As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 51
Capítulo 51 – Sentença Irrefutável.


Notas iniciais do capítulo

Olá, mina! Sei que demorei, mas estava, novamente, com bloqueio na criatividade e mais o fato de estar viajando... Bem, quero agradecer a todos que sempre me apoiam nos comentários ou recomendando e favoritando! Obrigada mesmo gente, sem vocês não teria fic! ♥
Eu pretendia criar apenas mais dois capítuloas antes da guerra começar, mas acabou que esse capítulo ficou extenso, então provavelmente, ainda teremos mais 2 antes dela começar. Mas, tenho uma boa notícia: termos o tão esperado e pedido hentai em alguns desses dois capítulos! Pensei muito e consegui encaixá-lo na fic, então vou ceder ao pedido de vocês! Porém, não esperem muito, pois nunca fis um hentai e o que farei não será dos mais pesados, ok?
Espero que curtam o capítulo, kissus!!!



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Tsukiyo despertou com a claridade invadindo pela janela. Lentamente, ela jogou as cobertas de lado e sentou-se no futon. Não havia dormido muito, os milhares de pensamentos ficaram invadindo sua mente por toda a noite e não teve o menor sucesso ao tentar reprimi-los. Respirando fundo, ela se levantou e foi até a mesa onde deixara sua espada.

Com a mente em outro lugar, ela segurou a katana nas mãos e deslizou-a pela bainha, deixando a lâmina exposta. O brilho esverdeado continuava a envolver a arma. Aquele brilho era quase hipnótico e carregava sensações antagônicas. Ao mesmo tempo em que parecia frio, emanava um calor acalentados e mesmo que parecesse cheio de vitalidade, parecia triste. As imagens do antigo sonho voltaram a sua mente, o espelho rachava-se e ela tinha que escolher qual lado salvar. O brilho dos caninos despontados no sorriso da Fera, o cheiro de sangue, o pedido de Wendy, o vale dos espíritos, a Guardiã, Akarin, Sesshoumaru...

Toc, toc!

As batidas na porta a trouxeram de volta à realidade.

– O café já está preparado. E as roupas que pediu. – a voz do pequeno sapo partia do outro lado da porta.

– Só um instante. – respondeu a garota.

Tsukiyo recolocou a lâmina na bainha, não sem antes olhar uma última vez. Depositando a espada na mesa, ela caminhou até a porta. Quando a abriu, se deparou com Jaken fazendo uma leve reverência ao lado de uma muda de roupas.

– Já disse que não precisa de tudo isso, Jaken. – repreendeu-o pelo gesto.

– Apesar de tudo, você é convidada de Sesshoumaru-sama. Tratá-la com menos que isso seria um desrespeito ao meu Lorde. – ele lhe estendeu as roupas.

– Eu entendo, mas não precisa fazê-lo quando estamos sozinhos. – suspirou ela pegando as malhas.

Quando, porém, a jovem abriu os olhos, percebeu que o shiro encontrava-se bem movimentado. Vários servos corriam de um lado ao outro. Apesar de nenhum dar atenção a ela e ao pequeno sapo, Tsukiyo compreendeu que também não poderia chamar aquilo de “a sós”. Enviando um pedido de desculpas ao menor, ela se voltou para o quarto para trocar-se.

Tirou o roupão branco que colocara após o banho noite passada e tratou de colocar a roupa de miko que deixara ali da última vez. Na noite anterior, o servo insistira em trazer-lhe uma roupa mais “apropriada” como ele falara. Mas Tsukiyo sabia que qualquer quimono que lhe fosse trazido, só poderia pertencer a uma pessoa. E a última coisa que sua mente confusa desejava era vestir uma roupa de Rin.

Quando finalmente se viu pronta, ela saiu do quarto. O pequeno youkai havia dito que o café da manhã estava servido no salão, mas Tsukiyo não estava com fome.

– Acho que preciso me colocar em movimento. – falou para si mesma ao perceber a própria ansiedade com os acontecimentos.

Com isso, ela se dirigiu ao espaço de treinamento, localizado entre a entrada do shiro e o jardim privado de Sesshoumaru. Tsukiyo pegou uma das espadas de madeira e começou a treinar. Aquilo sempre a ajudava a colocar os pensamentos em ordem. Lá para a terceira ou quarte série de golpes, Tsukiyo percebeu a abertura dos portões de entrada. Devem ser Kagome e Inuyasha. A jovem correu para recebê-los, mas se deparou com uma figura de vermelho.

– Hiryu? – cumprimentou ela. – Não sabia que havia saído.

O youkai sorriu para ela.

– Bom dia, Tsuki. – ela sorriu ao perceber que ele se lembrava do apelido que pediu para usar. – O que faz acordada tão cedo?

– Ah, sabe como é: perdi o sono e preferi me exercitar um pouco. – ela apoutou casualmente a espada de madeira no ombro. – E você? Não me diga que saiu para beber! Sesshoumaru vai matá-lo.

Ele riu da brincadeira e negou balançando as mãos em defesa.

– Não, não dessa vez. Como bem já sabe, aprendi minha lição da última vez. – falou ao se referir a uma história de anos atrás que Arashi e Tsubasa fizeram questão de contar no último encontro. – Na verdade, saí por ordens de Sesshoumaru. Ele pediu-me para buscar a feiticeira.

– Entendo. Aquela que vai confirmar o tempo que temos para o ritual de Ak...Nisshoku? – corrigiu-se rapidamente, torcendo para Hiryu não notar.

– I-isso. – concordou de forma... hesitante?

Tsukiyo pensou ter vista algo mais na expressão do youkai, mas com medo de ser sobre seu pequeno deslize que quase a fizera revelar a verdadeira identidade de Nisshoku, preferiu não perguntar.

– Hiryu-sama. – chegou um dos guardas do portão correndo e fazendo uma respeitosa reverência. – Já revistamos tudo, ela não carrega quaisquer armas além daquele cajado.

O ruivo acenou com a cabeça.

– Podem deixá-la entrar.

Com isso, o guarda voltou ao portão e disse algo para o colega, que abriu passagem para a tal feiticeira. Tsukiyo estava curiosa para saber como ela era, mas nunca teria imaginado tamanha surpresa.

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Durante o percurso de volta, Hiryu desculpou-se com a feiticeira pela maneira como se comportara pela primeira vez e explicou-lhe qual seria sua função ao chegar ao shiro. Explicou-lhe que estava sendo requisitada para curar Sesshoumaru e que seria bem recompensada por fazê-lo. Notou certo receio nos olhos dela, mas ao que parecia ela concordara. Não que tivesse muita opção. Refletiu ele. Por fim, a fez jurar que não comentasse a situação com ninguém, em nenhuma circunstância aquilo deveria ser revelado. Se ela achou aquilo estranho, não se manifestou.

Quando alcançaram os portões do shiro, os primeiros raios da manhã ainda despontavam no céu. Hiryu sentiu-se satisfeito por ter feito aquilo em tão pouco tempo. Aterrissando, ele recolheu suas asas e as desfez ao retornar à forma mais próxima da humana que apenas Dai-youkais eram capazes. Os dois guardas do portão o reverenciaram, como se costume e se voltaram para a feiticeira sem saber o que fazerem. O ruivo fez um gesto para permitirem a passagem da moça, mas eles continuaram incertos.

– Ela está comigo. – reforçou ele.

– C-com todo respeito, Hiryu-sama. – começou um deles hesitante. – Fomos instruídos a não permitir a passagem de ninguém. E mesmo acompanhado pelo senhor, temos que insistir em revistá-la.

Hiryu suspirou. Detestava formalidades, mas sabia que os homens só estavam cumprindo seu trabalho. Com um gesto da mão, ele pediu para a mulher se aproximar e entregar-lhes a bolsa. O youkai dragão sabia que não encontrariam nada, uma vez que ele próprio havia supervisionado o que ela colocara na mochila. Enquanto esperava eles terminarem o trabalho, viu Tsukiyo se aproximar do portão.

A garota usava uma roupa típica de miko, a mesma que a vira usar da última vez e numa das mãos carregava uma espada de madeira, tornando aquela imagem ainda mais familiar. Estava treinando?

– Hiryu? Não sabia que havia saído.

– Bom dia, Tsuki. – responde descontraído. – O que faz acordada tão cedo?

O youkai esperava encontrar todos dormindo. Seria mais fácil levar a feiticeira aos aposentos de Sesshoumaru sem levantar suspeitas se não houvesse esbarrado com ninguém. Mas cá estamos... Só me resta improvisar.

– Ah, sabe como é: perdi o sono e decidi me exercitar. E você? Não em diga que saiu para beber! Sesshoumaru vai mata-lo.

Hiryu riu ao se lembrar da última vez que escapulira do shiro para se embebedar, anos atrás. A verdade era que não se lembrava de muito, apenas de acordar numa praia do extremo norte sem um dos sapatos, vestido com um quimono dourado com o símbolo de um dos clãs dali e metade do rosto coberto de tinta azul. Apesar de ter a maior dor de cabeça da vida e ser repreendido por Suiryu e Sesshoumaru por um mês, ele acreditava ter valido a pena.

– Não, não dessa vez. Como já sabe, aprendi minha lição da última vez. Na verdade, saí por ordens de Sesshoumaru. Ele pediu-me para buscar a feiticeira. – revelou.

– Entendo. Aquela que vai confirmar o tempo que temos para o ritual de Ak...Nisshoku?

Hiryu quase comentou sobre a última fala da garota, mas estava bastante aliviado por ela lembrar-lhe da razão que todos pensavam pela qual a feiticeira ali se encontrava. Interiormente ele soltou um suspiro e agradeceu.

– I-isso. – forçou-se a dizer.

Ainda que soubesse que não deveria revelar a verdade, mas sua língua coçava para revelar tudo à Tsukiyo. O ruivo entendia o porquê de Sesshoumaru fazê-lo, mas acreditava que o amigo deveria contar à ela. Antes que fizesse algo que se arrependesse, um dos guardas veio ao seu encontro.

– Hiryu-sama. Já revistamos tudo, não carrega quaisquer armas além daquele cajado.

– Podem deixá-la entrar. – falou.

Pelo canto do olho, Hiryu viu os olhos de Tsukiyo brilhando de curiosidade, como o de uma criança e achou graça. Logo a feiticeira entrou e no mesmo instante que ela os viu, ela parou e seus olhos se arregalaram com a surpresa. Confuso, o youkai percebeu Tsukiyo abafar um grito surpreso.

– T-Tsuki?! – perguntou em choque a feiticeira.

– Meri-chan?!

Sem esperar por nada, elas correram e se abraçaram sorrindo. Hiryu continuava com cara de bobo. Não era difícil deduzir que se conheciam, e pela reação, não devia ser inimigas. Contudo, o ruivo não conseguia processar a ideia. Quais eram as chances?!

– V-vocês se conhcem?!

– Hiryu, essa é Merioku, minha grande amiga. – Tsukiyo apresentou-lhe sorrindo, então se voltou para a mulher de cabelos verdes. – Não acredito que a feiticeira que chamaram é você!

O sangue de Hiryu gelou. Será que por serem amigas, a feiticeira revelaria à Tsukiyo o que realmente viera fazer ali? Ele olhou para a mulher de cabelos verdes, mas ela ria e encarava apenas a amiga.

– Pois é, nunca imaginei encontrá-la aqui. – ela parou um instante e apontou para a amiga. – Aliás, o que você está fazendo aqui?

Tsukiyo se desconcertou um pouco e coçando, sem graça, a parte de trás da cabeça.

– É uma longa história. Você nunca acreditaria eu...

– Desculpe-me, mas vocês não podem passar!

Uma confusão o portão de entrada cortou a fala de Tsukiyo e chamou atenção dos três. Na entrada, os guardas discutiam com três figuras, das quais, uma era aflita, a outra contida e a terceira irritada.

– Escuta aqui! Nós vamos passar e ponto final!

Hiryu só o vira algumas vezes, mas a semelhança com Sesshoumaru era inegável. Tinham o mesmo cabelo prateado e olhos âmbar, apesar deste ter puxado ao pai. Mas uma diferença fácil de notar era a personalidade completamente oposta a de Sesshoumaru.

Antes que Hiryu pudesse fazer algo, viu Tsukiyo passar por ele e se aproximar do trio.

– Inuyasha, Kagome, Sora! Vocês chegaram!

Por um momento, Hiryu e a feiticeira trocaram olhares surpresos pela familiaridade de Tsukiyo com aqueles no portão. Os guardas se entreolharam, era óbvio que conheciam a fama de Inuyasha, meio-irmão de Sesshoumaru. Não demoram a se afastarem e darem passagem, desculpando-se.

– Tsukiyo! – falou a mulher vestida de miko. A famosa miko Kagome, eu presumo. Pesou o ruivo. – Chegamos o mais rápido possível.

– Fico feliz que estejam aqui.

– Teve alguma notícia? – perguntou o rapaz, a qual lembrava muito o amigo de Hiryu.

De repente, Tsukiyo se entristeceu.

– Ainda não. Eu sinto muito. – o rapaz baixou os olhos, e Tsukiyo levantou seu queixo. – Mas ei, nós vamos salvá-la, Sora.

– Isso mesmo! – falou o espalhafatoso Inuyasha passando um dos braços pelo ombro do filho. – Ninguém mexe com nossa família.

De repente, o hanyou parou e finalmente pareceu notar a presença de Hiryu e da feiticeira. Uma interrogação de formou em seus olhos e o ruivo se prontificou a responder.

– Meu nome é Hiryu, sou um dos generais de Sesshoumaru. É um prazer. – ele estendeu à mão aos convidados.

Inuyasha foi o primeiro a cumprimenta-lo.

– Inuyasha. – apertou sua mão. – Já nos vimos uma vez, não?

– Há muitos anos. Estava acompanhando Sesshoumaru, mas nunca nos falamos propriamente. – falou. Então se virou para a miko e o rapaz. – É um prazer finalmente conhecer a todos.

Num gesto cavalheiro, ele beijou a mão da miko e apertou a mão do rapaz, que descobriu chamar-se Sora. Eu disse que ia descobrir sem sua ajuda, Sesshoumaru. Pensou zombeteiro ao se lembrar do quanto pressionara Sesshoumaru para contar dos sobrinhos. Logicamente, nunca conseguira nada.

– Nem todos. – comentou Sora cabisbaixo. Era óbvio que o sequestro da irmã mexera muito com ele.

Comovido, Hiryu deixou seu lado brincalhão aflorar e antes que o clima piorasse, ele bagunçou os cabelos do menino.

– Ei, isso não é problema. Só temos que ir buscá-la. – então sorriu galante e apontou para o próprio peito. – Ela não deveria perder a oportunidade de conhecer esse que vos fala.

Todos riram e o clima apaziguou.

– Ei, se eu fosse vocês não deixaria Zakuro se aproximar muito dele. – brincou Tsukiyo. – Esse aí é encrenca.

O ruivo fingiu mágoa e levou teatralmente a mão ao peito.

– Como pode dizer isso?! Primeiro: prefiro alguém da minha idade. – apesar do tom brincalhão, ele falava sério. Notou também que Inuyasha não parecia convencido e resolveu jogar sua melhor cartada. – Segundo: sou um homem casado!

Para ele era uma situação natural, mas depois de ver a reação de Tsukiyo – olhos arregalados e boca aberta, a encarnação da incredulidade somada à surpresa. – percebeu que ainda não havia mencionado esse fato para a garota.

– V-você é cas-casado?! – perguntou-lhe.

Ele riu de sua reação e se preparou para responder, quando uma voz atrás de si o interrompeu.

– Parecem que todos estão aqui.

Os presentes se voltaram para a figura que avançava em sua direção. Sesshoumaru caminhava lentamente, a face era tipicamente indiferente, mas Hiryu podia jurar que o amigo ainda estava pálido.

– Sesshoumaru. – cumprimentou, afastando outros pensamentos da cabeça.

O Lorde passou o olhar por ele, em seguida colocou-os na feiticeira. Hiryu havia quase se esquecido da presença dela.

– Vejo que trouxe a feiticeira.

– É um prazer ser útil, Lorde Sesshoumaru. – a mulher de cabelos verdes fez uma reverência extremamente formal, surpreendendo ao próprio Hiryu.

De repente, quebrando a formalidade do momento, Tsukiyo pulou sobre a feiticeira, abraçando-a com um sorriso bobo no rosto.

– Sesshoumaru, esta é Merioku.

Mesmo que por um instante, Hiryu notou um tom surpreso cruzar a postura de Sesshoumaru. Ele a conhece?! O ruivo olhou para o amigo, que o encarou de volta. Com isso, eles estabeleceram um conversa silenciosa que respondeu uma das dúvidas de Hiryu. Ele se perguntara se o fato de Tsukiyo e a feiticeira já se conhecerem seria um problema. Pelo olhar, Sesshoumaru lhe respondeu:

Possivelmente...

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Sesshoumaru havia acordado de uma noite inquieta. Nunca admitiria, principalmente agora que Hiryu sabia, mas estava começando a ficar ansioso com sua morte pré-determinada. Agora não é hora para isso. Ele atirou os cobertores para o lado e colocou o quimono, com o cuidado de verificar se a marca estava completamente coberta. Tinha muito a fazer. Hoje teriam a última reunião e amanhã...

...guerra.

Saindo de seu quarto, foi saudado por Jaken e sua voz esganiçada. Sesshoumaru não estava com humor para aquilo e praticamente ignorou o pequeno servo, como de costume, pisando-lhe ao passar.

– Sesshoumaru-sam...! – o final fio abafado pelo pé de Sesshoumaru. Ao levantar, Jaken concluiu meio confuso. – Tenha um bom dia, meu Lorde. O café já está servido.

Sem olhar para o pequeno, Sesshoumaru continuou pelo corredor.

– Avise Tsukiyo quando acordar.

– Ela já foi avisada, meu Lorde. Mas temo que não foi tomar café.

O Dai-youkai parou um instante, olhando inquisitivo para seu servo. Percebendo a pergunta silenciosa do youkai, Jaken tratou de logo esclarecer.

– Ela foi direto para o campo de treinamento, meu Lorde. – Percebendo que Sesshoumaru mudou o caminhar em direção ao campo de treinamento, pôs-se a segui-lo, resmungando. – Quem ela pensa que é, desrespeitando a hospitalidade de Sesshoumaru-sama? Ela só faz o que quer e...

– Jaken, vá verificar se os youkais da tibo do gelo estão bem acomodados.

Meio a contragosto, o pequeno sapo fez uma reverência e se retirou para executar a tarefa lhe designada.

O que ela está fazendo? Perguntou-se de mal humor. Ao que parecia, Sesshoumaru nunca iria entendê-la, não importando o que já haviam passado. Noite passada, ele jurava que Tsukiyo acabaria batendo em sua porta depois da reunião de Suiryu. Na verdade estava grato que não tenha ido ou teria visto o estado em que ele se encontrava, mas por que não foi? E hoje não foi tomar café por que não queria encontra-lo? Estaria me evitando? A imagem do dia anterior voltou a sua mente. A possibilidade de Tsukiyo o evitar por esse motivo não ajudou a melhorar seu humor.

Iria falar com ela. Merecia no mínimo uma explicação.

Virando no fim do corredor, deu de frente para o campo de treinamento. Vazio. Mas, pelos deuses, onde ela está?! Uma movimentação no portão de entrada atraiu sua atenção.

Mesmo de costas e trajando roupas de miko, Sesshoumaru sabia que era Tsukiyo, com os cabelos negros escorrendo pelas costas. Outros rostos conhecidos eram visíveis: Inuyasha, a miko e o rapaz Sora. Ao lado de Tsukiyo, estava Hiryu e uma mulher de cabelos verdes, a quem deduziu ser a feiticeira que o amigo buscou. Então ele a achou. E dentro do prazo. Pensou levemente aliviado.

Lentamente, Sesshoumaru se aproximou do grupo que, entretido em algum assunto, não parecia notar sua presença. Ele viu a face de Tsukiyo se contorcer em grande surpresa e chegou a ficar curioso sobre qual assunto estavam falando, mas a ansiedade não permitiu que se estendesse.

– Parece que estão todos aqui.

Todas as cabeças voltaram em sua direção. Hiryu foi o primeiro a saudá-lo.

– Sesshoumaru.

Uma rápida troca de olhares se deu e entre eles, até que Sesshoumaru se voltou para a mulher de cabelos verdes. Tinha a mesma altura de Tsukiyo e os olhos eram de um verde tão vivo quanto o cabelo. Sua postura, porém, parecia receosa, até amedrontada. Não que o Lorde estranhou essa reação, ele sabia a reputação que tinha e até apreciava ser temido.

– Vejo que trouxe a feiticeira. – comentou para o ruivo, parecendo ignorar a presença do restante dos presentes.

– É um prazer ser útil, Lorde Sesshoumaru. – apesar do leve medo na voz, a mulher fez-lhe uma reverência demonstrando estar familiarizada com as formalidades.

De repente, quebrando seu gesto, Tsukiyo pulou em cima dela, passando um dos braços pelos ombros da mulher. Surpreso, Sesshoumaru olhou para a jovem. Quando ele notou o sorriso de canto e o brilho travesso em seu olhar, o Dai-youkai percebeu o que acontecia. Antes mesmo de Tsukiyo falar, Sesshoumaru já havia ligado os pontos e amaldiçoou o destino. Por que tudo tem que ser tão complicado?!

– Sesshoumaru, – começou ela, sentenciando aquilo que ele temia. – esta é Merioku.

Ele teve que segurar para nada dizer que pudesse comprometer sua situação. Sentiu o olhar de Hiryu sobre si e se voltou para o amigo. Ele sabia o que se passava na cabeça dele e num gesto silencioso concordou. Tentando permanecer impassível ele retornou sua atenção para Tsukiyo, que abraçada a amiga, continuava a falar.

– Não é incrível?! Quem imaginaria que a feiticeira que ia contratar fosse a Merioku?!

– Realmente... – falou sem humor.

– Meri-chan, tenho tanta coisa para te contar! – falou a jovem para a amiga.

Sesshoumaru notou que a feiticeira estava confusa com a espontaneidade de Tsukiyo diante da presença dele. Ela olhava de esgueiro para ele ao mesmo tempo em que encarava sem palavras a jovem. Ao menos, saber que ela me teme facilita alguns pontos. Numa jogada inteligente, o Lorde aproveitou-se da presença de Inuyasha e sua família para afastar Tsukiyo da feiticeira. Se Tsukiyo contasse sua história com ele para a feiticeira, era provável que a mulher perdesse o medo que dele tinha, e Sesshoumaru pretendia utilizar desse artifício a seu favor.

– Tsukiyo, leve Inuyasha e os outros para o salão principal e lhes introduza o lugar. Mande Jaken preparar-lhe quartos. – então se virou para a feiticeira. – Preciso discutir sobre a situação antes da reunião que terei.

O tom do Lorde deixou claro que não haveria oposições. Sem esperar qualquer reação dos presentes, ele se virou e começou a caminhar, fazendo um gesto claro exigindo que a feiticeira o acompanhasse.

– Ei, Sesshoumaru, também vamos participar da reunião. – exigiu Inuyasha que até agora permanecera, surpreendentemente, em silêncio.

Sesshoumaru parou um instante e sem encará-lo de volta respondeu.

– Faça como quiser.

...

Sesshoumaru caminhou com passos pesados até seus aposentos. Com o canto dos olhos podia perceber o receio da mulher que o seguia em completo silêncio e seus ouvidos captavam e presença do amigo que não pedira permissão para segui-lo. Mas não era como se Sesshoumaru pudesse impedi-lo.

Chegando ao quarto, Sesshoumaru abriu a porta e entrou. Hesitante, a mulher o seguiu e Hiryu fechou a porta. O Lorde sentou-se em se futon fingindo tranquilidade, mas com os olhos completamente sérios. Hiryu encostou as costas numa parede e cruzou os braços sobre o peito, encarava o amigo com expressão indecifrável. A feiticeira permaneceu parada, de pé, na frente de Sesshoumaru, sem saber o que fazer.

– O quanto você sabe? – perguntou ele direto ao ponto.

– Apenas o necessário. – falou Hiryu tomando a frente. – Que você está doente e que ela está aqui para curá-lo.

Se ela puder curar-me.

– Sesshoumaru não f...

– Hiryu. – o chamado foi baixo, mas com tal intensidade que o ruivo calou-se. – Vamos ao que interessa.

Sesshoumaru começou a despir a parte superior do quimono ficando com o peito nu. A marca descava na pele branca como sujeira na neve. A feiticeira segurou uma exclamação e olhou séria para a marca. Ela retirou alguns instrumentos da maleta e se aproximou, colocando as mãos sobre a marca após consentimento do youkai. Sesshoumaru podia notar que suas mãos tremiam devido a sua proximidade devido ao medo, mas em momento algum ela deixou de examinar.

Por fim, ela se afastou e colocou-se sentada alguns metros dele. A expressão indecifrável dela durante todo o processo aumentou a ansiedade de Sesshoumaru. Ele estava prestes a perguntar quando ela balançou a cabeça sem conseguir dizer em voz alta.

Não havia nada a se fazer.

Sentiu a frustração apoderar-se de si, porém, estranhamente, em momento algum sentiu desapontamento ou desespero. Sesshoumaru compreendeu que, apesar de ansiar obter uma resposta positiva, no fundo já sabia desde que conversara com a mãe. Ele chegou a se conformar com isso, mas Hiryu não.

– Não pode estar falando sério! Tem que ter algo que possa fazer!

– Desculpe-me, mas não há nada que eu ou qualquer feiticeira possa fazer para curá-lo. – falou ela baixo, mas com convicção. – Se fosse algo físico talvez, mas isso está atacando sua alma e...

– Então uma purificação basta, não é?! Mikos podem fazer isso. Se elas puderem purificar a alma dele, então...

– Não quando se é um youkai! – ela levantou os olhos e encarou seria o ruivo. – A purificação de uma miko iria destruir sua alma e mesmo que não o fizesse, acabaria enfraquecendo-a. Dessa forma, a marca se espalharia mais rápido e ele morreria mais cedo.

Sem saída, Hiryu cerrou as mãos. Tinha o olhar pedido, tentando negar uma realidade irrefutável. Sesshoumaru respirou fundo e se voltou para a feiticeira.

– Quanto tempo?

Sem conseguir encará-lo, ela declarou:

– Cerca de duas semanas. Isso se não usar qualquer tipo de yoki. – percebendo sua dúvida, ela completou. – O uso de energia demoníaca ajuda a piorar o quadro. Se a usar constantemente, pode não passar desta semana.

– Sesshoumaru, – falou Hiryu. – não poderá participar da guerra.

Ignorando o amigo, Sesshoumaru continuou.

– Há alguma forma de desacelerar o processo?

– Posso preparar algo para que não tenha nenhum mal-estar ou dor, mas... não há como retardar.

– Ótimo, é o que preciso. – a feiticeira concordou e começou a tirar alguns frascos coloridas da bolsa. – Também preciso de um feitiço de camuflagem. Ninguém deve saber disso. Principalmente Tsukiyo. – enfatizou. – Eu fui claro?!

Sesshoumaru impôs toda sua autoridade naquela ordem e notou a mulher engolir um seco. Ela imediatamente concordou e pôs-se novamente a trabalhar. Sesshoumaru se recusava a encarar Hiryu e o cômodo caiu num completo silêncio.

Ao término do trabalho, a feiticeira entregou um frasco com o líquido roxo para Sesshoumaru informando que o efeito duraria cerca de 24 horas, portanto, entregou-lhe mais três doses para tomar pelos próximos dias. Ela também realizou o feitiço de camuflagem que duraria uma semana.

Em seguida, Sesshoumaru dispensou os dois sob os protestos de Hiryu. No fim, o Lorde ordenou que ele a levasse até Suiryu para cumprir a suposta tarefa de atestar a veracidade da duração do ritual. Sem saídas, o ruivo saiu do quarto, mas não sem antes olhar melancólico para o amigo.

Finalmente sozinho, deitou e encarou o teto.

Então é isso... Pensou. Sesshoumaru não sabia como reagir à notícia. Sentia-se sufocar no fundo do oceano sem conseguir nadar de volta à superfície. E apesar de encontrar-se nessa situação, havia um nome que não abandonava sua cabeça. Em algum lugar ele desejava contar para ela, mas uma maior parte de si sabia que não o faria. Não a afogaria junto a si. Ele queria vê-la feliz, mesmo que não fosse com ele.

Porque, agora, ele não poderia mais fazê-lo...


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Por favor, comentem!!! Falem comigo!!



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