As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 18
Capítulo 18 – Aliados. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Olá, mina! Peço desculpas pela demora, mas como havia dito, viajei e não pude fazer um capítulo para vocês... Agora estou de volta com a continuação e para responder vários comentários lindos deixados por vocês xD Sem mais delongas, aqui está, espero que gostem.



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Tsukiyo abriu os olhos lentamente. Ainda sonolenta, percebeu que permanecia na caverna. A claridade vinda de fora, indicava que finalmente amanhecera. Ela soltou um logo bocejo, quando um som metálico chamou sua atenção. Ao focar melhor a visão, viu diversos youkais mascarados a sua volta, com lanças apontadas para seu rosto.

            Imediatamente sua mão caiu para a bainha, os youkais avançaram com as lanças, deixando-as com a ponta tocando o pescoço de Tsukiyo. Rendida, ela afastou a mão da espada e olhou ao redor. Onde está Sesshoumaru? Um temor se apoderou dela, ele não se encontrava mais onde estava. O que fizeram com ele?!

            — Sesshoumaru! – gritou.

            Não havendo resposta ou sinal de onde o Dai-youkai estaria. Tsukiyo sentiu-se entrar em desespero. Sem se importar com as lanças em sua garganta, fez menção de se levantar, mas um dos youkais a segurou no ombro, no mesmo local em que havia sido atingida durante a luta, e a pressionou contra a parede. Uma dor lancinante percorreu seu corpo. Apesar de já não haver sinal do corte, o local permanecia dolorido.

            Serrou os dentes e se voltou para o youkai que a segurava. Tsukiyo tinha os olhos ardendo em fúria, não apenas pelo golpe aplicado, mas também pela ausência de Sesshoumaru.  A jovem emanava tamanha raiva que o youkai recuou alguns passos e apontou-lhe sua lança novamente.

            – Não precisa disso. – falou uma voz conhecida.

            Tsukiyo olhou para o interior da caverna. Sesshoumaru estava de pé, com dois youkais mascarados ao seu redor, com as armas abaixadas. Não havia qualquer sinal de que o machucaram. Ele estava bem. Tsukiyo sentiu um alívio e soltou o ar que não percebeu estar segurando. Parando um instante, se deu conta de que estava sentindo um aperto no peito e, agora, ao ver Sesshoumaru bem, ele desapareceu. Por que eu...?,

            Antes que pudesse se questionar, sua atenção se voltou para os youkais estranho que ainda a encaravam em postura agressiva.

            – Soltem-na. – ordenou Sesshoumaru aos youkais, que se afastaram hesitantes.

            Tsukiyo levantou-se com a mão no ombro machucado e, ainda atenta aos youkais, se aproximou de Sesshoumaru. Estava prestes a agradecer, mas percebendo que Sesshoumaru mal lhe dirigiu o olhar, ficou em silêncio. Com o canto do olho, ela percebeu que os youkais vigiavam Sesshoumaru com um misto de respeito e receio.

Passando a surpresa, ela começou a perceber os detalhes dos yokais. Todos usavam máscaras brancas com apenas buracos para os olhos e uma linha fina em preto para a boca. Suas roupas eram azuis e brancas e, apesar de serem mais pesadas que o normal, pareciam estar longe de vestimentas adequadas para o clima das montanhas. Usavam uma fina armadura de prata, protegendo apenas os ombros e peito. Carregavam lanças longas com pontas afiadas e alguns levavam espadas à bainha e arco e flechas nas costas. Possuíam luvas grossas marrons com um símbolo costurado em branco nas costas da mão: um grande floco de gelo partido ao meio.

            Eram os youkais do clã do gelo.

            – Peço desculpas pelo comportamento, mas não sabíamos que viria acompanhado, meu Lorde. – disse o youkai que pressionou Tsukiyo.

            – É apenas uma de meus guardas. – falou Sesshoumaru com desdém. – Foi insistido que algum deles me acompanhasse.

            As palavras a cortaram como lâminas. Tsukiyo sabia que tudo não passava de fingimento, mas não deixou de incomodá-la incomodou menos. Ele não pode deixar transparecer que foi escolha própria ser acompanhado por uma hanyou. É apenas um teatro, não é? A dúvida doía, principalmente por não saber o que esperar de Sesshoumaru, ele sempre a surpreendia.

            – Como nos acharam? – ela deixou escapar, recebendo um olhar reprovador de Sesshoumaru.

Era óbvio que ela não estava em posição de se dirigir a eles, pois quando responderam não se dirigiram a ela e sim a Sesshoumaru.

             – Essa é uma das passagens que usamos para transitar entres as montanhas sem corrermos grandes riscos. – falou o que estava ao lado de Sesshoumaru. – Aliás, é incrível terem encontrado uma. Elas são difíceis de achar quando não se sabe onde ficam. – ele indicou o fundo da caverna. – Agora que a encontraram, vamos aproveitar para acompanhá-los até nossa vila. O senhor já é aguardado Lorde Sesshoumaru.

            Apesar do tom polido, o youkai não parecia ter qualquer satisfação em acompanhá-los, muito menos se referir a Sesshoumaru dessa forma respeitosa.

            – Meu nome é Koba, chefe da guarda. – ele continuou. – Serei seu guia até nossa vila.

            Sem esperar resposta, ele começou a caminhar para o interior da caverna. Sesshoumaru começou a acompanhá-lo e Tsukiyo se apressou para não se afastar dele, ficando a poucos passos atrás. O restante dos youkais vinha atrás de si. Estamos cercados, pensou. Se algo der errado não temos como escapar dessa caverna.

            Conforme avançavam, o interior se tornava cada vez mais escuro, dificultando a mobilidade. Koba e mais dois youkais atrás de Tsukiyo acenderam tochas – que provavelmente carregavam consigo – e passaram a iluminar o caminho. Naquele local fechado, Tsukiyo não tinha noção de tempo ou se seguiam em linha reta, subiam ou desciam. Só havia um corredor infinito.

            Sua atenção caiu sobre Sesshoumaru que mudou por um segundo o ritmo de seus passos. Para qualquer pessoa, isso não seria nada de mais, apenas um tropeço em uma pedra qualquer ou em uma irregularidade no terreno, mas Tsukiyo sabia: Sesshoumaru estava lutando para não cambalear. Ele ainda não se recuperou completamente.

Estavam caminhando, provavelmente, há horas e depois de tudo que aconteceu, Sesshoumaru estava exausto, mas ao mesmo tempo não poderia pedir para descansarem sem revelar que estava fraco. Olhando com mais atenção Tsukiyo pode – ao contrário dos outros youkais – ver que Sesshoumaru tinha a respiração acelerada e à luz da tocha parecia mais pálido do que normalmente. A única coisa que impedia que qualquer um dos youkais percebesse era a face indiferente e a firmeza dos passos, que ela sabia serem falsos.

Com uma ideia surgindo à mente, ela decidiu executá-la mesmo que significasse ser repreendida. Subitamente permitiu aos joelhos cederem e caiu ao chão. Todos voltaram sua atenção para Tsukiyo, que fingia exaustão, ofegando alto. Tsukiyo começou a se levantar novamente, fingindo esforço.

— Desculpe. – mentiu. – A viagem foi mais dura que o esperado.

Tsukiyo escutou Koba resmungar algo e falar com desdém.

— Vamos parar para descansar. – anunciou ele. – Isso se não se importar, meu Lorde. – disse a Sesshoumaru.

O Dai-youkai a olhou e Tsukiyo pensou ver um traço de preocupação. Discretamente deu-lhe um sorriso fraco, e ele logo compreendeu. Sesshoumaru recuperou a compostura e se sentou, recostou-se na parede, a respiração voltando lentamente ao normal.

Ele não lhe agradeceu, mas Tsukiyo não havia feito esperando algo em troca. Aliás, ela lhe devia e isso era algo insignificante perto de tudo que ele já fizera por ela. Desde salvar sua vida a permitir um tolo desabafo.

Os youkais mascarados se sentaram também e Koba, com os braços cruzados, parecia descontente apesar de Tsukiyo não conseguir enxergar sua face. Ainda fingindo estar cansada, encostou as costas na parede contrária de Sesshoumaru, pois sabia que deveria fingir ser apenas uma guarda-costas – que a propósito foi a desculpa que ela própria usou para acompanhá-lo – e, portanto, não deveria parecer alguém próxima ao youkai.

Não ligava de manter certa distância, principalmente porque se deu conta que ainda se sentia envergonhada pela noite passada. No fundo agradecia não ter tido um único momento a sós com Sesshoumaru. Ele não comentara muito a respeito na noite anterior por respeito a ela, mas e se resolvesse falar o que realmente pensava agora que o choque passou?

             Em silêncio, ela apenas desejou ter sido capaz de ganhar um tempo para que ele se recuperasse.

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Agradecido pelo descanso, Sesshoumaru aproveitou a oportunidade para concentrar todas sua energias para curar a si próprio.  Quando se sentiu bem o suficiente, lançou um olhar a jovem, que pareceu ter compreendido o recado.

— Esse é o máximo de tempo que vou perder aqui. – falou Sesshoumaru se levantando. Ele se voltou para Tsukiyo, frio. – Se não puder acompanhar, ficará para trás.

— Desculpe pelo incômodo, Lorde Sesshoumaru. Não vai se repetir. – falou a jovem fazendo uma leve mesura, surpreendendo Sesshoumaru pela maneira formal como falou.

Sabe ter etiqueta quando precisa, pensou irritado. Por que não é assim sempre?

Fingindo manter uma relação estritamente profissional, Sesshoumaru apenas se virou e sem olhar novamente para ela, falou para Koba que já se levantava.

— Vamos prosseguir.

O youkai soltou um suspiro e resmungou algo baixo.

— Espero que não se repita mesmo. – falou para a jovem. – Vamos lá.

O restante dos youkais se levantou e o grupo prosseguiu a caminhada. Em silêncio, sem outra pausa, caminharam pelo caminho fechado. Quando o cabo das tochas chegava à metade, percebeu Sesshoumaru, uma luz branca começou a iluminar o interior da caverna.

Dentro de mais alguns passos, uma abertura surgiu à frente.

Saindo da caverna a primeira sensação sentida foi do vento gelado e cortante atingi-los. Estavam no pé da montanha, no topo de uma colina e abaixo dessa colina, em um vale, estava a vila dos youkais do gelo.

Finalmente haviam chegado.

— Vamos nos apressar. – falou Koba.

Começaram a descer a colina. À medida que se aproximavam do vilarejo, Sesshoumaru sentia uma ponta de ansiedade, pois nunca havia conhecido a vila. Da última vez que atravessou as montanhas foi apenas como forma de treinamento e o havia feito a pedido do pai há anos atrás. Estava curioso para saber como os acordos procederiam.

Ali, o vento gélido das montanhas havia parado e tudo parecia uma imensidão branca mergulhada numa calmaria absoluta. Mal se ouvia qualquer som, fazendo do lugar uma região pacífica.

Ao chegarem à entrada da vila, havia um arco constituído de gelo fino e transparente como vidro, com belos detalhes em sua extensão. O sol batia nele criando aspectos multicoloridos.

Havia algo de mágico e belo naquela visão, tinha que admitir.

Olhou de relance para a jovem e percebeu-a com os olhos brilhando com as cores do arco e um sorriso no rosto ao contemplar a entrada. Por um momento Sesshoumaru não sabia responder qual era imagem mais bela: o arco decompondo e refratando as luzes do sol ou a jovem que contemplava a visão com um olhar maravilhado.

Afastando o pensamento, se apressou e passou em baixo do arco, seguido da hanyou – se é que se podia chamá-la assim agora que sabia a verdade – ainda encantada com o arco da entrada. As casas eram feitas de madeira resistente, da mesma maneira como as casas tradicionais da era feudal, mas devido ao clima, possuíam o telhado coberto por neve e em alguns locais viam-se decorações de gelo, que brilhavam assim como a entrada.

Sesshoumaru percebia uma mudança leve do clima no local. A vila ficava na divisa da região com neve e dos campos, pois ao longe ele conseguia ver um campo verde onde provavelmente os moradores plantavam e tiravam seu sustento, do outro lado do campo, parecia haver uma floresta em que poderiam caçar.

Seus pensamentos foram interrompidos por Koba que parou e se virou para eles.

— Esperem aqui. Avisarei de sua chegada. – ao terminar, entrou na casa central.

Ela era maior que as outras e se encontrava no centro da vila. Obviamente a casa do líder, concluiu. Sesshoumaru pacientemente esperou, sabendo tratar-se de um protocolo comum avisar ao líder a chegada de estrangeiros antes de recebê-los. Ouviu a jovem se aproximar e perguntar.

— Como será o líder desse lugar? – falou. – É tudo tão bonito e calmo aqui, mas chega a ser uma beleza delicada. Tem certeza que esse clã poderá auxiliá-lo na guerra?

Ele ponderou por alguns segundo e respondeu.

— Apesar de seu pequeno tamanho, esse clã é um dos mais fortes das Terras do Leste, sua força não consiste em quantidade, mas na força de seus guerreiros. – explicou. – Tê-los como aliados será muito útil a mim.

Ela estava prestes a dizer algo quando Koba retornou. Havia retirado a máscara e jogado o capuz para trás, deixando o rosto à vista. Era jovem e sua voz grave não combinava com suas feições delicadas. Possuía o cabelo branco, típico dos youkais daquela região, curtos na frente e longos atrás, e seus olhos eram azuis-claros brilhantes.

Em alguns aspectos chegavam a lembrar os de Suiryu.

Não era surpresa, afinal, os clãs dos youkais do gelo e da água já foram apenas um clã. Com o passar dos séculos se dividiu em dois quando um conflito interno os assolou, resultando no banimento dessa linhagem para além das montanhas.

Koba se virou para eles e informou:

— Serão recebidos, mas pedirei que deixem suas armas conosco. – acenou para um dos youkai de seu grupo, que estendeu as mãos. – Apenas uma precaução. Irão recebê-las de volta depois.

Sem muitas opções, Sesshoumaru retirou as espadas da bainha e entregou ao youkai. Fez sinal para a jovem fazer o mesmo. Percebeu que ela hesitou bastante até entregar a arma ao youkai. Viu Koba fazer um sinal para dentro da casa e passos foram ouvidos de dentro. Uma figura surgiu na porta e com isso, todos os youkais do local se curvaram, até mesmo o rabugento Koba.

Diante deles estava o líder que Sesshoumaru estava ansioso para conhecer, mas ele não era nada parecido com o que imaginara. Ao seu lado, a jovem parecia igualmente espantada. Ficou imaginando a expressão divertida de Suiryu ao vê-lo surpreso. O maldito sabia e não avisou Sesshoumaru.

Vou matá-lo quando voltar!

Koba, youkai do gelo.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que esse foi mais paradinho, mas acontece nas melhores fics =)