As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 45
Capítulo 45 – Confiança. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, minhas lindas leitoras!!!! Aqui está o capítulo de vocês!! Ficou mais curto, mas a emoção nele contida é grande. O próximo capítulo não será apenas maior, como também trará informações que muitas estavam esperando.
Para acompanhar o capítulo, recomendo a música: Adrian von Ziegler - Nevermore
(https://www.youtube.com/watch?v=Ugiw9-t70TM) acho que combina com a situação...



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Sesshoumaru viu a surpresa tomar conta dos olhos dos presentes. Não podia negar que ele próprio estava se achando louco, mas não via alternativa. Muito menos na situação que se encontrava.

            – Isso é loucura! Como pretende fazer isso? – questionou Tsukiyo incrédula.

            – Os exércitos já estão prontos. Essa guerra só esperava uma faísca para explodir e a batalha começar. – revelou como se fosse óbvio. – Ele deu o primeiro passo, só estou correspondendo.

            – Tem certeza, Sesshoumaru? – perguntou relutante Kagome. – Amamos Zakuro, mas... não é apenas a vida dela. Serão milhares de vidas...

            O Lorde olhou diretamente para frente. Em suas faces via medo. Medo de perderem aquilo que amam, mas, principalmente, medo de condenar a vida de muitos em prol de seu egoísmo de salvar apenas uma alma.

Porém, no fundo ele viu esperança, porque não importa a situação: seres racionais tendem ao egoísmo ao prezar mais seus entes queridos do que o restante do mundo. Seu olhar se deslocou para Tsukiyo que o olhava preocupada e soube que ele próprio não era exceção a essa regra.

Ele arriscaria o mundo por ela.

— Não faço por ela. – mentiu. – Vou entrar nessa guerra porque Nisshoku despertou meu ódio. – um brilho maligno cruzou seus olhos. – Não vou deixar que leve o que é meu.

Um momento de silêncio se instalou enquanto cada um dos presentes interpretava aquela afirmativa a sua maneira. O primeiro a quebrar o clima foi Sora que se aproximou do Lorde.

— Lorde Sesshoumaru. – ele fez uma mesura. – Deixe-me participar de seu exército.

— Sora! – exasperou Kagome. – Não faça loucuras!

— Com todo o respeito, mãe, Zakuro é minha irmã! E não vou ficar de braços cruzados enquanto ela corre perigo. – falou o menino com convicção.

— Não seja idiota. – começou Inuyasha. – É só um moleque, não tem ideia de como é uma guerra.

— E daí?! – seu tom era atipicamente intenso. – Vocês também não sabiam o que passariam quando enfrentaram Naraku, e mesmo assim o fizeram. Você me treina há anos, sabe do que sou capaz. – ele se voltou com o olhar suplicante para Sesshoumaru – Por favor, deixe-me lutar em seu exército.

        — Você ficará aqui! – vociferou Inuyasha. – Eu irei, e trarei Zakuro de volta.

            – Vou acompanhá-lo, Inuyasha. – completou Kagome. – Sora, você ficará aqui, protegendo nossa casa.

            – O QUE?! Se acham que ficarei aqui protegendo algo que não corre risco nenhum estão enganados! Não podem me negar a escolha de me arriscar pela minha irmã ou não. Somos uma família, se vocês vão, também irei!

Diante da explosão do rapaz, os pais silenciaram-se. Como poderiam falar algo quando em sua juventude, embarcaram em situações mais perigosas sem o mínimo de preparo?

Sesshoumaru entendia ambos os lados, mas acabou por se aliar ao lado que compreendia melhor.

— Apresente-se daqui a dois dias em meu shiro. – falou fingindo indiferença.

— Sesshoumaru! – reclamou Inuyasha. – Não pode achar que...

— Ele é bem capaz de se cuidar sozinho. – cortou Sesshoumaru. – Se não estiver devidamente preparado, a culpa recai sobre quem o treinou. Na idade dele eu já havia enfrentado diversas batalhas e vencido ao menos uma guerra.

Direcionando a raiva para seu meio-irmão, Inuyasha se aproximou e ficou frente a frente com Sesshoumaru.

— Ele não é você! Não o incentive a ser idiota, sabe muito bem o que o aguarda. – um brilho perigoso cruzou seu olhar. – Você não vai tirar outro filho de mim!

— INUYASHA! – a voz de Sesshoumaru soou como um trovão que paralisou todos os presentes.

O hanyou deu um passo para trás, como se só agora tivesse noção do que estava acusando Sesshoumaru de fazer.

Compreendendo a situação do hanyou, o Lorde falou ameno.

— Não vou lhe tirar seu filho... Estou indo salvar sua filha.

Inuyasha se espantou com o tom do irmão.

Nada vai acontecer a eles. – continuou o Dai-youkai. – Agora, volte à razão e faça o que tem que ser feito. Não perca a sanidade por sentimentalismo ridículo!  – ele fez uma pausa. – Deixarei Ah-Uh aqui. Preparem o que precisarem e usem-no para chegar ao shiro daqui a dois dias. Lá terão suas instruções sobre o que fazer.

Com isso, Sesshoumaru virou-se de costas e voltou a se afastar. Tsukiyo logo se pôs a segui-lo, mas antes que alcançassem às árvores, Sora se pronunciou:

— Obrigado, Lorde Sesshoumaru! Não vai se arrepender. – mesmo de costas para o rapaz, ele podia perceber a admiração com que lhe dirigia.

Olhando por cima do ombro, o Lorde falou de forma sombria e séria:

— Não me agradeça. Seus pais estão certos sobre a guerra. – ele tornou a se virar de costas e continuou a andar. – Uma vez que ela começa, é impossível prever o resultado.

...

            Sesshoumaru e Tsukiyo caminharam durante horas em completo silêncio. Era o tipo de silêncio que preenche o ambiente em que há muito a se dizer, mas ninguém quer fazê-lo.

Quando passava do meio da tarde e a distância até o shiro diminuiu pela metade, Sesshoumaru começou a sentir esgotado. Tinha que se manter atento para não cambalear ou mostrar cansaço, mas sua cabeça voltou a rodar. Todo o gasto de yoki da luta estava finalmente aparecendo. Contudo, o desgaste emocional parecia o pior. Ter a sobrinha capturada... Confrontar o meio-irmão... Aceitar o sobrinho em seu exército...

E principalmente: saber que o homem que a jovem buscava salvar era seu grande inimigo.

            Não desejando que tais pensamentos invadissem sua mente e o fizessem duvidar de suas próprias escolhas, Sesshoumaru parou. Sem nada dizer, sentou-se encostado numa árvore. Inesperadamente, Tsukiyo não fez qualquer pergunta sobre o motivo, limitando-se a acompanhá-lo, sentando-se de frente para ele.

Antes que o silêncio se instalasse novamente, ela decidiu quebrá-lo.

            – Acha mesmo que foi uma boa ideia? – ela encarava o chão a sua frente, a voz não passava de um fio. – Permitir que Sora participasse da guerra?

            Finalmente Sesshoumaru deu a devida atenção a ela.

            Estava exausta.

            As roupas estavam meio sujas, com pequenos rasgos aqui e ali. Os cabelos pendiam sobre as costas, os ombros pesados como se carregassem o mundo. Mas o que mais chamava atenção eram seus olhos, outrora tão cheios de vida com um brilho atrevido, estavam opacos e distantes.

Ao encará-los, Sesshoumaru sentiu um aperto no peito.

            – Ele iria atrás dela de qualquer forma. Ao menos assim posso ficar de olho nele. – revelou. – Não o colocarei nas linhas de frente, tenho uma ideia melhor de como usar suas habilidades.

            Isso pareceu despertar a curiosidade da jovem, característica tão marcante dela. Tsukiyo levantou os olhos para encará-lo e olhou-o esperançosa.

            – Que ideia?

            – Assunto sigiloso, terá que esperar para ver. – quando a viu fechar a cara para ele, permitiu-se divertir um pouco.

Apenas um pouco.

            Logo, tudo voltou à mente de Sesshoumaru e ele sabia que teria que perguntar para não perder a própria sanidade. Ele respirou fundo e encarou-a profundamente.

            – Por que não me contou?

            Diante da pergunta, ela se encolheu e voltou a encarar o chão. Ele, pacientemente iria esperar a resposta, entretanto, não podia negar que tinha medo de qual fosse. O que mais doía era pensar que mesmo depois de tudo, Tsukiyo ainda não confiava nele.

            – Eu... – começou ela. – Não podia.

            A raiva tomou conta do youkai que se colocou em pé num movimento. As mãos cerradas tremiam de raiva e os olhos faiscavam. Sem olhá-la novamente, ele começou a caminhar.

            – Sesshoumaru. – ouviu-a se levantar atrás de si. – Desculpe-me!

            Ele parou de ímpeto e se voltou para ela, não conseguindo medir as palavras.

            – Não quero desculpas, quero saber o motivo!

            – Já disse: eu não podia te contar! – falou se aproximando.

            – Então, mesmo depois de tudo, ainda não confia em mim?!

            Ela hesitou e franziu a testa, desviando o olhar. Sesshoumaru continuou a colocar para fora tudo o que lhe assombrava.

            – Imaginou que se contasse tudo eu deixaria de lhe ajudar a salvá-lo? Ou o mataria sem pensar no que significaria para você? É ISSO QUE PENSA DE MIM?! – a raiva era palpável em suas palavras e a cada fala, seu coração doía por temer ser verdade. – Acha que eu seria capaz de passar por cima de seus sentimentos e matá-lo sem remorso? Fui tolo em achar que confiasse em m...

            Ela travou a dois passos dele. Tsukiyo cerrou as mãos e fechou os olhos com força. Ela praticamente atirou as palavras seguintes para interrompê-lo.

            – É JUSTAMENTE POR CONFIAR EM VOCÊ QUE NÃO PODIA CONTAR!

            Sesshoumaru estancou surpreso diante da explosão da jovem. Seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu para dizer palavras que não saíam.

             – Acha que não foi difícil para mim, esconder isso de você?! – continuou a jovem, já brotando algumas lágrimas de seus olhos. – Confio minha vida a você, Sesshoumaru. Confio em você mais do que confio em mim mesma...

            Tsukiyo desviou o olhar, como se não conseguisse encará-lo.

            – Então, por quê? – perguntou confuso.

            – Porque eu tenho medo. – revelou ela se abraçando.

            – De que eu o matasse? – Sesshoumaru tinha o coração na mão.

            Ela negou com a cabeça.

            – Medo de que ele lhe matasse. – a voz saiu como o fio de lágrimas que cruzou o rosto da jovem: fina e frágil. – Não duvido de sua força, Sesshoumaru, é só que... – ela levantou o olhar para encará-lo. – Se fosse Rin no lugar de Akarin, você me contaria?

            Sesshoumaru enfim compreendeu o que ela queria dizer. O youkai franziu a testa e olhou para o chão. Frustrado com sua tola desconfiança.

            Percebendo a reação do youkai, Tsukiyo deu um passo para frente e buscou seu olhar.

            – Você me contaria? – insistiu ela.

            – Não. – falou o youkai soltando o ar e dando-se por derrotado. – Não a colocaria nessa posição entre escolher morrer ou matá-la.

            – Assim como você não me faria escolher, também não podia fazer isso com você. – ela encarou-o nos olhos. – Confio em você a ponto de saber que se lhe contasse, nunca mataria Akarin sabendo o que sinto por ele. Mas o mesmo não se aplica a ele. – sua voz foi morrendo aos poucos. – Tenho medo, porque sei que se não lutar para matá-lo, será você a morrer, Sesshoumaru. No estado em que está, Akarin é capaz de destruí-lo sem pensar duas vezes.

            Sesshoumaru sabia que ela estava certa: não era páreo para Nisshoku se não lutasse com toda a força que tinha, ainda mais agora com sua “condição”. Ele olhou preocupado para a jovem.

            Ela deixou-se cair sobre os joelhos, se encolhendo em prantos. Os braços abraçavam o corpo que tremia.

            – Eu não podia escolher... – a voz de Tsukiyo não era nada mais que um fio. – Não posso escolher... Não consigo vê-los se enfrentando... Isso dói! Dói muito! Não consigo...

            Sem pensar, Sesshoumaru cobriu a distância entre eles e a envolveu nos braços. Sentia a jovem pular de surpresa, mas logo em seguida, ela se permitiu chorar em seu peito, puxando-o para mais perto. O youkai a apertou contra si, sentindo seu doce cheiro e o calor de seu corpo.

Ele apoiou o queixo sobre a cabeça dela olhando para o nada, pensativo.

— Tola. – seu tom era calmo e acolhedor. – Não precisa se preocupar comigo.

            Ele sentiu a tensão da menor relaxar e ela agarrar de leve seu quimono, como se tivesse medo que ele se desfizesse em fumaça. Eles ficaram daquele jeito, parados, enquanto a jovem se acalmava e Sesshoumaru colocava as ideias no lugar.

            O choro parou e Tsukiyo se afastou e dando-lhe um sorriso cansado.

            — Me desculpe.

            O youkai mantinha a comum indiferença estampada na face, porém, estava feliz que ela voltara a sorrir. Como num consenso silencioso, ambos se sentaram lado a lado e Sesshoumaru se preparou para começar um assunto um tanto delicado, mas necessário.

            – Como aconteceu? – diante do olhar interrogatório da jovem, ele explicou. – Você disse que “ele no estado em que está” seria capaz de matar-me. Isso implica que não foi sempre assim...

            Tsukiyo pareceu considerar por um instante, mas logo cedeu.

            – É, acho que tem o direito de saber... – ela olhou para o céu nublado e respirou fundo. – Faz pelo menos uns 20 anos. Aconteceu quando cometemos a maior besteira da nossa vida: enfrentarmos sozinhos o clã do sul...

 


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Notas finais do capítulo

Deixem seus lindos comentários, galera!!! Kissus, até!