As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 10
Capítulo 10 – Empate no placar. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Olá, mina! Novo capítulo contendo um profundamento nas discussões dos nossos viajantes e a imagem do último dos generais de Sesshoumaru, meio atrasada, mas espero que curtem o Tsubasa kkk Quero agradecer a duas novas leitoras que se manifestaram em comentários encorajadores: pcristina e Tamashii_Akira. Além disso, um grande abraço a Yuki Tsukiyomi que agraciou com uma maravilhosa recomendação! *____* Vamos lá pessoal (principalmente aos leitores fantasmas), vamos nos manifestar da mesma forma que elas fizeram =)



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Assim que os primeiros raios de sol surgiram, Tsukiyo acordou. Não dormiu muito bem, pois não ficava muita à vontade próxima ao youkai. Ela não confiava nele, e provavelmente ele não confia em mim, pensou.

            Levantou-se lentamente e se espreguiçou, quando uma voz, atrás de si, disse:

            – Finalmente acordou.

            Tsukiyo levou um susto e por impulso, sacou a espada e a apontou para quem quer que estivesse ali. Parou a lâmina alguns centímetros do pescoço de Sesshoumaru. Percebendo que se tratava dele, soltou um suspiro e baixou a lâmina.

            – Não se aproxime deste jeito, poderia ter te matado. – a jovem guardou a lâmina na bainha.

            – Alguém como você não me faria um arranhão. – disse Sesshoumaru com sua arrogância costumeira. Sequer havia se preocupado em se defender.

            – Humpf, convencido. – Tsukiyo cruzou os braços e fez um careta. Ela não se conformava com as atitudes dele, apesar de saber que provavelmente estava certo.

            Sesshoumaru a ignorou. O youkai se virou e começou a caminhar.

            – Vamos.

            Sabendo que seria deixada para trás, Tsukiyo começou a apertar o passo para alcançá-lo. Andaram por poucos metros, até que a jovem voltou a questionar.

            – Ei, tem ideia de quanto tempo levaremos para chegar até lá?

            – Depende do quanto você me atrasar. – falou sem se voltar para ela, fazendo-a corar de raiva.

            – Escuta aqui, seu arrogante. – Tsukiyo bateu um dos pés no chão e apontou o dedo para ele, que continuou andando sem se importar com sua atitude infantil. – Em momento algum eu reclamei de algo! Então, não precisa ser grosso! Não fiz algo que poderia possivelmente atrasá-lo!

            Após desabafar, Tsukiyo cruzou os braços e encarou o youkai, que finalmente decidiu parar e se virar. Sesshoumaru estava prestes a dar uma resposta, quando se ouviu um forte ronco vindo do estômago de Tsukiyo. A jovem, imediatamente corou e envolveu a barriga com os braços, desviando o olhar. As orelhas de gato abaixaram em vergonha.

            – Eerr... sabe? – ela começou devagar, roçando a ponta do pé no chão. – Poderíamos fazer uma pequena pausa para comer?

            Quando Tsukiyo encontrou coragem para olhar para Sesshoumaru, o encontrou com um brilho divertido no olhar em meio à face imperturbada. Ela sabia que havia dado-lhe a carta de vitória e se odiou por isso. Agora ele nunca vai deixar passar. Ela revirou levemente os olhos para o alto.

            – Você dizia... – provocou-a.

            A jovem serrou os punhos. Quem está sendo infantil agora? Respirou fundo e, engolindo todo seu orgulho, Tsukiyo o encarou fixamente:

            – Por favor. – as palavras saíram arrastadas e a contragosto, mas conseguiram arrancar um leve levantar de sobrancelhas do youkai – Sei que pode nos atrasar um tempo, mas se realmente vamos cruzar as montanhas, preciso recarregar minhas forças. Para você, fazer a travessia é simples, mas será a primeira vez que a farei. Então, por favor.

            Tsukiyo olhava firme para Sesshoumaru. A garota precisava dessa pausa, não somente pelo que havia dito, mas por temer revelar seu segredo por causa da exaustão. Ele pensa que sou uma hanyou e prefiro manter assim.

            Os dois se encararam durante alguns instantes, um pensando, o outro esperando a resposta. Lentamente, Sesshoumaru soltou um longo suspiro e andou até uma árvore para sentar-se da maneira habitual.

            – Pois bem, vá procurar algo para nós. – falou, dispensando-a com um gesto da mão.

            – Tudo bem, mas prometa que não sairá daí. – exigiu.

            – Apenas não demore. – falou levemente irritado.

            Tsukiyo correu para o meio da floresta. Ao passar por Sesshoumaru, deu-lhe um leve sorriso e disse baixo:

            – Obrigada.

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            Alguns minutos se passaram e Sesshoumaru começou a ficar impaciente. O youkai sempre fora acostumado a ter tudo quase instantaneamente, principalmente por causa de Jaken, que sempre lhe trazia o que quer que fosse o mais rápido possível.

            Mais cedo, ele ficara surpreso com o pedido dela. Esperava uma discussão, mas a hanyou, com muito esforço, engoliu o próprio orgulho e fez uma solicitação sincera. O gesto demonstrou mais do seu caráter do que ela poderia imaginar. Sesshoumaru estava começando a desvendar de maneira superficial a personalidade da jovem.

            Ela era uma pessoa animada, mas ele sabia ser em parte superficial, a atitude da jovem na noite passada o convenceu que havia algo mais sobre ela do que aparentava. E assim como ele, ela odiava perder, seja numa luta ou em argumentos. Isso foi provado pela dificuldade dela em ceder e pedir-lhe um favor. Satisfeito, Sesshoumaru viu-se vencendo as discussões: 1 a 0 para mim, pensou triunfante.

A jovem também demonstrava não gostar de depender dos outros. Levando ela a tentar pagar sua dívida com ele, mesmo que, internamente, Sesshoumaru nunca pensou que algo precisava ser pago. Diante dessas características recém-descobertas, ele não pôde evitar pensar: Como podem ser tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes?

            O sol saiu detrás de uma nuvem e a claridade interrompeu os pensamentos do Lorde. Imaginando já ter passado bastante tempo, ele se levantou e ameaçou partir em direção ao seu destino. Seus pés não saíram do chão. Ele praguejou e irritou-se consigo mesmo. Com um suspiro e a testa franzida, ele começou a caminhar em direção à floresta, na direção que ela havia seguido. No caminho, tentava se convencer que o único motivo para não ter ido embora era necessidade de saciar por completo sua curiosidade.

            Não foi difícil encontrá-la, já havia se familiarizado com seu cheiro. Avistou-a próxima a uma clareira aberta, por onde raios dourados de sol invadiam. Estava no alto de uma árvore, agachada. O peito mal se mexia com a respiração, as orelhas estavam retesadas para trás. Tinha o olhar concentrado, a expressão era relaxada e um leve sorriso na face.

Outra característica, pensou ele, ela gosta de caçar. Sesshoumaru a viu desembainhar a espada com cuidado e saltar para centro da clareira, em direção a um cervo que se alimentava de pasto, distraído.

            Com um único golpe, a vida se esvaiu do animal, caindo inerte no chão. Sesshoumaru adentrou na clareira, caminhando lentamente em direção à jovem. Ao perceber sua presença, ela agitou a espada para limpar o sangue e colocou-a de volta na bainha.

            – O que está fazendo aqui? – perguntou ao recém chegado.

            – Poderia perguntar o mesmo de você. – falou ríspido.

            – Ahn?! – indignada, ela apontou para o animal abatido, indicando o óbvio. – Se não é esperto o suficiente para perceber, eu estava caçando.

            – Estava demorando demais para uma simples caçada. – retrucou. – E caso não tenha percebido, não gosto de esperar.

            – Nem tudo pode sair exatamente como quer, sabia?

            Sesshoumaru, com seu pavio curto, já começara a se irritar com as contestações da jovem. Ele olhou para o cervo caído e continuou com sua argumentação.

            – Se não estivesse brincando com ele, talvez fosse mais rápida.

            – Brincando?! – o jovem jogou os braços para cima e andou em círculos, demonstrando clara irritação e incredulidade pela acusação.

            – Se não estava brincando, então é um péssima caçadora. – falou. – Pegue isso e vamos.

            – Continua me subestimando, não é verdade? – questionou.

            – Não a subestimo. Como já disse, “alguém como você não me faria um arranhão”.  – retrucou arrogante. – Não é um ponto de vista, é um fato.

            Sesshoumaru virou de costas e começou a andar. No segundo passo, ouviu um leve som metálico de uma espada desembainhando. Só teve tempo de olhar para trás e sacar sua própria lâmina, aparando o golpe feito pela jovem.

            As armas colidiram, criando um som que ecoou pela floresta a sua volta. A pressão colocada na arma pela jovem, para sua surpresa, forçou Sesshoumaru a recuar um passo para trás. Foi o bastante para ele se recuperar do choque inicial. Irritado, foi a vez dele empurrá-la para trás ao forçar Bakusaiga para frente.

            A jovem saltou para trás e se colocou em posição de defesa. Preparada para quaisquer ataques. Ele, por sua vez, ainda tentava processar a ideia de que a hanyou havia tido a audácia de atacá-lo por trás.

            – Essa passou perto, não? – falou a jovem, com um sorriso brincalhão no rosto, mas um olhar felino, totalmente focado. – Veremos o quão ruim eu sou então.

            A jovem rodou a espada na mão e a apontou para ele, como que o convidando a um duelo. O sempre altivo Sesshoumaru não poderia recusar. Claramente a venceria fácil. Algo em si, apesar da expressão impassível, estava se divertindo com a situação. Viu diante de si, mais uma oportunidade de se provar superiora ela. Talvez isso a coloque no devido lugar. Ele não usaria yoki a menos que ela fizesse o mesmo, daria uma luta justa à jovem. Mediriam apenas a habilidade com as espadas.

            – Hunpf. – debochou. – Realmente acha que tem alguma chance contra mim?

            – Só tem uma maneira de descobrir não é? – terminando a frase, a jovem avançou com toda velocidade par cima dele.

            Os dois defenderam e atacaram. O tilintar de espadas era frequente, com constantes golpes e fintas deferidas de ambos os lados. Separaram-se novamente. Sesshoumaru, não teve problemas em defender-se, nem uma gato de suor escorri por seu corpo, mas se surpreendeu com a habilidade dela. Era melhor que o esperado. Ela, por sua vez, estava arfando, devido à dificuldade encontrada na luta. Sesshoumaru a encarou, enquanto ela respirava fundo e tomava impulso com as pernas, avançando mais uma vez.

            Um, dois, três encontros de espada e a hanyou estava no chão, desarmada, com uma lâmina encostando em sua garganta. Triunfante, Sesshoumaru estava de pé, em frente à jovem, com uma postura imponente. Para seu infortúnio, sentiu um leve calor no braço que empunhava a espada. Tratava-se de um corte pequeno e superficial na parte superior de seu antebraço. Um leve fio de sangue escorreu do local, pingando ao chão.

            Antes mesmo da gota tocar o chão, Sesshoumaru sentiu a amargura de suas palavras anteriores o acertarem. “Alguém como você não me faria nem um arranhão.” Ele cerrou os dentes e olhou irritado para a garota.

A jovem ostentava um sorriso de vitória. Sesshoumaru guardou a espada e caminhou a uma árvore para se recostar, cruzando os braços.

            – Faça uma fogueira e asse logo o animal. Assim que acabar, perseguiremos viagem. – limitou-se a dizer, ríspido.

            A jovem se levantou sem nada dizer. Pegou alguns galhos pelo chão e pôs-se a fazer o que lhe foi dito. Ela tentava manter uma expressão indiferente, mas ele via facilmente que ela segurava um sorriso no canto dos lábios. E, dessa vez, ele não fez questão de esconder a irritação.

            Enraivecido com a cena, ele fechou os olhos. Sentia leves pontadas de dor, mas não devido ao corte, que já cicatrizava por completo. Não, o que doía era seu orgulho. Sesshoumaru sentia-se pisoteado pela derrota. Placar: 1x1 O pensamento o fez ranger os dentes disfarçadamente.

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            A luz solar entrava pela janela, refletindo-se numa imensidão de pergaminhos espalhados pelo cômodo. Com uma expressão cansada e olheiras de quem não dormiu nada à noite, Suiryu estava debruçado sobre a imensa montanha de papelada. Uma leve batida na porta chamou sua atenção. Imediatamente, largou a pena com que escrevia e se endireitou na cadeira.

            – Entre. – ordenou.

            A porta deslizou para o lado e Tsubasa entrou no cômodo.

            – Com licença. – sempre educado, o general mantinha a postura respeitosa ao colega e o tom de voz baixo.

            – Já retornou? – perguntou o youkai das águas. – Como está a situação no norte?

            – Nada diferente. – relatou o youkai águia. – Como já era esperado, nenhuma movimentação do inimigo até agora.

            – Isso reforça nossa hipótese de que as Terras do Norte ainda não foram dominadas. – completou o estrategista. – Muito previsível, se quer saber. Elas não têm um governo central. Não passam de diversos clãs espalhadas.

            – Mas assim não seria muito mais fácil de dominá-las? – perguntou Tsubasa enquanto puxava uma cadeira para se sentar.

            – Talvez, mas não seria algo muito inteligente. – concluiu Suiryu, que vendo a expressão ainda confusa do amigo, explicou de forma quase desinteressada. – Uni-los sob a mesma bandeira, exigiria ainda mais trabalho e mais tropas para apartar possíveis desavenças. O inimigo precisaria retirar parte das tropas que vigiam suas fronteiras e da própria frente de batalha. Isso só seria benéfico para nós.

            – Compreendo. – ele deu uma pausa e prosseguiu. – Falando nisso, como vão as tropas no sul?

            Suiryu deu um longo suspiro, apontando as pilhas de documentos em cima da mesa.

            – Como pode ver, as coisas estão bem complicadas. Os suprimentos foram repostos, mas tudo permanece num clima de tensão. O inimigo decidiu permanecer na retaguarda e não avançou ou atacou. – ele semicerrou os olhos esmeralda e prosseguiu. – Infelizmente não podemos nos movimentar, pois pode ser uma armadilha.

            Tsubasa, mesmo após tanto tempo na companhia do estrategista, se espantava com sua inteligência e frieza nas decisões

            – Conhecendo Arashi, ela deve estar impaciente. – brincou, tentando aliviar a tensão do amigo. – Pobre Hiryu...

            Suiryu deu um leve sorriso, que não foi acompanhado por seus olhos. O estrategista inspirou lentamente, cansado, e falou.

            – Tsubasa. – ao ouvir o tom do amigo, o youkai se endireitou na cadeira e encarou Suiryu com seus olhos azul-céu, preocupado. – Vá para o sul e ajude as tropas. Hiryu é um excelente guerreiro, mas carece de sutileza. Preciso que você me informe os mínimos detalhes. Sei que será mais fácil para você descobrir a real intenção do inimigo em campo.

            – Pode deixar.

            – Quando chegar, avise Hiryu para voltar ao shiro. Tenho outras funções para ele aqui. – completou Suiryu.

            – Acha prudente afastá-lo da frente de batalha? – questionou.

            – Enquanto não há batalha, ele não tem grandes utilidades por lá. – explicou. – Por isso preciso que nos avise rapidamente sobre qualquer movimentação, assim posso mandá-lo de volta.

            – Certo.

            – Como bônus, poderemos controlar a impaciente e explosiva. Você é o único que pode acalmar a Arashi. – Suiryu, sem delongas, voltou à sua papelada.

            Tsubasa soltou uma leve risada ao pensar sobre o comentário do youkai das águas. Ele se levantou, deu leves tapas no ombro do estrategista de vestes negras e saiu, dizendo:

            – Bem, deseje-me sorte quanto a isso.

Suiryu foi deixado no cômodo, tendo apenas documentos como companhia. Exausto, ele esfregou os olhos e se recostou na cadeira. Ele se perguntou quando Sesshoumaru retornaria para livrar-lhe desse trabalho. Será que o Lorde retornaria como o aconselhou? Concentrado? Para o bem de todos, ele esperava que sim. “Só podem vencer a guerra aqueles que estão completamente focados” foi o que dissera a ele.

Não sabia quais problemas Sesshoumaru enfrentava e não desejava se intrometer. Mas diante da pilha de trabalho e da imensa dor de cabeça, ele ansiou para que o Lorde desse a devida atenção às suas palavras. Se bem que ele nunca fez diferente.

Espreguiçando-se, Suiryu decidiu tomar um café antes de continuar a deslizar a pena pela infinidade de documentos.

Tsubasa, líder do clã das águias reais.


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