Lynx escrita por Marcius Bittencourt


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esse é o primeiro capitulo do meu primeiro livro. Espero que gostem.



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Onde moro existe meio que uma tradição que diz que todas as filhas devem ajudar as mães com as tarefas de casa, enquanto os filhos devem aprender a lutar e caçar desde de pequenos.

Não gosto muito desta regra, acho muito mais interessante aprender a lutar e caçar, já em relação as tarefas de casa quanto mais longe melhor. Mas como nunca liguei mesmo para as regras.

Estou ao lado de minha mãe preparando os ingredientes para colocar em sua galinha ao molho pardo. Ela me encara com seu olhar sereno, ela sempre foi assim. Muito calma. Seus cabelos loiros estão presos em um coque, ela veste um vestido azul claro mas que é tão velho que parece ser cinza. Ela nunca deixou sua beleza muito amostra, mas tenho certeza de que é mais bonita do que a maioria das mulheres de sua idade.

– Terminei de cortar tudo - Digo enquanto lavo a mão - Irei dar uma volta.

– Sarah - Diz minha mãe com uma voz calma e como se soubesse que o que eu irei fazer vai contra as regras do vilarejo - Não de motivos para seu pai brigar com você - Meu pai e totalmente o oposto de minha mãe. Ele esta sempre estressado, e sempre que pode briga comigo. Ele é o chefe do conselho de guerra do nosso vilarejo.

A encaro por alguns segundos e depois concordo com a cabeça e saio sem dizer mais nada.

Há um prédio do meio do vilarejo e a julgar pela quantidade de livros suponho que foi uma biblioteca no passado.

Enquanto caminho ate o prédio, fico pensando em como deve ser o mundo fora do vilarejo. Para a falar a verdade nem sei se existe vida fora desse vilarejo, se saísse daqui não sei o que encontraria lá fora.

Quando chego na biblioteca abandonada tento achar um lugar onde eu consiga entrar. Lembro que nos fundos do prédio tem uma parede que da para escalar por causa das pedras.

Começo a subir tomando cuidado para não cair, algumas pedras estão soltas, o que dificulta ainda mais a subida.

Depois de muito esforço alcanço a janela do segundo andar. O prédio tem três andares. O primeiro andar conta com a recepção e algumas mesas espalhadas, e algumas estantes com poucos livros. Já o segundo andar está repleto de livros, são tantos que alguns ficam no chão, pois não tem espaço nas prateleiras.

Aqui não contem apenas livros, tem também registros de guerras, mapas de varias partes do planeta, e tem também alguns manuais ensinando como lutar e como usar alguns tipos de arma. Mas uma arma em especial me chama atenção, um tipo de arma de que nunca tinha ouvido falar. Armas de fogo.

Fico um tempo encarando a imagem daquele instrumento. De repente ouço algumas vozes vindo do primeiro andar. Por sorte existe alguns espaços entre as tábuas de madeira do chão. O que me permite enxergar o que está acontecendo. São alguns homens que entraram pea porta da frente. E entre eles está meu pai.

Não pode ser ! O conselho.

Um deles começa a falar:

– Recebi informações de que a guerra está se intensificando - Não acredito que esteja acontecendo uma guerra e nos não sabemos de nada. -Os líderes dos dois distritos não entraram em um acordo. E parece que essa conversa que eles tiveram só serviu para piorar as coisas.

– Não devemos nos envolver nessa guerra - Meu pai interrompe falando com sua voz de sempre. De maneira fria e alto o bastante que está discutindo com alguém. - Mas devemos nos preparar para tudo.

– Como ? - Pergunta um homem um pouco mais novo que meu pai.

– Aumentando o treinamento dos garotos. - Todo homem que nasce nesse vilarejo deve aprender a caçar e a lutar. Sempre quis entrar para essa aula. - Então está decidido. - Meu pai faz um gesto com as mãos insinuando que acabou.

Mas antes que eles deixem o prédio acabo esbarrando em uma cadeira que faz um barulho alto o bastante para que eles possam ouvir.

Enquanto alguns se perguntam que barulho era esse, outros seguem meu pai em direção as escadas. Pego os manuais e corro em direção a janela, e começo a descer pela parede.

Não vai dar tempo, eles vão me ver.

Solto minhas mãos deixando meu corpo cair para trás. Minhas costas se chocam contra o chão. Tampo a boca para não soltar um grito de dor. Levanto e saio correndo em direção a floresta.

Não demora muito para que eu chegue na floresta. Corro até uma árvore tão grande que seus galhos escondem a entrada de uma caverna subterrânea que uso como esconderijo sempre que quero fugir do vilarejo. Ela não é tão bonita assim, mas é bem aconchegante. Tem um colchão no chão para eu poder descansar, e alguns livros, que peguei da biblioteca abandonada, que estão em uma parte da pedra que uso como estante.

Quando chego estou tão cansada que nem consigo respirar direito. Está tudo girando, nunca tinha corrido tanto na minha vida e tão rápido. Talvez seja isso que o medo faz com as pessoas.

Me lembro dos manuais que peguei na biblioteca e começo a ler para ver se aprendo alguma coisa, mas só com pratica mesmo. Enquanto eu via um movimento sinto meus olhos fecharem e quando me dou conta já estou sonhando em outro mundo.

Quando acordo já está anoitecendo. Guardo todos os manuais em uma parte segura do meu esconderijo e saio correndo em direção a minha casa.

Chego desesperada em casa, mas nem tão cansada como antes. Minha mãe estava tirando a galinha do fogão, ou seja, não estou tão atrasada assim. Meu pai e meu irão Heitor estão sentados esperando minha mãe servi-los como de costume. Assim que fecho a porta vou de encontro com os olhos assustadores de meu pai.

– Onde você esteve o dia todo ? - Ele me pergunta com uma voz seria mas ao mesmo tempo calma. O que me deixa mais assustada ainda. Se ao menos fosse grosso como de costume não iria me pegar de surpresa.

– Eu estava andando e resolvi sentar e acabei adormecendo. - Respondo com uma voz baixa, olhando para meus pés.

Me sento ao lado de Heitor e na frente de minha mãe. Aqui em casa o jantar é um momento sagrado, é o momento que ninguém fala nada, é o único momento que não se pode conversar. Mas desta vez meu pai resolveu contar que alguém estava espionando a reunião do conselho só que eles não conseguiram descobrir quem é. Ele falou também que vão aumentar a segurança.

Depois do jantar ajudo minha mãe a lavar a louça enquanto meu pai se arruma para dormir e meu irmão termina a lição de casa. Quando termino tudo me despeço de minha mãe, mas antes que eu possa subir para o meu quarto ela me chama

– Sarah - Minha mãe solta um suspiro, mas continua falando calmamente. - Por Favor me diga que não era você na reunião do conselho ! - Fico um tempo calada, mas não consigo mentir para ela, não para a mulher que sempre me defendeu e sempre esteve do meu lado, até mesmo quando ela sabia que eu estava errada.

– Sim era eu, mas não estava espionando nada. Eu só queria ler um pouco, ter contato com o passado.

– Minha filha, isso vai contra as regras do vilarejo.

– Mas, por que ? Não tem nada demais em conhecer um pouco da nossa história.

– Não sei, mas se seu pai acha melhor esconder isso de vocês talvez seja porque é melhor. Talvez ele não quer que você tenha contato com um passado que provavelmente tenha sido terrível. Ele só quer o melhor para você e para o seu irmão.

– E o resto do vilarejo ? Por que ele esconde deles também ? E o que tem depois da floresta que ninguém pode saber ? O que ele quer tanto esconder ? - Acabo me exaltando um pouco, levantei a voz para a minha mãe pela primeira vez na vida. Vejo lágrimas se formando em seus olhos. Acho mais fácil ir dormir e acabar com essa conversa - Mãe desculpa. Não era a minha intenção - Uma lágrima escorre pelo seu rosto e ela não fala nada. - Acho melhor eu ir dormir, só não conte nada para o meu pai, por favor. - Ela não se move e nem olha para mim, e eu simplesmente a deixo ali sozinha e vou para o meu quarto.

Já está de madrugada, todos já foram para seus quartos e já estão dormindo menos eu que não consigo dormir pensando na conversa que tive com minha mãe. Mas na verdade não foi a conversa que tive com ela que me tira o sono, mas sim o fato de eu te-lá feito chorar. Fico ali olhando as estrelas, todas tão livres, acho que é isso que as deixam tão bonitas.

Já deve estar tão tarde que mesmo com toda essa confusão não consigo evitar e acabo dormindo sentada.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem !



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