Obsessão ~ EM HIATUS ~ escrita por Miaka


Capítulo 1
Desafeto


Notas iniciais do capítulo

Aquela fic que você está planejando há muito tempo... e quando escreve ela sai completamente diferente do que você planejou! Gostei! Espero que gostem! ^^



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“- Eu te amo, Morgiana-dono!”

Os olhos tão rubros quanto os cabelos ruivos dela cresceram, arregalados diante da minha declaração. Aquela expressão indecifrável significaria o quê?

Surpresa? Desagrado? Não sabia.

Não tinha ideia do que ela poderia estar pensando ou até mesmo… sentindo. Talvez tenha sido aquele meu erro, não ter me preocupado com o que a pessoa que eu amo sentia.

“- Por favor, Morgiana-dono, seja minha esposa! Será a imperatriz do meu país!”

Ela balançava a cabeça de uma maneira mecânica e, sem querer, meus dedos que seguravam aquele pulso, aparentemente tão frágil para alguém tão forte, apertaram mais a sua pele. Eu não queria cogitar a ideia de me afastar dela. Eu estava colocando tudo em jogo naquela declaração. Era tudo ou nada.

Então, os lábios entreabertos dela que tentavam balbuciar alguma resposta a mim serviram de convite para saciar uma fome que eu nutria desde que a conheci e que foi se solidificando com o passar do pouco tempo em que convivemos.

Num impulso só a puxei e então tive provavelmente a sensação mais incrível da minha vida. Selei os lábios da mulher que amo num beijo. Mesmo que não o tenha aprofundado, aquele breve momento em que pressionei meu lábios contra os dela e senti o néctar de sua boca, era como se meu corpo tivesse sido invadido por uma substância tóxica que me entorpecia. Permaneci de olhos abertos como se não quisesse perder um segundo daquele momento.

“- Pare!”

E tentando manter a delicadeza, ela me empurrou sutilmente, por mais que eu sentisse todo seu corpo tremer. Aquela sensação de plenitude deu espaço a um desespero imenso quando vi seus olhos marejados, ela abraçava a si mesma e suas mãos se atritavam nos próprios braços, como se ela quisesse se lavar do meu toque.

“- Me desculpe…”

Os olhos azuis de cores diferentes se abriram no susto. Levantou-se de supetão, ofegante, levando uma mão ao peito. Um sonho? Perguntou-se, olhando ao redor e tentando reconhecer o lugar quando ouviu a porta que tinha em suas costas deslizar e revelar ele.

- Finalmente acordou, Hakuryuu!

Judal sorria, trazendo em suas mãos uma bandeja com algo que parecia bem quente. Ele usou um dos pés descalços para empurrar de volta a porta para seu devido lugar.

Enquanto o moreno se aproximava, Hakuryuu notou estar vestindo um kimono simples. Em volta do futon no qual estava havia uma bacia e toalhas em uma mesa baixa. Havia apenas aquilo naquele quarto tão amplo. Não havia nem sinal de suas roupas por ali.

- Está se sentindo melhor?

Judal se ajoelhou ao lado do príncipe e pousou na mesinha ao lado do leito a bandeja. Hakuryuu sentiu o aroma delicioso da sopa que ele trazia.

- O que aconteceu?

Confuso, Hakuryuu farfalhou os fios azulados que estavam soltos, notando que eles estavam úmidos.

- Você não quis parar nossa viagem de volta a Balbbad nem durante a tempestade que pegamos. Estava ardendo de febre quando desmaiou e o trouxe pra esta pousada. - explicou. - Por que está querendo ir tão rápido a Balbbad?

A pergunta de Judal fez o coração do quarto príncipe se comprimir. Perspicaz como era, o magi se atentou ao leve tremular dos olhos desiguais.

Hakuryuu ainda se perguntava o que responderia quando sentiu a mão masculina invadir por debaixo da franja desalinhada. Não pôde evitar corar ao sentir o toque tão íntimo de Judal.

- Parece que está bem melhor, mas ainda deve desca…

O príncipe espalmou a mão do magi, que a recolheu, sem tirar o sorriso dos lábios. A atitude repulsiva de Hakuryuu não o magoava, de longe, era algo que ele até mesmo gostava de ver.

- Eu já estou bem. - o príncipe disse sério. - Obrigado por cuidar de mim.

Os fios escuros cobriam os olhos tão bonitos de seu candidato à rei. Nem mesmo àquela tão profunda cicatriz e a cegueira de um dos olhos conseguira ofuscar a beleza do rapaz que conhecia desde criança. E como se deliciava ao ver aquele ódio em conflito à natureza gentil de Hakuryuu. Mal lembrava aquele rapaz que dormia tão profundamente e indefeso há pouco.

- Você sabe que eu vou estar aqui por você sempre.

A afirmação de Judal fez Hakuryuu, que estava de costas para o magi, corar ainda mais forte. O corpo ardia pelo constrangimento e não mais pela febre. Balançou a cabeça, ele sabia que tinha de ignorar aquilo.

Então, com o corpo ainda enfraquecido, ele se esforçou para se apoiar ao chão antes de levantar. Mas assim que o fez, aquele quarto girou e ele sentiu o chão sob seus pés desaparecer. Levou uma mão a fronte antes de cambalear e então ser amparado delicadamente por braços fortes que o capturaram de uma forma gentil… que era difícil acreditar que poderia ser dele. Zonzo, abriu os olhos de leve para encarar o sorriso desolado de Judal.

- Francamente, você acha que já pode sair por aí assim?

Hakuryuu não tinha como contestar, sendo assim Judal o carregou em seus braços e o depositou de volta ao futon. Como odiava se ver assim, incapaz. O moreno o cobriu de volta com os lençóis e ajeitou os cabelos desalinhados sobre sua fronte. Deitou-se lateralmente próximo ao leito do príncipe, apoiando a cabeça em uma das mãos, as pernas cruzadas. Ficou observando Hakuryuu que tossia incessantemente.

- Por que faz isso, Judal? - a pergunta que ele tanto hesitava em fazer escapou por seus lábios.

- Não é óbvio?

- Hm?

Judal riu com o desentendimento de Hakuryuu. Balançou a cabeça e encarou o assoalho de madeira corrida.

- Hakuryuu… O que você faria se aquela menina que você chamava enquanto dormia estivesse doente?

- Menina?! - as bochechas de Hakuryuu pareciam dois tomates bem maduros.

- “Morgiana-dono… Morgiana-dono!” - Judal abraçava a si mesmo e imitava a voz do príncipe, que ficou mais constrangido ainda.

- Oe!!!

Irritado, Hakuryuu cobriu a própria cabeça com os lençóis. Estava tão envergonhado. Judal ria, parando para recuperar o fôlego e encará-lo. Puxou o lençol que cobria o rosto do príncipe.

- Então? - eles agora estavam de frente. - O que faria se a “Morgiana-dono” - ele não conseguia evitar imitar a voz e o jeito de falar de Hakuryuu. - estivesse doente?

- Eu… cuidaria dela, é claro. - ele respondeu sem sequer hesitar.

- Então… é por isso que cuido de você. - foi a vez de Judal se virar de costas. - Porque sinto por você a mesma coisa que você sente por aquela fanalis.

Hakuryuu suspirou pesado ao ouvir aquelas palavras que pareciam ser dificeis para Judal dizer. Até mesmo para aquele magi tão desbocado e desapegado havia um sentimento indescritível que era capaz de quebrá-lo. E Hakuryuu não podia negar que, em muitos momentos, deixara sua carência ser suprimida pelo amor luxurioso de Judal. Sentia-se meramente usando aquele que devia ser um servo seu, apesar de saber que aquilo não estava certo.

XXXX---XXXX

O final da reunião trouxera inúmeros esclarecimentos e dúvidas a todos os lados. Mas assim que ela terminou, a tensão era evidente, em especial por um distante Ali Baba que impedira que seus amigos se aproximassem do lado de Sindria. O lado… onde estava aquele que se comprometeu a ser seu magi.

- Não vamos falar com o Aladdin-san, Ali Baba-kun?

Morgiana foi a primeira a falar ao ver o loiro que parecia tão apreensivo, assim que o vira dar às costas ao amigo que acenava para se aproximar.

- Temos que discutir coisas mais importantes antes, Morgiana.

A afirmativa séria e repleta de frieza não fazia o estilo do gladiador. Olba e os outros acompanhavam sem dar um pio, talvez era isso o que ela precisasse fazer também. Resignou-se e os acompanhou após um leve aceno para o magi que ficou desentendido após ver os amigos lhe darem as costas.

- Que estranho! Ali Baba-kun não vem com a gente?

- Temos que conversar sobre isso depois, Aladdin-kun.

Sinbad se aproximou e disse sério, mas logo depois encarou o ruivo que não vacilava o olhar um instante para ele. Qualquer coisa que fosse dita ali seria perigoso.

- Não se preocupe, ele não está chateado com você nem nada. Vamos, temos que conversar.

E um pouco cabisbaixo, Aladdin seguiu o rei de Sindria, ainda olhando para trás e observando as costas do loiro que, em nenhum instante, se voltou para encará-lo.

Voltaram ao navio em silêncio. Ao navio que havia transportado Ali Baba. Um navio de Kou.

Os guardas que cercavam a embarcação mantinham as armas em punho, parecendo prontos para qualquer ataque.

A única que parecia mais tranquila e um pouco ciente do que acontecia era Toto. Misteriosamente aquela mulher parecia ter a habilidade de compreender Ali Baba além de todos…. além mesmo da própria Morgiana. Era impossível, mesmo depois de consolidar uma amizade, não sentir um pouco de ciúmes.

Assim que chegaram ao deck do navio, Ali Baba se virou de frente para aqueles que o seguiam.

- Eu quero dizer a vocês que… eu tomei uma decisão.

Os punhos cerrados do loiro se apertavam. Ele estava muito tenso. Não havia como negar. Levantou a cabeça para então encará-los… todos exceto a fanalis, angustiada ao vê-lo assim.

- Eu vou me casar com a princesa Kougyoku.

- O QUÊ?!

Aquela exclamação foi uníssona. Não havia nem três dias que Ali Baba queria pedir Morgiana em compromisso e agora ele dizia que ia se casar com uma princesa de um país inimigo ao seu maior aliado, Sindria, e do país que havia destruído completamente sua própria terra, colonizando-o e descaracterizando-o por completo.

- A partir de agora estaremos do lado de Kou. Serei um dos generais responsáveis por Balbbad e em algumas semanas, provavelmente, estarei casado com a princesa Kougyoku!

Morgiana sentiu o chão faltar sob os pés. Se não estivesse apoiada à mureta do navio, provavelmente cairia de joelhos, aqueles que tremiam sob a saia de seu vestido. Ali Baba decidira se casar assim, subitamente?

Por favor, seja minha esposa!

A voz do príncipe de Kou voltava a ecoar em sua mente.

Por que negara? Por que não fora com ele?

Porque… esperava aquela declaração de Ali Baba.

- Se não quiserem seguir as regras de Kou e o que decidi, vocês são livres para partirem…

- Mas, Ali Baba-san… - Olba foi o primeiro a contestar. - Você realmente quer se casar com uma princesa de Kou?! - a resposta era óbvia.

Ali Baba ergueu o rosto e encarou Morgiana, que tinha aqueles grandes olhos rubros lhe encarando, marejados. Logo atrás dela estava um príncipe que observava tudo, abanando-se ao seu leque e usando o adorno para esconder aquele sorriso de satisfação. Ren Koumei se via satisfeito ao ver Ali Baba tomando as atitudes certas para os planos de seu irmão.

- S-sim. - gaguejou, coagido perante àquela presença imponente do segundo príncipe.

E sem a menor cerimônia, Morgiana foi a primeira a dar as costas, sem falar uma só sílaba. O coração do loiro se apertou ao vê-la sair dali, dois córregos cruzando o rosto bonito da ruiva.

- Me perdoe, Morgiana… - ele sussurrou.

XXXX---XXXX

Arrepiou-se por completo, os lábios grossos se atritaram por sua nuca enquanto que os dedos longos afastavam os fios repicados que caiam sobre a pele alva. Hakuryuu gemeu, a sensação até então inédita a ele, posicionado sobre o colo do magi que já usava a outra mão para invadir o decote do primeiro dos vários kimonos que cobriam aquele corpo imaculado.

Deslizou os dedos pelo peitoral do rapaz e soltou uma risadinha ao sentir o mamilo ainda coberto ouriçado pela excitação. Tocou novamente os lábios naquela pele sem a menor imperfeição para, dessa vez, deixar a língua deslizar.

- Ju… Jud…

- Shhhh!

Retirando a mão que já desalinhara todas as roupas do príncipe, levou o indicador aos lábios do moreno e então o virou de frente. Os fios da franja caiam sobre a venda improvisada com o detalhe da roupa imperial. Só havia uma coisa que o magi lamentaria, que seria não ver os olhos tão lindos de seu príncipe durante aquele ato.

- Esqueceu quem eu sou? - a voz masculina indagou num tom provocativo.

Desorientado por aquela situação tão… bizarra, Hakuryuu assentiu pouco antes de responder num balbucio.

- Mor… Morgiana-dono!

- Isso…

O magi que tinha o indicador apoiado sob a ponta do queixo do príncipe afundou o polegar nos lábios de Hakuryuu, forçando abertura de sua boca, deslizando sobre sua língua como se quisesse ensinar a ele o que deveria fazer.

- Eu não tive que ensinar isso aos seus primos, Hakuryuu… - Judal ria da inocência do rapaz.

Não era mistério o fato de Hakuryuu estar constrangido com aquela situação, mas era como se o fogo já tivesse sido aceso e ele não queria parar agora. Sugou o dedo do magi vigorosamente, trazendo a Judal um sorriso de satisfação.

- Olha como você é bom nisso… Dizem que os quietinhos são os piores, não é?

Então puxando com violência o príncipe, Judal abocanhou seus lábios. Cairam deitados sobre a cama, o magi rapidamente invertendo a posição para ficar sobre Hakuryuu. Os lábios do rapaz eram tão doces e, mesmo inexperiente, ele era tão delicado e cuidadoso quanto se realmente estivesse com ela em seus braços.

- Mor… Morgiana-dono…

Às vezes escapava de seus lábios. A excitação entre as pernas do príncipe já era evidente e Judal não fez esforço para se desfazer das calças que o deram a bela visão do principe que agora só era coberto por um dos kimonos completamente desalinhados. Rapidamente se desfez de suas vestes, estava tão excitado quanto o príncipe. Não. Estava bem mais excitado.

Puxou-o pelos cabelos e o virou de quatro. Estava guiado, instintivamente, pela fome de consumi-lo ali mesmo.

O membro rígido de Judal já roçava pelas nádegas virgens do príncipe. A mera sensação de se atritar com uma pele tão suave quanto a daquele rapaz que tanto desejava já fazia Judal pressentir o orgasmo.

Hakuryuu, por sua vez, fincou as unhas nos lençois. Não. Não era Morgiana. Não era ela que estava ali. Era… ele.

- NÃO! NÃO! PARE!

Virou-se imediatamente o príncipe, arrancando a venda de seus olhos, ofegante. Os olhos azuis arregalados ao se deparar com o cenário. Judal e ele nus, o magi pronto para invadi-lo.

E aquilo parecia um deja vu de quando Morgiana o rejeitara. Será que Judal estava agora tão magoado quanto quando a fanalis lhe rejeitou ele estava?

- Não acredito que quer parar agora! - reclamou Judal perdendo a compostura.

O príncipe estava assustado. No que estava pensando quando aceitara aquilo? Era loucura. Mas como negar que os beijos de Judal lhe traziam sensações incríveis? Como negar que ele afagava seu coração solitário? Como negar que… o desejava?

- Eu não amo você, Judal! - agarrou-se aos travesseiros, os olhos azuis vagos.

- E desde quando sexo tem a ver com amor?

A pergunta feria ainda mais Hakuryuu.

Então não o amava? Queria tê-lo apenas para satisfazer algum desejo libidinoso?

Por que as palavras de Judal se contradiziam tanto com a afirmação daquela noite em que ele havia decidido se entregar ao magi, mas não conseguira?

Não. Tinha de manter o foco.

Precisava se recuperar para no dia seguinte ir a Balbbad e então… propor casamento novamente a Morgiana.

Estava decidido. Nem que para isso tivesse que tirar Ali Baba do seu caminho de uma vez por todas.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Gostou? Achou ruim? Tem alguma sugestão? Me mande uma review que ficarei muito feliz e ajudará muito no desenvolvimento da fic! ^^