As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 22
Capítulo 22 – A Desconhecida. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Olá, mina!!! Primeiro eu quero agradecer a todas as leitoras e leitores que têm acompanhado e me incentivado comentando, favoritando e recomendado. Também quero dar as boas-vindas à leitora Lice Taichou, que comentou pela primeira vez no último capítulo! Obrigada, linda!!!
Segundo: por favor, não me apedrejem!!! Eu sei que demorei muito para postar e me desculpo imensamente! Como todas sabem, o ENEM está chegando e eu PRECISO estudar para ir bem, então todo o meu tempo livre deixou de ser tempo livre para se tornar tempo de estudo T.T
Portanto, infelizmente tenho más notícias: não postarei mais nenhum capítulo até que eu faça o exame... Se que é chato, e me desculpo com vocês, mas prefiro que saibam que não vai ter até dia 10 de novembro do que ficarem esperando em vão. Por favor, eu NÃO ESTOU ABANDONANDO A FIC. Só estou pedindo férias temporárias para me focar. Depois do ENEM já não terei maiores preocupações e prometo me dedicar inteiramente a essa fic.
Desde já peço paciência a vocês e rezo para que também não abandonem a fic. Desculpas mesmo...
Bem, vou deixar aqui um capítulo para deixá-las curiosas e aviso que mudei (novamente) a imagem do capítulo 4. Eu sei, eu sei... já fiz isso milhares de vezes, mas desta vez eu GARANTO que é a última. Finalmente achei a imagem perfeita para o vilão e a imagem condizente para os olhos. Espero que curtam o capítulo, kissus!!!



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        Sesshoumaru acompanhou com os olhos enquanto a jovem era levada a enfermaria. Algo pesaroso no olhar dela lhe deixava intrigado, mas abandonou momentaneamente a sensação. Tinha assuntos mais urgentes a tratar.

            Enquanto caminhava atrás de Shiro, Sesshoumaru relembrava o acontecido no duelo. Desde o início sentiu apreensão quanto à luta. Apesar de acreditar que a jovem era forte o suficiente para vencer, o grande “mas e se...” o incomodava. Ao assisti-la aquela incerteza só foi aumentando, principalmente quando a viu cair nas provocações infantis de Koba. Mas tinha que admitir: ela não fora a única a se irritar com elas. Sesshoumaru por vezes teve vontade de destruir o youkai. Para a sorte de Koba, Sesshoumaru se via preso ao juramento.

            A fala de Koba trouxe algo para si. Sua mente pulsava de curiosidade para saber o que a jovem pensava a respeito da guerra que ele trava. Seria – como ela havia dito. – apenas uma tola disputa por território que acabaria por matar centenas de pessoas? E mais importante: Sesshoumaru queria saber o que Koba sussurrara para ela, quando estavam próximos, que a tirou completamente de si.

            Bem, quando isso aconteceu, ele se sentiu grato por ela ter dado uma surra merecida naquele irritante youkai. Quem diria que tem tanto poder... Até mesmo Sesshoumaru se surpreendeu quando ela liberou aquela energia demoníaca. Mas por que não fez antes? se perguntou ao relembrar os diversos momentos em que a vida da jovem esteve em risco. Talvez não pudesse, talvez...

            – Sesshoumaru. – o chamado de Shiro interrompeu seus pensamentos. – Entre, por favor.

            Sesshoumaru o fez e se viu dentro da casa principal, em uma sala toda elaborada com uma longa mesa e cadeiras a volta. No teto pendia um lustre feito de gelo e graças à luz que entrava pela janela, criavam um efeito em menor escala do arco de gelo da entrada da vila. Shiro se acomodou numa cadeira e ele no lado aposto. A líder havia dispensado seus servos, deixando apenas os dois na sala.

            – Muito bem. – começou ela, pegando um papel e tinteiro. – Vamos tornar isso oficial. Apenas alguns ajustes nas condições e estará feito.

            – Não vejo razão para tais ajustes. – ele falou. – Pelo que me lembro, você havia dito que faria a aliança.

            – Certamente, mas também disse que discutiríamos melhor. – replicou. – Peço perdão se me expressei mal, mas não conseguiria explicar detalhadamente naquele momento. – abriu um sorriso de lado. – Confesso que não esperava por isso, estava certa de que a deixaria morrer, sua postura não demonstrava nada contrário. O que o fez mudar de ideia? Faria o mesmo por qualquer servo ou apenas por ela?

            A líder portava um sorriso discreto e olhos travessos, condizentes com sua idade aparente.

            – Vamos nos ater a discussões sobre o acordo. – cortou frio Sesshoumaru.

            Shiro suspirou e se voltou aos papéis.

            – Sempre com a máscara indiferente, não é, Sesshoumaru? – sua expressão se tornou séria. – Pois bem, sobre o acordo pouco tenho a discutir na realidade. Aceito a proposta de receber uma pequena parcela de terras do lado Oeste.

            – Então é verdade que planejam construir uma passagem pelas montanhas? – questionou Sesshoumaru.

            – Vejo que está bem informado. Se bem que não me surpreende. Suiryu deve tê-lo informado. – falou.

            Para a surpresa de Sesshoumaru não havia uma gota de desgosto em sua voz ao pronunciar o nome.

            – Não imaginei que soubesse o nome dele. Estou surpreso.

            – Não são todos os youkais de meu clã que odeiam o clã das águas. – falou de repente com o ar cansado. – Essa é uma longa rixa e, se realmente quer saber, é bem infundada. Guerras acontecem, e para haver um vencedor tem que haver um perdedor. Não há como culpá-los por tudo que acontece.

            – E como saberei que tudo não passa de uma tentativa para se aproximar de seu clã rival e finalmente eliminá-lo? – ponderou Sesshoumaru. – Aprecio a ideia de formar uma aliança com você, mas não se me custar à aliança com eles.

            – Suiryu é meu primo, Sesshoumaru. – falou disfarçando a melancolia, surpreendendo Sesshoumaru. Ao que parece você omitiu diversas informações, Suiryu, pensou um pouco amargurado. – Como eu disse não são todos os youkais que desprezam o outro clã. Nossos avós eram de clãs diferentes e seus dois filhos tiveram que pertencer a um clã cada. É uma informação que estou confiando a você, como retribuição a nossa aliança. Pouquíssimos youkais sabem sobre isso, e preferimos manter assim por hora.

            – Então vê nessa aliança uma forma de reaproximar os clãs. – deduziu o Dai-youkai.

            – Correto. – respondeu Shiro. – Bem, vamos ao que interessa. Planejamos terminar a rede que construímos por entre as montanhas. Sem as terras do outro lado seria algo sem sentindo, portanto queremos algumas. O suficiente para montar uma base e expandir a agricultura. Em troca, seu clã terá a liberdade de utilizar as passagens sempre que preciso, evitando a travessia pelas montanhas.

            – Aceito os termos. Algo mais?

            – O básico: se entrarmos em guerra, vocês nos darão suporte enviando alguns soldados, e vice versa. Já prometo que, assim que possível, enviaremos alguns guerreiros para suas frentes de batalha do sul.

            Sesshoumaru apenas concordou com a cabeça. Estava concentrado, mas cada célula do seu corpo queria acabar logo com aquilo para ver como a jovem estava. Shiro escrevia as condições no papel.

            – E uma última coisa, antes de assinar, que eu preciso saber. – Shiro largou a pena, entrelaçou os dedos e apoiou o queixo neles. – Como havia dito na primeira vez que nos vimos, eu não sou o tipo de líder que manda o próprio povo para a morte, e depois do que vi acredito que você também não é. Agora me diga Sesshoumaru, há alguma chance de vencer Nisshoku?

             Shiro o encarava com olhos brilhantes determinados, mas com algum traço de preocupação. Ele não poderia culpá-la.

            – Não posso afirmar com completa certeza que venceremos, mas tenha a certeza de que de alguma forma conseguiremos. Muito irão morrer e isso não se pode evitar, mas se planeja buscar uma aliança com o inimigo, esqueça. – falou convicto. – Nisshoku não busca aliados, seus objetivos se resumem na completa submissão dos povos a ele.

            – Entendo... Creio que esteja certo. – falou. – Apenas gostaria de maiores garantia para meu povo.

            O silêncio se abateu no local, durando alguns segundos até que a youkai o quebrou.

             – Bem, creio que isto é tudo. Dentro de uma semana preparei soldados e os enviarei ao seu shiro. Também comparecerei e, assim que chegar, proponho fazermos uma reunião para discutir informações e nos organizar para a batalha. Essa é outra condição: não quero ser deixada no escuro recebendo ordens como meros capitães, quero estar a par de tudo e participar das decisões, como seus generais.

            Sesshoumaru se limitou a concordar. Não havia razão para lhe negar isso, ela estava no mesmo nível de seus generais, de qualquer forma. Shiro assinou o contrato que escrevia e, com as garras, desenhou o símbolo de seu clã, firmando o acordo. Então passou a folha a Sesshoumaru que repetiu o processo e desenhou o selo de sua família.

            – Fiquem o tempo que precisarem para se recuperarem para a viagem de volta. – falou Shiro. – São bem vindos ao nosso clã.

            – Prefiro partir o mais rápido possível. – falou Sesshoumaru.

            – Sendo assim, providenciarei um guia para levá-los pelas montanhas. – disse Shiro ao se levantar. – Por nossos caminhos, demorará no máximo um dia para atravessar. Avise-me quando desejar partir.

            Sesshoumaru acenou levemente com a cabeça e se levantou, dirigindo-se à enfermaria. Logo que chegou, viu a jovem deitada em uma das camas. O local estava vazio, exceto por Koba, que dormia algumas camas ao lado. Sesshoumaru se aproximou da jovem, parando ao lado de sua cama. Ela tinha um curativo no ombro onde Koba a perfurara com a espada e diversos outros ao redor do corpo. Quando entrou naquele estado, tornou-se inconsequente e acabou levando diversos golpes. Mas por que tal súbita mudança? Sesshoumaru queria perguntar, mas a jovem estava dormindo tão tranquilamente que ele optou por deixá-la descansar. Teria que sanar suas dúvidas depois.

            Decidiu, por fim, que esperaria que acordasse. Preferiu esperar em seus próprios aposentos. Então, afastando a tentação de matar Koba ao passar por ele, Sesshoumaru se dirigiu ao seu quarto. Lá, ficou se perguntando quais seriam as palavras que aquele youkai dissera à jovem que tanto a desconcertaram e de onde surgira todo aquele poder.

Tinha uma hipótese, e ela não lhe agradava...

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            O pequeno youkai lagarto subia o que parecia uma infinidade de escadas. Sentiu cada músculo de seu corpo tremer e suor escorrer pelo rosto. Carregava uma vela consigo para enxergar na escuridão total. Sempre tropeçava desajeitado nas escadas, mas nada podia fazer. Seu mestre preferia as sombras então, naquela região, pouca luz adentrava.

            Ao chegar à grande porta de madeira hesitou. O que diria ao mestre? Não podia mentir, mas a verdade era pouco convidativa. Não tinha outra opção, tinha que entrar. Trêmulo, bateu três vezes na porta.

            – Entre, Tokage. – falou a voz calma e contida de dentro.

            O pequeno servo sentiu um arrepio percorrer a espinha. Como sabia que era ele? Se bem que ele é o mestre... Engolindo um seco, entrou na sala, apenas o suficiente para fechar a porta.

            – M-meu Lorde. – a voz era falha.

            Percebeu o mestre sentado no típico trono, com a cabeça apoiada nas costas de uma mão. Tinha os olhos fechados e, assim que entrou, duas pupilas em fenda surgiram em meio a um brilho vermelho. Aquele olhar trazia horrores ao servo.

            – Aproxime-se. – ordenou. Tokage se viu forçado a fazê-lo. Caminhou até ficar a frente da pequena escada que separava ele de seu mestre. – Diga-me que tem boas notícias.

            O coração do servo palpitou. Por favor, piedade! Mal aguentava segurar a vela, tamanho seu medo.

            – Meu L-lorde. N-não encontramo-mos a ga-garota.

            – O que disse? – o olhar pareceu brilhar e o pequeno servo se encolheu.

            – K-kame foi achado por um de nossos espiões. – tentou explicar-se. – Est-ta morto, meu senhor.

            Tokage se encolheu e cobriu a cabeça com as mãos esperando o pior. A tensão o estava matando. Talvez, logo o mataria mesmo.

            – Vejam, só! Até Kame foi derrotado! – falou uma voz zombeteira. – Não que signifique grande coisa...

            Um homem, que Tokage não havia notado até então, saiu das sombras.

Justo quando achara que sua situação não podia piorar, o servo se via diante de um dos youkais mais temidos daquelas terras. Um dos generais e braço direito de seu mestre. Estava diante do homem que era a morte em pessoa, ganhando o apelido de Shinigami (Anjo da Morte). Ninguém nunca lhe escapou. Era um assassino cruel que mantinha sempre preso ao rosto um sorriso assustador, daqueles que adoram estar próximos à morte.

            – Ao que parece sua garota é durona, Nisshoku. – falou com um sorriso e tom zombeteiro. – Quantos mais vai mandar para morrerem?

            Tokage congelou. Como alguém poderia falar dessa forma com seu mestre e continuar vivo?! Isso só o fez tremer mais.

            – Ninguém. – respondeu Nisshoku, ignorando a presença do servo e sem, no entanto, mover sequer um centímetro em direção ao homem.

            – Huhuhu, então finalmente vai desistir? – falou rindo e gesticulando teatralmente.

            – Não. – então o Lorde deu um sorriso, fazendo Tokage ser tomado pelo horror. – Você irá buscá-la para mim.

            Se o homem pareceu surpreso, não deixou transparecer. Apenas continuava com seu sorriso brincalhão no rosto.

            – Tem certeza? Sabe como fico quando encontro alguém forte, e ela parece não ser qualquer uma.

            – Ela não está sozinha. – cortou seco, Nisshoku. – Pode ser habilidosa, mas não tem a força necessária para acabar com Kame. – sua voz saiu baixa, liberando uma energia assassina. – Alguém está protegendo-a.

            – Ora, ora. Não está com ciúmes, está? – debochou Shinigami, recebendo pela primeira vez a atenção do olhar gelado de Nisshoku. – Não se preocupe, vou buscá-la para você.

            – E seja discreto. – ordenou o Lorde voltando à posição relaxada inicial. – Não quero chamar atenção para nosso alvo ou outros podem começar a se interessar.

            – Sim, sim, eu prometo. – brincou desenhando um ‘X’ sobre o coração.

            De repente, seu tom se tornou sério e seu sorriso se extinguiu.

            – Ela eu trarei com vida, mas e quanto a esse alguém?

            – Faça o que desejar, ele não me interessa. – respondeu o mestre, dispensando-o com um aceno da mão. – Mas faça rápido. A espera já me entediou...

            Shinigami fez uma leve mesura e, ao levantar o rosto, carregava um sorriso sinistro, que fez o coração do servo lagarto parar por um instante.

            – Como desejar...

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Ao abrir os olhos, Tsukiyo se via novamente no campo florido. Um céu azul, a aconchegante luz do sol e uma leve brisa que fazia as flores se agitarem como um mar de pétalas. Desta vez não se permitiu curtir muito o ambiente. Levantou-se imediatamente e olhou ao seu redor, à procura da misteriosa mulher.

Lá estava ela, a alguns metros adiante. Agachada colhendo flores para fazer sua coroa. Tsukiyo correu em sua direção. Assim como da última vez, ela estava desfocada, tornando impossível reconhecer suas feições. Assim que sentiu sua aproximação, a estranha se levantou. Novamente estendeu a mão oferecendo a coroa, e, desta vez, Tsukiyo não hesitou em segurar.

As duas correram pelo campo, da mesma forma que outrora fizeram. Cruzaram o campo de lírios até chegar ao limite. À sombra de uma árvore estava um túmulo de pedra. Incentivada pela mulher, Tsukiyo se aproximou, mas as inscrições estavam borradas, tal como a estranha.

Tsukiyo ajoelhou-se em frente à lápide e tentou ler o que havia gravado, mas não conseguiu. Frustrada e tomada pela curiosidade, ela se voltou para a estranha.

— O que está escrito?

A mulher caminhou até o túmulo e, como um fantasma silencioso, depositou a coroa de flores em frente à lápide de pedra. Tsukiyo não podia dizer com certeza porque não podia ver seu rosto, mas jurava que a estranha emanava melancolia. A mulher pousou a mão sob a lápide e se voltou para Tsukiyo, a expressão indecifrável.

Movida pelo instinto, Tsukiyo estendeu a mão e tocou a lápide da mesma forma que a mulher. De repente, o nome gravado tornou-se nítido aos seus olhos.

Rin.

A jovem se virou para mulher. Ela havia se levantado e olhava para Tsukiyo, ainda com as feições borradas.

— Esse é o seu nome? Rin? – perguntou Tsukiyo.

Uma forte brisa soprou, fazendo Tsukiyo cobrir os olhos momentaneamente. Quando voltou a abri-los, via diante de si a mulher, agora completamente nítida. Tinha longos cabelos pretos e grandes olhos cor de mel. Sua face era delicada e continha um sereno sorriso no rosto. Tsukiyo se pôs de pé e percebeu que tinham a mesma altura e, tirando as orelhas, as marcas no rosto e a cor dos olhos, podia dizer que eram irmãs, quase... gêmeas.

Tsukiyo estava sem falas, tentando assimilar o significado de tudo aquilo, quando Rin pegou-lhe uma das mãos. Desta vez, ela podia sentir seu toque.

— O que você q...?

Antes de terminar a pergunta, foi puxada para um abraço. De alguma forma, o abraço era caloroso. Tsukiyo sentia-se segura, como se estivesse nos braços de uma velha amiga. Como se pudesse confiar sua vida a ela. Como se sentisse completa.

Como se abraçasse uma parte de sua alma.

Um forte vento começou a invadir o lugar, e Tsukiyo sentia-se ser arrastada para longe, enquanto a mulher mal parecia sentir. A única coisa que ainda a segurava no lugar era o abraço dela. Nuvens negras tomaram o campo e todas as flores foram varridas do local. Tsukiyo encarou a mulher e percebeu que ela começou a desaparecer.

        — O que você quer?! – berrou Tsukiyo para sobrepor o som do vento. – Por que me mostrou isso tudo?!

A mulher, que já se tornava transparente, se aproximou de seu ouvido e sussurrou algo. O corpo de Tsukiyo congelou em choque devido à surpresa. Será que havia escutado certo?

Abriu a boca para perguntar, mas quando o fez, a mulher desapareceu completamente e Tsukiyo foi leva pelo vento até um turbilhão escuro. A última imagem que ficara em sua mente, foi a expressão da mulher logo antes de desaparecer:

A mulher tinha um sorriso sincero e olhos saudosos de tristeza.

...

            Tsukiyo acordou de sobressalto. Tinha a respiração acelerada e um aperto no peito. Sentiu uma pequena lágrima escorrer por seu olho. Enxugou-a, recordando-se do sonho e da expressão da estranha. Um misto de tristeza e alegria. De alguma forma, aquilo a incomodava e aumentava a dor em seu coração.

 Olhou em volta. Estava numa enfermaria, mas não se recordava de chegar até lá. A última coisa que se lembrava era de ser carregada em uma maca para longe do campo de batalha. Lembrava-se de ver Koba ser carregado também e de Sesshoumaru encarando-a e...

            Sesshoumaru!

            Com o sonho ainda martelando em sua cabeça, ela se levantou. Uma dor no ombro a invadiu e Tsukiyo se viu forçada a escorar na lateral da cama. Pela primeira vez desde que acordou, Tsukiyo se avaliou. Estava com um grande curativo no ombro e outros pequenos ao longo do corpo. Imagens da luta surgiram em sua mente, não se lembrava de todas as partes, mas se recordava da derrota.

            Olhou para o lado e percebeu Koba dormindo profundamente a algumas camas de distância. Sentiu uma enorme vontade de acordá-lo a tapas e estrangulá-lo, tamanha sua frustração por ter perdido. Afastou os pensamentos da cabeça. Pelo menos ainda estou viva. Pegou a espada que estava encostada ao lado da cama e saiu da enfermaria.

            Olhou para o céu e viu que a noite consumia o lugar. Estava deserto, ninguém caminhava pela vila e nenhum som que não fosse do vento era escutado. Quanto tempo eu dormi? Apressada, caminhou em direção ao quarto de Sesshoumaru. Precisava falar com ele. A cada passo a respiração pesava, o ferimento no ombro latejava, logo já estava arquejando, mas nada disso importava, precisava falar com ele.

            Quando se viu diante da porta do quarto de Sesshoumaru, não pôde deixar de hesitar. O sonho permanecia vivo em sua cabeça, parecia-lhe ser mais do que um simples sonho, na verdade. Entretanto, ainda duvidava do que aquela mulher lhe sussurrara. Foi uma única palavra. Mas essa única palavra fazia Tsukiyo duvidar não apenas do sonho, mas de si mesma. Teria tudo sido apenas fruto de seu inconsciente? Um reflexo da culpa que sentia? Ou teria algo mais?

            A curiosidade se tornou apreensão e Tsukiyo se viu batendo levemente na porta. Tudo por causa de um sonho, mas nesse ponto duvidava que fosse apenas isso. O que a estranha lhe falou lhe tirava a sanidade. Incrível como uma simples palavra podia mexer tanto consigo.

            Ainda se lembrava da sensação de surpresa que sentira quando a mulher pronunciou em seus ouvidos: Sesshoumaru.

            Alguns segundos depois a porta correu para o lado, revelando o Dai-youkai de cabelos prateados. A visão daqueles olhos âmbar confusos a encarando, deixou Tsukiyo incerta por um momento.

            – O que está fazendo aqui? – perguntou ele. – Devia estar descansando na enfermaria.

            – Eu...

            Tsukiyo sentiu a visão embaçar e as pernas fraquejarem. Só agora havia notado o quão fraca estava. Seu ombro latejava, e ela percebeu que as fachas que cobriam o ferimento estavam vermelhas. Sua caminhada impulsiva havia aberto o ferimento. Droga!

            Teria desabado no chão se Sesshoumaru não tivesse lhe dado apoio. Ele permitiu que Tsukiyo escorasse nele e entrasse no quarto. Sesshoumaru colocou-a sentada sobre o tatame e ela, agradecida, encostou as costas na parede.

            – Quanta imprudência. – repreendeu-a, o youkai.

Sesshoumaru examinou rapidamente o ferimento e levantou-se.

            – Sesshoumaru... – sua voz saiu fraca, até mesmo aos seus ouvidos. Então, Tsukiyo reuniu todas as suas forças. Precisava que soasse forte, pois aquela pergunta decidiria tudo.

            Sesshoumaru começou a caminhar em direção à porta, dizendo calmamente:

            – Fique aí, vou buscar alguém p... – então Tsukiyo soltou a pergunta que tanto a incomodava, interrompendo o youkai.

            – Quem é Rin?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, por favor, não deixem de comentar. Vejo vocês daqui a algumas semanas. Beijos e obrigada pela paciência...