Ainda Não Acabou - Romione escrita por Srta Granger


Capítulo 4
Capítulo 4 - A Fuga de Rony e Hermione




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– Você está bem, Harry?

– Ah, bem, estou. Quer dizer, eu estava pensando, agora que tudo acabou eu não preciso ficar mais me escondendo. Eu posso voltar ao Largo Grimmauld sabe, Sirius me convidou um dia para morar com ele quando tudo voltasse a ser como antes. Nós seríamos uma família. Eu não tenho mais meu padrinho, ele se foi sem ter a vida que sempre quis e mereceu. E agora acho de devo... devo honrá-lo. É isso.

Harry na verdade se sentia confuso, não sabia no que pensar, tinha medo de como Gina enfrentaria essa nova vida, sem Fred. Por culpa dele, sua amada Gina havia perdido um irmão. Talvez tivesse que se afastar definitivamente dos Weasley, mesmo que isso lhe causasse tanta dor que lhe tiraria o sentido de viver. Gina levantou-se de um impulso. Dera as costas a Harry, mas permanecera ali parada de braços cruzados.

– Gina?

Harry também se levantou e se aproximou de Gina, contornando-a e tomando sua frente. Percebeu que a ruiva tinha os olhos rasos d’água e toda sua face tinha agora um tom rubro, como se sua pele fosse um espelho refletindo suas madeixas. Mas não, aquela coloração anormal em sua pele não se devia ao tom de seus cabelos, mas sim a força que ela fazia para não deixar as lágrimas descerem. E então, não suportando mais, ele explodiu, tão de repente que se Harry tivesse piscado, teria perdido todo o movimento.

– Como você pode Harry? Como ousa fazer isso comigo? Você acha que eu sou o que?

Foi como se alguém tivesse jogado um balde água fria em seus ombros. Ele tinha razão, Gina nunca o perdoaria por desfalcar sua família. Abaixou a cabeça, não tendo coragem de olhar nos olhos da amada, pensou por alguns instantes, respirou fundo e disse:

–Você está certa. Eu fui egoísta e irresponsável. Deixei que tantas pessoas morressem por mim. Destruí lares. Destruí sua família, Gina. Por isso não posso permanecer debaixo do mesmo teto que vocês, por isso vou para o Largo Grimmauld. Eu sei que nada que eu faça vai trazer Fred de volta, nada vai poder suprir a falta que seu irmão está fazendo, Gina. Mas peço perdão, perdão por todo sofrimento que causei. Eu vou embora.

Ao terminar essas palavras, Harry tomou coragem para olhar novamente para Gina. Esse momento provavelmente seria um adeus, um doloroso adeus. A ruiva parara de chorar, mas agora até mesmo seus olhos estavam vermelhos.

– Então é isso Harry? Isso que está te angustiando e te afastando de mim?

Harry balançou a cabeça positivamente e na mesma hora Gina correu a seu encontro, abraçando-o calorosamente, um abraço apertado, transbordando carinho

. – Harry, como pode pensar dessa forma? Você é um bobo Harry Potter. Achou mesmo que meus sentimentos por você podem mudar? Sim, eu vou sentir muita falta de Fred, ele implicava tanto comigo, mas me protegia sempre e eu o amava, aliás, eu o amo muito. Ele deu a própria vida pra que nossa família ficasse bem e ele não vai morrer jamais em nossos corações.

Aquele abraço e aquelas palavras de Gina tiraram toda aquela sensação de banho gelado de antes. Agora uma onda de calor o atingira, a mulher que estava diante de seus olhos não guardava mágoas e ele estava tão contente, tão feliz por isso.

– Gina, eu nem sei se mereço tudo que sua família e você fazem por mim...

– Pssiu!- fez Gina colocando o indicador sobre os lábios de Harry.

– Eu não quero que você pense mais nisso, nunca mais.

– Eu confesso que estava sendo difícil para eu imaginar ficar longe de você. Bom, agora que o perigo passou, agora que não existe mais Voldemort e que você não guarda nenhum ressentimento de mim, agora eu posso enfim, dizer que eu não vivo mais sem você. Se não fosse esses meses de tormenta, nós estaríamos juntos, se você quisesse, é claro.

– Se eu quisesse? Harry, mas é claro que se dependesse de mim, teria ido com você onde quer que você fosse. Sabe por quê? Por que eu amo você, Harry. Eu amo você.

Harry não encontrou palavras para mostrar o que sentia , em vez disso, decidiu que um gesto se encarregaria de dizer muito mais do que qualquer palavra. Viu seus lábios se aproximando dos da amada e se encontrarem num toque suave, mas apaixonado. Há quanto tempo não sentia aqueles lábios doces! Nesse momento todos os resquícios de temor foram varridos para bem longe ficando apenas a certeza do amor que sentia.

. . .

No quarto de Gina, Hermione andava de um lado a outro, aflita e arrependida.

“E agora, porque eu tinha de chamá-lo aqui? Mas que idiota que eu sou! O que eu vou dizer?”

O som de passos largos e rápidos vindo da escada lhe fez acreditar que Rony estava chegando e sua aflição só aumentou, estava aterrorizada na verdade. Ouviu os passos se aproximarem e pararem de repente, um toc, toc, toc e um segundo depois Rony irrompia pela porta, sem nem mesmo esperar que ela respondesse. Ofegava, provavelmente por subir depressa tantos lances de escada e tinha o semblante preocupado.

– Oi... Gina disse que você estava me chamando?

– Ah, sim. Eu chamei.

Dizendo isso rumou até o guarda-roupas, puxou uma gaveta e começou a procurar algo.

– Gina esvaziou duas gavetas dela para eu guardar minhas coisas, acredita?

Rony percebeu que o malão de Hermione estava aberto em cima da cama. Tinha alguns livros e alguma roupa, muito bem dobrada, mas estava quase vazio. Não conseguiu distinguir se Hermione ocupava seu tempo em esvaziá-lo ou enche-lo .

– Acredito. E você me chamou aqui para dizer isso?

– Não. Claro que não.

E tirando algumas peças da gaveta e suspendendo-as com as mãos trêmulas, disse:

– Queria sua opinião, qual eu devo usar?

Em uma das mãos Hermione erguia uma blusa verde de manguinha curta bordada e na outra mão uma blusa branca rendada de alcinhas. Rony hesitou por alguns segundos. Aquela expressão de preocupação e constrangimento no rosto da morena seria apenas por isso? E com que propósito ela pediria a opinião dele? Hermione, que pareceu ler os pensamentos do ruivo acrescentou:

– É que hoje é Sábado, não é? Merece algo melhor. - terminou com um sorriso amarelo.

– Ainda não me convenceu.

Hermione desfez o sorriso e devolveu a roupa de qualquer jeito à gaveta. Foi até a janela tomar inspiração para contar, mas logo se arrependeu. Lá embaixo, a esquerda do quintal, Harry e Gina se abraçavam e se beijavam a sombra de uma frondosa árvore. Os seus dois melhores amigos tinham, enfim, se acertado. Será que um dia ela e Rony poderiam viver um amor igual, ou tudo acabaria ali?

Rony continuava parado no meio do quarto fitando Hermione até que ela virou-se novamente para ele. Abriu a boca querendo obrigar as palavras a saírem, mas não teve jeito, tornou a fechar a boca; as palavras não vinham. Com um aceno de varinha, as roupas da gaveta voaram suavemente para o malão, acomodando-se perfeitamente dobradas, assim como a primeira peça já no fundo do malão. Seus olhos encontraram os de Rony, não teve jeito, o ruivo não tinha se convencido com suas desculpas esfarrapadas. Acabando de arrumar as roupas, Hermione voltou a debruçar na janela. Queria evitar os olhos de Rony.

– Você está indo embora?

– É. Eu preciso ir.

– Mas por quê? Como você vai voltar pra casa? Seus pais... Rony parou de falar, pois compreendera o motivo de Hermione querer ir embora, ela ia procurar os pais. Momentos antes dela, Harry e ele saírem em buscas das Horcruxes, Hermione lançou um feitiço de memória nos pais.

– Você quer encontrá-los, não é?

A ruiva apenas balançou a cabeça positivamente e Rony pesou as palavras para continuar:

– Mas Mione, eles não vão se lembrar de você, eu sinto muito, mas pelo que sei esses feitiços são permanentes.

– Nem sempre. Eu li em Feitiços Extremamente Avançados, que quando executamos qualquer feitiço, aquilo em que estamos pensando no momento conta muito. Eu decidi modificar a memória dos meus pais por que... bem, porque eu sabia que existia uma chance muito pequena de a gente sobreviver em busca das Horcruxes. E se eu não voltasse para casa? Eu não queria que meus pais sofressem a minha perda. Enquanto lançava o feitiço, me concentrei no que eu queria que eles pensassem. Que eram um casal feliz, sem filhos com o sonho de se mudar para Alice Springs, na Austrália. Estivemos lá uma vez, sei que eles gostaram. Mas de todo meu coração eu sempre pensava que se eu sobrevivesse, iria buscá-los, onde quer que eles estejam.

Rony rumou também em direção a janela, abraçando Hermione de lado.

– Eu sei como você deve estar se sentindo. Todos esses meses que nós ficamos fora, sem ter notícia nenhuma de ninguém, eu não parava de pensar na minha família, se estavam bem, se estavam vivos...

– É por isso que eu tenho que ir, entende?

Como Rony demorou a responder, Hermione virou-se e encarou-o. Rony mantia os olhos fixos em algum lugar do quintal lá embaixo.

– O que foi Rony? - perguntou sacudindo-o levemente.

– Gina. Harry. Minha irmã. Se agarrando. Harry.

Hermione revirou os olhos quando percebeu que Rony falara com os dentes travados de fúria.

– Francamente, porque isso ainda te aborrece? Eu sinceramente não vejo ninguém melhor para Gina do que Harry. Ele é nosso melhor amigo. Você deveria ficar contente por isso!

– Eu não me importo que os dois fiquem juntos. Disse Rony se afastando da janela. – Eu só não quero os dois se agarrando na minha frente!

– Deixa de ser infantil. Os dois estão bem, estão felizes. Você quer estragar isso?

Rony não respondeu. Ambos ficaram em silêncio por alguns instantes até que Hermione, parecendo despertar de uma espécie de transe, falou:

– Bem, eu já vou indo. Por favor, sei que não gosta muito do Bichento, mas pode cuidar dele pra mim? Não posso viajar levando ele. Você comunica aos outros por mim? Tenho certeza que sua mãe não permitiria, então é melhor eu não me despedir.

– Eu comunicar? Não. Claro que não. Eu vou com você!

Hermione agarrou o malão se preparando para aparatar.

– Você não, Rony. Você tem sua família e sua mãe iria ficar maluca. Eu tenho que ir sozinha.

– Por isso mesmo! Eu sei que minha família está bem. É da sua que não sabemos e nós dois vamos buscar. E se minha mãe sobreviveu ao saber que eu estava procurando Voldemort, provavelmente ela ficará bem sabendo que eu estou procurando os pais da minha... (Rony vacilou nesse momento, quase dissera a palavra namorada, mas aquele beijo no meio da batalha, aquele único beijo, não caracterizava um namoro de verdade. Os dois nem haviam conversado sobre isso ainda.) ... amiga.

Hermione percebeu o vacilo do ruivo (Se ele tivesse dito NAMORADA, ela seria a garota mais feliz do mundo), mas fingiu que não notara.

– Mas ela vai ficar muito preocupada.

– Nada que um bilhete não resolva. E podemos dar notícias sempre, não é mesmo, não estaremos nos escondendo.

– Está certo. Hermione largou o malão e disse:

–Vá pegar algumas roupas suas, rápido.

Rony saiu e ela pegou um pedaço de pergaminho, pena e um tinteiro na gaveta do criado e rabiscou um bilhete. Em menos de 5 minutos Rony já estava de volta.

–Pronto, agora vamos antes que alguém entre aqui e nos impeça. Olhou rapidamente pela janela.

– Não vamos contar nem a Harry e Gina. Se Harry souber, vai querer ir com a gente e como a Gina não vai querer ficar longe dele... Bem, se nós quatro sumirmos aí sim sua mãe fica maluca.

Rony esboçou um leve sorriso, agarrou o malão de Hermione, mas mudou a expressão e disse:

– Como vamos sair daqui sem que nos vejam?

– Deixa de ser tonto Rony. Seu pai retirou os feitiços de proteção da Toca, agora podemos aparatar de qualquer lugar da casa, já esqueceu?

– Ah, é.

Com um “crack” os dois aparataram.


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