Abri meus olhos lentamente, resmungando da imensa claridade que havia no quarto, minha vista estava embaçada e não conseguia enxerga nada, depois de alguns instantes minha vista havia ficado mais nítida. Reparei que meus músculos estavam mais pesados, não permitindo me mexer direito. Suspirei, observando cada canto daquele quarto desconhecido, e me dei conta de não estar no meu quarto, e sim num hospital.

Confuso, tentei me lembrar do que havia acontecido ontem, porém senti uma leve dor na cabeça ao tentar isso, só consegui me lembrar de estar no estúdio junto de Kai, ouvindo o gritar ao meu lado desesperado, enquanto tudo ficava escuro. Com vários pensamentos presentes em minha mente, sacudi a cabeça tentando esquecê-los, não estava em condições de pensar no momento. Apenas queria saber que estava acontecendo.

O mais incrível, é que não conseguia me lembrar de nada, minha cabeça estava prestes a explodir por causa da dor de cabeça, que aos poucos havia piorado. Levei minhas mãos até a região onde estava doendo, e comecei a massagear, fitando a janela que estava aberta, observando a paisagem. Por um segundo, percebi estar sentindo falta de alguém. Fechei meus olhos, e numa fração de segundos, veio em minha mente a imagem de Ruki sorrindo gentilmente para mim. Ergui uma sobrancelha, querendo entender o por que daquilo.

- Sr. Suzuki? – Levei um susto ao ouvir alguém me chamando. – Vejo que está acordado. – Disse um homem alto, usava óculos, e vestia um longo avental branco. – Deixe-me apresentar, sou o doutor Kyle e estou aqui como seu médico. – Fitei-o por um breve momento, meio surpreso.

“Meu... Médico?!”. Foi quando me lembrei de estar em um hospital... Mas ainda não entendia o que estava acontecendo, nem o porquê de eu estar lá. Tentei sentar na cama para pode ficar numa posição mais agradável, porém meus músculos doíam muito, me senti totalmente quebrado. Com muito esforço, me apoiei na cama, tentando esquecer um pouco da dor que sentia naquele momento e finalmente consegui me sentar.

- Melhor não se esforçar muito, imagino que seu corpo deve estar todo dolorido agora... – Fiquei encarando-o com uma cara de dúvida. “Como ele sabe que meu corpo está doendo?”.

- Mas não se preocupe com isso! Injetei um soro em você, e deve estar doendo por causa do efeito... – Ele parou para ver minha reação, e em seguida prosseguiu. – Bem... Presumo que não saiba o porquê de estar aqui.

- Acertou! – Respondi e ele apenas sorriu. Sentou-se sobre o banco que estava ao lado da cama, e continuou. – Irei explicar tudo a você, para que não fique confuso.

A princípio, fiquei um tanto surpreso por saber que estive me sentindo tão mal por causa de stress. Mesmo assim, meu bom senso me dizia ser mais que isso, não sabia o que exatamente. Sentia meu coração doer por dentro, uma sensação de algo estar me sufocando aos poucos. Não conseguia identificar que sentimento era, mas definitivamente não gostava daquilo, queria poder afastá-lo para bem longe, e nunca mais senti-lo novamente. Infelizmente, “ele” parecia estar preso a mim.

- Doutor Kyle... Porque não consigo me lembrar de nada? – Pensei em arriscar, talvez ele soubesse o porquê.

- Ah isso?! Não se preocupe. Faz parte do efeito do soro, em breve você voltará a se lembrar... – Me senti mais aliviado ao ouvindo isso.

Após mais algumas horas conversando com meu médico. Ele me pediu para que eu descansasse, para me sentir disposto em receber visitas. Provavelmente, devo ter deixado os outros preocupados e com certeza logo iriam me visitar. Achei melhor descansar, mesmo que fosse só um pouco.




Após saírem do escritório, Ruki já estava mais calmo, mesmo assim, queria ver Reita o mais rápido possível, ainda estava preocupado com o amigo.

- Ruu-chan! Preciso acabar de fazer umas coisas... Por isso, irei visitar o nosso Reita mais tarde! – Disse Uruha, piscando discretamente para Aoi, que estava ao seu lado.

- Ahn... Eu também! – Diz Aoi sendo puxado por Uruha, indo para fora do hospital apressado. - Está bem! Me liguem antes de virem...

- Hai!

- Bom... Eu também, tenho que ir! Irei falar com o nosso empresário, para tirarmos alguns dias de folga. Acho que vai ser bom pro Reita e pra nós também! - Uhum! Arigato Kai-chan!

- Não precisa me agradecer, sabe faço tudo pelo bem da banda... – Com seu largo sorriso no rosto, Kai se despede de Ruki, e em seguida se dirige para fora também.

Em frente ao quarto onde se encontrava o baixista, Ruki girou levemente a maçaneta da porta. Estava com uma enorme ansiedade de ver Reita, apesar de não compreender o porquê de estar sentindo tal sentimento. Mas no momento, isso não importava. Pois desde esse tempo que estivera mal, este não sorria mais, estava sempre distante, não dava atenção à banda... Nem ao menos olhava mais para o mais novo. Ruki sofria em silêncio, e apenas observava tudo o que se passava com Reita, pois mesmo que tentasse ajudar, sabia que não adiantaria nada.

Queria apenas vê-lo sorrindo novamente, aquele sorriso do baixista que sempre lhe trazia alegria e o contagiava. Se conseguisse ao menos isso, talvez o medo de perdê-lo seria menor. Medo? Sim. Medo de perder a amizade que vinham construindo por anos, medo de não ter mais alguém a quem recorrer quando estivesse com problemas, medo de não poder mais compartilhar os melhores momentos, sendo eles bons ou ruins, medo de se sentir sozinho... Por puro medo de não poder mais... Amá-lo.

- Reita? – Disse o vocalista ao entrar devagar, avistando este deitado sobre a cama.

- Huh?! ...Ruki?

- Ahn... Eu te acordei né?! Gomen...

- Iie, daijobu... – Respondeu com uma voz sonolenta, fazendo Ruki sorrir, após um suspiro de alívio.

Naquele momento Reita se lembra da imagem do vocalista sorrindo para ele, pouco antes de conversar com o doutor Kyle. Sentiu seu coração ferver por dentro. Notou que seu corpo, já não estava mais tão dolorido como antes, mais ainda sim algumas vezes sentia umas pontadas de dor quando se mexia.

O sorriso de Ruki lhe fazia estar mais calmo, porém pensativo. Não compreendia o que acontecia, mas também isso não importava ao menos não naquele momento. Queria apenas aproveitar o máximo que podia estar com o mais novo. Compensar o tempo que estivera ignorando-o nos últimos ensaios. Na verdade, só agora tinha consciência do quanto aquilo tinha sido pura infantilidade do baixista. E só de pensar nisso, ele se arrependia amargamente de seus atos. Mas por certo lado, não tinha culpa... 


"Suki ni natteku
Riyuu wa minna
Chigauyone kedo
Maybe you're my love!"

Tradução:

"A razão pela qual
As pessoas se apaixonam
É diferente em cada uma, mas...
Talvez você seja o meu amor!"


...Continua.!~