida" saber o dia, a hora ou o ano em que estávamos, mas era algo que provavelmente me daria alguma noção de alguma coisa comum no mínimo.
Aproximei-me do balcão, havia um homem com a pele avermelhada, traços indígenas e algumas rugas nos cantos dos olhos e da boca, sua aparência era a de um homem cansado, mas parecia contente ao conversar com um homem em sua frente e assistir ao jogo, que o placar ainda era de 2x1 para os Estados Unidos, em trinta e oito minutos do segundo tempo. Do seu lado havia uma mulher com a pele avermelhada, parecia ser jovem.
— Drika, diga ao Henrie para levar as crianças para dentro, não estou gostando destes movimentos do outro lado da ilha. — disse uma mulher mais velha a jovem. A garota assentiu e saiu pelos fundos. A mulher franziu a testa quando me notou. Me aproximei do balcão, na frente do homem.
— Não vendo bebidas para menores de dezoito. — ele disse, eu sorri.
— Tudo bem. Hã, vocês tem... sei lá, algum jornal por aí? — o homem, que deveria ser Billy, fez um sinal para que eu aguardasse, se virou e pegou um jornal de algum lugar e colocou em minha frente.
Jornal de Vancouver | 23/11/2014
Manchete principal:
Onda de terremotos atinge o litoral do Canadá, tendo como principal alvo a Ilha de Vancouver.
"Acho que não perceberam mais nada" pensei. Agradeci ao homem e saí do bar, deixando Billy um pouco desapontado, ou confuso, talvez. Coloquei as mãos nos bolsos do casaco e andei por um tempo na margem do mar, observando as pessoas e os animais, que eram poucos, provavelmente estariam escondidos em suas casas. Quando decidi que já vira o suficiente, voltei ao acampamento. Hayley brincava com alguns dos lobos de Ártemis, me perguntei onde a deusa estaria a esta hora. Andei até o acampamento, Hayley me observou pelo canto do olho, como que para conferir que era eu mesmo. Avistei Phoebe andando de um lado para o outro, dando ordens.

— Hey, Phoebe, viu Thalia? — perguntei, ela rolou os olhos bem lentamente, como que estendesse uma bandeira escrito "tédio".
— Por favor, parem com estes impasses e me deixem na minha paz silenciosa. — ela disse. — Não, eu não sei onde ela está.
Virei as costas e comecei a vagar pela margem do oceano, até que, depois de algum tempo andando, avistei duas figuras sob a copa de um pinheiro. Me aproximei, Thalia estava deitada sob a árvore, cochilando enquanto o que pensei ser um cachorro, mas logo percebi que era um lobo de Ártemis, estava deitado do seu lado, sob um braço dela. O "caõzinho" me olhou, seus olhos eram como os de Thalia, mas pareciam mais jovens e frágeis. Deitei-me ao lado de Thalia e fiquei observando-a. Acariciei seu rosto e ela abriu seus lindos e vibrantes olhos azuis, ela sorriu.
— Onde você estava? — perguntou ela.
— Na cidade, descobri algumas coisas, por exemplo, os mortais acham que são só terremotos na ilha. — ela deu um leve sorriso.
— Ás vezes é bom ter noção de algumas coisas normais. — murmurou.
— Foi exatamente o que eu pensei.
Thalia se virou para mim e me puxou para um selinho longo, que logo transformou-se em um beijo carinhoso, quando faltou o ar, paramos e pensei em cantar alguma coisa para quebrar em silêncio. Sirens do Pearl Jam. Logo Thalia me acompanhou. Para mim essa música era mais do que especial, essa música era uma lembrança de Bianca, que costumavam cantar nos momentos difíceis para que me acalmasse.
Hear the sirens, hear the sirens
Hear the sirens, hear the circus all go found
I hear the sirens more and more in this here town
Let me catch my breath to breathe
Then reach across the bend
Ouço as sirenes, ouço as sirenes
Ouço as sirenes, ouço o circo tão profundo
Ouço as sirenes cada vez mais nesta cidade
Me deixe recuperar o fôlego para respirar
Depois atravessar a chuva
Just to know we're safe
I'm a greateful man
This light is bit of light
And I can see you clear
Have you take your hand, and feel your breath
For fear that someday will be over
I pull you close, so much to lose

Só para saber se estamos seguros
Sou um homem grato
Essa luz é um pouco de luz
E eu consigo te ver claramente
Te ter, pegar a sua mão e sentir sua respiração
Com medo de que algum dia isso vai acabar
Puxo você para mais perto, há muito a perder

Knowing that nothing lasts forever
I didn't care, before you were here
I danced in laughter with the everafter
But all the things change, let this remain

Ao saber que nada dura para sempre
Eu não me importava antes de você estar aqui
Eu dancei uma risada distante com um para sempre
Mas todas essas coisas mudam, deixo isso permanecer

[...]

Tá, eu já disse que a música era especial para mim, mas tinha outra coisa. Me lembrei de que a última vez que a ouvira fora Bianca cantando para mim quando era apenas alguns dias antes de Thalia, Percy e Annabeth nos encontrarem. Eu tinha oito ou nove anos, e nunca havia parado para pensar em nada além de Bianca e meu jogo de mitomagia. Lembro-me de agirmos feito nômades, sendo forçados a mudar de lugar o tempo todo, para lá e para cá. Bianca sempre teve uma personalidade protetora e cuidadosa, mas depois da morte de nossa mãe e nossa vida ter virado um caos, isso aumentou muito, que eu já não conseguia respirar com minha irmã mais velha me sufocando aos encalços. Em alguns pontos eu a compreendia perfeitamente, pois ela tinha a capacidade de me fazer por em seu lugar em minha imaginação, e eu imaginei que não seria diferente. Lembro-me de quando Percy havia me dito o que acontecera com minha irmã, primeiro senti vontade de estrangulá-lo, mas só porque eu achava que era minha culpa, mas não me permiti deixar transparecer aquilo. Na verdade, eu tinha vontade de me estrangular e encontrar a minha irmã em qualquer lugar que estivesse. Suícidio. Antes eu considerava uma prática bonita e corajosa, depois passei a ver que só valia a pena quando era por alguém, como Luke o fez por todos. Agora, em algumas situações, eu via o suicídio como um ato covarde e uma forma descarada de desistir de tudo. Então pensei em outra coisa que eu nunca havia parado para pensar antes, eu nem sabia como a minha irmã morrera, nunca soube, mas isso não era algo em que eu quisesse perguntar a Thalia ou a Percy... a ninguém, para ser mais exato.
Olhei para Thalia, ela alternava em olhar para o céu ou para mim, parecia pensativa, seus olhos azuis elétricos pareciam um reflexo do céu que ainda relampejava, parando aos poucos.
— Vamos? — perguntou ela. — Vão pensar que nos afogamos ou nos entregamos para a víbora.
— Tudo bem. — ela se levantou, depois eu, caminhamos até o acampamento, o "cãozinho" em nossos encalços. As caçadoras me olharam feio quando nos aproximamos, exceto por Hayley, que ainda brincava com os lobos e parecia conversar com eles, ela estava deitada na areia, as roupas já esfarrapadas e sujas, ela não parecia se importar, acariciava um lobo sonolento com uma mão e brincava com outros com a outra mão. Apesar de ser muito bonita, definitivamente ela não era como as outras filhas de Afrodite que eu já vira.
Fui para minha cabana e deitei-me, embora eu quisesse mesmo era dormir na sombra de um pinheiro, rapidamente adormeci ao som das ondas e o típico silvo noturno que vinha das florestas.


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Notas finais do capítulo

Juro por todos os deuses que no próximo vou tentar colocar muuito Percabeth uhuuu o/
Link da música Sirens: http://www.vagalume.com.br/pearl-jam/sirens-traducao.html



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